Autor Tópico: A redenção dos nerds  (Lida 3581 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Eu

  • Nível 15
  • *
  • Mensagens: 383
A redenção dos nerds
« Online: 01 de Março de 2008, 16:56:10 »
Comportamento
A redenção dos nerds

Um livro em que os nerds aparecem como seres deste planeta
defende a idéia de que eles são necessários à sociedade


Camila Pereira

Lailson Santos

O animado grupofaz aulas de física no tempo livre: o Brasil precisa de mais gente assim

São da década de 50 os primeiros registros de uso da palavra "nerd" – e a ela se atribuem as mais diferentes origens. Numa das versões mais divulgadas, o termo teria surgido no Canadá, onde um grupo de jovens cientistas não fazia outra coisa senão varar noites na divisão de pesquisa e desenvolvimento (research and development, abreviado como R&D em inglês) da Northern Electric, então um atuante laboratório de tecnologia. Mais conhecido pela sigla com suas iniciais, Nerd, o nome do tal laboratório passou a ser sinônimo daqueles jovens branquelos de óculos espessos, vidrados num computador e pouco afeitos ao ar livre. Saiu um livro que, pela primeira vez, faz um mergulho no universo nerd com base numa pesquisa de caráter científico, conduzida pelo psicólogo americano David Anderegg nos últimos sete anos. Autor de Nerds: Who They Are and Why We Need More of Them (Nerds: Quem São e por que Precisamos Mais Deles, ainda sem tradução), Anderegg – ele próprio um nerd assumido – observou mais de 1 000 casos para chegar às suas conclusões. Algumas delas reforçam o senso comum: seus entrevistados são seres capazes tanto de abdicar da praia para decifrar o cubo mágico como de passar semanas a fio longe do espelho. O livro avança, na realidade, ao mostrar que eles não são necessariamente bitolados, feios ou fracassados na vida amorosa – o que mais os une é uma admiração pela precisão e pela lógica, rara de ver em crianças e jovens, daí a tese do livro: "O preconceito em relação aos nerds só atrapalha. Nunca precisamos tanto deles".

O animado quinteto de adolescentes na foto ao lado – "nerds, com todo o orgulho" – concentra três das características que o americano David Anderegg e tantos outros especialistas consideram fundamentais às sociedades modernas: além do profundo apreço pelas ciências exatas, eles têm uma espécie rara de curiosidade que os faz embrenhar-se por assuntos como robótica e astronomia e, sim, apresentam desempenho notável na escola. O estudante André Pereira, de 15 anos, resume o clima do grupo: "Passamos os sábados em fascinantes aulas de física. Poucas coisas nos divertem tanto". Poder contar com nerds como o jovem André, movido pelo pragmatismo em relação aos estudos e pela curiosidade científica, é condição necessária para o desenvolvimento tecnológico e o conseqüente crescimento econômico. O Brasil, não há dúvida, precisa melhorar aí, e um estudo da OCDE (organização que reúne países da Europa e os Estados Unidos) dá os números. Apenas 12% dos brasileiros saem da universidade diplomados em carreiras ligadas à área de exatas. Nos países da OCDE, eles são 25%. Na China e na Coréia do Sul, a nova geração de matemáticos, físicos e engenheiros representa algo como 40% do total de graduados.

Oscar Cabral

Aos 10 anos, Pedro Chediak não se importa com o rótulo: "Adoro estudar"

Questões bastante básicas, entre elas a falta de professores especializados em ciências nas escolas brasileiras e sua incapacidade em despertar o interesse das crianças, ajudam a explicar a baixa procura por tais carreiras. Outro motivo para tanta gente fugir das ciências no Brasil, esse bem menos comentado, diz respeito a um preconceito sofrido por jovens como o estudante Wilson Hirata, de 16 anos, um nerd típico. Ele diz: "Minhas professoras sempre leram as notas dos alunos na frente da turma e eu morria de vergonha quando tirava 10 em matemática ou física". Esse não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. O preconceito em relação aos estudantes com evidente aptidão para as ciências exatas é um assunto sobre o qual especialistas de muitos países já escreveram. Ele piora quando o alvo são os nerds. Diz o psicólogo David Anderegg: "Transmitimos o tempo todo para as crianças o estereótipo segundo o qual ótimos alunos com admiração pela matemática são também pessoas feias e incapazes de arranjar namorado". Diante desse cenário, ele observou que muitas crianças abandonam tais matérias na tentativa de livrar-se do rótulo de nerd. Não foi o único. A psicóloga paulista Ceres Araujo percebeu o mesmo movimento, com base em sua experiência de consultório: "Crianças brilhantes deixam de estudar matemática para não sobressair. Não existe nenhum atributo positivo tão constrangedor".

