Autor Tópico: A Israelizaçao da Colombia  (Lida 4283 vezes)

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A Israelizaçao da Colombia
« Online: 10 de Março de 2008, 17:58:30 »
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En Barranquilla se baila así
04/03/2008 12:55:55

Leandro Fortes

Assim como Israel, no Oriente Médio, a Colômbia corre o risco iminente de se transformar em uma nação odiada por todos os vizinhos e protegida por um único e poderoso amigo, os Estados Unidos. A “israelização” da Colômbia obedece a um desses procedimentos padrão do Departamento de Estado dos EUA, um misto de financiamento permanente, cooptação política e, é claro, truculência.

Desde o fim da Guerra Fria, quando a indústria bélica americana perdeu mercados na Europa e na África, a “guerra” contra as drogas foi a alternativa ianque à vertiginosa queda de demanda armamentista. Foi uma maneira, também, de deslocar a crise do crescimento do consumo interno para as áreas de produção da coca, ainda que o resultado dessa estratégia seja, quase vinte anos depois, um desastre absoluto.

A Colômbia continua produzindo cocaína e os americanos cheirando-a mais do que nunca. Ainda assim, minada pelo poder dos cartéis de traficantes de cocaína e disposta a trocar recursos pela extradição de criminosos para os EUA, a Colômbia tornou-se uma espécie de base avançada americana em território sulamericano, com tropas treinadas e armas cedidas por agentes da CIA, dentro da chamada Operação Colômbia – da qual, desde sempre, o presidente Álvaro Uribe se auto-proclama prócer e ativista. Não foi outra a fonte de coragem de Uribe, portanto, para entrar em território equatoriano, matar um porta-voz das Farc e, tranqüilo, regressar para os braços de Tio Sam.

O discurso de combate ao terrorismo, embora careça de elementos políticos razoavelmente dimensionados, tem cabimento pela ótica simplista do conflito entre as forças regulares do Estado e os grupos rebeldes metidos na selva amazônica, onde mantêm duas centenas de reféns e, ao que parece, fazem do tráfico de drogas a base essencial do financiamento da guerrilha. Essa, no entanto, está longe de ser a preocupação de George W. Bush, como, aliás, nunca foi preocupação de presidente americano nenhum.

Mais do que a cocaína, é o crescimento da esquerda latino-americana o foco da preocupação e as razões do nervosismo do governo americano na região. Chávez, na Venezuela, Lula, no Brasil, Evo Morales, na Bolívia, e, agora, Rafael Correa, no Equador, tornaram-se uma alternativa política naturalmente antagônica ao imperialismo americano. Pior: de forma democrática, apesar da insistência da mídia republicana (no sentido ianque da expressão) em chamar Hugo Chávez, presidente eleito por voto direto, de ditador.

Aos americanos, restaram Uribe, o exército colombiano infiltrado de agentes da CIA e os grupos paramilitares financiados por ela, repeteco lacônico da estratégia dos Contras, a guerrilha armada nos anos 1980 contra os sandinistas da Nicarágua – aliás, novamente governada pelo esquerdista Daniel Ortega.

Entrar no Equador para matar Reyes nada tem a ver com o combate às Farc, mas com a nova estratégia americana de evitar que Hugo Chávez e, agora, Rafael Correa, se tornem referências políticas latino-americanos permanentes e protagonistas definitivos da libertação de reféns mantidos pelos guerrilheiros colombianos. No início do ano, Uribe teve que engolir um “desagravo” a Chávez feito pelas Farc por causa da libertação de reféns, em território colombiano, mas para autoridades venezuelanas.

Sabe-se, agora, que o presidente do Equador mantinha uma negociação secreta para garantir a libertação de 11 outros reféns, entre eles a ex-candidata à Presidência da Colômbia Ingrid Betancourt. A contrapartida colombiana a essa perspectiva foi a assimilação da Doutrina Bush Júnior em estado puro. Ao invés de se desculpar pela invasão de território – por si só, um ato de guerra –, Uribe acusou Correa de colaborar com os “terroristas” e Chávez de ter passado 300 milhões de dólares às Farc, sem falar da insinuação de que os guerrilheiros estão interessados em comprar urânio para fabricar bombas atômicas caseiras.

Qualquer semelhança com as acusações feitas ao Iraque, antes da invasão de 2003, não tem nada de mera coincidência.

