Eu me lembrei de uma frase atribuida a Joseph Goebbels, onde ele se referia ao modelo de propaganda nazista:
O que se deseja num sistema de informação é uma diversidade ostensiva que oculte uma real uniformidade.
Daí achei esta reportagem:
Após 10 anos, pastor Ronaldo Didini volta à TV
Cerca de 10 anos atrás, o pastor Ronaldo Didini era uma espécie de celebridade da Igreja Universal. Ele se tornou conhecido como âncora de um polêmico programa exibido nas madrugadas, o "25ª Hora". Didini esteve no olho do furacão durante o episódio do "chute na santa", em 1995, quando um bispo da Universal chutou uma imagem de Nossa Senhora na madrugada do dia 12 de outubro, ao vivo. O fato desencadeou uma das mais graves crises religiosas no Brasil.
Hoje pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus, Ronaldo Didini, 50, voltou à TV: foi contratado pela Band para ser o gestor do canal 21, transmitido em UHF e que acaba de fechar um contrato de cinco anos com a igreja. Não foram divulgados valores do contrato ou mais detalhes sobre a parceria.
Pastor evangélico, Didini será, na prática, o diretor-geral e artístico do novo canal, que chamará "21 - Vem Pra Cá, Brasil". Entra no ar no próximo domingo, dia 10.
O canal vai estrear com 22 horas de programação exclusivamente religiosa e duas horas de jornalismo da Band (das 22h à 0h). Mas, segundo Didini, até o final do ano a grade de programação também terá atrações "laicas".
"Ainda estamos montando a equipe. No começo só teremos condições de colocar cultos e pregações, mas depois vamos variar bastante a programação", disse Didini à Folha Online.
O pastor também fará as vezes de apresentador: vai ressuscitar, com outro nome, o "25ª Hora" --único programa da Igreja Universal que discutia assuntos não-religiosos e chegava a registrar 5 pontos de média (mais do que a Record registra hoje no mesmo horário).
Igreja Mundial
A Igreja Mundial foi fundada em 1998 por Valdemiro Santiago, intitulado apóstolo. Conhecido por sua oratória incisiva, Santiago foi bispo da Igreja Universal. Se tornou dissidente em 97, por discordar de preceitos de Edir Macedo.
O número de fiéis da Igreja Mundial é mantido sob sigilo, mas, segundo estudiosos, é uma das igrejas evangélicas que mais cresce: tem 500 templos no Brasil e já se expande para Europa e África.
Didini deixou a Universal no final dos 90 e migrou para a Assembléia de Deus, braço pentecostal com o qual mantém amizade com os líderes até hoje. O pastor também deixou a Universal de forma pacífica: Edir Macedo lhe deu uma espécie de "certidão" na qual atesta por escrito que, enquanto pertenceu à igreja, Didini "foi um homem de Deus".
Em 99 ele virou missionário da Igreja Internacional, de R.R.Soares (cunhado de Edir Macedo), para quem montou sedes em Portugal, Reino Unido e Holanda, entre outros países.
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Nós estamos tão acostumados a achar que as diferenças entre as denominações religiosas são garantia de que jamais haverá um estado teocrático, que esquecemos que o congresso não aprovou o aborto e ainda reluta em colocar em votação projetos de interesses dos homossexuais, devido a pressão conjunta exercida pelos católicos e protestantes.
Numa eventual ameaça a liberdade de culto, isenção de impostos ou impedimentos legais de qualquer natureza, teremos a verdadeira noção do poder de mobilização exercido pelas igrejas. Pode parecer reducionismo, mas elas tem muitos pontos em comum, que se mantem mesmo quando existem dissidências entre seus membros, como é possível perceber na reportagem acima.
Nas duas últimas décadas verificou-se o aumento de igrejas evangélicas em comunidades e setores da sociedade ditos mais esclarecidos; o primeiro passo para ser aceito nestes setores é um relaxamento das regras mais rígidas, principalmente quanto a vestimenta e outros ítens mundanos (maquiagem, tatuagens, etc..), depois a incorporação dos hábitos desta nova leva de fiéis: festas, música, danças, surf, etc. Como resultado, temos um evangélico moderno, porém com os mesmos dogmas das igrejas tradicionais.
A Globo está sentindo na carne e no bolso a força dos evangélicos, deputados perdem eleições ao serem afastados de seus púlpitos, candidatos escondem seu atéismo dos possíveis eleitores, congressistas fazem cultos no intervalo das sessões. Já entrei em sites onde existem pop-ups que te direcionam a páginas evangélicas. Em alguns sites existe um banner onde a imagem do "Sagrado Coração de Jesus" é oferecida a quem estiver interessado. Nossa sociedade é conservadora, ela estará pronta para eleger um candidato ultra-religioso, só nos resta saber quem será ele.
E quem serão os caras-pintadas que pedirão um impeachment contra um servo de Deus?