Autor Tópico: Reflexão sobre o relativismo legal  (Lida 1885 vezes)

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Offline Herf

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Reflexão sobre o relativismo legal
« Online: 08 de Março de 2008, 19:14:38 »
O fato de a grande maioria das pessoas de um determinado local se ofender com a seminudez (ou mesmo a nudez total) de pessoas em locais públicos justifica a proibição do ato de andar em locais públicos só com as roupas de baixo (ou sem qualquer roupa)?

Em caso afirmativo, implicaria isto em aceitar a proibição do beijo em público por parte de um casal homossexual em um local onde homossexuais se beijando não é algo bem visto pela maioria da população? Em um local onde a grande maioria da população se sente tão ofendida com a cena do casal gay quanto os do primeiro caso se sentem com relação a pessoas seminuas andando na rua?

Indo mais adiante, em uma cidade onde a grande maioria da população é composta de cristãos fervorosos, seria justo proibir que se ande em público naquela cidade com camisetas do Bad Religion (supondo que este ato ofendesse profundamente essas pessoas)?

Offline Dbohr

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #1 Online: 08 de Março de 2008, 19:31:18 »
Costume, basicamente. As pessoas fazem aquilo que seus pais faziam. Algumas coisas mudam mais rapidamente que outras, mas certos tabus culturais permanecem. Por exemplo: no tempo dos meus avós seria um escândalo se um casal heterossexual se beijasse na rua. Hoje isso é visto com normalidade e em breve o será um beijo homossexual.

Outras coisas permanecem por muito mais tempo. Andar vestido é uma (até por uma questão de higiene e proteção).

O caso da cidade de cristãos fervorosos é um pouco mais complicado. Pelas leis dos países ocidentais, não tem como proibir um cidadão de andar com uma camiseta do Bad Religion. Mesmo que haja um forte sentimento religioso no local, o máximo que pode acontecer são uns olhares feios ou um bate-boca. Já em lugares sem tradição laica o buraco é mais embaixo.

rizk

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #2 Online: 08 de Março de 2008, 22:57:31 »
Ah, sim. Democracia é isso. Não gostou, se muda.

Offline Nightstalker

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #3 Online: 08 de Março de 2008, 23:00:35 »
Bom mesmo é despotismo. (Eu sendo o déspota, obviamente)
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Luz

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #4 Online: 09 de Março de 2008, 14:16:08 »

Bom, a nudez se aplica a todos, enquanto o beijo e camiseta diz respeito a um grupo específico. Eu acho que o que pretende unir, no caso, é mais justo que o que pretende separar.  ::)

Offline Herf

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #5 Online: 16 de Março de 2008, 21:59:35 »
Não sei se entendi o ponto de vocês.

A liberdade de uma pessoa manifestar o seu sentimento por uma religião ou a liberdade de um casal gay de se beijar na rua não deveriam ser direitos universalmente válidos e garantidos? Ou é certo dizer que a moralidade de uma determinada conduta depende do ambiente em que ela é praticada?

Offline Dbohr

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #6 Online: 16 de Março de 2008, 22:06:45 »
Deveriam, no sentido em que cientificamente se entende que homossexualismo é normal e natural? Bem, sim. É o que eu acho.

Mas moralidade, para melhor ou para pior é uma coisa relativa. Em outras palavras, é o consenso da sociedade que decide se uma coisa é moral ou não. Quando eventos mudam a percepção do que é moral para algumas pessoas e debates começam a acontecer, é possível que esta compreensão mude.

Ao menos é o que eu acho.
« Última modificação: 16 de Março de 2008, 22:10:28 por Dbohr »

Offline Laura Demarchi

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #7 Online: 17 de Março de 2008, 12:40:33 »
Quando houver mais ética a moral quem sabe as coisas mudam....feio é o que fazemos ao julgar o que os outros fazem ou deixam de fazer. De nossa parte façamos o melhor para o bem estar social e claro, o nosso próprio ;=)

beijos
Porque concluir é melhor que acreditar!

Offline Gil

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #8 Online: 18 de Março de 2008, 13:38:01 »
O fato de a grande maioria das pessoas de um determinado local se ofender com a seminudez (ou mesmo a nudez total) de pessoas em locais públicos justifica a proibição do ato de andar em locais públicos só com as roupas de baixo (ou sem qualquer roupa)?

Em caso afirmativo, implicaria isto em aceitar a proibição do beijo em público por parte de um casal homossexual em um local onde homossexuais se beijando não é algo bem visto pela maioria da população? Em um local onde a grande maioria da população se sente tão ofendida com a cena do casal gay quanto os do primeiro caso se sentem com relação a pessoas seminuas andando na rua?

Indo mais adiante, em uma cidade onde a grande maioria da população é composta de cristãos fervorosos, seria justo proibir que se ande em público naquela cidade com camisetas do Bad Religion (supondo que este ato ofendesse profundamente essas pessoas)?

