Autor Tópico: Teoria do Valor  (Lida 1859 vezes)

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Rhyan

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Teoria do Valor
« Online: 30 de Janeiro de 2008, 08:39:04 »
Pelo que entendi os marxistas se baseiam na teoria de valor-trabalho criada inicialmente por Adam Smith, talves tenha sido seu maior erro. E os liberais pela teoria valor-utilidade.

Foi através do valor-trabalho que Marx criou o termo "Mais-Valia".

É isso mesmo? Estou certo?

Offline -Huxley-

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #1 Online: 31 de Janeiro de 2008, 21:18:41 »
O valor-trabalho é apenas uma teoria que correlaciona os preços relativos das mercadorias a quantidade de trabalho necessário para produzi-la. A teoria do valor de Marx era inspirada na teoria do valor-trabalho de David Ricardo, não na de Smith. Hoje em dia, é desnecessário correlacionar, de forma quantitivamente rigorosa, valor-trabalho a custo de produção, porque reconhece-se que existem outros custos que afetam significativamente os custos relativos além do custo variável salarial, como as distorções causadas pelas tarifas de importação e pelos custos de transação no fluxo de capital e mercadorias. Claro, reconhece-se também a validade da idéia dos marginalistas austríacos de que a demanda tem influência no valor. A teoria marginalista que é aceita no mainstream econômico é a teoria marginalista marshalliana, não a teoria marginalista austríaca. É assim para Milton Friedman, George Stigler, Ronald Coase, Joseph Stiglitz, Robert Lucas e outros. Claro que existem aqueles economistas da Escola Austríaca moderna que foram seguidores do marginalismo austríaco, como o Hayek e o Von Mises. Mas essa escola não é representativa na comunidade científica e é considerada heterodoxia. 

Uma citação de Achyles Barcelos da Costa do Departamento de Economia e do IEPE/UFRGS na paper Literatura Econômica [“Uma Nota Introdutória ao Artigo ‘A Teoria dos Preços e o Comportamento Empresarial de R.L. Hall e C.J. Hitch” 8(3) out 1986] é esclarecedora:

“Em 1890, Alfred Marshall publica os Principles of Economics(...)Ao contrário dos demais marginalistas, afirmava que não se poderia descartar os custos de produção como sendo um elemento importante na explicação do preço.Tanto o custo, como a utilidade teriam um papel a desempenhar.O primeiro na explicação da oferta e, a segunda, na explicação da demanda.Sobre isso afirmava: ‘Nós podemos estabelecer uma discussão razoável se é a lâmina superior ou inferior de uma tesoura que corta a folha de papel, assim como se o valor é determinado pela utilidade ou pelo custo de produção.’ ”

Você vê que Marshall não fala de "trabalho" e sim de custos. Mas na prática, custos produtivos e valor-trabalho estão fortemente correlacionados.Na verdade, a maioria dos custos de produção são representado pelos custos variáveis. E na prática quando aumentamos ou diminuimos a quantidade de trabalho necessária para produzir uma mercadoria, AUMENTAMOS ou DIMINUIMOS os custos variáveis (representado pelos salários).

Mais detalhes ver este post detalhado desta página, onde coloquei a explicação com gráficos e tudo mais:
../forum/topic=10029.0.html#quickreply

Já o conceito de mais-valia de Marx é apenas uma tese filosófica. Acho que até o próprio Marx sabia disso. Por mais-valia Marx chama o valor da produção que não é destinado ao pagamento dos salários. E é esse não pagamento é que permite a acumulação capitalista, coisa reconhecida desde os tempos de Smith. Todo economista reconhece que isso seja verdade, a única coisa polêmica no discurso de Marx é que o mesmo considera que isso seja uma "exploração do trabalhador". Isso é claramente uma falácia porque, como já observou Bohm-Bawerk, os produtos produzidos pelos trabalhadores só serão bens de consumo em certa quantidade de tempo. E como os salários são pagos antes do término do processo intertemporal de produção, muito do que é considerado lucro pela definição marxista deriva dos juros sobre os bens de consumo futuros (bens de capital).

