Autor Tópico: Resistência a remédios...  (Lida 1900 vezes)

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Offline O Grande Capanga

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Resistência a remédios...
« Online: 23 de Janeiro de 2008, 01:31:03 »
Sempre ouço falar que se usar muito antibiótico, bactérias podem ficar resistentes a eles. Gostaria de entender como isso funciona, pois, ao que me parece, dá a entender um termo lamarckista de evolução.


Obrigado.
« Última modificação: 23 de Janeiro de 2008, 01:33:59 por Jack Torrance »

Offline O Grande Capanga

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #1 Online: 23 de Janeiro de 2008, 01:43:51 »
Podemos, também, expandir para pragas em geral, mas pelo menos para pragas eu entendo o conceito neodarwinista de mutação aleatória+seleção natural.

O que eu não entendo é quando dizem que se usar muito de tal produto (medicamento/veneno) o microorganismo/peste criará resistência. Não vejo isso uma coisa lógica me baseando no neodarwinismo.

Offline Aniello

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #2 Online: 23 de Janeiro de 2008, 02:00:15 »
Vamos lá. Não se trata de os microorganismos individualmente ficarem resistentes a antibióticos a medida que são forçados a conviver com eles, e sim que qualquer indivíduo que possua alguma resistência a droga terá melhores chances de sobrevivência e reprodução.

Assim, qualquer característica genética (tanto já presente em parte da população original quanto novas, originadas por mutações) que leve a resistência será beneficiada a longo prazo, dentro do modelo darwinista.

Seria lamarckismo se os organismos individualmente desenvolvessem resistência, e não os organismos que são mais resistentes tem melhores chances de se reproduzir. percebe a diferença?


É importante também notar que a maior parte da responsabilidade da origem de microorganismo resistentes a antibióticos se deve ao mau uso, principalmente ao uso precocemente interrompido, destas drogas. O mais comum é o seguinte: o paciente toma o antibiótico até se sentir melhor, mas ainda tem em seu organismo uma pequena população de microorganismo (obviamente os mais resistentes ao remédio). Se sentindo saudável, interrompe o tratamento. Sem o antibiótico, os organismos resistentes se reproduzem a vontade.

Offline O Grande Capanga

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #3 Online: 23 de Janeiro de 2008, 02:59:33 »
É importante também notar que a maior parte da responsabilidade da origem de microorganismo resistentes a antibióticos se deve ao mau uso, principalmente ao uso precocemente interrompido, destas drogas. O mais comum é o seguinte: o paciente toma o antibiótico até se sentir melhor, mas ainda tem em seu organismo uma pequena população de microorganismo (obviamente os mais resistentes ao remédio). Se sentindo saudável, interrompe o tratamento. Sem o antibiótico, os organismos resistentes se reproduzem a vontade.

Eu entendo o conceito de neodarwinismo sobre esse tema. Sei que a resistência é devido a alguma bactéria que já tem isso no seu gene ou que terá a partir de uma mutação, mas o que me estranha é que médicos dizem para não tomar antibióticos sempre, ou coisa parecida, e nem antibióticos fortes, pois as bactérias poderiam ficar resistentes.

O X da questão é: por que médicos dizem para não tomar antibióticos sempre ou não tomar um antibiótico muito forte se eu posso tomar um mais fraco?

Offline Aniello

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #4 Online: 23 de Janeiro de 2008, 03:08:38 »
Ai vem o segundo grande problema. Não temos antibióticos "teleguiados" que atinjam apenas um tipo específico de microorganismo. Tomar antibióticos muito fortes, ou por muito tempo, vai afetar nossa flora bacteriana, vai matar os microorganismos simbiontes além dos parasitas.

Por isto, atémesmo quando seguimos o conselho médico a risca corremos o risco (bem menor) de gerar microorganismos resistentes. Se se erra na dose para mais, destruimos nossa florra bacteriana, para menos, geramos bactérias resistentes. O "ajuste fino" nem sempre é fácil.

Pior é quando não se tem como determinar exatamente a origem da infecção (ou por falta de tempo, ou de equipamento, ou de competência, ou de conhecimento) e o médico receita antibióticos de "largo espectro", visando matar qualquer tipo de invasor. Quanto menos se sabe acerca do tipo de parasita que temos de enfrentar, maior a chance do antibiótico "errar o alvo" ou "exarcerbar o alvo".

