Me considero suficientemente esclarecido em muitas coisas, mas agora me lembrei de uma enquete que respondi sobre racismo (a enquete era para analisar o
grau de racismo de cada um). Depois de responder as perguntas fui ver o resultado e, para minha supresa,
descobri que:
democracia racial para você é muito bonita na teoria, mas na prática você é racista.
Tudo bem, enquetes feitas pela internet são extremamente questionáveis, mas responder meia dúzia de perguntas e ser tachado de membro honorário da
Ku Klux Khan não foi muito divertido. Revi minhas respostas e, apesar de ainda achar que houve um certo exagero na minha classificação, duas delas foram realmente motivadas por um preconceito muito forte, que eu não sabia que possuia. Descobrir de onde tinha vindo esse preconceito foi relativamente fácil,
aprendi a tê-los na infância.
Lembrei disso porque o tópico sobre HIV me recordou de que a primeira vez em que ouvi falar sobre AIDS foi por vota de 1982, quando ela era denominada, por alguns, de "peste gay". Quase trinta anos depois, a AIDS já não pode mais ser considerada como uma doença exclusiva dos homossexuais, mas ainda assim carrega um estigma muito forte, como se a pessoa contaminada fosse obrigatoriamente promíscua ou viciada em drogas (a relação sexual e o uso de drogas injetáveis ainda são a maior causa da contaminação com o vírus HIV).
Analisando isso, me senti a vontade para dar uma resposta que, acredito eu, esteja livre de preconceitos:
Não penso nisso. Foi uma saída honrosa; posso alegar que, como sou casado, fiel e confio na integridade de minha esposa, o HIV esta tão distante para mim quanto umas férias no Castelo de Caras.
Porém, não pude deixar de pensar no que faria se fosse solteiro e, depois de analisar os prós e contras, cheguei a conclusão de que teria respondido
Não. O medo da contaminação é o principal motivo para isso; levando em conta que o medo,
em algumas situações, também pode ser uma forma de preconceito, passei a buscar uma justificativa para tal sentimento.
Encontrei várias: me contaminar, não conseguir tratamento, ver a pessoa amada morrer, ter um filho soropositivo, a cura não ser possível dentro dos próximos cem anos, etc...
São justificativas para responder uma pergunta simples: "Você se casaria com um portador do vírus da AIDS?."
Ou seja, um simples questionamento me fez pensar em muitas coisas perturbadoras e a dificuldade que tive para encontrar respostas para elas, me fez enxergar o quanto me considero imune ao mundo que me rodeia.