P.S.: Ok, a partezinha final do texto, eu colei do que estava na Wikipédia.
« Última modificação: 31 de Janeiro de 2008, 21:27:37 por -Huxley- »

Rhyan

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #2 Online: 01 de Fevereiro de 2008, 18:40:27 »
Obrigado, Huxley!

Offline DDV

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #3 Online: 20 de Fevereiro de 2008, 13:36:30 »
A maior fonte de erros da teoria do valor de Marx é, na minha opinião, a separação que ele fez entre "valor de uso" e "valor de troca" de uma mercadoria.
 
Valor de uso é a utilidade que o bem terá para o seu possuidor/consumidor, enquanto valor de troca é a quantidade de outras mercadorias diferentes que podem ser adquiridas em troca  da mercadoria em questão.

O problema surge quando Marx afirma que o valor de troca é determinado unicamente pela quantidade de trabalho humano médio que foi necessário para produzir a mercadoria, ou seja, 1 unidade de mercadoria que custou 2 vezes mais trabalho humano para ser produzida do que uma outra será necessariamente trocada por 2 unidades desta outra. Marx não considera a possibilidade de que o valor de uso influencie também o valor de troca.

(Para os marginalistas o valor de troca e o valor de uso são a mesma coisa: é apenas o valor de uso que determina as quantidades em que as mercadorias serão trocadas entre si)

Baseando-se nessa teoria do valor, Marx tirou algumas conclusões e fez algumas profecias que atualmente soam ridículas. Uma delas é a de que quanto mais mecanizada for uma indústria e menos ela empregar humanos, menor será a sua taxa de lucro, já que é apenas o trabalho humano que acrescenta "valor novo" às mercadorias; as máquinas apenas "transferem" o valor que possuem (o trabalho humano que foi necessário para produzí-las) às mercadorias.

Vamos supor que em um país hipotético só se produz e consome 3 mercadorias: alimentos, roupas e móveis.
 Se apenas a produção de alimentos e roupas for mecanizada, menos trabalho humano médio será necessário para produzí-las, consequentemente, serão necessários mais unidades de alimentos e roupas para serem trocados por uma unidade de móveis do que antes, ou seja, o "valor de troca" dos alimentos e roupas cairão em comparação com o dos móveis. Percebe-se, no entanto, que a quantidade de bens que essa sociedade poderá desfrutar é maior do que antes da mecanização, ou seja, apesar do "valor de troca" (identificado por Marx com o trabalho humano) de algumas ter caído, haverá maior quantidade de "valor de uso" para as pessoas usufruírem.

 Na definição que temos atualmente de "lucro" e "poder de compra", quanto mais mecanizada for a produção dos bens, maior quantidade deles poderemos usufruir com menos esforço; isso é considerado bom e é muito desejável; ninguém está se importando se a quantidade de trabalho humano "encarnado" nas mercadorias é menor ou maior do que antes.

O problema é que Marx chama de "lucro" justamente essa quantidade de trabalho humano que está "encarnada" nas mercadorias (valor de troca, na definição dele), ou seja, quanto mais trabalho humano houver embutido nos bens que uma indústria possui, maior será o seu lucro. Para Marx, ser rico é poder comprar trabalho humano, e não poder comprar mercadorias. Um corolário disso é a sua teoria da mais-valia e sua profecia de que a taxa de lucros das empresas tenderá a cair (paradoxalmente, ele previa corretamente a tendência à concentração das indústrias nas mãos de poucos, o que para qualquer pessoa razoável é sinônimo de maiores taxas de lucors).

