Autor Tópico: A filosofia e a ciencia no sec XXI  (Lida 3551 vezes)

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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #25 Online: 26 de Agosto de 2008, 20:48:59 »
Por exemplo, a ideia da logica paraconsistente surgiu primeiro na mente de um filosofo Peruano (corrijam-me se estiver errado).
E Sant'Anna e outros estudam aplicacoes disso na Fisica moderna.

Na verdade só foi a sugestão do nome "paraconsistente".

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #26 Online: 26 de Agosto de 2008, 21:33:17 »
Esses pós-modernistas e afins não passam de uma subcultura de gueto das universidades. Um monte de (pseudo)cientistas de humanidades ressentidos por suas disciplinas não terem atingido um grau de desenvolvimento como as demais, ou gente tão deslumbrada com a diversidade cultural humana que incide no declive escorregadio (diversidade cultural => várias racionalidades => relativismo), ignorando completamente outras possibilidades, tais como haver uma única racionalidade com várias facetas. Estas facetas seriam definidas pelas premissas que cada povo adota e os conceitos que cada um formula para satisfazer suas respectivas necessidades.

Esta subcultura de gueto universitária apenas se destaca por sua extravagância, e não representa qualquer ameaça ao desenvolvimento intelectual da humanidade, desde que vocês não a deixe eclipsar prolíficos e notáveis pensadores, tais como Newton da Costa, Raymond Smullian e John Searle, apenas para citar alguns nomes.
« Última modificação: 26 de Agosto de 2008, 21:50:21 por Dante, the Wicked »

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #27 Online: 26 de Agosto de 2008, 21:42:03 »
Falando em Searle, há um texto dele bastante pertinente à esta discussão:

Racionalidade e Realismo



E uma resenha do último livro dele dá uma boa idéia do seu pensamento:

Citar
http://www.adnews.com.br/midia.php?id=74812
Searle reconcilia a filosofia e a ciência

12/08/08

O filósofo norte-americano John R. Searle é conhecido por seus trabalhos de exploração daquilo que o senso comum chama de “mundo real”. Também é famosa sua crença na racionalidade e na objetividade, defendendo que o mundo é um fato real passível de ser conhecido pela ciência, não um universo abstrato construído por meio de jogos de palavras, polemizando com autores como Jacques Derrida.

Liberdade e Neurobiologia: reflexões sobre o livre-arbítrio, a linguagem e o poder político, recém-lançado pela Editora Unesp, além de constituir uma boa introdução às contribuições de Searle para a filosofia da mente, da linguagem e suas implicações sociais, também avança por um dos problemas filosóficos mais persistentes, a questão do livre-arbítrio e o conceito de consciência. Fruto de duas palestras proferidas em Paris em 2001, o livro investiga ainda as relações entre linguagem e poder político e os avanços históricos do conceito de liberdade humana a partir das perspectivas filosófica e neurobiológica.

Em sua reflexão sobre o livre-arbítrio, parte da noção de que “por um lado, fazemos a experiência da liberdade; por outro, temos dificuldade em renunciar à idéia de que todo conhecimento tem sua causa”. Desta forma, lança um olhar aprofundado para a questão, levando em consideração concepções de causalidade e determinismo para desvendar as contradições existentes e as “falsas pressuposições” que norteiam as análises mais correntes sobre o livre-arbítrio.

Searle aprofunda em Liberdade e Neurobiologia sua reflexão em torno da ontologia do poder, esclarecendo que o cerne da análise é a questão de como conciliar a concepção que temos de nós mesmos – de homens conscientes, livres sociais e políticos – com o universo no qual estamos inseridos e é constituído por partículas físicas destituídas de inteligência. E, com o apropriado exame filosófico da linguagem, teríamos potencialmente a capacidade de considerar a totalidade do mundo, reconciliando esta idéia de que temos de nós mesmos com os conhecimentos físicos, químicos e biológicos.

« Última modificação: 26 de Agosto de 2008, 21:48:57 por Dante, the Wicked »

Offline Fenrir

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #28 Online: 27 de Agosto de 2008, 10:26:53 »
Esses pós-modernistas e afins não passam de uma subcultura de gueto das universidades. Um monte de (pseudo)cientistas de humanidades ressentidos por suas disciplinas não terem atingido um grau de desenvolvimento como as demais, ou gente tão deslumbrada com a diversidade cultural humana que incide no declive escorregadio (diversidade cultural => várias racionalidades => relativismo), ignorando completamente outras possibilidades, tais como haver uma única racionalidade com várias facetas. Estas facetas seriam definidas pelas premissas que cada povo adota e os conceitos que cada um formula para satisfazer suas respectivas necessidades.

