Lei do bebedouro em boates divide opiniões em SPEmpresários teriam medo do prejuízo nos estabelecimentos da capital.
Norma sancionada pelo prefeito exige fornecimento de água gratuito.Ela mal foi sancionada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e já divide opiniões. Nesta sexta-feira (16), a lei que obriga boates da capital a instalar bebedouros para os clientes foi publicada do Diário Oficial do município. Tem gente que garante que vai respeitar a regra. Outros reclamam do possível prejuízo.
De acordo com Sérgio Marques, diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), os empresários têm medo de lucrar menos. Ele afirmou que a lei tende a ser prejudicial até para os clientes. “O preço da água vai acabar sendo embutido na entrada. Alguém vai pagar essa conta”, disse.
Marques prevê queda no faturamento das casas noturnas paulistanas e estima que, ao mês, o consumo de garrafinhas e copinhos de água, represente 15% das vendas. O preço do produto varia de R$ 2 a R$ 5. Para amenizar o possível prejuízo, o diretor-executivo da Abrasel afirma que é necessária uma compensação aos donos das boates.
“Pensamos em pedir ao governo algum benefício, uma contrapartida. Algum incentivo da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), por exemplo”, informou Marques, completando que as casas noturnas poderiam ter abatimento na conta de água ou uma taxa especial de cobrança. Entrar na Justiça contra a aplicação da lei também não é uma medida descartada pelo representante da associação.
Sem problemasJá o empresário André Almada, um dos sócios da boate paulistana The Week, disse ser a favor da lei. Ainda não calculou se terá prejuízo, mas pensa naqueles que dão lucro às casas noturnas. “Tem gente que não bebe água. Só cerveja e destilados. Depende do público”, afirmou.
Ele acredita que um bebedouro será suficiente para sua boate, que fica na Zona Oeste e tem capacidade para até 3 mil pessoas. “Pretendo respeitar a lei. Se começar a me prejudicar muito e aos outros, aí a gente pode pensar em que medida tomar”.
O projeto de lei foi elaborado pela vereadora Sonia Francine, a Soninha (PPS). Ela justifica a necessidade de bebedouros em boates ao alegar que, em alguns casos, “o copo de água freqüentemente custa tanto quanto uma lata de cerveja”. Há também uma preocupação com a saúde dos “baladeiros”.
A vereadora sustenta que outro objetivo da lei é “propiciar aos usuários de drogas a necessária hidratação com vistas a preservar a integridade física”, segundo consta no site oficial da parlamentar. A medida beneficiaria sobretudo usuários do ecstasy, droga sintética que dá muita sede. Fonte