O auge do preconceito em relação aos nerds ocorre na fase escolar, sobretudo até os 14 anos, de acordo com os estudos de Anderegg. Depois dessa fase, os jovens passam a ver novas nuances nos colegas com tais características e começam a entender o fato de um nerd desfrutar popularidade com as meninas ou ainda ser visto à noite numa discoteca. Mais do que isso: na universidade, os nerds podem até se tornar alvo de admiração. Contribui para esse cenário mais favorável um conjunto de histórias de sucesso vividas por nerds famosos, como Bill Gates. Dono da Microsoft e um dos homens mais ricos do planeta, a ele é atribuída a frase: "Seja legal com os nerds. São grandes as chances de você acabar trabalhando para um deles". Gates e tantos outros casos de carreiras fulminantes em áreas ligadas à tecnologia, sobretudo a partir da década de 90, são vistos como modelos a ser perseguidos – e, com isso, ajudam a desconstruir a velha imagem negativa dos nerds. Fica mais fácil para gente como o programador de sistemas Alberto Dell’Isola, 28 anos, assumir sua condição de nerd. Dell’Isola tem orgulho em enumerar algumas das características que o tornam merecedor do rótulo: ostenta recordes em campeonatos mundiais de memória, participou de treinamentos espaciais na Nasa, sabe tudo sobre Guerra nas Estrelas e jura decifrar o cubo mágico em menos de um minuto. Ele diz: "Na infância, sofri horrores por ser nerd. Hoje isso é bom para mim".

Nelio Rodrigues/1º Plano

O nerd Alberto Dell’Isola: ele participa de competições de memória e gaba-se de resolver o cubo mágico em um minuto

Esses e outros traços do comportamento nerd são os mais visíveis – e ajudam a reforçar o velho estereótipo dos anos 50. Resta, no entanto, um aspecto típico da mentalidade desses jovens sobre o qual se fala menos: eles são extremamente obsessivos em relação aos assuntos que lhes despertam interesse. Ficam tão fixados naquilo que se isolam do planeta. Em casos extremos, tal distanciamento da realidade pode se transformar numa inaptidão social grave, em que a obstinação em aprender mais e mais deriva para esquisitices e excentricidades. Diz o psicólogo Fernando Capovilla, da Universidade de São Paulo (USP): "Pessoas produtivas demais costumam viver num mundo à parte e por isso acabam revelando certa inadequação social".

Quando é bem administrada, no entanto, a obsessão dos nerds pode funcionar de maneira positiva, como um motor para alcançarem o auge do desempenho intelectual. Não é de estranhar que essa tenha sido uma marca também na vida de alguns dos maiores gênios da história. Para otimizar as horas, o pintor Leonardo da Vinci (1452-1519), idealizador do princípio do vôo do helicóptero, por exemplo, escrevia com as duas mãos ao mesmo tempo – com uma, registrava suas observações científicas; com a outra, botava as idéias no papel. Como às vezes as palavras saíam de trás para a frente, era necessário usar um espelho para decifrar o texto. O compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), por sua vez, amava tanto a música que passou a juventude copiando exaustivamente, às escondidas, as partituras do irmão mais velho, que se recusava a emprestá-las. Isso no meio da noite, sem acender a luz, fato que, segundo seus bió-grafos, teria contribuído para sua cegueira na velhice. Aos 10 anos, o carioca Pedro Chediak, admirador desses e de outros gênios, já está ciente do retorno de sua própria obsessão pelos estudos. "Adoro tirar notas boas e sei que me darei bem no futuro." Palavra de nerd.

Um festival de estereótipos

Divulgação

Os nerds na TV: entre o videogame e a loira, eles ficam com a primeira opção

Depois de duas tentativas frustradas de engatar uma conversa com um rapaz franzino de 20 e poucos anos, uma bela loira lhe pergunta: "Você fala inglês?". Ele fica petrificado. Quem o socorre é um amigo: "Sim, mas ele não fala com mulheres. É meio nerd". O diálogo resume bem o espírito da nova série americana The Big Bang Theory (transmitida no Brasil pelo canal pago Warner Channel), em que os nerds, retratados com bom humor, encarnam toda espécie de estereótipo. Os protagonistas são quatro jovens físicos que limitam sua vida social a infindáveis campeonatos de videogame e demonstram completa inaptidão no trato com o sexo oposto. Colegas de faculdade na Caltech, uma das melhores do mundo em tecnologia, os rapazes são ases da mecânica quântica e poderiam passar horas discorrendo sobre postulados científicos, mas não conseguem abrir a boca quando estão diante de Penny, a nova vizinha bonitona (e burra). No dia em que se esbarram pela primeira vez, Penny se apresenta: "Eu sou do signo de sagitário, o que já diz mais do que vocês precisavam saber". Um dos jovens responde, com timidez: "Isso nos diz que você participa da ilusão coletiva de que a posição do Sol em relação a constelações arbitrariamente definidas, no momento do seu nascimento, de alguma maneira afeta a sua personalidade". Mais nerd impossível.

Não é a primeira vez que esse universo tão peculiar, já explorado em filmes como A Revanche dos Nerds, inspira uma série de TV. Foi justamente com outro desses seriados, Happy Days, que a palavra nerd ganhou popularidade, na década de 70. Atualmente, faz sucesso na televisão americana o seriado Beauty and the Geek (algo como A Bela e o Geek, usado como sinônimo de nerd), um reality show do qual tomam parte dois grupos opostos em tudo: de um lado, uma turma de nerds; de outro, moçoilas vaidosas e pouco afeitas ao exercício intelectual. No programa, elas encaram longos debates sobre geopolítica e testes de anatomia. Os nerds, por sua vez, passam a freqüentar discotecas, onde são desafiados a subir ao palco e improvisar shows de rock, tendo o desempenho devidamente avaliado pelo público. Eles sofrem, mas às vezes conseguem vencer.


http://veja.abril.com.br/050308/p_102.shtml

Danieli

  • Visitante
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #1 Online: 01 de Março de 2008, 17:06:04 »
Citar
Os nerds na TV: entre o videogame e a loira, eles ficam com a primeira opção

>.<


Offline Orbe

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.009
  • Sexo: Masculino
  • ???
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #2 Online: 01 de Março de 2008, 17:22:34 »
Sempre há quem ache bonitinho não ter vida social, não saber se relacionar, passar dias na frente de um computador, estudar no tempo livre enquanto os amigos se divertem e a vida passa lá fora...