Lembre-se que o próprio nome "antibiótico" que dizer contra seres vivos. É um veneno, planejado para matar invasores... Mas é veneno.

Offline O Grande Capanga

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #5 Online: 23 de Janeiro de 2008, 03:19:47 »
Ai vem o segundo grande problema. Não temos antibióticos "teleguiados" que atinjam apenas um tipo específico de microorganismo. Tomar antibióticos muito fortes, ou por muito tempo, vai afetar nossa flora bacteriana, vai matar os microorganismos simbiontes além dos parasitas.

Mas a morte desses pode fazer surgir seres com resistência aos antibióticos mais fortes (e conseqüentemente mais fracos)?

Para mim é a explicação para o surgimento de bactérias resistentes...

Por isto, atémesmo quando seguimos o conselho médico a risca corremos o risco (bem menor) de gerar microorganismos resistentes. Se se erra na dose para mais, destruimos nossa florra bacteriana, para menos, geramos bactérias resistentes. O "ajuste fino" nem sempre é fácil.

Não verdade não vamos gerar, ele aparecerá espontaneamente. Certo?

Offline Aniello

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #6 Online: 23 de Janeiro de 2008, 03:37:48 »
Ai vem o segundo grande problema. Não temos antibióticos "teleguiados" que atinjam apenas um tipo específico de microorganismo. Tomar antibióticos muito fortes, ou por muito tempo, vai afetar nossa flora bacteriana, vai matar os microorganismos simbiontes além dos parasitas.

Mas a morte desses pode fazer surgir seres com resistência aos antibióticos mais fortes (e conseqüentemente mais fracos)?

Para mim é a explicação para o surgimento de bactérias resistentes...

Não entendi. Você acha que a morte de nossa flora bacteriana é que gera a resistência na população de bactérias invasoras? Se for isto, não faz sentido. O que gera uma população de bactérias resistentes é a pressão seletiva de sobreviver ao antibiótico, e não o efeito colateral do mesmo.
Citar
Por isto, atémesmo quando seguimos o conselho médico a risca corremos o risco (bem menor) de gerar microorganismos resistentes. Se se erra na dose para mais, destruimos nossa florra bacteriana, para menos, geramos bactérias resistentes. O "ajuste fino" nem sempre é fácil.

Não verdade não vamos gerar, ele aparecerá espontaneamente. Certo?
Obrigado pela correção. O uso incorreto de antibióticos gera populações de bactérias resistentes (pela proliferação dos genes resistentes), e não bactérias resistentes.


Nigh†mare

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #7 Online: 23 de Janeiro de 2008, 03:56:55 »
É simples. Os antibióticos causam/forçam/aceleram uma seleção natural/artificial das bactérias.

Offline O Grande Capanga

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #8 Online: 23 de Janeiro de 2008, 03:59:20 »
Não entendi. Você acha que a morte de nossa flora bacteriana é que gera a resistência na população de bactérias invasoras? Se for isto, não faz sentido. O que gera uma população de bactérias resistentes é a pressão seletiva de sobreviver ao antibiótico, e não o efeito colateral do mesmo.

O que eu quis dizer é que a morte desses pode contribuir e fazer surgir seres com resistência aos antibióticos mais fortes. Mas eu mesmo acho isso sem sentido.

Agora já clareou bastante coisa, mas o porquê de médicos dizerem que se usar sempre o mesmo antibiótico poderá fazer ele perder o efeito é o que me intriga. Do mesmo modo que eu posso usar o mesmo antibiótico por décadas e as bactérias nunca sobreviverem a ele, pode acontecer de eu mudar de antibiótico e haver bactérias resistentes a esse novo antibiótico.
« Última modificação: 23 de Janeiro de 2008, 04:04:08 por Jack Torrance »

Offline Luis Dantas

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #9 Online: 23 de Janeiro de 2008, 08:42:26 »
Agora já clareou bastante coisa, mas o porquê de médicos dizerem que se usar sempre o mesmo antibiótico poderá fazer ele perder o efeito é o que me intriga.

Não é porque com o tempo a parcela das bactérias que é vulnerável ao antibiótico específico acaba morrendo, e as cepas resistentes se reproduzem até serem predominantes?
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The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Aniello

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #10 Online: 23 de Janeiro de 2008, 21:27:47 »
O Dantas resumiu bem... não se cria resistência a antibióticos (no plural) e sim a antibiótico (no singular).