Esta subcultura de gueto universitária apenas se destaca por sua extravagância, e não representa qualquer ameaça ao desenvolvimento intelectual da humanidade, desde que vocês não a deixe eclipsar prolíficos e notáveis pensadores, tais como Newton da Costa, Raymond Smullian e John Searle, apenas para citar alguns nomes.

Talvez seja por causa dos pos-modernistas e sua visibilidade que muitos achem que a filosofia esta num estado deploravel ou esta inutil ultimamente.
Enquanto os pos-modernistas espalham suas bizarrices por ai, tem muita gente pesquisando outras coisas bem mais interessantes em filosofia, mas infelizmente nao tao visiveis quanto as dos primeiros...
"Nobody exists on purpose. Nobody belongs anywhere. Everybody's gonna die. Come watch TV" (Morty Smith)

"The universe is basically an animal. It grazes on the ordinary. It creates infinite idiots just to eat them." (Rick Sanchez)

Offline Fenrir

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #29 Online: 27 de Agosto de 2008, 10:27:41 »
Por exemplo, a ideia da logica paraconsistente surgiu primeiro na mente de um filosofo Peruano (corrijam-me se estiver errado).
E Sant'Anna e outros estudam aplicacoes disso na Fisica moderna.

Na verdade só foi a sugestão do nome "paraconsistente".

Grato pela correcao e pelo texto de Searle.
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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #30 Online: 27 de Agosto de 2008, 18:16:13 »
Por exemplo, a ideia da logica paraconsistente surgiu primeiro na mente de um filosofo Peruano (corrijam-me se estiver errado).
E Sant'Anna e outros estudam aplicacoes disso na Fisica moderna.

Na verdade só foi a sugestão do nome "paraconsistente".

Grato pela correcao e pelo texto de Searle.

Diga-se de passagem que o Newton da Costa não foi o primeiro a desenvolver uma lógica paraconsistente (antes conhecidas como "tolerantes à inconsistência"). Stanisław Jaśkowski (1906-1965) já havia desenvolvido um sistema de lógica deste tipo. O destaque que é dado ao N.C. se deve à abordagem que ele deu para seu sistema de lógica paraconsistente, a rigorosa fundamentação e ainda por tê-la aplicado com sucesso.

O que acontece é o seguinte. Na lógica clássica, de premissas contraditórias pode ser derivada qualquer conclusão. Ou seja:

P.
Não-P.
Logo Q.

Isso acontece porque a definição de "raciocínio válido" na lógica clássica é "a conclusão é sempre verdadeira quando as premissas são verdadeiras". O que é equivalente a "a conclusão nunca é falsa enquanto as premissas são verdadeiras". Como uma contradição é sempre falsa (na lógica clássica), qualquer sentença satisfaz a validade de um raciocínio cujas as premissas são contraditórias.
Portanto, na lógica clássica, um sistema inconsistente (que contém contradições) é trivial (pode-se deduzir qualquer coisa).

Alguns adeptos da paraconsistência, como Graham Priest (1948), defendem uma corrente de pensamento chamada dialeteísmo, segundo a qual há sistemas inconsistentes mas não triviais. Ou seja, haveriam sentenças que seriam verdadeiras assim como suas respectivas negações.

O interessante da abordagem do N.C. é que ele não atrela a paraconsistência à uma corrente tão extravagante quanto o dialeteísmo, mas a uma idéia pragmatista:
Há circunstâncias nas quais precisamos lidar com informações contraditórias, não podemos descidir de qual premissa contraditória podemos (ou devemos) prescindir* e ainda assim não podemos aceitar a dedução de qualquer sentença arbitrária.
Para tal, N.C. generalizou a Teoria de Tarski da Verdade criando o conceito de "quasi-verdade" ou "pretensa-verdade" (toda verdade é uma pretensa-verdade, mas nem toda pretensa-verdade é uma verdade). Ele mostrou como seu sistema de lógica paraconsistente é útil para relacionar física quântica com a teoria da relatividade geral.