Como consequência dessa tendência à queda das taxas de lucros, Marx previu que os trabalhadores tenderiam a ser mais "superexplorados" na tentativa dos capitalistas de manterem suas taxas de lucro,através aumento da jornada de trabalho, diminuição dos salários, exigências maiores de produtividade, etc, o que é o oposto do que realmente ocorreu no mundo.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DDV

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #4 Online: 20 de Fevereiro de 2008, 14:06:03 »
Uma outra coisa estranha da teoria marxista que eu esqueci de citar:

Para Marx, o lucro do capitalista é realizado no momento da produção: os trabalhadores passam uma determinada quantidade de tempo trabalhando na produção das mercadorias, parte desse tempo os trabalhadores passam produzindo (em equivalência de valores de troca) os bens imprescindíveis à sua sobrevivência e "reprodução", que lhes é repassado em forma de salários. O restante do tempo o trabalhador está trabalhando para o capitalista, essa quantidade de trabalho é apropriada pelo capitalista e constitui o seu lucro: é a famosa mais-valia. Essa aquisição de lucro ocorre no momento da produção

Percebe-se que,para Marx,os trabalhadores são "galinhas dos ovos de ouro": tudo, absolutamente tudo o que é produzido depende integralmente deles. O capitalista não contribui em nada, aparece apenas para tomar uma parte daquilo que os trabalhadores produzem sozinhos.

Considerando a tese acima verdadeira, duas perguntas nos vêm à mente:

1- Por que existe desemprego?

Se o lucro é realizado no momento da produção e se os trabalhadores são os únicos responsáveis pela produção de todos os bens, porque os capitalistas não disputam a tapas todo e cada trabalhador, ao invés do imenso desemprego que vemos atualmente e na história?

2- Por que os trabalhadores com bens de raíz (terra, ferramentas, matéria-prima,), não produzem eles próprios os seus bens e ficam com tudo, ao invés de se entregarem à exploração se empregando nas fábricas, tal como ocorreu e ocorre com artesãos e camponeses?


 
   
« Última modificação: 20 de Fevereiro de 2008, 14:08:20 por Dono da Verdade »
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Luiz Souto

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #5 Online: 20 de Fevereiro de 2008, 21:01:14 »
Uma outra coisa estranha da teoria marxista que eu esqueci de citar:

Para Marx, o lucro do capitalista é realizado no momento da produção: os trabalhadores passam uma determinada quantidade de tempo trabalhando na produção das mercadorias, parte desse tempo os trabalhadores passam produzindo (em equivalência de valores de troca) os bens imprescindíveis à sua sobrevivência e "reprodução", que lhes é repassado em forma de salários. O restante do tempo o trabalhador está trabalhando para o capitalista, essa quantidade de trabalho é apropriada pelo capitalista e constitui o seu lucro: é a famosa mais-valia. Essa aquisição de lucro ocorre no momento da produção

Percebe-se que,para Marx,os trabalhadores são "galinhas dos ovos de ouro": tudo, absolutamente tudo o que é produzido depende integralmente deles. O capitalista não contribui em nada, aparece apenas para tomar uma parte daquilo que os trabalhadores produzem sozinhos.

Considerando a tese acima verdadeira, duas perguntas nos vêm à mente:

1- Por que existe desemprego?

Se o lucro é realizado no momento da produção e se os trabalhadores são os únicos responsáveis pela produção de todos os bens, porque os capitalistas não disputam a tapas todo e cada trabalhador, ao invés do imenso desemprego que vemos atualmente e na história?

2- Por que os trabalhadores com bens de raíz (terra, ferramentas, matéria-prima,), não produzem eles próprios os seus bens e ficam com tudo, ao invés de se entregarem à exploração se empregando nas fábricas, tal como ocorreu e ocorre com artesãos e camponeses?

Se não me falha a memória:

Em relação à pergunta 1 , a resposta seria que o avanço tecnológico é liberador de mão de obra , menos trabalhadores são necessários para a produção de uma quantidade maior de mercadorias. Estas teriam incorporadas individualmente menor parcela do capital variável ( correspondente à força de trabalho) e maior do capital constante ( oriundo dos meios de produção) , daí Marx postular um queda tendencial da taxa de lucro pela alteração da relação C/V e pela concorrencia entre os produtores.

