Hmm... Interessante! Mas o IDH é um índice tão chulé...
Porque?
O IDH é calculado assim:
Onde L é longevidade, E é educação e R é renda.
; EV é expectativa de vida.
; TA é taxa de alfabetização e TE é taxa de escolarização (já explico o que isso quer dizer)
; onde PIBpc é o PIB per capita.
Um dos motivos de o IDH ser um índice tão popular é a sua simplicidade. Tendo todas as taxas em mãos, qualquer um é capaz de calcular com uma calculadora de padaria. Sua maior desvantagem é justamente essa virtude, ele leva pouquíssimas variáveis em conta, como se a realidade de um país pudesse ser condensada em apenas 4 itens, a expectativa de vida, a taxa de alfabetização, a taxa de escolarização e o PIB per capita.
Bom, quanto à expectativa de vida há pouco do que se reclamar, ela é uma variável que diz muitas coisas sobre um país, embora eu acredite que seria melhor considerar um indicador separado para a saúde pública e outro para a segurança do país. Um país pode ter expectativa de vida baixa porque não oferece saúde de qualidade ou então porque tem problemas de violência.
Sobre a taxa de alfabetização, cabe uma explicação: o PNUD não define o que considera uma pessoa alfabetizada. Na verdade o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) não coleta nenhum dado. Ele simplesmente pega os dados fornecidos pelos governos dos países sócios da ONU, joga tudo em uma planilha do Excel e calcula os indicadores todos bonitinhos, conforme as fórmulas acima. Um problema óbvio é que às vezes as informações passadas pelos governos não são confiáveis. E outro problema, no que tange a alfabetização em particular é que cada país tem o seu próprio critério para identificar uma pessoa como alfabetizada. No Brasil basta saber assinar seu próprio nome. Em outros países isso pode não ser suficiente. Acho que a única restrição que o PNUD faz é que as taxas fornecidas pelos países sejam para a população acima de 15 anos.
O segundo indicador que diz respeito a educação é a taxa de escolarização. Ela dá a fração da população entre 7 e 22 anos que está matriculada em algum curso, seja ele fundamental, médio ou superior. Nessa conta entra supletivo classes de aceleração e pós graduação. O problema é que o índice não faz distinção. Um país com 90% da população nessa faixa etária matriculada em algum curso onde 10% faz curso superior e 30% faz supletivo tem a mesma nota que um país com 90% da população matriculada, com 30% no curso superior e só 10% no supletivo. A qualidade da educação também não é levada em conta, o que entra no índice é só a quantidade relativa. Assim as péssimas notas do Brasil no PISA não jogam a nossa nota para baixo, então não estranhe se a nota do Brasil em educação não for muito menor do que a da Finlândia ou a da Coréia do Sul.
Porfim temos o PIB per capita. Dependendo do cálculo pode-se usar o PNB per capita, que é um indicador melhor. A diferença é a seguinte: PNB é o Produto Nacional Bruto, a soma de todas as riquezas geradas no país ao longo de um ano, mais todas as divisas que entram no país menos todas as que saem (nesse entra e sai se incluem remessas de lucros de multinacionais para suas matrizes, remessas de imigrantes a suas famílias, investimentos estrangeiros, pagamentos de dívidas, comércio exterior, etc.), o PIB é só a soma das riquezas geradas no país, sem incluir o dinheiro que entra e o que sai. Os países ricos geralmente tem PNB maior que o PIB, ou seja, recebem mais dinheiro do exterior que enviam para fora; com os países pobres é o contrário, o PIB é maior. Repare que aqui no Brasil só se fala em PIB... mas se você olhar a imprensa estrangeira, verá que eles só falam em GNP (Gross National Product, ou seja, Produto Nacional Bruto), em vez de GDP (Gross Domestic Product, PIB). O problema é que na lista do PNUD se considera o PIB... Com isso eles empobrecem os países ricos e enriquecem os países pobres. Pelo menos eles tem o bom senso de calcular os PIB levando em conta a paridade poder de compra.
Outro problema com o PIB per capita é que ele é meramente a razão entre o PIB do país e sua população, mas não leva em conta a distribuição de renda. Como um indicador sobre qualidade de vida pode desprezar o fato de um país poder ser rico como o Brasil, mas ter tanta gente miserável morando em favelas ou passando dificuldades no sertão nordestino? A ONU deveria levar em conta outros critérios econômicos, como população abaixo da linha de pobreza e consumo calórico médio da população, por exemplo.
Mais informações:
http://pt.wikipedia.org/wiki/IDH