Eu acho ridículo.

Como todo extremo, ser "nerd" é deprimente.

E que associação sem pé nem cabeça é essa entre exatas e nerds?


P.S.: Matéria da Veja... não podia ser boa coisa mesmo.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline N3RD

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.493
  • Sexo: Masculino
  • O tal do "não querer"
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #3 Online: 01 de Março de 2008, 21:47:53 »
 :hmph: Algo contra ?




 :histeria:
Não deseje.

Offline Pregador

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.056
  • Sexo: Masculino
  • "Veritas vos Liberabit".
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #4 Online: 01 de Março de 2008, 23:07:33 »
Sempre há quem ache bonitinho não ter vida social, não saber se relacionar, passar dias na frente de um computador, estudar no tempo livre enquanto os amigos se divertem e a vida passa lá fora...

Eu acho ridículo.

Como todo extremo, ser "nerd" é deprimente.

E que associação sem pé nem cabeça é essa entre exatas e nerds?


P.S.: Matéria da Veja... não podia ser boa coisa mesmo.

Invejoso...
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Thufir Hawat

  • Nível 31
  • *
  • Mensagens: 1.881
  • Sexo: Masculino
  • It's easier to be terrified by an enemy you admire
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #5 Online: 02 de Março de 2008, 02:17:12 »
Sempre há quem ache bonitinho não ter vida social, não saber se relacionar, passar dias na frente de um computador, estudar no tempo livre enquanto os amigos se divertem e a vida passa lá fora...

Eu acho ridículo.

Como todo extremo, ser "nerd" é deprimente.
Por quê? Que há de errado em estudar no tempo livre? Ou não gostar de ir à festas e preferir ficar em casa, com um bom livro?

Eu sou nerd, gosto de ser assim e não sofro de depressão. É uma opção pessoal, se você não quer sê-lo, ótimo. Mas não julgue quem quer.
Archimedes will be remembered when Aeschylus is forgotten, because languages die and mathematical ideas do not. "Immortality" may be a silly word, but probably a mathematician has the best chance of whatever it may mean.
G. H. Hardy, in "A Mathematician's Apology"

Danieli

  • Visitante
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #6 Online: 02 de Março de 2008, 02:25:44 »
Sempre há quem ache bonitinho não ter vida social, não saber se relacionar, passar dias na frente de um computador, estudar no tempo livre enquanto os amigos se divertem e a vida passa lá fora...

Eu acho ridículo.

Como todo extremo, ser "nerd" é deprimente.

E que associação sem pé nem cabeça é essa entre exatas e nerds?


P.S.: Matéria da Veja... não podia ser boa coisa mesmo.
Orbe, eu acho que nem todo nerd é tão extremo. Eu pessoalmente gosto de ter contato com pessoas, e também gosto muito de estudar. É uma questão de saber ponderar, e conheço muitas pessoas estudiosas que sabem separar o seu tempo e muitas vezes também se divertem com a pesquisa e investigação de fatos, ou seja lá com o hobby/trabalho/atividade nerd que a pessoa tenha.

E como já disse o dodo uma vez, pobre não é nerd, é esquisito :biglol:

Offline Orbe

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.009
  • Sexo: Masculino
  • ???
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #7 Online: 02 de Março de 2008, 03:41:15 »
Por quê? Que há de errado em estudar no tempo livre? Ou não gostar de ir à festas e preferir ficar em casa, com um bom livro?

Eu sou nerd, gosto de ser assim e não sofro de depressão. É uma opção pessoal, se você não quer sê-lo, ótimo. Mas não julgue quem quer.

Não estou julgando. Estou dando MINHA OPINIÃO sobre o comportamento nerd. Não estou dizendo a ninguem que isso deve mudar. Se você é feliz assim, continue assim e seja feliz. Problema seu. Mas minha opinião permanece a mesma sobre esse tipo de comportamento.



E ser nerd não é apenas ser estudioso como a Veja diz. O que a revista omite, em sua matéria bonitinha, é que nerds se concentram em estudos por serem incapazes de desenvolver outras atividades. Eles não sabem se relacionar com pessoas diferentes deles, não tem aptidão para atividades físicas e etc. É pela incapacidade de conviver com outros grupos (em alguns casos de conviver com toda a turma da escola) que eles são discriminados. E não por serem estudiosos, como a reportagem tenta nos convencer.

Ser estudioso, geralmente, é consequência de ser nerd e não o contrário.

O problema maior é que esse pensamento totalmente distorcido é o mais difundido. Os professores ao verem o nerdinho tirando notas boas, mas sem conseguir se encaixar na turma, acha que é porque ele é estudioso. Em vez de tentar fazer o nerdinho aprender a se socializar, enquanto os bagunceiros aprenderiam a estudar direito, prefere reforçar o defeito dele (dando certos privilégios, colocando ele mais perto, tratando-o melhor...), achando que é só uma questão de preconceito contra alunos estudiosos.

