Tópico: Por que a maioria acredita em livros inspirados por Deus?

[Dr. Manhattan]

As pessoas crescem ouvindo que a Bíblia é a palavra de Deus e não lhes passa pela cabeça que isto não é o óbvio para todos. Ficam chocadas quando alguém a contesta.
Nas suas mentes fechadas, o cristianismo é universalmente conhecido e aceito e contestações são inesperadas e incompreensíveis.
É como se o mundo delas desabasse.

Olá, Fernando
Bem interessante esse ponto que você citou.

Nas pessoas mais humildes é clara a reação de espanto ao explicarmos que no mundo há mais de um deus adorado além do seu.
É fato que hoje a informação é mais acessível a todos, principalmente através da TV que é um dos meio de comunicação de massa mais difundidos. Todos acabam por conhecer a cultura de outros povos, seja através das novelas ou dos telejornais.

Não gosto muito dessa distinção entre "pessoas humildes" e "pessoas cultas", pelo menos no que se refere a crenças sobrenaturais.
Minha hipótese pessoal é que tanto para umas como para as outras, a realidade de povos distantes (geograficamente ou culturamente)
existe em um mundo que não é fantasia, mas tampouco é tão real como o cotidiano. Explico: para a maioria das pessoas, o que é
real é que hoje está fazendo calor, que se eu pegar o ônibus X chegarei no bairro Y, que existem contas a serem pagas, que as pessoas
rezam para Maria nas igrejas, ou oram para Jesus nos cultos, que o quilo do arroz está mais caro, que o presidente é o Lula, etc. etc.

As pessoas podem também saber que existem os EUA, que esse mesmo país costuma lançar ônibus espaciais, que existe uma guerra no
Oriente Médio, que se fala do aquecimento global, que existe mais de 1 bilhão de chineses, que faz frio na Antártica, que vulcões explodem,
que existem muçulmanos, budistas, judeus e outras pessoas que rezam para outros deuses, etc. Mas esses fatos, na mente dessas pessoas, acontecem num mundo que não parece ser tão real quanto o mundo do ônibus X. E não podemos culpá-las por isso, pois se trata de um modo de pensar absolutamente natural. O conhecimento teórico apenas não consegue unir esses mundos. É preciso, por assim dizer, por a mão na massa [1].

Porém, para pessoas cuja educação foi deficiente e insuficiente, aquilo tudo que é mostrado soa muito confuso e complexo.
Para elas, Allah, por exemplo, seja apenas o nome Jesus ou Deus (cristão) escrito em outro idioma. Elas estão certas de que a figura Jesus é conhecida e seguida por todos os povos.
A expressão popular "Deus é um só", quando dita dentro de uma discussão entre católicos e evangélicos, mostra claramente a convicção de que o Deus cristão é o único.

Curiosamente, essa atitude parece ser bem antiga. Os gregos (pelo menos se julgarmos pela sua mitologia e por autores como Heródoto)
consideravam os deuses de outros povos como os seus próprios deuses, apenas sendo chamados por nomes diferentes.

[1] Isso pode nos levar a dizer coisas como: "eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer de verdade!"

[Mussain!]

Não ! Esta realmente não parece ser uma coisa  de gente inteligente. Mas se uma pessoa for suficientemente condicionada e posteriormente não tiver acesso a informações que possam levá-la a questionar essa crença, então mesmo uma pessoa com inteligência média (e talvez até acima da média) pderá continuar acreditando em tal coisa que considerámos estúpida.

Por isso não vejo falta se essa religião vir a se extinguir...

Mais do que "imposição" , eu diria que o fazem por que foram educados para acreditar durante um longo tempo e também  por razões emocionais ( necessidade de amparo , medo ( eu não nego )).

Comportamento humano.... Algo fantástico e extremante difícil de entender... 

E concordo com  você que o medo é um componente importante  na fundamentação de várias crenças religiosas ( embora os crentes não gostem de admitir ou as vezes nem percebem que é).

Como um cachorrinho de um desenho que não lembro o nome: "Isso é religião...". 