Em relação à pergunta 2 , trabalhadores com bens de raiz não trabalham em um relação capitalista "pura" , já que o que define o conceito marxista de modo de produção capitalista é a propiedade dos meios de produção pelo capitalista e o trabalhador possuindo apenas sua força de trabalho , a qual vende para sobreviver ( sendo então um proletário). No livro I do Capital Marx faz uma análise histórica deste processo de transformação dos camponeses em proletários durante o século XVIII , usando como exemplo o caso inglês.   


 
   

Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline Luiz Souto

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #6 Online: 20 de Fevereiro de 2008, 21:09:31 »
Se não me engano , Marx propunha que a taxa de lucro tenderia a queda embora pudesse haver um aumento absoluto do lucro das empresas capitalistas. Esta tendência acirraria a competição o que estaria na base da tendência ao oligopólio ( com a concentração de capitais) e na tendência expasionista do sistema capitalista , que o diferenciaria de todos os modos de produção anterior. Para Marx a produção crescente e a expansão contínua são caracteristicas intrínsecas e essenciais do capitalismo.
( Tenho em algum lugar um texto que discute esta concepção de Marx  e os desdobramentos posteriores em outros pensadores marxistas , vou ver se acho)
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #7 Online: 20 de Fevereiro de 2008, 22:04:33 »
A maior fonte de erros da teoria do valor de Marx é, na minha opinião, a separação que ele fez entre "valor de uso" e "valor de troca" de uma mercadoria.
 
Valor de uso é a utilidade que o bem terá para o seu possuidor/consumidor, enquanto valor de troca é a quantidade de outras mercadorias diferentes que podem ser adquiridas em troca  da mercadoria em questão.

O problema surge quando Marx afirma que o valor de troca é determinado unicamente pela quantidade de trabalho humano médio que foi necessário para produzir a mercadoria, ou seja, 1 unidade de mercadoria que custou 2 vezes mais trabalho humano para ser produzida do que uma outra será necessariamente trocada por 2 unidades desta outra. Marx não considera a possibilidade de que o valor de uso influencie também o valor de troca.

(Para os marginalistas o valor de troca e o valor de uso são a mesma coisa: é apenas o valor de uso que determina as quantidades em que as mercadorias serão trocadas entre si)

Baseando-se nessa teoria do valor, Marx tirou algumas conclusões e fez algumas profecias que atualmente soam ridículas. Uma delas é a de que quanto mais mecanizada for uma indústria e menos ela empregar humanos, menor será a sua taxa de lucro, já que é apenas o trabalho humano que acrescenta "valor novo" às mercadorias; as máquinas apenas "transferem" o valor que possuem (o trabalho humano que foi necessário para produzí-las) às mercadorias.

Vamos supor que em um país hipotético só se produz e consome 3 mercadorias: alimentos, roupas e móveis.
 Se apenas a produção de alimentos e roupas for mecanizada, menos trabalho humano médio será necessário para produzí-las, consequentemente, serão necessários mais unidades de alimentos e roupas para serem trocados por uma unidade de móveis do que antes, ou seja, o "valor de troca" dos alimentos e roupas cairão em comparação com o dos móveis. Percebe-se, no entanto, que a quantidade de bens que essa sociedade poderá desfrutar é maior do que antes da mecanização, ou seja, apesar do "valor de troca" (identificado por Marx com o trabalho humano) de algumas ter caído, haverá maior quantidade de "valor de uso" para as pessoas usufruírem.

 Na definição que temos atualmente de "lucro" e "poder de compra", quanto mais mecanizada for a produção dos bens, maior quantidade deles poderemos usufruir com menos esforço; isso é considerado bom e é muito desejável; ninguém está se importando se a quantidade de trabalho humano "encarnado" nas mercadorias é menor ou maior do que antes.

