Tópico: A equipe que preferiu morrer a ser derrotada

[uiliníli]

A trágica história do FC Start

A história do futebol mundial inclui milhares de episódios emocionantes e comovedores [sic], mas seguramente nenhum seja tão terrível como o protagonizado pelos jogadores do Dinamo de Kiev nos anos 40. Os jogadores jogaram um partida sabendo que se ganhassem seriam assassinados e, no entanto, decidiram ganhar. Na morte deram uma lição de coragem, de vida e honra, que não encontra, por seu dramatismo, outro caso similar no mundo.

Para compreender sua decisão, é necessário conhecer como chegaram a jogar aquela decisiva partida, e por que um simples encontro de futebol apresentou para eles o momento crucial de suas vidas.

História completa
Veja também...

[Oceanos]

Simplesmente... Incrível.

[Nyx]

Só acho que não deveria estar no Papo Furado.

Talvez em história.


  Porque isso, sem dúvida, NÃO é papo-furado.

[uiliníli]

Pode ser... É que achei que a seção de Papo-furado era a adequada para temas sem relação com os temas principais do fórum. Mas a história realmente é comovente - e triste :'(

Aqui vai outro artigo que encontrei:
http://www.jogodearea.com/2008/06/09/memoria-fc-start-%C2%ABo-jogo-da-morte%C2%BB/

[Dodo]

... coisa de macho!

Morrer com a cabeça erguida! (sem trocadilhos, o tópico merece respeito)

[uiliníli]

Hollywood fez um filme muito tosco baseado nesse jogo - Fuga para a Vitória, é o famoso filme em que Pelé contracena com Sylvester Stallone e Michael Caine (e no final Pelé bate um escanteio, corre para a área e faz um gol de bicicleta     além de humanamente impossível é ilegal) É uma pena que, como estavam na Guerra Fria e um filme americano não poderia simplesmente contar uma história de coragem protagonizada pelo inimigo soviético, eles distorceram tudo, fizeram um filme sobre prisioneiros aliados que jogam contra os soldados nazistas e no final conseguem escapar. Acho que o Start merecia homenagem melhor...

[Südenbauer]

Hollywood fez um filme muito tosco baseado nesse jogo - Fuga para a Vitória, é o famoso filme em que Pelé contracena com Sylvester Stallone e Michael Caine (e no final Pelé bate um escanteio, corre para a área e faz um gol de bicicleta     além de humanamente impossível é ilegal)

Tem certeza? Que eu me lembre (e conferi no YouTube agora) o Michael Caine que cruza para a área para o Plé fazer o gol de bicicleta. Acho que tu está confundindo com o gol que o Didi faz em um filme, cobrando e cabeceando o próprio escanteio (o Pelé é o goleiro do time por acaso).

[uiliníli]

Foi o meu irmão quem me contou do filme, pode estar errado.

[Hold the Door]

Tem certeza? Que eu me lembre (e conferi no YouTube agora) o Michael Caine que cruza para a área para o Plé fazer o gol de bicicleta. Acho que tu está confundindo com o gol que o Didi faz em um filme, cobrando e cabeceando o próprio escanteio (o Pelé é o goleiro do time por acaso).

Não assisti esse filme do Michael Caine, mas o do Didi eu lembro. Duvido muito que fossem repetir uma cena tão tosca em qualquer outro filme...

[Tupac]

realmente, uma grande história!!

[André Luiz]

Tudo chinelinho,  nao era clube de Sao Paulo 

Paulo Morsa

[Eremita]

Mesmo eu pouco me fodendo pra futebol, gostei da história. Engraçado como gente morrendo por ideais é capaz de mexer com qualquer um.

[PauloCesar]

Mesmo eu pouco me fodendo pra futebol, gostei da história. Engraçado como gente morrendo por ideais é capaz de mexer com qualquer um.

Realmente... muito bom.

[Südenbauer]

Vocês conhecem a história do timede pólo aquático da Hungria nas Olimpíadas de Roma em (foi cerca de 1960, não lembro)? A história é boa trambém.

[JUS EST ARS]

Conta aí .

