Defender o povo indígena é dar oportunidade dele ter o mesmo acesso à civilização que eu: estudarem a mesma Física e a mesma Literatura. Transitarem nas mesmas cidades. Depois a gente até tem o direito de criticá-los por sacrificarem crianças aos deuses.
e quem disse que eles ligam pra física e pra literatura?
eu gosto bastante do john wayne, mas descobri que ele não faz só faroeste. outro dia vi por acidente "o bárbaro e a gueixa", que trata do estabelecimento de relações diplomáticas dos eua com o japão. conservador como era, o povo japonês receava que qualquer mudança na maneira de viver poderia trazer a ira dos deuses ou algo assim, e portanto relutou em aceitar o cônsul que os estados unidos mandaram (interpretado por wayne) que daria início a um processo de abertura sem fim. tendo ganho a simpatia do governador da província em que desembarcou, wayne parte pra kiyoto para conseguir a anuência de alguma espécie de conselho de anciões. em determinado momento um ancião o pergunta por que deveria o povo japonês se submeter a essas mudanças, e wayne fala do progresso. outro ancião logo em seguida pergunta do que se trata esse progresso, ao que wayne hesita, hesita e por fim responde; "progresso significa não ter mais de sacrificar crianças em época de fome.", ou algo assim.
não sei se ele me convenceu ou não. se os japoneses do séc.XVIII olhariam pra o que o japão é hoje e ficariam felizes com o que veriam, com essa profusão de tamagochis, karaoke e adultos infantilizados que, é verdade, não passam fome.