suponho, aliás, que o autor do texto também não acredite no laptop. paciência, tem gente que prefere subsumir os fatos à ideologia.
Nao so o autor do texto , meu caro, o governo colombiano tambem nao acredita.
Senao na reuniao da OEA teria apresentado as transcriçoes do conteudo dos arquivos que sustentam as denuncias, o que embasaria o rompimento das relaçoes com a Venezuela e o Equador , e o pedido sançoes internacionais contra estes paises.
Em vez disso fez meia retrataçao pela açao realizada.
Nao e preciso nenhum nivel elevado de raciocinio critico para duvidar das denuncias do governo colombiano.
Comparação forçada essa; o apoio (um tanto tênue e instável, na minha opinião) norte-americano à Colômbia é talvez a única coisa que a Colômbia tem em comum com Israel.
Ressaltar esse único elemento é passar por cima das enormes diferenças sócio-políticas dos dois países, e não vejo sentido nisso a não ser como ferramenta de propaganda política questionável.
Nem tenue , pelo volume de recursos transferidos para a Colombia ( em dinheiro , assessoria militar , equipamentos) nem instavel , tendo o governo americano pronta ( e solitariamente) apoiado a açao de invasao do territorio equatoriano.
As diferenças socio-politicas entre Colombia e Israel sao pequenas se analisadas a partir da forma como os seus conflitos militares afetam a estrutura social e seu papel geopolitico.
Em ambos os paises temos um conflito militar cronico envolvendo a disputa por territorio entre um Estado e organizaçoes militares nao estatais ( ou semi estatais como a Autoridade Palestina). Em ambos o conflito se estende por um periodo de decadas , configurando um estado de guerra permanente , e nao guerras ou atritos militares isolados separados por periodos de funcionamento estatal "normal". A persistencia do estado de guerra permanente , aponta para uma situaçao em que a mobilizaçao militar permanente tornou-se uma caracteristica da forma como a sociedade e gerida , em virtude do interesse de um ( ou ambos) os beligerantes em mante-la.
Tanto na Colombia quanto em Israel , ainda que com justificativas ideologicas distintas, a guerra permanente garante a manutençao do status quo de elites politicas para as quais e vantajoso ( nao so no sentido monetario) que haja um inimigo a ser combatido , como forma de perpetuaçao de seu comando social. A soluçao negociada dos conflitos , bombardeada por argumentos ideologicos ou puramente emocionais , nao interessa nao apenas porque os lucros sao maiores com as guerras mas porque significaria eliminar a distancia absoluta traçada entre Nos e os Outros , em privilegiar o dialogo em detrimento do conflito , mudando de forma essencial o amago da açao politica institucionalizada.
Em maior parte no conflito israelense-palestino , mas tambem no conflito colombiano , a agressao permanente e uma forma de manter a identidade dos grupos beligerantes ; nao so dos Estados , mas das FARC e dos grupos fundamentalistas.
Alem disso ha um fator extremamente importante e associado: guerras sao um excelente negocio. Ninguem faz uma guerra para perder , mas para lucrar com seu resultado . Guerras custam caro , exigem aquisiçao permanente de insumos ( armamentos , muniçoes , mantimentos) , exigem organizaçao logistica e formaçao de recursos humanos ( combatentes) ; a guerra moderna esta inserida na logica da produçao industrial. Um estado de guerra permanente indica que o que se gasta e iqual ou menor do que o que se ganha com ela.
Situadas em locais chaves de areas geopoliticas de alto interesse para as sucessivas administraçoes norte-americanas , e com caracteristicas que se afinam com a doutrina belicista desta - para as quais a guerra nao e so um grande e lucrativo negocio mas um negocio em que se pode
criar a propia demanda- nao e de se espantar que convergam para serem aliadas ; a politica e a ideologia imperial de uma se afinam com as politicas e ideologias particulares das outras.