 

Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor, autor dos livros Jornalismo Investigativo, Cayman: o dossiê do medo e Fragmentos da Grande Guerra, entre outros. Também mantém um blog chamado
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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #1 Online: 10 de Março de 2008, 18:09:47 »
Independentemente de julgamentos de valores, a similaridade não pode mesmo ser descartada.
Eu já havia inclusive citado isso em outro tópico sobre a invasão do território equatoriano com a justificativa de "caça a terroristas".

E a aliança preferencial EUA x Colômbia não é de hoje. O motor inicial foi o combate ao narco-tráfico.
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Offline Rodion

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #2 Online: 11 de Março de 2008, 00:26:39 »
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Assim como Israel, no Oriente Médio, a Colômbia corre o risco iminente de se transformar em uma nação odiada por todos os vizinhos e protegida por um único e poderoso amigo, os Estados Unidos. A “israelização” da Colômbia obedece a um desses procedimentos padrão do Departamento de Estado dos EUA, um misto de financiamento permanente, cooptação política e, é claro, truculência.
recomendaria ao amigo que saísse por aí a ver os dados. na venezuela quase 90% dos habitantes se opõe às farc e se opõe a qualquer guerra com a colômbia.

a esquerda silenciou por dias. agora, uma ou duas semanas depois, já tiveram tempo de inventar teses malucas. que aguentemos.
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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #3 Online: 11 de Março de 2008, 00:46:50 »
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Assim como Israel, no Oriente Médio, a Colômbia corre o risco iminente de se transformar em uma nação odiada por todos os vizinhos e protegida por um único e poderoso amigo, os Estados Unidos. A “israelização” da Colômbia obedece a um desses procedimentos padrão do Departamento de Estado dos EUA, um misto de financiamento permanente, cooptação política e, é claro, truculência.
recomendaria ao amigo que saísse por aí a ver os dados. na venezuela quase 90% dos habitantes se opõe às farc e se opõe a qualquer guerra com a colômbia.

a esquerda silenciou por dias. agora, uma ou duas semanas depois, já tiveram tempo de inventar teses malucas. que aguentemos.

A comparação do texto é clara quanto a relação entre os interesses geopolíticos dos EUA na América do Sul e no Oriente Médio e o papel de aliados como Colômbia e Israel. A população de Israel também apóia as ações de seus sucessivos governos contra a luta palestina , o que não muda o papel israelense na política externa norte-americana; a forma de relação com a Colômbia denota o mesmo modus operandi como bem diz o articulista ao cunhar o termo "israelização".
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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #4 Online: 11 de Março de 2008, 02:08:23 »
Comparação forçada essa; o apoio (um tanto tênue e instável, na minha opinião) norte-americano à Colômbia é talvez a única coisa que a Colômbia tem em comum com Israel.

Ressaltar esse único elemento é passar por cima das enormes diferenças sócio-políticas dos dois países, e não vejo sentido nisso a não ser como ferramenta de propaganda política questionável.
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Offline HSette

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #5 Online: 11 de Março de 2008, 07:22:53 »
A Folha de São Paulo de ontem (10/03) troxe uma entrevista com o sociólogo argentino Juan Gabriel Tokatlian, especialista em América Latina, e mais especificamente em Colômbia.

Alguns trechos interessantes:


Para o sociólogo argentino, a região precisa decidir se continuará a ser zona de paz ou se o uso da força vale para todos

FOLHA- Como o sr. avalia todo esse episódio?
JUAN GABRIEL TOKATLIAN – (...) se produziu um ato violento, que afetou as relações interamericanas, significou uma violação do direito internacional e vai ter profundas repercussões futuras. Provavelmente se instalou aqui definitivamente a noção da guerra contra o terrorismo, que era mais própria do Oriente Médio, da Ásia Central, do Chifre da África etc.

FOLHA - E que problemas estão por trás da disputa?
TOKATLIAN - São vários. Um é o uso da força nas relações interamericanas e a validação de estratégias de coerção militar. A guerra contra o terrorismo não tinha elementos de manifestação na América do Sul, exceto na Colômbia, e em conseqüência se combatiam as modalidades de fenômenos violentos com instrumentos tradicionais, de direito, de política e segurança. Agora há um novo ponto a debater: se a América Latina se soma à guerra contra o terrorismo, identificada com uma confrontação privilegiadamente militar.
(...)