*Há um campo de estudos da lógica que trabalha com os casos nos quais podemos prescindir de algumas sentenças chamado belief revision.

Offline JUS EST ARS

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #31 Online: 27 de Agosto de 2008, 18:20:19 »


Bastante interessante. Poderia mostrar um exemplo prático disso? Como ela resolve essa proposição que você mencionou?

P.
Não-P.
Logo Q.


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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #32 Online: 27 de Agosto de 2008, 22:34:25 »


Bastante interessante. Poderia mostrar um exemplo prático disso? Como ela resolve essa proposição que você mencionou?

P.
Não-P.
Logo Q.



Eu não conheço muito a lógica paraconsistente. Mas ela, assim como outros sistemas de lógica alternativa, adotam um critério menos abrangente de inferência que a lógica clássica.

Enquanto na lógica clássica temos que assumir que as premissas são verdadeiras e o raciocínio válido preserva a verdade das premissas (daí qualquer coisa poder ser inferida de uma contradição, já que não há verdade a ser preservada), na lógica do N.C. as premissas seriam algo como "informação à disposição". E não é porque eu tenho informações contraditória que posso sair concluindo qualquer coisa.

Offline JUS EST ARS

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #33 Online: 27 de Agosto de 2008, 22:46:50 »


Ok. É que ficou parecendo que basta ser restritivo nas conclusões, o que não parece ser um grande problema.

Interpretação liberal (pode estar correta, mas não é certeza).
P.
Não-P.
Logo Q.

Interpretação restritiva (está correta, sem margens de discussão).
P.
Não-P.
Logo Não-P.


Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #34 Online: 28 de Agosto de 2008, 01:35:11 »


Ok. É que ficou parecendo que basta ser restritivo nas conclusões, o que não parece ser um grande problema.

Interpretação liberal (pode estar correta, mas não é certeza).
P.
Não-P.
Logo Q.

Interpretação restritiva (está correta, sem margens de discussão).
P.
Não-P.
Logo Não-P.



Na verdade é:

P.
Não-P.
Logo, P é inconsistente.

A lógica do Da Costa tem um operador de inconsistência.

E lembre-se que você pode não ter algum critério para prescindir de uma informação em favor de outra. Talvez você ainda precise das duas para efetuar alguma inferência com alguma restrição devido a inconsistência presente.
Por exemplo, você está na faculdade e recebe duas informações contraditórias de fontes de igual confiabilidade:

P := O professor não dará aula hoje.
Não-P := [A despeito do atraso] o professor dará aula hoje.

Se o professor não der aula hoje, então você aproveitaria o tempo para devolver livros na biblioteca e emprestar alguns outros.
Se o professor só está atrasado, então só dá tempo de devolver os livros.

Conclusão: Ao menos para devolver os livros, tempo você tem.
« Última modificação: 28 de Agosto de 2008, 02:39:12 por Dante, the Wicked »

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #35 Online: 28 de Agosto de 2008, 02:25:23 »
Talvez seja por causa dos pos-modernistas e sua visibilidade que muitos achem que a filosofia esta num estado deploravel ou esta inutil ultimamente.
Enquanto os pos-modernistas espalham suas bizarrices por ai, tem muita gente pesquisando outras coisas bem mais interessantes em filosofia, mas infelizmente nao tao visiveis quanto as dos primeiros...

Imagino que toda época teve pessoas que defenderam idéias extravaantes ou inférteis, cuja a única contribuição para o avanço intelectual da humanidade foi sucitar o debate onde as idéias mais razoáveis e prolíficas foram reafirmadas e expostas. Vide os sofistas na Grécia antiga.

Mas nos tempos contemporâneos, de fato, tornou-se muito mais complicado fazer filosofia. Tomemos, por exemplo, a questão "o que é a razão?". Para muitos filósofos parecia óbvio que a racionalidade consiste na capacidade de reconhecer verdades elementares e efetuar inferências validas. Havia uma logica, uma geometria, uma física... e a superioridade tecnológica do ocidente parecia corroborar com a idéia de que a mentalidade desta cultura seria a única correta.