[Sparke]

Verdade, agora fiquei curioso

[Südenbauer]

Ops, foi mal, a idéia era só deixar recado para vocês pesquisarem, mas já que querem a história eu vou colocar.

O texto é uma síntese feita por um amigo meu no orkut:

Em 23 de outubro de 1956, um movimento que começou como uma pequena passeata de estudantes húngaros em Budapeste ganhou a adesão de milhares de pessoas, e virou uma grande revolta popular contra o regime Stalinista. Estudantes invadiram a rádio nacional e convocaram a população para derrubar o governo. Esses estudantes foram executados pela Polícia de Segurança, o que só piorou a situação. Civis se organizaram em milícias e enfrentaram a Polícia e o Exército Soviético nas ruas. A revolta se espalhou pelo país e o Governo caiu. Já no fim do outubro, um novo governo com pretensões democráticas foi instalado pelos rebeldes, e Moscou anunciou sua intenção de negociar a saída da Hungria do Pacto de Varsóvia.

Enquanto isso o time húngaro de Pólo Aquático, atual campeão olímpico, treinava, preso por seus tutores, num campo de treinamento no alto de uma montanha não muito distante de Budapeste. De lá do alto eles podiam ouvir os tiros de rifles e a explosão das bombas, e ver a fumaça das construções queimando ao longe, resultado da violência que se seguiu no mês de novembro. Antes que eles pudessem se dar conta do que realmente estava acontecendo, foram enviados para a fronteira, e de lá rapidamente despachados para Melbourne, aonde iriam disputas as Olimpíadas daquele ano.

Pelo caminho ficaram sabendo do que aconteceu. Em 4 de novembro, o governo Soviético mudou de opinião, desistiu de negociar e enviou 200 mil homens, tanques e aviões para restaurar um governo comunista na Hungria a força. A resistência húngara não tinha a menor chance. Em 10 de novembro as forças soviéticas já tinham acabado com a resistência e iniciado prisões em massa e a perseguição aos "contra-revolucionários". Pelo menos 2500 húngaros foram mortos, e outros 250 mil, desiludidos, feridos e na pobreza, fugiram do país para viver no exílio.

Revoltados com a derrota da revolução e atormentados pela falta de notícias de familiares e amigos, o time de pólo aquático chegou em Melbourne. Alguns dos jogadores prometeram não voltar pra casa. Na vila olímpica, os atletas tiraram a bandeira da Hungria Comunista e hastearam a bandeira da Hungria Livre no lugar. O título que eles iriam disputar ganhava agora um novo significado: muito mais do que um ouro, lutariam agora também pela honra da Hungria.

O time húngaro ganhou todas as partidas preliminares, se classificando pra a semifinal. No confronto, iriam enfrentar a União Soviética. Esse foi o cenário da maior partida de Pólo Aquático da história, que aconteceu em 6 de dezembro de 1956. Ervin Zador, jogador que viraria o herói da partida, comentou sobre o clima do jogo: “Sentimos que estávamos jogando não por nós mesmos, mas por todos os húngaros. Aquela seria a nossa única chance de vingança”.

A partida começou diante de um público de 5.500 pessoas. Entre eles, estavam centenas de expatriados húngaros que portavam a bandeira dos revolucionários húngaros, e gritavam “Hajra Magyarok!” (“vamos húngaros!”). O restante do público, na maioria australianos e americanos, portanto do outro lado da Guerra Fria, foi contagiado pela torcida e pela causa húngara, e logo o público inteiro gritava “Harja Magyarok!”.

O Pólo já é por natureza um esporte violento, mas quem viu aquela partida comenta que nenhuma outra atingiu um grau de ferocidade e tensão tão grande. O time húngaro tinha aprendido russo na infância em virtude da influência soviética na educação húngara, e decidiu usar disso para provocar o time soviético com insultos.

Ao marcar o primeiro gol, o húngaro Gyarmati quase nocauteou o marcador soviético. Logo depois, a área onde ficam os jogadores punidos começou a encher. O soviético Kurennoi foi punido por jogada violenta, e logo depois seu colega Markarov e o húngaro Bolvari se juntaram a ele. A partir daí o jogo virou uma guerra. Os jogadores trocavam chutes, socos e xingamentos.

