Então cancelem o "marxista de boteco" e que fique "marxista" só. Porque ficar querendo dar sentido pra história é uma grande imbecilidade - e não é descritivo, concorda? É DISSO que estava falando, de confundir ponto de referência e ficar com esse papinho de germes.
Retomando: se for usar os termos DELES, diria que, sendo certo que religião é uma ferramenta para organização da vida, ela é assemelhada à economia e é infra-estrutura (e não super-estrutura, como essa gente gosta de achar), daí que a dicotomia é falsa.
O problema, Mimi, é que
do meu ponto de vista, a religião é uma ferramenta
defeituosa: pobre, inflexível, dogmática
e que muitas vezes entra em confronto com o conhecimento científico mesmo [1].
Para mim, a religião está para a filosofia assim como o funk carioca está para a música erudita [2].
O argumento que escuto de muita gente é análogo a dizer:
"O ser humano tem uma necessidade natural de se expressar musicalmente" (concordo),
seguido de
"logo, devemos encarar o funk carioca como algo positivo, pois nem todas as pessoas são
capazes de apreciar Mozart/Miles Davies/Tom Jobim"
É dessa segunda parte que discordo. Acho que precisamos dar mais crédito às "pessoas". Uma atitude mais sofisticada e
reflexiva diante de questões morais e de metafísica é algo que, penso eu, está ao alcance de todos. Vale lembrar que o livro do
Dawkins ainda está na lista dos mais vendidos. Voltando à analogia musical, os motivos que levam alguem a preferir um estilo
musical a outro são complexos demais para um amador como eu tentar explicar [3], mas penso que a falta de acesso a uma
educação musical, a ignorância de outros estilos e a influência dos pares devem ser fatores relacionados a uma preferência pelo funk [4].
Da mesma forma, a falta de uma educação decente em História e Filosofia, a ignorância de outras religiões e a pressão dos pares
(e da família) devem estar relacionadas à escolha de uma fé.
[1] Suponho que o Dantas diria que isso não é nem necessário e nem sempre verdade. Pode ser, mas certamente ainda é verdade
das religiões mais populares.
[2] Ou Jazz, ou Bossa Nova, ou Rock Progressivo, qualquer estilo mais sofisticado serve

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[3] O mesmo vale para religiões.
[4] Aqui no Ceará, a praga é o dito Forró Eletrônico

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