Vamos sair dos microorganismos um pouco para ilustrar o tema.

Imagine um ecossistema em que não haja predadores nem presas velozes. Digamos que tenham muitas gazelas lerdas. Introduza guepardos neste ecossistema. A princípio os guepardos serão muito bem sucedidos, mas ao longo do tempo, a pressão seletiva que os guepardos exercem irão deixar as gazelas (como população, e não individualmente) cada vez mais rápidas. Se os guepardos não forem numerosos e famintos o bastante para extinguir as gazelas, elas, dando o devido tempo em gerações, se tornaram velozes o bastante para terem chance de escapar de um guepardo. Então um guepardo se tornará um predador pouco eficiente.

Agora introduza neste ecossitema hienas. As hienas não usam a velocidade como arma para abater as presas, e sim o número (caçam em matilha) e a resistência (apesar de correrem mais lentamente, correm por muito mais tempo que um guepardo) para abater as presas. As gazelas rápidas agora se tornam presas vulneráveis para as hienas.

Claro que simplifiquei muito o cenário, mas como analogia serve. Os diferentes antibióticos funcionam como predadores com estratégias diferentes. Se usamos as mesmas estratégias (no caso, determinado antibiótico) sempre, a presa (no caso, bactéria) se adaptará a elas, se tornará resistente a elas. Mas se mudarmos de estratégia (trocarmos o antibiótico), de preferência antes de dar tempo a qualquer adaptação, então dificilmente encontraremos indivíduos adaptados para nossas estratégias predatórias.

Capice?



Offline O Grande Capanga

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #11 Online: 23 de Janeiro de 2008, 21:48:02 »
Ok. Valeu.

tcmasf

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #12 Online: 24 de Janeiro de 2008, 13:19:21 »
Bom, essa é minha praia...

Deixa eu tentar resumir o que foi dito, já que há muita coisa certa e algumas erradas:

1) Não existe medicamento (nem antibiótico) forte ou fraco. A eficácia da ação de um medicamento depende de sua dose, posologia e indicação correta. No caso dos antibióticos, de nada resolve se tomar uma grande dose uma única vez, assim como tomar mínimas doses várias vezes. A dose (quantidade) do medicamento deve ser a suficiente para provocar o efeito desejado por um determinado período de tempo, findo o qual a dose deve ser reposta. A isso se denomina posologia: dose por período de tempo. O período varia de acordo com cada medicamento;

2) Existem antibióticos "teleguiados" sim. Alguns agem somente contra germes gram-positivos, outros contra gram-negativos e outros possuem largo espectro (agem contra ambos);

3) O aparecimento de germes resistentes se dá, basicamente, por indução a mutação genética. Um germe, em contato com determinado quimioterápico, é capaz de sofrer alterações a nível de DNA fazendo-o produzir substâncias capazes de inativar o antibiótico. É o caso por exemplo de germes produtores de Beta-lactamase capazes de inativar penicilinas de 1ª e 2ª gerações. Pelo que se sabe até o momento, a mutação ocorre estando o germe em contato com o antibiótico de alguma forma. Por exemplo: uma pessoa que trabalhe em uma indústria farmacêutica que produza Ampicilina pode carregar germes resistentes mesmo que nunca tenha tomado o antibiótico;

4) No caso dos tratamentos interrompidos precocemente: o antibiótico, a princípio, irá matar todos os germes se seguida a dose e posologia indicadas. Esse processo demora certo tempo (em geral, de 7 a 10 dias). Todos os germes se "defenderão" procurando inativar o antibiótico de alguma forma mas serão "mortos" antes de conseguir, não todos de uma vez. Caso a ingestão da dose seja interrompida antes de que todos tenham sido aniquilados, algumas colônias sobrarão e irão produzir alguma forma de resistência. Essas colônias então se tornarão a população dominante e já não serão atacadas pelo antibiótico na próxima vez;

5) É claro que tudo descrito acima não acontece na primeira vez, de relance, trata-se de um processo de seleção natural que pode levar anos, décadas ou até séculos. No início da antibioticoterapia (há uns 60 anos), a penicilina era usada com muito critério e cuidado porém, logo foi disseminada e usada indiscriminadamente, resultado disso foi o rápido aparecimento de germes resistentes, a obrigação de se criar sempre novos antibióticos e o recrudescimento de infecções antes facilmente controladas.