Precisamos de alunos estudiosos sim. Mas não de nerds.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Danieli

  • Visitante
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #8 Online: 02 de Março de 2008, 03:51:29 »
Eu não sei bem que tipo de juízo as pessoas fazem dos nerds, mas eu particularmente me considero estudiosa, e ponto, nerd? Sei lá, não me acho tanto assim. Gosto de atividades diferentes da rotina nerdiana, e tenho me sentido feliz com isso.

E lembrei de outra, nerd em filme americano sempre se ferra já viram? Seja menina, seja guri, é o esteriótipo do loser.

Não vejo uma razão óbvia para que alguém seja assim propositalmente e se sinta feliz em ser chacota, constrangido, esquisito e discriminado pelos demais jovens.


Offline Thufir Hawat

  • Nível 31
  • *
  • Mensagens: 1.881
  • Sexo: Masculino
  • It's easier to be terrified by an enemy you admire
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #9 Online: 02 de Março de 2008, 05:13:44 »
E ser nerd não é apenas ser estudioso como a Veja diz. O que a revista omite, em sua matéria bonitinha, é que nerds se concentram em estudos por serem incapazes de desenvolver outras atividades. Eles não sabem se relacionar com pessoas diferentes deles, não tem aptidão para atividades físicas e etc. É pela incapacidade de conviver com outros grupos (em alguns casos de conviver com toda a turma da escola) que eles são discriminados. E não por serem estudiosos, como a reportagem tenta nos convencer.

Ser estudioso, geralmente, é consequência de ser nerd e não o contrário.
Concordo que ser nerd não é apenas ser estudioso... a questão é que, ao ser estudioso e tirar boas notas, você termina quase que invariavelmente rotulado como nerd. Ninguém nasce nerd, esse rótulo é dado na escola, pela própria turma, no momento em que alguém começa a se diferenciar do resto da sala por ter notas mais altas que a média.

Mas olha, essa de "nerds só se concentram em estudos porque são inacapzes de desenvolver outras atividades" foi dose. Quer dizer então que a hipótese de que eles se concentram nos estudos simplesmente porque gostam, porque querem, já foi descartada assim tão rápido?

E por quê é que alguém deveria ter de conviver com toda a turma da escola? E pior, Por quê não fazer isso deveria ser motivo pra alguém ser discriminado?

E acho mesmo que você está invertendo as coisas... acho, por experiência pessoal, que a inaptidão social é conseqüência da discriminação e não o contrário, e que boa parte (ainda que não toda ela) da discriminação deve-se ao fato de se tirar boas notas, destacar-se da média... os medianos tendem a não gostar disso.

O problema maior é que esse pensamento totalmente distorcido é o mais difundido. Os professores ao verem o nerdinho tirando notas boas, mas sem conseguir se encaixar na turma, acha que é porque ele é estudioso. Em vez de tentar fazer o nerdinho aprender a se socializar, enquanto os bagunceiros aprenderiam a estudar direito, prefere reforçar o defeito dele (dando certos privilégios, colocando ele mais perto, tratando-o melhor...), achando que é só uma questão de preconceito contra alunos estudiosos.
Então agora ser nerd é defeito? Não querer se relacionar com quem te hostiliza é defeito? Por favor, vai...

Até concordo que o professor deve tentar unir a turma e tal, mas chamar nerdice de defeito é a fina flor da discriminação.

Eu particularmente nunca tive privilégio nenhum por ser nerd. Pelo contrário, só fui mais cobrado por isso, e ainda era alvo de chacota de parte dos outros alunos.

Precisamos de alunos estudiosos sim. Mas não de nerds.
Por quê não? Que há de errado com os nerds que os faz indesejáveis?
Archimedes will be remembered when Aeschylus is forgotten, because languages die and mathematical ideas do not. "Immortality" may be a silly word, but probably a mathematician has the best chance of whatever it may mean.
G. H. Hardy, in "A Mathematician's Apology"

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #10 Online: 02 de Março de 2008, 07:03:12 »
Não gosto de sair pra boates, por exemplo, e nunca gostei de "ficar" por "ficar" (talvez por nunca ter tido jeito para a coisa, vá lá). Mas sou perfeitamente capaz de sair com amigos para uma noitada na Lapa, por exemplo, ou numa outra festa qualquer. Gosto de ir à praia, de fazer trilha na Floresta da Tijuca, de ir ao Maracanã assistir jogo de futebol - e tudo isso sem largar coisas como Física Quântica e RPG :-)

Então o problema não é ser Nerd, mas o que cada um faz deste rótulo.

Offline Eu

  • Nível 15
  • *
  • Mensagens: 383
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #11 Online: 02 de Março de 2008, 12:02:26 »
Na revista Veja tem uma enquete para saber se é nerd, meio nerd, ou não.

