POR QUE A MAIORIA ACREDITA EM LIVROS INSPIRADOS POR DEUS?A curiosidade em saber de onde veio e o medo do após-morte eram comuns para nosso irmão ancestral. Para suprir essa necessidade em conhecer o que estava além de sua cognição, apareceram os “porta-vozes” dos deuses. Eram geralmente feiticeiros que tiravam as dúvidas sobre o “outro mundo” tão temido pelos companheiros da tribo.
Eles diziam entender a voz dos trovões, e seu público, com pouquíssima capacidade de discernimento, acreditou que eles tinham a mensagem dos deuses. Ter o privilégio de falar com uma divindade gerou frutos, e logo apareceram reis e profetas que diziam falar com os Espíritos Invisíveis. O mais famoso deles foi Moisés, o profeta bíblico que trouxe os Dez Mandamentos para seu povo, depois de uma conversa com Javé, o deus do Antigo Testamento.
Hoje ainda, a maioria da população acredita que Deus orientou profetas a falar por ele e expor seu desejo por escrito. Entretanto, uma pequena parcela da humanidade não acredita que Deus tenha orientado alguém a deixar registrado em livros seu pensamento.
Sabemos que nas classes onde há menos acesso à informação científica e filosófica, é maior o número de pessoas que acreditam nas Escrituras. Mas o que muito me deixava abismado, era por que, entre os cultos, também havia aqueles que acreditavam quase que literalmente na Bíblia. Isso me levou a enumerar alguns motivos que poderiam levar uma pessoa moderna, bem informada, a acreditar que Deus tenha instruído profetas no passado na confecção da Bíblia.
1. Desconhecimento do Antigo Testamento. Quem o lê, verá um Javé irritado, guerreiro, assassino, racista, sexista, xenófobo, cruel. Nada que lembre um Deus sábio e generoso. Ou alguém acredita que leis que mandam matar noivas sem sinais de virgindade, filhos desobedientes e quem segue outra religião podem vir de um deus sábio e amoroso?
2. Hipnose milenar. O ser humano é facilmente induzido a acreditar nos mais velhos e nas autoridades. Mesmo os devotos cultos, não vêem nada de mais, no fato de o deus do Antigo Testamento lançar pragas contra gente inocente. Ou afogar até crianças num dilúvio por que se irritou com os pecados dos homens.
3. O medo. O receio de um possível castigo no além, por não crer num livro que nos afirmam ser totalmente inspirado por Deus, leva o devoto a criar um muro mental que o impede de raciocinar por si mesmo;
4. Acobertamento. O devoto é induzido pelas autoridades religiosas a ver apenas o lado bom da Bíblia: Há alguns provérbios bons e úteis, alguns salmos confortadores, e acima de tudo, a mensagem de amor do carismático Jesus, bem diferente do Javé do Antigo Testamento.
5. Desconhecimento das fontes. O Antigo Testamento e as lendas da criação do mundo, Adão e Eva e o Dilúvio são mitos copiados de tradições da Mesopotâmia. Moisés, se existiu, inspirou-se no rei Hamurabi, babilônico, para convencer o povo hebreu que havia recebido as tábuas da lei de Javé. E de Akenaton, faraó egípcio, Moisés tirou a idéia de um deus único que escolhe um povo como seu amado e preferido. O mito do castigo no pós-morte é uma antiga maneira dos sacerdotes ludibriarem o povo e mantê-lo sob suas leis. O inferno para a doutrina cristã é o lugar para onde vão os que não seguem o Cristo. É mais um mito copiado dos antigos para atemorizar e prender fiéis nos bancos da Igreja. O mito do salvador que nasce de uma virgem já era usado pelas religiões mesopotâmicas, egípcias, gregas, etc. Embora Jesus nunca ter dito ser Deus, após sua morte deram-no caráter deificado, para conseguir adeptos à seita que se iniciava, também entre os gentios, que já conheciam muitos salvadores que vieram de virgens fecundadas por algum deus. O mito da ressurreição ao terceiro dia, foi copiado da tradição de antigos deuses que morriam e ressuscitavam, geralmente ao terceiro dia. Alguns nomes: Hórus (Egípcio), Mitrha (romano), Krishna, Dionísio, etc.
O saber livra as pessoas das algemas da superstição. E nos livra de sermos submissos a grupos que dizem deter a palavra divina. De posse do conhecimento, somos livres em decidir em que acreditar. Isso que acabo de escrever, certamente não terá efeito sobre quem não crê em deus, mas aspiro que os que crêem, mudem sua visão do deus juiz e vingativo, assexuado e vil, e passem a ver um Deus suave, harmônico com o cosmo, totalmente contrário à violência e guerras em seu nome...
Fernando Bastos –
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