Alguns pesquisadores consideram que, caso a penicilina tivesse sido usada criteriosamente, até hoje seria eficaz e nem teríamos as Cefalosporinas de 4ª geração, que nada mais são que alterações na molécula básica da penicilina.

Deu pra entender melhor ou piourou tudo??  :stunned:

Offline O Grande Capanga

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #13 Online: 24 de Janeiro de 2008, 14:48:05 »
Valeu, Mr. Spock.

Você é farmacêutico?

tcmasf

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #14 Online: 24 de Janeiro de 2008, 15:46:42 »
Acertou em cheio!!  :ok:

Suyndara

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #15 Online: 25 de Janeiro de 2008, 14:07:49 »
Pergunta idiota do dia:

_ Pq alguns médicos trocam o medicamento depois de um certo tempo de uso e a justificativa é a de o organismo do paciente se "acostumou" com o remédio?  :?

Eu mesmo já troquei de remédio pra enxaqueca diversas vezes, pq simplesmente depois de um certo tempo de uso, eles deixam de fazer efeito  :hein:

Terá sido impressão minha ou de fato o organismo se habitua a remédio?

 :stunned:

Offline Luiz Souto

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #16 Online: 26 de Janeiro de 2008, 17:28:52 »
Pergunta idiota do dia:

_ Pq alguns médicos trocam o medicamento depois de um certo tempo de uso e a justificativa é a de o organismo do paciente se "acostumou" com o remédio?  :?

Eu mesmo já troquei de remédio pra enxaqueca diversas vezes, pq simplesmente depois de um certo tempo de uso, eles deixam de fazer efeito  :hein:

Terá sido impressão minha ou de fato o organismo se habitua a remédio?

 :stunned:

Em alguns casos, sim.
Se a medicação age bloqueando determinados receptores celulares o seu uso pode induzir o organismo a aumentar o número destes receptores na membrana celular , sobrepondo ao efeito inibidor da medicação. Para manter o efeito seria necessário um aumento da dose da medicação mas aí pode haver o aumento do risco de efeitos colaterais , daí que uma das alternativas é a troca da medicação por outra de diferente mecanismo de ação.
Mas isto não é uma regra geral , na maioria dos casos as medicações mantêm o efeito com uso prolongado , desde que na dose adequada.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Suyndara

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #17 Online: 26 de Janeiro de 2008, 18:08:42 »
Pergunta idiota do dia:

_ Pq alguns médicos trocam o medicamento depois de um certo tempo de uso e a justificativa é a de o organismo do paciente se "acostumou" com o remédio?  :?

Eu mesmo já troquei de remédio pra enxaqueca diversas vezes, pq simplesmente depois de um certo tempo de uso, eles deixam de fazer efeito  :hein:

Terá sido impressão minha ou de fato o organismo se habitua a remédio?

 :stunned:

Em alguns casos, sim.
Se a medicação age bloqueando determinados receptores celulares o seu uso pode induzir o organismo a aumentar o número destes receptores na membrana celular , sobrepondo ao efeito inibidor da medicação. Para manter o efeito seria necessário um aumento da dose da medicação mas aí pode haver o aumento do risco de efeitos colaterais , daí que uma das alternativas é a troca da medicação por outra de diferente mecanismo de ação.
Mas isto não é uma regra geral , na maioria dos casos as medicações mantêm o efeito com uso prolongado , desde que na dose adequada.

Interessante :)

Entendi. Obrigada :ok:

Por isso meu cardiologista mudou pela 3° vez meu beta-bloqueador :P

Offline Luiz Souto

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #18 Online: 26 de Janeiro de 2008, 19:31:54 »
Pois é  , já para tratamento de doenças cardíovasculares ( p.ex.hipertensão) , se o paciente responde a uma dose de betabloqueador não se observa o fenômeno da resistência , habitualmente a dose é mantida por longo tempo.
Mas o sistema nervoso é outro departamento...
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline Eremita

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #19 Online: 30 de Janeiro de 2008, 14:00:13 »
Pergunta idiota do dia:

_ Pq alguns médicos trocam o medicamento depois de um certo tempo de uso e a justificativa é a de o organismo do paciente se "acostumou" com o remédio?  :?