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #12 Online: 02 de Março de 2008, 14:08:41 »
Dica: se você precisa de um teste para saber se é nerd, provavelmente não é. Mas está caminhando a passos largos para ser um clueless ;-)

Offline Alenônimo

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.545
  • Sexo: Masculino
    • Alenônimo.com.br
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #13 Online: 02 de Março de 2008, 14:57:54 »
Dica: se você precisa de um teste para saber se é nerd, provavelmente não é. Mas está caminhando a passos largos para ser um clueless ;-)

Clueless or freaking retard?
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Offline Orbe

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.009
  • Sexo: Masculino
  • ???
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #14 Online: 02 de Março de 2008, 14:59:30 »
Concordo que ser nerd não é apenas ser estudioso... a questão é que, ao ser estudioso e tirar boas notas, você termina quase que invariavelmente rotulado como nerd. Ninguém nasce nerd, esse rótulo é dado na escola, pela própria turma, no momento em que alguém começa a se diferenciar do resto da sala por ter notas mais altas que a média.

Não. O rótulo dado a quem começa a se sair bem nos estudos é de CDF. Que não é a mesma coisa que nerd. Para ser chamado de nerd é preciso muito mais que notas boas.

Mas olha, essa de "nerds só se concentram em estudos porque são inacapzes de desenvolver outras atividades" foi dose. Quer dizer então que a hipótese de que eles se concentram nos estudos simplesmente porque gostam, porque querem, já foi descartada assim tão rápido?

Que eles gostam e querem, é óbvio. Se não fosse assim dificilmente se sairiam tão bem nisso. Mas a questão não é essa. Eles tomam o estudo e tudo relacionado a ele como objetivo único na vida, excluindo todo o resto. É o extremo de gostar e de querer estudar. E o motivo de se chegar a esse extremo é a inaptidão para outras atividades e incapacidade de se relacionar com pessoas de fora do mundinho nerd.

Geralmente a aparência física fora dos padrões estéticos da sociedade também contribui para isso.

E por quê é que alguém deveria ter de conviver com toda a turma da escola? E pior, Por quê não fazer isso deveria ser motivo pra alguém ser discriminado?

Porque pessoas diferentes trazem idéias diferentes, pontos de vista diferentes, experiências diferentes... E tudo isso contribui para o amadurecimento da criança. Ficar enfurnado em um mundinho onde todos pensam e se comportam igual a você não traz nada novo. Lembrando que estou falando de crianças e adolescentes aqui.

E acho mesmo que você está invertendo as coisas... acho, por experiência pessoal, que a inaptidão social é conseqüência da discriminação e não o contrário, e que boa parte (ainda que não toda ela) da discriminação deve-se ao fato de se tirar boas notas, destacar-se da média... os medianos tendem a não gostar disso.

Nunca vi ninguem ser discriminado exclusivamente por conseguir boas notas. Isso não faz sentido algum. O aluno acaba de chegar no colégio, passa 2 meses se divertindo com todos da turma dele, aí surge o boletim cheio de notas 10, automaticamente todos se afastam e ele passa a ser o excluído. Nunca vi isso acontecer. Você já viu?

Então agora ser nerd é defeito? Não querer se relacionar com quem te hostiliza é defeito? Por favor, vai...

A pessoa é hostilizada por não conseguir se relacionar e não o contrário. E não conseguir conviver com as pessoas ao seu redor é defeito, na minha opinião. Portanto, a "nerdice" é um defeito, na minha opinião.

Até concordo que o professor deve tentar unir a turma e tal, mas chamar nerdice de defeito é a fina flor da discriminação.

Sua opinião. Para mim "nerdice" é um defeito como todos os outros extremos. Aconpanhamento psicológico pode ajudar bastante.

Eu particularmente nunca tive privilégio nenhum por ser nerd. Pelo contrário, só fui mais cobrado por isso, e ainda era alvo de chacota de parte dos outros alunos.

Você era alvo da chacota deles, provavelmente, por não conseguir se relacionar com eles. Depois que viram suas notas, surgiu uma diferença a mais, contribuindo para que sofresse discriminação. Mas não foi exclusivamente e nem inicialmente a sua suposta "preferência" por estudar que lhe colocou nessa situação.

Por quê não? Que há de errado com os nerds que os faz indesejáveis?

O extremismo deles os faz indesejáveis. São indesejáveis como o são os avarentos, os fanáticos religiosos, os egoístas ao extremo e tantos outros exemplos de extremismo.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline Orbe

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.009
  • Sexo: Masculino
  • ???
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #15 Online: 02 de Março de 2008, 15:06:24 »
Citar
Os nerds na TV: entre o videogame e a loira, eles ficam com a primeira opção

Esse subtitulo é uma das partes mais "interessantes" da reportagem. Será que o nerd realmente prefere o videogame ou se volta para isso por incapacidade de seduzir a loira?
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline Thufir Hawat

  • Nível 31
  • *
  • Mensagens: 1.881
  • Sexo: Masculino
  • It's easier to be terrified by an enemy you admire
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #16 Online: 02 de Março de 2008, 15:27:28 »
Não. O rótulo dado a quem começa a se sair bem nos estudos é de CDF. Que não é a mesma coisa que nerd. Para ser chamado de nerd é preciso muito mais que notas boas.
Não há mais CDFs. Ninguém mais é chamado de CDF desde que eu sai do ginásio, quem se costumava chamar de CDF agora é chamado de nerd.

Citar
Que eles gostam e querem, é óbvio. Se não fosse assim dificilmente se sairiam tão bem nisso. Mas a questão não é essa. Eles tomam o estudo e tudo relacionado a ele como objetivo único na vida, excluindo todo o resto. É o extremo de gostar e de querer estudar. E o motivo de se chegar a esse extremo é a inaptidão para outras atividades e incapacidade de se relacionar com pessoas de fora do mundinho nerd.

