Numeração obrigatória de cadeiras nos cinemas do Rio desagrada donos de salas e faz preço dos ingressos aumentarEduardo Fradkin - O GloboRIO - Aprovado na última quinta-feira na Assembléia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), um projeto de lei do deputado Paulo Melo (PMDB) que obriga todos os cinemas do estado a oferecerem assentos numerados ao público está nas mãos do governador Sergio Cabral, a quem caberá sancioná-lo ou vetá-lo. Procurados pelo Globo, representantes de redes de cinema que já implantaram, por conta própria, o sistema de cadeiras numeradas criticaram a lei, que dá um prazo de 180 dias para as salas se adaptarem.
- Esse tipo de lei já foi aprovado diversas vezes em diversos lugares do Brasil. O Executivo tem vetado sempre, por boas razões. A primeira é que encarece o ingresso. Exige a compra de computadores, implantação do sistema de numeração, gasto com mão-de-obra e instalação de terminais de auto-atendimento para desafogar as bilheterias. A venda sem numeração dura cerca de oito segundos. Com lugar marcado, salta para 20 segundos. Os grandes cinemas, em que o conjunto de salas totalize 1.800 assentos ou mais, não comportam o sistema de lugar marcado. Seria preciso multiplicar as bilheterias, para evitar que filas monstruosas se formassem - afirma o diretor de Relações Institucionais do Grupo Severiano Ribeiro, Luiz Gonzaga De Luca.
Outro problema apontado por ele é a redução da venda de lugares nas primeiras filas, o que também causa impacto no preço dos ingressos.
- Nos cinemas novos, as primeiras fileiras já são projetadas mais distantes da tela, e usamos assentos reclináveis, para o espectador adaptar o seu ângulo de visão. Em suma, o cinema precisa ser planejado para ter lugar marcado - diz De Luca, cujo grupo tem oito cinemas com poltronas numeradas.
No Arteplex, sessões ganham intervalos maioresUma das justificativas do projeto de lei também é controversa, a de que "o consumidor tem o direito de saber se ainda há lugar na sala de cinema em que pretende ir". Diretores das salas alegam que a lotação é respeitada, sem a necessidade de lugares marcados.
Para o gestor da cadeia Arteplex, Adhemar Oliveira, a mudança deve ser regulada pelo próprio mercado.
- Já temos lugares marcados nas salas do Rio Design. Nas do Arteplex, o sistema começa nesta sexta-feira. Vamos alargar um pouco o intervalo entre as sessões para evitar problemas. O mercado está caminhando nessa direção, então não há necessidade de legislação para isso, e não são todos os cinemas que precisam de lugar marcado. Nos que têm uma taxa de freqüência mais baixa, é desnecessário. Não se pode esquecer que há um gasto envolvido, na compra e manutenção de software, na numeração física das cadeiras, e a parte operacional fica mais demorada.
O Globo Online