FOLHA - E o que o sr. espera como conseqüências a longo prazo?
TOKATLIAN - Diria que o paradigma que se deve tomar é o que aconteceu na região durante a Guerra Fria. Quando ocorreu a revolução cubana e, em 1962, a exclusão de Cuba do sistema americano, a Guerra Fria se tornou latino-americana. Isso teve um profundo impacto, tanto em termos políticos quanto jurídicos e militares. Em um paralelo com a "guerra contra o terror", se a nova lógica do inimigo interno e de como combatê-lo se instalar na região, haverá conseqüências transcendentais para a democracia. Se cremos que há um grande inimigo interno; que ele é parte de um fenômeno transnacional, que vai das Farc às favelas, dos atores armados aos piqueteiros; se o uso da força vale para todos, porque o perigo é iminente e o Estado de direito não serve para enfrentar os desafios; se a legalidade é um impedimento... teremos uma mudança drástica.
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Offline Rodion

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #6 Online: 11 de Março de 2008, 07:25:12 »
a comparação é forçada. a única semelhança razoável que vi levantarem por aí é o método de combate ao terror que uribe adotou, aproximando-se de israel: mirar as lideranças. tudo o mais é diferente, até mesmo a chance de sucesso do método. ah, e, é claro, o apoio norte-americano, o que não é o suficiente pra caracterizar a situação de 'israelização'.
suponho, aliás, que o autor do texto também não acredite no laptop. paciência, tem gente que prefere subsumir os fatos à ideologia.
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Offline HSette

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #7 Online: 11 de Março de 2008, 07:35:03 »
a comparação é forçada.


Vejo os textos não como "comparação", mas como a constatação de um risco, e eu acho que ele é presente e não pode ser minimizado.

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suponho, aliás, que o autor do texto também não acredite no laptop. paciência, tem gente que prefere subsumir os fatos à ideologia.

Lamentável essa linha de argumentação.
Pensei que seria possível termos, neste tópico, uma discussão produtiva.
Enganei-me.  :umm:
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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #8 Online: 11 de Março de 2008, 07:46:15 »
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Vejo os textos não como "comparação", mas como a constatação de um risco, e eu acho que ele é presente e não pode ser minimizado.
um risco há, sempre há. mas já deram um jeito de inverter as coisas. há uns dias parecia inegável que o fator desestabilizador da região era o regime de hugo chávez, cuja ingerência nos regimes alheios não parava pelo suporte às farc. de repente deram um jeito de inverter, e agora já tem gente querendo achar que o uribe é o vilão da história. essa inversão foi tentada na libertação anterior de reféns em que chávez atuou como moderador, mas não pegou. não tem nada de doutrina bush aí, acusação que virou moda. havia era uma impressão fundamentada por parte dos colombianos de que o regime de correa era complacente com as farc.

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Lamentável essa linha de argumentação.
Pensei que seria possível termos, neste tópico, uma discussão produtiva.
Enganei-me.
ideologia tem limite. eu tento ser razoável durante a maior parte do tempo, mas estão indo longe demais. não vou me espantar se vier alguém aqui com a tese espatafúrdia de que é do interesse de uribe a morte de ingrid betancourt, que certamente concorreria à presidência se libertada e ganharia a eleição, o que desagrada totalmente a uribe até porque sua vitória significaria um retorno à mediação e significaria o fim das farcs o que por vez também não é do interesse de uribe pois o conflito é seu ganha pão. eu não estou inventado isso. eu já vi essa tese.
« Última modificação: 11 de Março de 2008, 07:50:40 por Rodasol »
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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #9 Online: 11 de Março de 2008, 07:55:25 »
Quanto à tese de Tokatlian, não sei se entendi mal: ele parece estar dizendo que a idéia de "guerra contra o terror" é um mal a ser evitado porque encoraja o uso da Força em vez do Direito?

Eu diria que no caso do conflito com as Farc essa porta já está aberta há muito tempo.  E não vejo motivo para crer que os povos sul-americanos tenham toda essa vontade de morrer e matar.
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Offline HSette

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #10 Online: 11 de Março de 2008, 09:56:01 »
Quanto à tese de Tokatlian, não sei se entendi mal: ele parece estar dizendo que a idéia de "guerra contra o terror" é um mal a ser evitado porque encoraja o uso da Força em vez do Direito?


Não percebi esse posicionamento no texto. Só vi a constatação de uma situação.

