Lendo melhor a sua mensagem original, parece que você está focalizando principalmente testes genéticos que visam a detectar compatibilidades e predisposições a certas doenças.
Se for isso, eu não vejo _grande_ problema ético. Depende principalmente dos custos. Assim como muitos outros recursos da medicina atual, o maior problema é que os custos efetivamente os tornam uma ferramenta de discriminação sócio-econômica. Mas se houver perspectiva de barateamento, e principalmente se for para evitar doenças sérias e até crueis como lúpulo e hidrocefalia, então realmente acho muito louvável.
MAS essa é uma solução que causa um problema potencialmente maior. Haverá pais irresponsáveis e/ou excessivamente ricos que vão querer "insistir até acertar", idéia enojante e imoral. Paternidade já é um direito exercido com mais frequência do que seria conveniente, e pelo menos inicialmente haveria um grupo de deslumbrados agindo por empolgação.
É uma idéia interessante em si, mas na minha opinião não pode se sustentar sozinha; é preciso alcançar um bocado de maturidade social sobre o papel e as responsabilidades da reprodução antes que seja recomendável pensar nesse "screening". Do contrário os problemas que já existem só vão se agravar.
Algo a se pensar: toda tecnologia tem sua margem de falhas. Quando se trata de produzir itens inanimados como liquidificadores isso não é tão sério. Mas o que fazer quando (nem digo se) acontecer de uma combinação genética vista como desejável mostrar mais tarde ter algum problema sério?
O que quero dizer é que gerar um filho é um ato extremamente sério, e não podemos nos queixar depois do fato. Essa tecnologia ou qualquer outra não pode ser responsabilizada pela possibilidade sempre real de que a criança não saia como o esperado, seja por que motivo for. Nisso nossa sociedade já tem uma dívida mal trabalhada que eu não gostaria de ver aumentar mais ainda.
Respondendo brevemente porque estou meio fulo por ter perdido a resposta anterior mais detalhada por ter passado o tempo do log in.
Na verdade, me refiro não só a evitar alguns possíveis problemas, mas também melhorias. Como genes, terapias ou drogas que por exemplo, dessem QIs de, talvez 180, quando o normal é 100. Viver mais, ser mais forte.
E não vale apenas para filhos, mas para as pessoas adultuas, também.
No primeiro post explorei um pouco sobre a questão de desigualdade e etc, e acho que talvez não seja tão diferente de termos, por exemplo, as melhores faculdades do mundo e etc, acessíveis só a uns poucos. Será que deveríamos fechá-las por serem tão exclusivas e bem cotadas?
E acho que o barateamento talvez até dependa da coisa um dia ter sido exorbitantemente cara, acessível só a uns poucos. Acho que não tem muito como antecipar o barateamento quando a coisa ainda está na prancheta. E se não for viável o barateamento, não sei se seria muito mais catastrófico que as desigualdades de saúde que já temos. E não sei se tem qualquer vantagem em impedir a melhora das condições das pessoas que estão no topo, isso não vai melhorar substancialmente as condições das pessoas que estão no fundo. Ainda que na verdade há até uma relação causal sim, da desigualdade apenas implicar em problemas de saúde, se comparado aos mesmos status sócio econômicos consideravelmente ruins, numa situação geral de mais igualdade. São mecanismos psicológicos afetando a saúde. De qualquer forma, não acho que é o suficiente para impedir o progresso de quem conseguir progredir um pouco. Na verdade, seria um argumento para travar o desenvolvimento, por exemplo, da África ou de comunidades pobres, até que de alguma forma pudéssemos melhorar as condições de todos simultâneamente.
Quanto a coisas que consideremos irresponsabilidades de personalidade, como gente querendo ter filho atrás de filho para ter o "último modelo", não sei se é uma coisa que valeria a pena pensar para se considerar a proibição dessas coisas, pois perderíamos também os seus benefícios, e se formos proibir todas as coisas por raciocínios similares quanto a não considerarmos ser o modo ideal de se ter filhos e etc, a coisa fica um tanto subjetiva demais.