Geralmente a aparência física fora dos padrões estéticos da sociedade também contribui para isso.
E que há de errado em fazer do estudo seu objetivo de vida? Não prejudica a ninguém, exceto talvez (e apenas) aos nerds. Então por quê os outros deveriam se preocupar com isso a ponto de querer forçá-los a realizar atividades que eles não querem?

Quanto a aparência física, bem, isso não é culpa do nerd. Ninguém escolhe ser feio.

Citar
Porque pessoas diferentes trazem idéias diferentes, pontos de vista diferentes, experiências diferentes... E tudo isso contribui para o amadurecimento da criança. Ficar enfurnado em um mundinho onde todos pensam e se comportam igual a você não traz nada novo. Lembrando que estou falando de crianças e adolescentes aqui.
Então há que se fazer com que os outros não hostilizem os nerds. Se não há essa interação, não é só porque os nerds não se esforçam para tanto, mas porque quando tentam se enturmar são hostilizados. Como esperar que um nerd se enturme com quem lhe trata mal?

Citar
Nunca vi ninguem ser discriminado exclusivamente por conseguir boas notas. Isso não faz sentido algum. O aluno acaba de chegar no colégio, passa 2 meses se divertindo com todos da turma dele, aí surge o boletim cheio de notas 10, automaticamente todos se afastam e ele passa a ser o excluído. Nunca vi isso acontecer. Você já viu?
Não só vi como professor, também passei por isso quando aluno.

E não necessariamente há esse período de dois meses. O rótulo "nerd" acompanha o aluno ao longo da vida escolar. Ao se demonstrar mais apto para os estudos em alguma série, os colegas acabam marcando-o como nerd para as séries seguintes também. Assim muito antes de chegarem as notas aquele aluno já está marcado como nerd da sala, por causa de seu desmpenho anterior, e até, como você mesmo colocou, sua aprência física ou inabilidade social ou esportiva.

Citar
A pessoa é hostilizada por não conseguir se relacionar e não o contrário. E não conseguir conviver com as pessoas ao seu redor é defeito, na minha opinião. Portanto, a "nerdice" é um defeito, na minha opinião.
Defeito? Peraí, pode até ser um problema, mas defeito? É culpa do nerd ser tímido e quieto? Acho antes que é uma questão emocional, que pode ser tratada ou não de acordo com a escolha dos pais. Mas chamar de defeito é exagero...

Citar
Você era alvo da chacota deles, provavelmente, por não conseguir se relacionar com eles. Depois que viram suas notas, surgiu uma diferença a mais, contribuindo para que sofresse discriminação. Mas não foi exclusivamente e nem inicialmente a sua suposta "preferência" por estudar que lhe colocou nessa situação.
Concordo que pode não ter sido exclusivamente isso, nunca neguei, mas diferente do que você afirmou antes, a preferência pelos estudos e as notas acima da média são sim motivos de discriminação por parte dos outros alunos.

Claro que a dificuldade de relacionar-se é um fator forte, mas não dá pra negar que além disso tirar boas notas te torna mais alvo ainda.
Citar
O extremismo deles os faz indesejáveis. São indesejáveis como o são os avarentos, os fanáticos religiosos, os egoístas ao extremo e tantos outros exemplos de extremismo.
Peraí, não dá pra comparar ser nerd com nada disso aí. Ao contrário desses extremos que você citou, o nerd não prejudica ninguém além dele mesmo, não causa mal a ninguém, pelo contrário, é prejudicado pelos outros.

Não há nada de indesejável em quem não prejudica mais ninguém, por mais extremo que seja.
Archimedes will be remembered when Aeschylus is forgotten, because languages die and mathematical ideas do not. "Immortality" may be a silly word, but probably a mathematician has the best chance of whatever it may mean.
G. H. Hardy, in "A Mathematician's Apology"

Offline Fernando Silva

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 7.505
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #17 Online: 02 de Março de 2008, 15:59:26 »
Não vejo uma razão óbvia para que alguém seja assim propositalmente e se sinta feliz em ser chacota, constrangido, esquisito e discriminado pelos demais jovens.

Esse cara com óculos remendados me lembrou de uma época, quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, em que eu tive que usar óculos colados com Araldite por falta de dinheiro para comprar outro. Parecia que tinham cuspido na minha cara e andaram me chamando de "escarrado". Em outra época, eu cresci, minhas calças do uniforme ficaram na canela e todo mundo me zoava até que a minha mãe reparou.

Em ambos os casos, eu achei graça da atenção que eu recebia. Não estava nem aí para o que pensavam da minha aparência. Era bastante anti-social.  Só comecei a me preocupar com o que pensavam do meu visual quando passei a dar mais atenção às meninas, o que demorou um pouco porque estudava num colégio só de homens e morava numa rua onde só havia idosos.

Na verdade, o que realmente me preocupava era a possibilidade de me baterem, mas isto eu resolvia correndo mais que os valentões. Os outros garotos, que queriam se afirmar, encaravam os babacas e acabavam machucados.