Mas em meio a tudo isso, o time húngaro marcou 4 gols, e cada gol aumentava o grito de “Harja Magyarok!” das arquibancadas e a empolgação da torcida. Dois dos gols foram marcados por Ervin Zador, então com apenas 20 anos. E foi ele o pivô do fato mais marcante da partida, a um minuto do fim do jogo. Seu marcador, Valentim Prokopov, era o jogador mais descontrolado em campo. Àquela altura, os xingamentos de Zador à sua família, a derrota eminente e os gritos da torcida já tinham deixado Prokopov fora de si. Por um breve momento Zador, se esqueceu do marcador e se distraiu. No momento seguinte, Prokopov pulou para fora da água e acertou um soco violentíssimo no olho direito de Zador, que foi a nocaute, jorrando sangue, e pintando a piscina de vermelho.

A cena foi plasticamente fortíssima e seu simbolismo foi maior ainda. Como escreveu um jornal na época, “Novamente um heróico húngaro era vítima da covardia e prepotência soviética. O sangue que manchava de vermelho aquela piscina era o mesmo sangue que manchava as ruas de Budapeste”. A foto de Zador sangrando correu jornais de todo o mundo com o título de “Sangue na Água”.

Exageros a parte, o fato é que a visão do jogador sangrando foi a o estopim para que o público, já em frenesi, tentasse invadir a psicina. Eles pularam das arquibancadas para invadir a piscina e se juntar à briga, gritando e xingando os soviéticos. Para evitar um linchamento, a polícia interveio para contar o público, e retirar os soviéticos em meio aos gritos do público. O jogo foi dado por encerrado e a Hungria declarada vencedora.

Na final, a Hungria ganharia o Ouro, vencendo a Yugoslávia pro 2 x 1. Zador não jogou a partida em virtude do ferimento da semifinal, mas na cerimônia de entrega da medalha caiu em lágrimas: “Eu estava chorando pela Hungria. Porque eu sabia que não retornaria para casa”. Nessas Olimpíadas, metade das 100 pessoas da delegação húngara, incluindo Zador, desertou.

[Fabulous]

Nossa, essa história do FC Start é muito comovente.
Estou sem palavras para descrever o que sinto por esses verdadeiros heróis e jogadores de futebol.

[Orbe]

Idiotas... morreram por nada.

[Fabrício]

Bacana a história.

[Fabulous]

Idiotas... morreram por nada.

Hoje para alguns talvez isso não faça sentido. Mas na época foi um ato heróico e de grandeza; e até hoje são lembrados por isso. Talvez se você compreender isso, não irá julgar essa atitude desses vencedores de forma tão boçal assim.

[Tupac]

Tem gente que morre ao escorregar enquanto toma banho, ou cair ao descer uma escada... os caras morreram por principios, morreram pra defender o que eles achavam ser o certo. Bem, é uma maneira muito digna e enaltecedora de morrer...

Se eu faria algo parecido? não sei... acho isso idiotice...

[Fabulous]

Se não tivesse outra opção...

[Tupac]

"Eu prefiro morrer do que perder a vida"...

[uiliníli]

Eu vejo uma base racional para o auto-sacrifício. Sou ateu, definitivamente não acredito em vida após a morte, mas por outro lado minhas convicções me dizem que, sendo a morte o fim da consciência, do ponto de vista pessoal a morte não existe. No exato momento em que eu morrer eu vou perder até mesmo a noção de que um dia eu já estive vivo. Serei resumido a nada, destruído e obliterado. E isso é bom! Mortos não sentem tristeza nem arrependimento, sentir alguma coisa é exclusividade dos vivos. A morte liberta da dor, do medo e da humilhação. Sendo assim, não acho válido afirmar que sempre, sob qualquer circunstância, viver é melhor do que morrer. Sacrificar-se por uma causa então é uma forma de se libertar dos seus algozes e ainda mostrar uma banana para eles