Foi mesmo verídico aquele filme 300? Esparta sei lá o que... ou aquele pequeno exército bem treinado foi só algo hollyodiano?
A adaptação do Frank Miller de um fato histórico!
Não acredito que foi todo daquele jeito heim...
Pretendiam alguns que “300” fosse, à semelhança do filme “300 Spartans”, produção de 1962 realizada por Rudolph Maté, uma narração histórica do heróico feito de Leónidas e dos seus 300 guerreiros na batalha de Termópilas, travada contra o Império Persa no ano 480 a. C. Ora, esta fita não é mais do que a adaptação para o grande ecrã da banda desenhada “300”, escrita e desenhada pelo norte-americano Frank Miller, autor que admitiu em entrevistas que o filme de 1962 o influenciou a criar para os quadrinhos a sua própria versão da batalha das Termópilas. Logo, se este épico satisfaz os amantes da BD de Frank Miller, pode constituir uma desilusão para aqueles que desejavam uma reconstituição fiel da batalha das Portas de Fogo, na medida em que a película não prima exactamente pela fidelidade histórica dada a inexactidão que apresenta nos factos e circunstâncias quando comparados com o vetusto relato do historiador Grego Heródoto (o qual, diga-se, também não presenciou a Batalha). “300” é, antes de mais, uma heroic fantasy, isto é, uma história ficcionada mas livremente baseada em factos e personagens históricos, na qual a licença poética de Miller e Snyder é bem patente, pois, é preciso não esquecer, que se trata de um filme com fins de entretenimento. Toda a tentativa para criticar o filme com base em argumentos históricos é, por conseguinte, injusta e desajustada, porque não apenas a caracterização dos Persas é manifestamente anacrónica (piercings e rastafari), como também a dos Espartanos revela nítida opção do realizador em explorar a sua componente físico-viril em detrimento do historicamente comprovado facto que estes combatiam com armaduras leves, caneleiras, e elmos. Mensagem política?Outra questão que muita celeuma tem provocado é o facto de alguns Persas serem na película retratando como negros. Se em boa verdade os Persas, actuais Iranianos, eram um povo de origem Indo-Europeia, o Império de Xerxes estendia-se a muitas regiões da Ásia e Médio-Oriente, não sendo de todo impossível a existência de negros entre as hostes Persas. Mais injustificada é ainda a estapafúrdia intenção de rotular esta obra cinematográfica de “sionista”, quando, paradoxalmente, é por demais sabido que os Persas forma um povo que tolerou os Judeus e que inclusive os protegeu. Posto isso, não querendo ser absolutamente ingénuo para asseverar que a obra não contém uma forte mensagem, ideológica mesmo, oferece todavia dizer que qualquer intenção de atribuir a Zack Snyder uma implícita analogia com a hodierna crise entre os EUA e o Irão somente poderá brotar de uma mente deveras imaginativa e conspirativa ou com a maniqueísta tendência para a aldrabice intelectual