Offline Fernando Silva

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 7.505
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #18 Online: 02 de Março de 2008, 16:02:11 »
Um livro em que os nerds aparecem como seres deste planeta
defende a idéia de que eles são necessários à sociedade
Um texto atribuído a Bill Gates diz:
"Não sacaneie seu colega nerd. Ele será seu patrão um dia".

Offline Orbe

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.009
  • Sexo: Masculino
  • ???
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #19 Online: 02 de Março de 2008, 16:03:15 »
Não. O rótulo dado a quem começa a se sair bem nos estudos é de CDF. Que não é a mesma coisa que nerd. Para ser chamado de nerd é preciso muito mais que notas boas.
Não há mais CDFs. Ninguém mais é chamado de CDF desde que eu sai do ginásio, quem se costumava chamar de CDF agora é chamado de nerd.

Ainda se usa o termo. Frequentemente, aliás, em escolas de regiões mais pobres do RJ.

Citar
Que eles gostam e querem, é óbvio. Se não fosse assim dificilmente se sairiam tão bem nisso. Mas a questão não é essa. Eles tomam o estudo e tudo relacionado a ele como objetivo único na vida, excluindo todo o resto. É o extremo de gostar e de querer estudar. E o motivo de se chegar a esse extremo é a inaptidão para outras atividades e incapacidade de se relacionar com pessoas de fora do mundinho nerd.

Geralmente a aparência física fora dos padrões estéticos da sociedade também contribui para isso.
E que há de errado em fazer do estudo seu objetivo de vida? Não prejudica a ninguém, exceto talvez (e apenas) aos nerds. Então por quê os outros deveriam se preocupar com isso a ponto de querer forçá-los a realizar atividades que eles não querem?

Quanto a aparência física, bem, isso não é culpa do nerd. Ninguém escolhe ser feio.

Ninguem está falando em forçar as pessoas a fazerem o que não querem. Mas não é saudável passar a vida sentado em frente a um computador, por exemplo. Nem do ponto de vista físico, nem do psicológico. Não é forçar. É só um aquestão de fazê-los entender que é bom manter uma vida equilibrada.

Quanto a quem se prejudica, falo disso lá no fim.

E sobre aparência, o nerd sempre tem a possibilidade de pelo menos se arrumar decentemente. O feio arrumadinho acaba ficando bonitinho.

Citar
Porque pessoas diferentes trazem idéias diferentes, pontos de vista diferentes, experiências diferentes... E tudo isso contribui para o amadurecimento da criança. Ficar enfurnado em um mundinho onde todos pensam e se comportam igual a você não traz nada novo. Lembrando que estou falando de crianças e adolescentes aqui.
Então há que se fazer com que os outros não hostilizem os nerds. Se não há essa interação, não é só porque os nerds não se esforçam para tanto, mas porque quando tentam se enturmar são hostilizados. Como esperar que um nerd se enturme com quem lhe trata mal?

Eles são hostilizados porque não sabem como se enturmar. Mas está certo quando diz que é preciso parar com a a discriminação. O problema é que fica dificil isso se tornar realidade com reportagens como essa da Veja exaltando a nerdice como algo desejável.

Citar
Nunca vi ninguem ser discriminado exclusivamente por conseguir boas notas. Isso não faz sentido algum. O aluno acaba de chegar no colégio, passa 2 meses se divertindo com todos da turma dele, aí surge o boletim cheio de notas 10, automaticamente todos se afastam e ele passa a ser o excluído. Nunca vi isso acontecer. Você já viu?
Não só vi como professor, também passei por isso quando aluno.

E não necessariamente há esse período de dois meses. O rótulo "nerd" acompanha o aluno ao longo da vida escolar. Ao se demonstrar mais apto para os estudos em alguma série, os colegas acabam marcando-o como nerd para as séries seguintes também. Assim muito antes de chegarem as notas aquele aluno já está marcado como nerd da sala, por causa de seu desmpenho anterior, e até, como você mesmo colocou, sua aprência física ou inabilidade social ou esportiva.

Seria interessante você aproveitar e estudar esse "fenômeno" de exclusão pós-boletim. Achar soluções para reverter o problema.

Citar
A pessoa é hostilizada por não conseguir se relacionar e não o contrário. E não conseguir conviver com as pessoas ao seu redor é defeito, na minha opinião. Portanto, a "nerdice" é um defeito, na minha opinião.
Defeito? Peraí, pode até ser um problema, mas defeito? É culpa do nerd ser tímido e quieto? Acho antes que é uma questão emocional, que pode ser tratada ou não de acordo com a escolha dos pais. Mas chamar de defeito é exagero...

Defeito sim. Pessoas tem qualidades e defeitos. E nenhum dos dois é necessariamente culpa do indivíduo. A culpa está em não tentar mudar isso. Quando o tímido sabe que é tímido, percebe que isso o está prejudicando de alguma forma e não procura ajuda, aí sim a culpa pelo defeito se torna dele. No caso de crianças, quando os pais e professores percebem isso e não procuram ajuda.

Citar
Você era alvo da chacota deles, provavelmente, por não conseguir se relacionar com eles. Depois que viram suas notas, surgiu uma diferença a mais, contribuindo para que sofresse discriminação. Mas não foi exclusivamente e nem inicialmente a sua suposta "preferência" por estudar que lhe colocou nessa situação.
Concordo que pode não ter sido exclusivamente isso, nunca neguei, mas diferente do que você afirmou antes, a preferência pelos estudos e as notas acima da média são sim motivos de discriminação por parte dos outros alunos.