Tudo se justifica na democracia se é o que quer a maioria, porque a justificação está nisso (em ser o que a maioria quer, mesmo sabendo que democracia não se confunde com regra da maioria, pelo menos não em teoria), não importando os eufemismos usados para esconder tal verdade.
Se eu não sei eu não digo nada.

Offline Herf

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #9 Online: 18 de Março de 2008, 23:19:04 »
Pois então, imaginem um país onde a maioria é tão conservadora a ponto de achar extremamente ofensiva e constrangedora a cena de duas pessoas do mesmo sexo se beijando. O estado deste país tratou de proibir atitudes deste tipo em público.

Vocês achariam isso justo, então? Afinal, trata-se de democracia.

Podem mudar as variáveis: em vez de um casal homossexual se beijando em público imaginem algo como o ato de expressar publicamente uma opinião que contrarie os dogmas da religião dominante.

Offline Nightstalker

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #10 Online: 19 de Março de 2008, 02:59:04 »
Pois então, imaginem um país onde a maioria é tão conservadora a ponto de achar extremamente ofensiva e constrangedora a cena de duas pessoas do mesmo sexo se beijando. O estado deste país tratou de proibir atitudes deste tipo em público.

Vocês achariam isso justo, então? Afinal, trata-se de democracia.

Podem mudar as variáveis: em vez de um casal homossexual se beijando em público imaginem algo como o ato de expressar publicamente uma opinião que contrarie os dogmas da religião dominante.

Para isso existem as limitações constitucionais, que impedem com que direitos básicos como o da liberdade de expressão sejam violados.
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Offline Luis Dantas

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #11 Online: 19 de Março de 2008, 04:26:19 »
Tudo se justifica na democracia se é o que quer a maioria, porque a justificação está nisso (em ser o que a maioria quer, mesmo sabendo que democracia não se confunde com regra da maioria, pelo menos não em teoria), não importando os eufemismos usados para esconder tal verdade.

Se democracia é apenas isso, então não é algo desejável; a maioria frequentemente tem idéias tolas e até mesmo destrutivas sobre assuntos de dramática importância.

Democracia tem muito mais a ver com transparência, compromisso público e prestação de contas do que com simplesmente "opinião da maioria".
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The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Dbohr

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #12 Online: 19 de Março de 2008, 06:32:06 »
Pois então, imaginem um país onde a maioria é tão conservadora a ponto de achar extremamente ofensiva e constrangedora a cena de duas pessoas do mesmo sexo se beijando. O estado deste país tratou de proibir atitudes deste tipo em público.

Vocês achariam isso justo, então? Afinal, trata-se de democracia.

Podem mudar as variáveis: em vez de um casal homossexual se beijando em público imaginem algo como o ato de expressar publicamente uma opinião que contrarie os dogmas da religião dominante.

Há muitas teocracias islâmicas que funcionam exatamente assim, embora eu não as chamasse de democracias.

Mas o ponto é: *eu* não acharia justo. Muitos aqui também não. Mas se a gente daquele país ficasse confortável o bastante para considerar tal coisa a moral vigente, então - adivinhe só! - aquela seria a moral vigente.

Moral e costumes são relativos, sim.

Offline Galthaar

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #13 Online: 19 de Março de 2008, 11:58:10 »

A maioria sempre justifica qualquer coisa, a menos que seja controlada por subterfúgios ou poderes maiores que o de maioria; que normalmente se valem ou da ignorância ou da covardia dela.

O que nos falta como sociedade é um estudo aprofundado da moral, sua aplicação na legislação, seus prós e contras. Sei que há vários estudantes da moral mas penso que ainda é um campo muito pouco desenvolvido, ou pelo menos ignorado.

Vejo muitos ateus e céticos que possuem uma moral completamente dogmática, chegam a lembrar religiosos, quando se fala com eles, parece que você está falando com fanáticos. Os céticos deveriam ser os primeiros a perceberem (ou se perceberem, tratarem como) que a moral é relativa, mas não vejo isto ocorrer com a frequência esperada.


"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

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Offline Adriano

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #14 Online: 19 de Março de 2008, 12:03:14 »
O que nos falta como sociedade é um estudo aprofundado da moral, sua aplicação na legislação, seus prós e contras. Sei que há vários estudantes da moral mas penso que ainda é um campo muito pouco desenvolvido, ou pelo menos ignorado.
Existe um excelente livro sobre isso, Teoria dos sentimentos morais, de Adam Smith. E como toda grande clássico, continua sendo atualíssimo.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Galthaar

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #15 Online: 19 de Março de 2008, 12:08:41 »

Grato pela dica.

"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

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Offline Gil

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #16 Online: 19 de Março de 2008, 13:53:13 »
Tudo se justifica na democracia se é o que quer a maioria, porque a justificação está nisso (em ser o que a maioria quer, mesmo sabendo que democracia não se confunde com regra da maioria, pelo menos não em teoria), não importando os eufemismos usados para esconder tal verdade.

Se democracia é apenas isso, então não é algo desejável; a maioria frequentemente tem idéias tolas e até mesmo destrutivas sobre assuntos de dramática importância.