Só que hoje temos sistemas de lógicas não-clássicas, de geometrias não-euclidianas, cada um internamente consistente e aplicável em seus respectivos escopos. Vimos teorias científicas que por séculos explicaram o funcionamento da natureza darem lugar a outras que desafiam nossas intuições mais elementares de espaço, tempo e causalidade. A capacidade de efetuar inferências pode ser reproduzida em máquinas.

Tudo isto complicou muito a questão "o que é a racionalidade?". Só que a maioria dos meus colegas sequer são capazes de construir um triângulo equilátero com régua e compasso, o que dizer então de compreender o que é uma geometria não-euclidiana e quais suas implicações na compreensão da racionalidade humana.

É muito mais fácil dizer que tudo é relativo do que debruçar-se sobre estes problemas.

tem muita gente pesquisando outras coisas bem mais interessantes em filosofia

E põe coisa interessante aí. Diversas questões antes pouco ou nunca levantadas estão em voga. Além da questão da racionalidade tratada acima, várias novas questões éticas surgiram, como a obrigação do homem para com o meio-ambiente e as outras formas de vida neste planeta.
Também nunca se estudou tão a fundo a linguagem de uma perspectiva filosófica.
« Última modificação: 28 de Agosto de 2008, 02:42:23 por Dante, the Wicked »

Offline Fenrir

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #36 Online: 28 de Agosto de 2008, 09:57:04 »
Talvez seja por causa dos pos-modernistas e sua visibilidade que muitos achem que a filosofia esta num estado deploravel ou esta inutil ultimamente.
Enquanto os pos-modernistas espalham suas bizarrices por ai, tem muita gente pesquisando outras coisas bem mais interessantes em filosofia, mas infelizmente nao tao visiveis quanto as dos primeiros...

Imagino que toda época teve pessoas que defenderam idéias extravaantes ou inférteis, cuja a única contribuição para o avanço intelectual da humanidade foi sucitar o debate onde as idéias mais razoáveis e prolíficas foram reafirmadas e expostas. Vide os sofistas na Grécia antiga.

Mas nos tempos contemporâneos, de fato, tornou-se muito mais complicado fazer filosofia. Tomemos, por exemplo, a questão "o que é a razão?". Para muitos filósofos parecia óbvio que a racionalidade consiste na capacidade de reconhecer verdades elementares e efetuar inferências validas. Havia uma logica, uma geometria, uma física... e a superioridade tecnológica do ocidente parecia corroborar com a idéia de que a mentalidade desta cultura seria a única correta.

Só que hoje temos sistemas de lógicas não-clássicas, de geometrias não-euclidianas, cada um internamente consistente e aplicável em seus respectivos escopos. Vimos teorias científicas que por séculos explicaram o funcionamento da natureza darem lugar a outras que desafiam nossas intuições mais elementares de espaço, tempo e causalidade. A capacidade de efetuar inferências pode ser reproduzida em máquinas.

Tudo isto complicou muito a questão "o que é a racionalidade?". Só que a maioria dos meus colegas sequer são capazes de construir um triângulo equilátero com régua e compasso, o que dizer então de compreender o que é uma geometria não-euclidiana e quais suas implicações na compreensão da racionalidade humana.

É muito mais fácil dizer que tudo é relativo do que debruçar-se sobre estes problemas.

tem muita gente pesquisando outras coisas bem mais interessantes em filosofia

E põe coisa interessante aí. Diversas questões antes pouco ou nunca levantadas estão em voga. Além da questão da racionalidade tratada acima, várias novas questões éticas surgiram, como a obrigação do homem para com o meio-ambiente e as outras formas de vida neste planeta.
Também nunca se estudou tão a fundo a linguagem de uma perspectiva filosófica.


Concordo plenamente.
E mais ainda em relacao ao comentario sobre os pos-modernos: e mais facil perseguir um relativismo que explorar geometrias nao-euclidianas, logicas nao classicas e outros assuntos um tanto hermeticos (aos leigos, bem entendido).
Mas Platao faz Sócrates dizer, fechando o Hipias Maior, que "As coisas belas sao difíceis".
Concordo 100% com ele.

A internet, os avancos da medicina, novas formas de relacoes trabalhistas e inumeros outros fatos e cenarios criaram questoes e campos de estudo fertilissimos para aqueles que estudam a etica.