O problema é que Marx chama de "lucro" justamente essa quantidade de trabalho humano que está "encarnada" nas mercadorias (valor de troca, na definição dele), ou seja, quanto mais trabalho humano houver embutido nos bens que uma indústria possui, maior será o seu lucro. Para Marx, ser rico é poder comprar trabalho humano, e não poder comprar mercadorias. Um corolário disso é a sua teoria da mais-valia e sua profecia de que a taxa de lucros das empresas tenderá a cair (paradoxalmente, ele previa corretamente a tendência à concentração das indústrias nas mãos de poucos, o que para qualquer pessoa razoável é sinônimo de maiores taxas de lucors).

Como consequência dessa tendência à queda das taxas de lucros, Marx previu que os trabalhadores tenderiam a ser mais "superexplorados" na tentativa dos capitalistas de manterem suas taxas de lucro,através aumento da jornada de trabalho, diminuição dos salários, exigências maiores de produtividade, etc, o que é o oposto do que realmente ocorreu no mundo.



Tirei do orkut, cabe bem aqui:


Mais-valia e lucro são duas coisas distintas, e uma mercadoria só é mercadoria se ela tiver um valor de uso, se ninguém quiser carroça, evidentemente, ninguém a produzirá, pois entende-se q ñ tenha valor de uso, este é imanente a qualquer produto, no entanto, com relação ao valor de troca, estabelece-se a relação do tempo de trabalho gasto na produção da mercadoria, entretanto, ñ é só isso q define o valor de troca. A mais-valia se dá no processo de produção, quando o proletário trabalha a mais sem receber, porém, o capitalista só irá apropriar-se efetivamente da mais-valia no mercado, na troca, quando a mais-valia materializa-se em capital, gerando o lucro!
Mas nem sempre a produção de mais-valia será igual ao lucro, isso é variante, depende da concorrência, do mercado , no entanto essa baixa de lucro ñ elimina a mais valia, q é a exploração, a apropriação de parte do trabalho do proletariado, q no modo de produção capitalista vai continuar a existir, é inerente a esse modelo econômico, pois sem a mais-valia ele ñ teria nem o mínimo de lucro!
Em linhas gerais, sem aprofundamento é isso!

« Última modificação: 20 de Fevereiro de 2008, 22:12:39 por waldon »

Offline Nightstalker

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #8 Online: 20 de Fevereiro de 2008, 22:09:52 »
Citação de: Huxley
Mas essa escola não é representativa na comunidade científica e é considerada heterodoxia. 

Não é representativa no sentido de não haver muitos "seguidores"?
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Offline DDV

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #9 Online: 25 de Fevereiro de 2008, 10:02:05 »
Citação de: Luis Souto
Se não me falha a memória:

Em relação à pergunta 1 , a resposta seria que o avanço tecnológico é liberador de mão de obra , menos trabalhadores são necessários para a produção de uma quantidade maior de mercadorias. Estas teriam incorporadas individualmente menor parcela do capital variável ( correspondente à força de trabalho) e maior do capital constante ( oriundo dos meios de produção),

Perceba o que acabou de dizer: a tecnologia é liberadora de mão de obra. Como conciliar essa verdade com a tese marxista de que os trabalhadores são os únicos que podem criar "valor novo", e que por conseguinte é somente explorando mão-de-obra humana que o empresário pode ter lucro?

 
Citação de: Luis Souto
daí Marx postular um queda tendencial da taxa de lucro pela alteração da relação C/V e pela concorrencia entre os produtores.

Essa previsão da queda da taxa de lucro é uma consequência necessária justamente da tese de que só o trabalho humano acrescenta "valor novo" às mercadorias. Se apenas o trabalho humano tem esse poder, segundo Marx, é óbvio que o empresário só terá lucros se tiver trabalhadores humanos ao seu serviço, e que quanto maior for a proporção de trabalho humano envolvido no processo de produção, maior será a taxa de lucro do empresário.