[Danielle Bandeira]

Dr. Manhattan

Tenho que concordar com o que você disse a respeito da realidade vivida pela maioria das pessoas. De certa forma, para todos nós, as preocupações cotidianas acabam por concentrar nossa realidade à área que abrange nossos deslocamentos diários e ao que acontece dentro dela.

P.S.: Sei que não se referiu nesse aspecto, mas de qualquer forma quero me desculpar por usar o termo "pessoas humildes" para me referir a pessoas pobres e pouco instruídas, pois pensando bem é uma expressão equivocada, que dá a entender que pessoas com melhor poder aquisitivo e instrução não podem ser humildes.

[Lordakner]

Sobre os muçulmanos, idiotas... Acreditar que irá ter 72 virgens após a morte? Isso é coisa de gente inteligente?

Não ! Esta realmente não parece ser uma coisa  de gente inteligente. Mas se uma pessoa for suficientemente condicionada e posteriormente não tiver acesso a informações que possam levá-la a questionar essa crença, então mesmo uma pessoa com inteligência média (e talvez até acima da média) pderá continuar acreditando em tal coisa que considerámos estúpida.

Sobre "os inteligentes que acreditam na Bíblia", geralmente falam por "imposição" tradicional mesmo, acho... Mas não nego há pessoas que são bastante religiosas (Independente de crença...) e são inteligentes.

Mais do que "imposição" , eu diria que o fazem por que foram educados para acreditar durante um longo tempo e também  por razões emocionais ( necessidade de amparo , medo ( eu não nego )).


E concordo com  você que o medo é um componente importante  na fundamentação de várias crenças religiosas ( embora os crentes não gostem de admitir ou as vezes nem percebem que é). 


. 

Tem de se entender que o conceito de inteligência é complexo, sendo perfeitamente possível ser "culto" em algumas áreas e completamente tolo em outras.
Abraços

[Fernando Silva]

Dr. Manhattan

Tenho que concordar com o que você disse a respeito da realidade vivida pela maioria das pessoas. De certa forma, para todos nós, as preocupações cotidianas acabam por concentrar nossa realidade à área que abrange nossos deslocamentos diários e ao que acontece dentro dela.

P.S.: Sei que não se referiu nesse aspecto, mas de qualquer forma quero me desculpar por usar o termo "pessoas humildes" para me referir a pessoas pobres e pouco instruídas, pois pensando bem é uma expressão equivocada, que dá a entender que pessoas com melhor poder aquisitivo e instrução não podem ser humildes.

Eu fui cristão por muito tempo e teria que me considerar pouco instruído por causa disto.
Na verdade, a religião foi enfiada no meu cérebro e passou todo esse tempo encastelada e se defendendo da lógica sem que eu percebesse.

A lógica valia para o resto mas não para a fé e os absurdos se tornavam invisíveis.
É como se desviar de uma pilastra que o olho viu mas o cérebro não registrou. Depois a gente nem se lembra dela.

Lembro-me de que fiquei chocado quando li sobre a possibilidade de os judeus terem roubado o corpo de Jesus para dar a impressão de que ele tinha ressuscitado. Aquilo foi tão perturbador que eu logo esqueci e só fui relembrar durante o processo de desconversão.

Mas é claro que a ignorância dos mais pobres dificulta sua desconversão. Não há como ter dúvidas causadas por coisas que você nem sabe que existem. E a coisa piora quando o humilde sabe que é ignorante e deposita confiança absoluta no pastor da igreja da esquina.

O engraçado é que, depois de aceitar a "gizuis" e decorar meia dúzia de trechos grandiloquentes da Bíblia, eles se acham muito sábios e saem por aí cheios de confiança em que vão converter qualquer um que discuta com eles. E ficam ofendidos e chocados quando a gente começa a apresentar argumentos em contrário e a mostrar os podres da Bíblia. Posso entendê-los a partir da minha experiência pessoal e acho que, no caso de quem usa a religião como uma muleta psicológica, o que nem era o meu caso, o choque é ainda pior.