Grande post, Lela, um dos melhores que li nos últimos tempos... Para adicionar à galeria de exemplos vamos ao do famoso escritor e jornalista Humberto de Campos, uma das mais ferinas e talentosas penas da imprensa brasileira, fiel escudeiro do magnata Assis Chateaubriand. Como um exemplo, essa foi retirada do seu livro "Carvalho e Roseiras", e que exemplifica bem o seu estilo satírico:
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Joaquim Gomes de Sousa, o genial brasileiro, que, aos trinta anos, resumia todo o saber do seu tempo, era profundíssimo em tudo, principalmente em matemática. Na Câmara, discutia todas as matérias. Certo dia, ao apartear um deputado que discursava sobre finanças, o orador retrucou veementemente:
- O assunto em discussão não é da especialidade de V. Exa.!
E Gomes de Sousa, logo, de pé, com todo o fogo do seu orgulho:
- É por isso mesmo que eu o discuto com V. Ex. Se se tratasse de assunto da minha especialidade, eu não admitiria V. Ex. à discussão.
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Agora vamos ao "Irmão X", supostamente o espírito desencarnado de Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier (O livro é "Luz Acima").
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Conta-nos venerando amigo que Antônio de Pádua, no luminoso domicílio
do plano superior, onde trabalha na extensão da glória Divina,
continuamente recebia preces de pequena familia dos montes italianos.
Todos os dias, era instado a prestar socorros e enlevava-se com as
incessantes manifestações de tamanha fé.
O admirável taumaturgo, por vezes, nas poucas horas de lazer,
recreava-se anotando o registro dos petitórios, procedentes daquele
reduzido núcleo familiar. Sorria, encantado, relacionando-lhes as
solicitações. O grupinho devoto suplicava-lhe a concessão das melhores
coisas. Lembrava-lhe o nome, a propósito de tudo. Nas enxaquecas dos
donos da casa. Nos sonhosdas filhas casadouras. Nos desatinos do rapaz.
Nos sapatos das crianças.
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Mensagenzinha bem chocha, como todas, aliás, do tal irmão X... nada do estilo satírico e humorístico que tanta fama (e problemas) deu a HUmberto de Campos. É tanta a diferença que é até incrível a família do morto ter entrado na justiça pedindo direitos autorais pelos livros psicografados. Para completar a estória, a justiça ainda deu perda de causa à família!! Os espíritas usam esse veredicto como uma prova da veracidade da psicografia, mas eu leio a questão exatamente do jeito oposto: as diferenças de estilo são tão grandes que não há como dar mesmo direitos autorais visto que nem um bom plágio é observado nessas psicografias, apenas um texto ao qual o Chico XAvier colocou o nome de uma pessoa morta.