 O difícil,portanto, é explicar por que essa queda das taxas de lucros não ocorreu, mas ao contrário, quanto mais mão-de-obra humana os empresários trocaram por máquinas, mais lucro tenderam a ter (devido à redução dos custos), o que é o oposto do que a teoria marxista preveu.

Além disso, se é verdadeira essa tese marxista de que quanto menos a mão-de-obra humana estiver incluída no processo de produção, menor será a taxa de lucro, por que os capitalistas não procuraram evitar a maior automatização das indústrias, mas ao contrário, a buscaram com todo o empenho possível?


Citação de: Luis Souto
Em relação à pergunta 2 , trabalhadores com bens de raiz não trabalham em um relação capitalista "pura" , já que o que define o conceito marxista de modo de produção capitalista é a propiedade dos meios de produção pelo capitalista e o trabalhador possuindo apenas sua força de trabalho , a qual vende para sobreviver ( sendo então um proletário). No livro I do Capital Marx faz uma análise histórica deste processo de transformação dos camponeses em proletários durante o século XVIII , usando como exemplo o caso inglês.


A pergunta continua de pé: se é verdadeira a tese marxista de que os trabalhadores humanos são os únicos responsáveis pela produção das mercadorias, e o capitalista não contribui com nada, apenas aproveita a situação de detentor dos meios-de-produção para surrupiá-los, então por que esses camponeses e artesãos, que já tinham seus próprios meios-de-produção, não continuaram eles mesmos produzindo seus produtos, ao invés de se desfazerem dos seus bens e se empregarem nas fábricas para serem explorados?

Quanto aos trabalhadores totalmente desprovidos de bens, eu lhe pergunto: que diferença há entre um operário que é empregado em uma fábrica (numa relação "capitalista pura" ou "típica", como você disse) e um empregado de um artesão da Idade Média ou de qualquer outra época que seja considerada "não capitalista" por  Marx? 
 
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Re: Teoria do Valor
« Resposta #10 Online: 25 de Fevereiro de 2008, 11:05:20 »
Citação de: waldon
Mais-valia e lucro são duas coisas distintas, e uma mercadoria só é mercadoria se ela tiver um valor de uso, se ninguém quiser carroça, evidentemente, ninguém a produzirá, pois entende-se q ñ tenha valor de uso, este é imanente a qualquer produto, no entanto, com relação ao valor de troca, estabelece-se a relação do tempo de trabalho gasto na produção da mercadoria, entretanto, ñ é só isso q define o valor de troca.

O problema principal da teoria do valor marxista é justamente isso que foi exposto: para ela, o "valor de uso" é um mero identificador qualitativo das mercadorias. Sua influência no "valor de troca" é insignificante ou mesmo inexistente.


Citação de: waldon
A mais-valia se dá no processo de produção, quando o proletário trabalha a mais sem receber, porém, o capitalista só irá apropriar-se efetivamente da mais-valia no mercado, na troca, quando a mais-valia materializa-se em capital, gerando o lucro!
Mas nem sempre a produção de mais-valia será igual ao lucro, isso é variante, depende da concorrência, do mercado ,

Essa parte destacada é de suma importância: essa parte assume que a concorrência e o mercado possuem papel tão ou mais importante na determinação do valor-de-troca das mercadorias do que o trabalho, ou seja, nem sempre uma determinada quantidade de trabalho ("mais-valia") implicará um determinado valor-de-troca (valor pelo qual os frutos dessa quantidade de trabalho são trocados). 

Perceba que o texto faz uma disjunção entre quantidade de trabalho e valor-de-troca, dando ao valor de troca um caráter mais contigente e mutável do que o que seria esperado de uma teoria que afirma que o mesmo é determinado apenas pela quantidade de trabalho utilizada na produção da mercadoria. 

Ou seja, ao mesmo tempo que Marx afirma que o que determina o valor-de-troca é o trabalho, ele afirma que "nem sempre uma determinada quantidade de trabalho poderá ser trocada proporcionalmente ao trabalho médio utilizado em sua produção". Ao fazer isso, ele admite, no mínimo, que muitos outros fatores além do trabalho concorrem para determinar o valor-de-troca de uma mercadoria.

