Bom, essa é minha praia...
Deixa eu tentar resumir o que foi dito, já que há muita coisa certa e algumas erradas:
1) Não existe medicamento (nem antibiótico) forte ou fraco. A eficácia da ação de um medicamento depende de sua dose, posologia e indicação correta. No caso dos antibióticos, de nada resolve se tomar uma grande dose uma única vez, assim como tomar mínimas doses várias vezes. A dose (quantidade) do medicamento deve ser a suficiente para provocar o efeito desejado por um determinado período de tempo, findo o qual a dose deve ser reposta. A isso se denomina posologia: dose por período de tempo. O período varia de acordo com cada medicamento;
2) Existem antibióticos "teleguiados" sim. Alguns agem somente contra germes gram-positivos, outros contra gram-negativos e outros possuem largo espectro (agem contra ambos);
3) O aparecimento de germes resistentes se dá, basicamente, por indução a mutação genética. Um germe, em contato com determinado quimioterápico, é capaz de sofrer alterações a nível de DNA fazendo-o produzir substâncias capazes de inativar o antibiótico. É o caso por exemplo de germes produtores de Beta-lactamase capazes de inativar penicilinas de 1ª e 2ª gerações. Pelo que se sabe até o momento, a mutação ocorre estando o germe em contato com o antibiótico de alguma forma. Por exemplo: uma pessoa que trabalhe em uma indústria farmacêutica que produza Ampicilina pode carregar germes resistentes mesmo que nunca tenha tomado o antibiótico;
4) No caso dos tratamentos interrompidos precocemente: o antibiótico, a princípio, irá matar todos os germes se seguida a dose e posologia indicadas. Esse processo demora certo tempo (em geral, de 7 a 10 dias). Todos os germes se "defenderão" procurando inativar o antibiótico de alguma forma mas serão "mortos" antes de conseguir, não todos de uma vez. Caso a ingestão da dose seja interrompida antes de que todos tenham sido aniquilados, algumas colônias sobrarão e irão produzir alguma forma de resistência. Essas colônias então se tornarão a população dominante e já não serão atacadas pelo antibiótico na próxima vez;
5) É claro que tudo descrito acima não acontece na primeira vez, de relance, trata-se de um processo de seleção natural que pode levar anos, décadas ou até séculos. No início da antibioticoterapia (há uns 60 anos), a penicilina era usada com muito critério e cuidado porém, logo foi disseminada e usada indiscriminadamente, resultado disso foi o rápido aparecimento de germes resistentes, a obrigação de se criar sempre novos antibióticos e o recrudescimento de infecções antes facilmente controladas.
Alguns pesquisadores consideram que, caso a penicilina tivesse sido usada criteriosamente, até hoje seria eficaz e nem teríamos as Cefalosporinas de 4ª geração, que nada mais são que alterações na molécula básica da penicilina.
Deu pra entender melhor ou piourou tudo??