Aliás, há casos em que só a postura preferencialmente beligerante pode surtir efeito. Não sei se este é o caso na Colômbia, pelo menos no que se refere às FARC.
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Offline HSette

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #11 Online: 11 de Março de 2008, 10:00:30 »
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Vejo os textos não como "comparação", mas como a constatação de um risco, e eu acho que ele é presente e não pode ser minimizado.
um risco há, sempre há. mas já deram um jeito de inverter as coisas. há uns dias parecia inegável que o fator desestabilizador da região era o regime de hugo chávez, cuja ingerência nos regimes alheios não parava pelo suporte às farc. de repente deram um jeito de inverter, e agora já tem gente querendo achar que o uribe é o vilão da história. essa inversão foi tentada na libertação anterior de reféns em que chávez atuou como moderador, mas não pegou. não tem nada de doutrina bush aí, acusação que virou moda. havia era uma impressão fundamentada por parte dos colombianos de que o regime de correa era complacente com as farc.

A atuação de Hugo Chavez é e continua sendo desestabilizadora. Ninguém tentou inverter isso.
Tanto que sua postura de reação desproporcional, enviando tropas para a fronteira, não encontrou eco em nenhum dos atores, e ele acabou recuando.

Em post posterior irei colocar mais um trecho da entrevista de Toklatian que julgo pertinente.

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ideologia tem limite. eu tento ser razoável durante a maior parte do tempo, mas estão indo longe demais. não vou me espantar se vier alguém aqui com a tese espatafúrdia de que é do interesse de uribe a morte de ingrid betancourt, que certamente concorreria à presidência se libertada e ganharia a eleição, o que desagrada totalmente a uribe até porque sua vitória significaria um retorno à mediação e significaria o fim das farcs o que por vez também não é do interesse de uribe pois o conflito é seu ganha pão. eu não estou inventado isso. eu já vi essa tese.

Reconheço que exagerei na minha colocação.
É que tenho tido cada vez mais aversão à ideologização dos debates.
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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #12 Online: 11 de Março de 2008, 10:20:59 »
Acrescentando mais um trecho da entrevista de Tokatlian:

FOLHA - Quem ganhou e quem perdeu com a disputa?

TOKATLIAN - O Brasil é um perdedor. O Equador também, por ter sido violentado em sua soberania. Perdeu Hugo Chávez, que teve uma atuação desproporcional, desnecessária, que deu um sentido exagerado a um problema real, mas do qual não pôde tirar benefícios.

Já Uribe consolida seu predomínio político interno, o que o levará provavelmente a vencer um novo mandato, se for possível, através de uma reforma constitucional, permitir uma outra eleição.
Washington deve estar feliz, pois sem aparecer em primeiro plano conseguiu que seu maior aliado tivesse uma vitória político-militar transcendente e que sua lógica da "guerra contra o terror" começasse a tomar corpo na região.
Creio que não há grandes vencedores coletivos.
Um dos mais golpeados são as Farc. Mas se olhamos esta trama a longo prazo, o que veremos serão reacomodações e teremos de ver se todos os vitoriosos de hoje ainda o serão amanhã.


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Offline Luiz Souto

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #13 Online: 11 de Março de 2008, 19:45:35 »

suponho, aliás, que o autor do texto também não acredite no laptop. paciência, tem gente que prefere subsumir os fatos à ideologia.


Nao so o autor do texto , meu caro,  o governo colombiano tambem nao acredita.
Senao na reuniao da OEA teria apresentado as transcriçoes do conteudo dos arquivos que sustentam as denuncias, o que embasaria o rompimento das relaçoes com a Venezuela e o Equador , e o pedido sançoes internacionais contra estes paises.
Em vez disso fez meia retrataçao pela açao realizada.
Nao e preciso nenhum nivel elevado de raciocinio critico para duvidar das denuncias do governo colombiano.

Comparação forçada essa; o apoio (um tanto tênue e instável, na minha opinião) norte-americano à Colômbia é talvez a única coisa que a Colômbia tem em comum com Israel.

Ressaltar esse único elemento é passar por cima das enormes diferenças sócio-políticas dos dois países, e não vejo sentido nisso a não ser como ferramenta de propaganda política questionável.

Nem tenue , pelo volume de recursos transferidos para a Colombia ( em dinheiro , assessoria militar , equipamentos) nem instavel , tendo o governo americano pronta (  e solitariamente) apoiado a açao de invasao do territorio equatoriano.