Citar

no entanto essa baixa de lucro ñ elimina a mais valia,

Olha o que essa tese propõe:

Uma determinada quantidade de trabalho possui intrinsecamente um valor igual a 100.
 Essa quantidade de trabalho é "apropriada" pelo capitalista no processo de produção; porém não está garantido, no entanto, que ele a trocará no mercado pelo seu "valor intrínseco", que é 100: poderá trocar por 80, 70, 120, etc.

Ou seja, é como se o trabalho já tivesse um valor pré-determinado, que será apropriado pelo capitalista mesmo que que ele não o consiga revendê-lo no mercado por esse "valor de face"; é como se o capitalista não conseguisse vender por esse "valor de face" devido a uma incompetência sua: se os trabalhadores fossem vender essa mesma quantidade de trabalho, conseguiriam com certeza a venda pelo seu "valor intrínseco", que é 100.

Considerando que o trabalho não será necessariamente revendido por esse "valor intrínseco", tanto pelo capitalista quanto pelo trabalhador, pergunta-se: qual a utilidade desse "valor intrínseco"? Que importância prática ele tem se as mercadorias não necessariamente serão trocadas baseadas nele?

Se, na prática, o valor é efetivamente realizado no mercado, durante a troca (seja esta troca feita pelo capitalista ou pelo trabalhador), que importância prática, empírica, tem essa tese do "valor intrínseco", determinado no momento da produção pelo trabalho, e apropriado pelo capitalista, sendo que a mercadoria terá um valor, na prática, bem diferente do mesmo?


Citar
q é a exploração, a apropriação de parte do trabalho do proletariado, q no modo de produção capitalista vai continuar a existir, é inerente a esse modelo econômico, pois sem a mais-valia ele ñ teria nem o mínimo de lucro!

Baseado na frase destacada, eu pergunto:

1- De onde vem o lucro dos comerciantes, ou seja, das pessoas que compram as mercadorias já prontas para revendê-las? De quem eles tiram a "mais-valia"?

1a - Continuação da primeira pergunta: é só do trabalhador que se pode tirar a "mais-valia"? Essa tal mais-valia não pode ser tirada de outros agentes da economia (Ex: os consumidores)?

1b - É impossível que tanto o capitalista quanto os seus trabalhadores lucrem juntos, tirando "mais-valia" dos consumidores (inclusive outros ricos) ou DAS MÁQUINAS?


2- É impossível que uma empresa totalmente automatizada tenha lucro? (já que "sem a mais-valia ela não teria nem o mínimo de lucro").   





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Re: Teoria do Valor
« Resposta #11 Online: 25 de Fevereiro de 2008, 19:34:26 »
O lucro simples não viria da discrepância entre oferta e procura? Tendo como atenuante o baixo custo de produção (talvez isso corrobore um pouco a teoria do valor-trabalho).

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Re: Teoria do Valor
« Resposta #12 Online: 28 de Fevereiro de 2008, 14:48:06 »
Citar
Uma determinada quantidade de trabalho possui intrinsecamente um valor igual a 100.
 Essa quantidade de trabalho é "apropriada" pelo capitalista no processo de produção; porém não está garantido, no entanto, que ele a trocará no mercado pelo seu "valor intrínseco", que é 100: poderá trocar por 80, 70, 120, etc.


Aí se tem o prejuízo se trocar 100 por 70, o capitalista só tira mais alia quando vende com lucro, quanto menor o valor do trabalho, maior o lucro, não é a toa que todas as empresas vão para a China atrás de sua mão de obra barata, porque mão de obra faz parte do custo, outras coisas também, mas nem todos os lugares do mundo podem ter salários baixos, pois sem consumo fica difícil vender.
« Última modificação: 28 de Fevereiro de 2008, 14:51:28 por Waldon »

 

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