Eu mesmo já troquei de remédio pra enxaqueca diversas vezes, pq simplesmente depois de um certo tempo de uso, eles deixam de fazer efeito  :hein:

Terá sido impressão minha ou de fato o organismo se habitua a remédio?

 :stunned:

A resposta do Luiz Souto é bem coerente, mas há outra coisas, também, além do organismo se acostumar ao remédio. Quando você aplica o antibiótico X, sobrevivem os micróbios resistentes a X - mas isso não ajuda nem dificulta sobreviver ao antibiótico Y, que quando aplicado varre o resto dos micróbios. Isso é bastante usado em coquetéis, como o anti-HIV.
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Offline Unknown

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #20 Online: 12 de Abril de 2009, 03:56:09 »
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Bactérias bloqueadas

A estrutura da molécula de DNA, descoberta por James Watson e Francis Crick em 1953, está sendo usada por cientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, como base para desenvolver um alternativa para combater a resistência a antibióticos em bactérias, um dos principais problemas de saúde na atualidade.

Bactérias cada vez mais resistentes a medicamentos causam milhares de mortes em todo o mundo a cada ano. Um exemplo é a Staphylococcus aureus, a mais violenta das espécies de estafilococos e uma das principais causas de infecções hospitalares. Chamada de “superbactéria”, é resistente à penicilina, tetraciclina, meticilina e a praticamente todos os outros antibióticos já desenvolvidos.

Em estudo publicado na edição de 19/12/2008 da revista Science, os pesquisadores norte-americanos descrevem a descoberta de uma seqüência específica de DNA encontrada em determinadas bactérias, denominada CRISPR, que é capaz de impedir o aumento da resistência a antibióticos em estafilococos patogênicos.

A seqüência identificada é capaz de bloquear os plasmídeos – DNAs de origem bacteriana – que se deslocam de uma célula a outra, espalhando os genes de resistência a antibióticos. Com os plasmídeos “desarmados”, que os cientistas estimam ser resultado da destruição do próprio DNA, a resistência não pode mais ser espalhada.

“Se esse mecanismo puder ser empregado em um ambiente clínico, será capaz de fornecer uma alternativa para limitar a proliferação de genes de resistência a antibióticos e os fatores de virulência em bactérias patógenas”, disse Erik Sontheimer, professor associado de bioquímica, biologia molecular e biologia celular na Faculdade Weinberg da Universidade Northwestern.

Sontheimer e seu aluno de doutoramento Luciano Marraffini verificaram que o mecanismo, que chamaram de interferência CRISPR, envolve o “ataque” direto ao plasmídeo.

O CRISPR dá origem a moléculas de RNA que aparentemente reconhecem o DNA da bactéria que se aproxima por meio do pareamento das bases adenina, timina, citosina e guanina, conforme definido por Watson e Crick. Essa identificação do invasor leva à destruição do plasmídeo, por mecanismos que os autores ainda desconhecem.

Segundo eles, em teoria, qualquer molécula de DNA pode ser alvo da interferência CRISPR. O mecanismo de bloqueio pode, em princípio, ser programado pela incorporação na seqüência CRISPR da ordem desejada de bases que se encaixarão no alvo. Por conta disso, os autores destacam a possibilidade de uso do mecanismo no combate a diversas bactérias, como as que causam cólera ou tuberculose.

A capacidade de reprogramação da interferência CRISPR a torna semelhante à outra conhecida interferência, a de RNA, que é capaz de bloquear funções de genes específicos em células no organismo humano. Mas, diferentemente da interferência de RNA, a interferência CRISPR funciona originalmente apenas em bactérias.

O artigo CRISPR Interference Limits Horizontal Gene Transfer in Staphylococci by Targeting DNA, de Erik Sontheimer e Luciano Marraffini, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

http://www.agencia.fapesp.br/materia/9880/divulgacao-cientifica/bacterias-bloqueadas.htm

A propósito, há um outro tópico onde ocorreu uma discussão interessante sobre seleção bacteriana.

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline O Grande Capanga

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Re: Resistência a remédios...
« Resposta #21 Online: 13 de Abril de 2009, 13:46:34 »
Aproveitando o tópico...

Tomei uma benzetacil e tô tomando amoxilina associada pra uma infecção viral. PQP!!!

Já teve a cagada da benzetacil, mas tenho que continuar com a amoxilina porque como já tinha começado, se para, segundo o médico, pode dar resistência...

 

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