As diferenças socio-politicas entre Colombia e Israel  sao pequenas se analisadas a partir da forma como os seus conflitos militares afetam a estrutura social e seu papel geopolitico.
Em ambos os paises temos um conflito militar cronico envolvendo a disputa por territorio entre um Estado e organizaçoes militares nao estatais ( ou semi estatais como a Autoridade Palestina). Em ambos o conflito se estende por um periodo de decadas , configurando um estado de guerra permanente , e nao guerras ou atritos militares isolados separados por periodos de funcionamento estatal  "normal". A persistencia do estado de guerra permanente , aponta para uma situaçao em que a mobilizaçao militar permanente tornou-se uma caracteristica da forma como a sociedade e gerida , em virtude do interesse de um ( ou ambos) os beligerantes em mante-la.
Tanto na Colombia quanto em Israel , ainda que com justificativas ideologicas distintas, a guerra permanente garante a manutençao do status quo de elites politicas para as quais e vantajoso ( nao so no sentido monetario) que haja um inimigo a ser combatido , como forma de perpetuaçao de seu comando social. A soluçao negociada dos conflitos , bombardeada por argumentos ideologicos ou puramente emocionais , nao interessa nao apenas porque os lucros sao maiores com as guerras mas porque significaria eliminar a distancia absoluta traçada entre Nos e os Outros , em privilegiar o dialogo em detrimento do conflito , mudando de forma essencial o amago da açao politica institucionalizada.
Em maior parte no conflito israelense-palestino , mas tambem no conflito colombiano , a agressao permanente e uma forma de manter a identidade dos grupos beligerantes ; nao so dos Estados , mas das FARC e dos grupos fundamentalistas.
Alem disso ha um fator extremamente importante e associado: guerras sao um excelente negocio. Ninguem faz uma guerra para perder , mas para lucrar com seu resultado . Guerras custam caro , exigem aquisiçao permanente de insumos ( armamentos , muniçoes , mantimentos) , exigem organizaçao logistica e formaçao de recursos humanos ( combatentes) ; a guerra moderna esta inserida na logica da produçao industrial. Um estado de guerra permanente indica que o que se gasta e iqual ou menor do que o que se  ganha com ela. 
Situadas em locais chaves de areas geopoliticas de alto interesse para as sucessivas administraçoes norte-americanas  , e com caracteristicas que se afinam com a doutrina belicista desta - para as quais a guerra nao e so um grande e lucrativo negocio mas um negocio em que se pode criar a propia demanda- nao e de se espantar que convergam para serem aliadas ; a politica e a ideologia imperial de uma se afinam com as politicas e ideologias particulares das outras.
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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #14 Online: 11 de Março de 2008, 19:53:23 »
Acrescentando mais um trecho da entrevista de Tokatlian:

FOLHA - Quem ganhou e quem perdeu com a disputa?

TOKATLIAN - O Brasil é um perdedor. O Equador também, por ter sido violentado em sua soberania. Perdeu Hugo Chávez, que teve uma atuação desproporcional, desnecessária, que deu um sentido exagerado a um problema real, mas do qual não pôde tirar benefícios.

Já Uribe consolida seu predomínio político interno, o que o levará provavelmente a vencer um novo mandato, se for possível, através de uma reforma constitucional, permitir uma outra eleição.
Washington deve estar feliz, pois sem aparecer em primeiro plano conseguiu que seu maior aliado tivesse uma vitória político-militar transcendente e que sua lógica da "guerra contra o terror" começasse a tomar corpo na região.
Creio que não há grandes vencedores coletivos.
Um dos mais golpeados são as Farc. Mas se olhamos esta trama a longo prazo, o que veremos serão reacomodações e teremos de ver se todos os vitoriosos de hoje ainda o serão amanhã.


Discordo em dois pontos:
Considero que o Equador sai fortalecido internamente , tendo obtido um apoio popular a sua reaçao contra a invasao , e no contexto sul-americano por ter privilegiado a OEA como foro para a resoluçao do conflito.
No caso da Colombia,embora mantenha seu apoio interno pela sua politica belicista , a nivel internacional Uribe constatou que esta nao tem apoio incondicional alem dos EUA , mesmo entre seus pares sul-americanos.
Quanto a Chavez e a posiçao do Brasil , concordo plenamente.
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Offline Nightstalker

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #15 Online: 11 de Março de 2008, 21:14:38 »
Desproporcional a comparação, ao menos por enquanto, talvez os laços entre Colômbia e EUA se fortaleçam no futuro.
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

Offline Luiz Souto

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #16 Online: 11 de Março de 2008, 21:29:24 »
Desproporcional a comparação, ao menos por enquanto, talvez os laços entre Colômbia e EUA se fortaleçam no futuro.