Claro que a dificuldade de relacionar-se é um fator forte, mas não dá pra negar que além disso tirar boas notas te torna mais alvo ainda.

Contribui. Mas apenas isso não torna uma pessoa o indesejável da classe.

Citar
O extremismo deles os faz indesejáveis. São indesejáveis como o são os avarentos, os fanáticos religiosos, os egoístas ao extremo e tantos outros exemplos de extremismo.
Peraí, não dá pra comparar ser nerd com nada disso aí. Ao contrário desses extremos que você citou, o nerd não prejudica ninguém além dele mesmo, não causa mal a ninguém, pelo contrário, é prejudicado pelos outros.

Não há nada de indesejável em quem não prejudica mais ninguém, por mais extremo que seja.

Prejudica a sociedade de maneira geral. Eles são apontados, principalmente pela mídia, como o exemplo de pessoa estudiosa. O que não é verdade. Eles são exemplos de fanáticos por estudos. Isso distorce totalmente a idéia do que é uma pessoa estudiosa. Estudioso passa a ser o sinônimo de nerd. E como poucos querem o "status" de nerd, a maioria foge dos estudos. O correto seria incentivar as pessoas a serem equilibradas e não a serem nerds.

Além disso o nerd prejudica a si mesmo, como você mesmo já disse. Eu não pretendo ver meus filhos se prejudicando e ficar olhando de braços cruzados, por exemplo. Como professor não pretendo ver meus alunos se prejudicando e ficar assistindo. Quando falamos de adultos nerds, tudo bem. Eles são maiores de idade, eles que se virem. Mas antes do adulto nerd vem a criança e o adolescente nerd. Não são só os que hostilizam os nerds que precisam mudar. A mudança tem que vir do outro lado também, porque, ao contrário do que a reportagem diz, nerdice não é algo desejável.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Danieli

  • Visitante
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #20 Online: 02 de Março de 2008, 16:28:43 »
Um livro em que os nerds aparecem como seres deste planeta
defende a idéia de que eles são necessários à sociedade
Um texto atribuído a Bill Gates diz:
"Não sacaneie seu colega nerd. Ele será seu patrão um dia".
Se ele tiver o senso devido de gestão pode ser, caso contrário no futuro ainda haverão patrões que além de não terem o devido senso, ainda serão... de certa forma ignorantes.

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #21 Online: 02 de Março de 2008, 17:26:31 »
:shrugs:

Caras, minha infância foi ótima, minha adolescência foi uma droga e meus vinte e tais, mais ou menos. Legal mesmo é a vida adulta. Os nerds vão aprender a se tornar mais sociáveis, ou não vão. Vão querer temperar seus gostos, ou não. Vão ter dinheiro ou uma carreira de sucesso, ou não. Exatamente como todo mundo, independente de rótulo.

Danieli

  • Visitante
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #22 Online: 02 de Março de 2008, 17:32:21 »
O conceito de nerd ficou meio perdido nessa discussão toda...
E o Dbohr tem razão :hihi:
Os nerds vão aprender a se tornar mais sociáveis, ou não vão. Vão querer temperar seus gostos, ou não. Vão ter dinheiro ou uma carreira de sucesso, ou não. Exatamente como todo mundo, independente de rótulo.

Offline FxF

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.720
  • Sexo: Masculino
  • Yohohoho!
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #23 Online: 02 de Março de 2008, 18:11:50 »
Citar
Os nerds na TV: entre o videogame e a loira, eles ficam com a primeira opção
Esse subtitulo é uma das partes mais "interessantes" da reportagem. Será que o nerd realmente prefere o videogame ou se volta para isso por incapacidade de seduzir a loira?
Não, eu sou a prova viva disso. Conseguir, eu consigo, não faltaram chances, mas não consigo passar mais de uma hora longe de meu computador. E dinheiro não falta.
E olha que não é brincadeira o "não passar uma hora longe do computador", quando criança eu ia para a praia (note que eu estou afirmando que não saio de férias desde que eu era criança), todo resto adorando, e eu a cada cinco minutos perguntava "quando a gente volta pra casa?"
Infelizmente, meu pai começou a ir para a academia e eu fiquei de levar os cachorros (dois labradores) para passear. Perco 30 minutos da minha vida por dia. Note o que eu defino como "vida" no trecho anterior.
Vão ter dinheiro ou uma carreira de sucesso, ou não. Exatamente como todo mundo, independente de rótulo.
Ihhh... você já está ultrapassado. Nesta geração de agora, o futuro tende unicamente a Internet. A elite será quem domina a Internet.

Offline Copelli

  • Nível 21
  • *
  • Mensagens: 763
  • Sexo: Masculino
Re: A redenção dos nerds
« Resposta #24 Online: 02 de Março de 2008, 20:07:49 »
Não tenho nada contra, mas nunca fiz amizades com nerds, se é que eles fazem amizades.  :hihi: Estou me referindo aqueles NERRRD's mesmo.

E quando converso com um grupo de nerds, não entendo nada do que falam. Só falam de coisas que não me interessam. No meu curso de técnico em informática era o que mais tinha. Quando falei uma vez que não gosto de jogos e não entendo nada quase me crucificaram.  :D

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!