Gente, na época que eu fazia Química, eu cheguei a assistir uma aula de Fisiologia com o pessoal da Farmácia. Por acaso, foi a aula prática de anatomia, na qual você abre um ratinho e vai analisando suas partes. Então, talvez a visão que eu tive, como alguém de fora, seja útil no tópico.
Pra começar, a professora deixou os ratinhos numa cuba de dissecação de vidro, com umas gotinhas de éter. Eram cinco ratos, para uns 20 alunos. Esperamos uns... 10 minutos? para ter certeza que os ratinhos já estavam dopados, chapados, asfixiados, e completamente mortos.
Então, cada grupo de 4 alunos pegou um rato, colocou em sua bancada, e começou a cortá-lo. Tive oportunidade de ver como era um fígado, um cérebro, um intestino, enfim, tudo. Sem ter náuseas devido ao formol, sem os órgãos estarem semi-apodrecidos.
Aos que falam de "sangue", quase não houve sangramento, pois houve a)a certeza que o rato estava morto, e b)o cuidado para não se cortar uma veia ou uma artéria sem necessidade.
Eu aprendi pra caralho com aquela aula, e imagino que os alunos da Farmácia também. E, considerando que um rato e um ser humano são idiotamente parecidos, aprendemos por extensão anatomia humana.
Eu já tinha visto pedaços de mamíferos em formol, já assisti vídeos de autópsias, mas o que aprendi mesmo foi em ver o rato sendo cortado na minha frente. Então, avalio as aulas práticas com animais como algo extremamente útil para entender a anatomia.
Na questão ética, há o dilema se se deve matar o coitado apenas por conhecimento ou não. Pensemos o seguinte:
1)Ratos não fazem planos ao futuro;
2)Você não está ameaçando uma espécie a ser extinta;
3)Mais hora, menos hora, o rato ia morrer mesmo... nem que seja de velhice.
4)Ninguém reclama (ou melhor, poucos reclamam) de se matar bois e porcos (e, sinceramente, eu me preocuparia mais com um porco que com um rato, mesmo adorando toucinho);
5)Na natureza, a chance do rato morrer de formas cruéis, sangrentas, dolorosas, seria gigantesca.
Então, defendo aulas com roedores sim.
Quanto a primatas hominídeos (todos os descendentes do ancestral comum de humanos e orangotangos), defendo somente pesquisas sobre comportamento, não-dolorosas à cobaia. (Meu motivo? Nepotismo).