Se tornando um novo estado americano ?  :D
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Offline Luis Dantas

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #17 Online: 11 de Março de 2008, 21:51:22 »
Sinceramente, duvido que os EUA dêem tanta importância à Colômbia.  E mesmo que dessem, dificilmente ela poderia ser semelhante a Israel em qualquer sentido significativo.
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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #18 Online: 11 de Março de 2008, 22:46:21 »
Sinceramente, duvido que os EUA dêem tanta importância à Colômbia.  E mesmo que dessem, dificilmente ela poderia ser semelhante a Israel em qualquer sentido significativo.

Se mais de 4.000 milhoes de dolares destinados as forças armadas e a policia ( em torno de 85% da ajuda total) em um periodo de dez anos , 1996 - 2006 ,nao e tanta importancia assim ...

http://en.wikipedia.org/wiki/Plan_Colombia

E tambem: http://www.ciponline.org/facts/0512eras.pdf
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Rodion

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #19 Online: 12 de Março de 2008, 00:32:22 »
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Nao so o autor do texto , meu caro,  o governo colombiano tambem nao acredita.
Senao na reuniao da OEA teria apresentado as transcriçoes do conteudo dos arquivos que sustentam as denuncias, o que embasaria o rompimento das relaçoes com a Venezuela e o Equador , e o pedido sançoes internacionais contra estes paises.
Em vez disso fez meia retrataçao pela açao realizada.
Nao e preciso nenhum nivel elevado de raciocinio critico para duvidar das denuncias do governo colombiano.
o notebook será analisado por especialistas da oea, até onde sei.
além de pressupôr que o governo colombiano é não só mentiroso, mas escandalosamente mentiroso, devo também supôr que a prisão de um dos maiores traficantes de armas do mundo, possibilitada por dados encontrados no laptop, na tailândia, foi uma armação? um armação, aliás, meio capenga, porque a ela nem foi dada a devida divulgação.


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Sinceramente, duvido que os EUA dêem tanta importância à Colômbia.  E mesmo que dessem, dificilmente ela poderia ser semelhante a Israel em qualquer sentido significativo.
a colômbia é, para os estados unidos, o assunto de maior importância na américa latina ao lado do méxico. chega provavelmente a superar cuba.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Luis Dantas

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #20 Online: 12 de Março de 2008, 00:53:33 »
O que ainda não diz muita coisa...
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline HSette

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #21 Online: 12 de Março de 2008, 07:01:03 »
- O estado de beligerância em território colombiano já é crônico, durante décadas, e de forma contínua.

- Os conflitos já fizeram com que a Colômbia se tornasse o país com maior número de refugiados internos do hemisfério ocidental - algo como 2,5 milhões de pessoas (algumas instituições chegam a falar em 3,0 milhões), de acordo com um relatório do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), só ficando atrás do Sudão.

- Ainda de acordo com a Acnur, as migrações ocorrem também para países limítrofes. No Equador, estima-se que são cerca de 250 mil refugiados colombianos. Na Venezuela, as estimativas indicam cerca de 200 mil. Outros 20 a 25 mil, estão no Panamá e Costa Rica.

- Os conflitos já deixaram cerca de 40 mil mortos, em sua maioria civis.
« Última modificação: 12 de Março de 2008, 07:04:18 por HSette »
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
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Chaves

Offline André Luiz

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #22 Online: 12 de Março de 2008, 08:59:11 »
Acho que nem de longe da para comparar, Israel recebe muito mais grana e tecnologia militar de ponta

Ja Colombia nao, apenas asessores militares , Blackhaws , armas leves e instruçao

Os americanos nunca deram muita importancia estrategica para esta regiao.

E sobre este papo de que nenhum dos lados esta interessado em uma vitoria definitiva apenas porque é "bom para os negocios", pode até fazer algum sentido, mas sei lá, tenho minhas duvidas

Offline Brutos

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #23 Online: 12 de Março de 2008, 09:25:09 »
Acho desproporcional tal comparação. não podemos esquecer que Israel carrega consigo o fardo (ou legado, ou perdão eterno pelos seus atos posteriores...) do holocausto. Um evento que, se verdadeiro ou não, dividiu a história em dois períodos: antes e depois.

Offline André Luiz

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Re: A Israelizaçao da Colombia
« Resposta #24 Online: 12 de Março de 2008, 09:59:43 »
Holocausto verdadeiro ou nao?

Perdao eterno por seus atos posteriores?


 

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