Hoje fiz mais uma crônica:
Rock Politicamente Correto
Dia onze de agosto, também conhecido como dia do estudante. Não reclame, se até motoboy tem seu próprio dia, por que não podemos ter o nosso também? Não quero com isso menosprezar essa classe de trabalhadores que atrapalha o trânsito, arranha carros, e quase atropela pedestres; claro que não, estava apenas fazendo uma constatação. Enfim, a história.
Devido à data, o colégio resolveu chamar uma banda para vir tocar no intervalo (ou recreio, se preferir). Antes de começar a tocar, o "vocalista" contou um pouco da história da banda: três anos de vida e a banda já tinha clip tocando na MTV e uma música tocando na trilha de alguma novela. Logo pensei numa palavra que não vou dizer qual é, só direi que começa com
j, seguido por um
a, um
b e um
a. Ah sim, esqueci do acento no último
a.
A banda começou a tocar e era, como posso dizer, exatamente o que eu esperava. Eu não esperava muita coisa mesmo... Quando terminaram a música, o vocalista começou um discurso de dar inveja a Fidel Castro quanto à duração do mesmo. O discurso demorou tanto que eu pensei que eles só sabiam a música que tocaram no começo.
- Vocês sabem melhor do que eu como é importante o meio ambiente e é por isso que nós... - Qual é? Banda de rock fazendo discurso politicamente correto? Na minha época, rock era sobre usar drogas, tomar porre e fazer
sexo!
Eles então começaram a falar sobre sacolas plásticas, como elas demoram para decompor, como elas afetam o mundo em que vivemos e como devemos usar sacolas de pano reutilizáveis. Disseram até a marca da sacola que devíamos comprar! Era tudo muito claro: em uma jogada de marketing magnífica, a empresa que fabrica as ditas sacolas pagou o jabá para essa banda promover seu produto! Esses publicitários sempre me impressionam...
Por fim, perguntaram quem queria subir ao palco e fazer um comentário sobre preservação do meio ambiente. Uma garota foi:
- Tipo assim, eu acho que, tipo, se cada um fizer um pouco, sabe? Juntando tudo, a gente vai ter feito muito. - Comentário profundo.
Como recompensa (ou seria castigo?), ela ganhou um CD da banda. Envolto em uma
sacola de tecido, deve ter imaginado, mas não: era de plástico mesmo.