Tambem o mesmo diz respeito a linguagem: basta lembrar que ha uns 70 anos atras nao havia computador, nem linguagens de programacao e o conceito de algoritmo talvez nao recebesse tanta atencao antes de Alan Turing, do ENIAC e do Algol.
E pode-se por a filosofia neste meio, com certeza!

Apostaria meu salario de 1 ano como uma investigacao logico-filosofico-matematica pode revelar muitas novas descobertas e ate campos de estudo e aplicacoes antes impensadas e reunindo diversas disciplinas e ramos do conhecimento!

Ora, pois a etica nao e um campo da filosofia? e a logica, que nasceu no seio dela, com Parmenides e Aristoteles? E a epistemologia? A filosofia da linguagem, da ciencia, da matematica,
a Politica? Como dizer que a filosofia morreu?

Aristoteles mostrou, uns 2300 anos atras em um de seus diálogos* que mesmo para mostrar que a filosofia morreu ou é inútil, é necessário, antes de tudo, filosofar!
Nao vai ser tao facil se livrar da filosofia nao... Ela é uma espécie de Jason Voorhees que alguns trucidam, mas que volta a vida logo em seguida e continua a nos assombrar.

* sim, ele tambem escreveu diálogos, a maneira de Platao, dos quais chegaram ate nós, infelizmente, apenas uns poucos fragmentos, dentre eles, o que tem a passagem que cito no post.

Dante, O pessoal da física do CC me indicou ótimos livros de Física e Matemática.
Logo,  aproveito a deixa para pedir a indicacao de alguns sobre lógica.
Estou estudando um do Irwing Copi, da editora Mestre Jou.
« Última modificação: 28 de Agosto de 2008, 10:07:49 por Fenrir »
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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #37 Online: 28 de Agosto de 2008, 11:16:52 »

Aristoteles mostrou, uns 2300 anos atras em um de seus diálogos* que mesmo para mostrar que a filosofia morreu ou é inútil, é necessário, antes de tudo, filosofar!

É irônico como muitos detratores da filosofia na verdade estão defendendo uma corrente filosófica contra outra(s) que eles erroneamente identificam como toda filosofia.

Dante, O pessoal da física do CC me indicou ótimos livros de Física e Matemática.
Logo,  aproveito a deixa para pedir a indicacao de alguns sobre lógica.
Estou estudando um do Irwing Copi, da editora Mestre Jou.

Uma coisa que você deve se acautelar com os manuais de lógica é o fato dos lógicos ainda não terem chegado a um consenso do que é pedagogicamente interessante apresentar. Por exemplo, o Introdução à Lógica do Cezar Mortari, livro bom que eu recomendo, principalmente pelo seu ótimo capítulo de lógicas não-clássicas, ao mesmo tempo que trata de algumas questões mais herméticas, como a inexistência de um algoritmo de decisão para a validade de fórmulas no cálculo de predicados n-ádico para n>1, deixa de fora várias questões muito comuns nos outros manuais de lógica, como algumas funções veritativas menos usuais ou a axiomatização da lógica clássica.
Outro livro muito bom, mas que faz uma salada russa na escolha dos temas a serem tratados, é o Um Prelúdio à Lógica (FEITOSA, HÉRCULES DE ARAUJO E PAULOVICH, LEONARDO). Começa dando um tratamento típico ao Cálculo Proposicional e Teoria de Conjuntos, depois passa para circuitos lógicos (algo de interesse maior entre engenheiros da computação), passa para silogismos categóricos (algo para quem tem mais interesse em história da lógica, trazendo inclusive as técnicas mnemônicas desenvolvidas pelos lógicos medievais), trata do Cálculo de Predicados e termina falando de Lógica Fuzzy (uma lógica não-clássica mais popular entre cientistas da computação).

O mais completo que eu conheço é o Introduction to Metamathematics, do Kleene. Trata vários aspéctos da lógica clássica, das não-clássicas, teoria de conjuntos, suas aplicações matemáticas e computacionais, e ainda levanta questões filosóficas sobre estes tópicos. Mas o livro não é muito didático e é recomendado para quem já tem um conhecimento razoável sobre o assunto.

Na internet eu recomendo o Forall x e o livro de lógica do wikibooks lusófono

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Re: A filosofia e a ciencia no sec XXI
« Resposta #38 Online: 01 de Setembro de 2008, 23:55:03 »
Se alguém estiver interessado em ver uma entrevista com o Newton da Costa:

 

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