Democracia tem muito mais a ver com transparência, compromisso público e prestação de contas do que com simplesmente "opinião da maioria".

Tem a ver com isso, ao meu ver, só em teoria, já que na prática, transparência, compromisso público e prestação de contas não é algo que eu veja muito.
Se eu não sei eu não digo nada.

Offline Herf

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #17 Online: 20 de Março de 2008, 08:25:16 »
Vejo muitos ateus e céticos que possuem uma moral completamente dogmática, chegam a lembrar religiosos, quando se fala com eles, parece que você está falando com fanáticos. Os céticos deveriam ser os primeiros a perceberem (ou se perceberem, tratarem como) que a moral é relativa, mas não vejo isto ocorrer com a frequência esperada.
A meu ver, o que torna desprezíveis as leis da maioria das religiões não é o caráter universal que pretendem ter mas sim o conteúdo dessas leis.

O relativismo moral nos leva a absurdos como aceitar pacificamente o assassinato de pessoas em uma outra população só porque sua cultura permite.

Offline Dbohr

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #18 Online: 20 de Março de 2008, 09:00:41 »
Houve uma época, recente, até, em que eu pensava que deveria haver um mínimo denominador comum de moralidade inerente à toda a espécie humana; e que seria possível aplicar esse padrão para construir uma moral universal. Por exemplo: assassinato é crime em qualquer parte do mundo.

O problema é que diferentes culturas têm diferentes visões do que seja assassinato. A maior parte delas considera moral matar outro ser humano em determinadas circunstâncias. Essa, aliás, foi uma das razões que me fez concluir que a moral é totalmente relativa. Se até nas coisas em que todo mundo concorda há divergência...

Offline Galthaar

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #19 Online: 20 de Março de 2008, 13:29:58 »

Herf,

Como o Dbohr disse, até mesmo o assassinato está sujeito ao relativismo moral, pois não há ABSOLUTAMENTE NADA intrinsecamente correto ou errado. Tudo pode ser valorado pelos humanos de uma forma ou de outra, e o correto é sempre o que a parte mais poderosa determinar.

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Offline Dbohr

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #20 Online: 20 de Março de 2008, 18:25:20 »
O que não impede que tentemos alcançar uma espécie de consenso com o resto do mundo e que ele seja, por exemplo, baseado na Declaração dos Direitos Humanos :-)

Offline Rodion

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #21 Online: 20 de Março de 2008, 18:36:32 »
Houve uma época, recente, até, em que eu pensava que deveria haver um mínimo denominador comum de moralidade inerente à toda a espécie humana; e que seria possível aplicar esse padrão para construir uma moral universal. Por exemplo: assassinato é crime em qualquer parte do mundo.

O problema é que diferentes culturas têm diferentes visões do que seja assassinato. A maior parte delas considera moral matar outro ser humano em determinadas circunstâncias. Essa, aliás, foi uma das razões que me fez concluir que a moral é totalmente relativa. Se até nas coisas em que todo mundo concorda há divergência...

yep, é relativa. o que não quer dizer que você ou o grupo ao qual você pertence não tenha seus valores, ainda que reconheçam que não são universais ou fruto de revelação divina. o grande motivo pelo qual o relativismo foi demonizado, à esquerda e à direita, é que se supõe que ele leve ao niilismo, que esvazie os nossos valores. mas isso não acontece necessariamente.
eu, particularmente, vejo-me como relativista e justamente por isso afirmo vigorosamente meus valores, por estranho que isso pareça à primeira vista.

Citar
O que não impede que tentemos alcançar uma espécie de consenso com o resto do mundo e que ele seja, por exemplo, baseado na Declaração dos Direitos Humanos
por quê? por que é da nossa conta o que os chineses fazem, por que buscar impôr esse consenso?
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Galthaar

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #22 Online: 20 de Março de 2008, 19:11:52 »

Concordo totalmente com você Rodasol.

Saber que os valores na verdade são inventados pelo homem não nos impede de determinar quais são necessários ou não (e em que contextos), pelo contrário, nos coloca em uma posição livre de preconceitos onde se pode avaliar com mais clareza a situação. E ademais, só poderia haver uma moral única se só houvesse uma pessoa.

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Offline Dbohr

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #23 Online: 20 de Março de 2008, 21:41:16 »
Impor? Não, nunca proporia impor nada. Debater, discutir, tentar chegar a um consenso, sim. Por mais utópico que isso possa parecer.

De resto, concordo.

Offline Herf

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Re: Reflexão sobre o relativismo legal
« Resposta #24 Online: 21 de Março de 2008, 07:21:35 »
Quanto aos valores serem determinados pelos próprios seres humanos simplesmente não há o que discordar. Isso é fato. Mas reconhecer isso não é ser relativista.

A questão é: é certo uma pessoa condenar um ato que ocorreu em um lugar por ele ir contra os costumes deste lugar e, ao mesmo tempo, ser indiferente ou mesmo favorável a este ato se ele ocorrer em um outro contexto, onde a maioria o aceita?

 

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