Autor Tópico: Combates na Georgia  (Lida 5521 vezes)

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Offline André Luiz

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Combates na Georgia
« Online: 08 de Agosto de 2008, 14:14:29 »

Geórgia indica que perdeu o controle de parte da capital da Ossétia do Sul

 

TBLISI, 8 Ago 2008 (AFP) - A Geórgia "perdeu o controle de parte" de Tsjinvali, capital da região separatista georgiana da Ossétia do Sul, cuja tomada havia sido anunciada anteriormente, declarou nesta sexta-feira à AFP o porta-voz do Ministério georgiano do Interior, Chota Utiashvili.

 

"As Forças Armadas russas bombardeam Tsjinvali. Perdemos o controle de parte da cidade", afirmou Utiashvili.

 

As forças da Ossétia do Sul estão recuperando progressivamente o controle de Tsjinvali, assegurou paralelamente o autoproclamado presidente ossetiano, Eduard Kokoiti.

 

http://noticias. uol.com.br/ ultnot/afp/ 2008/08/08/ ult34u209689. jhtm



Offline André Luiz

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #1 Online: 08 de Agosto de 2008, 14:14:52 »
08/08/2008 - 12h00

Bombardeio russo deixa 3 mortos em aeroporto na Geórgia

 

Tbilisi, 8 ago (EFE).- Três pessoas morreram hoje em um bombardeio de aviões russos contra o aeroporto georgiano de Marneuli, cerca de 30 quilômetros ao sul de Tbilisi, disse hoje à Agência Efe o porta-voz do Ministério do Interior da Geórgia, Shotá Utiashvili.

 

Além disso, os russos bombardearam hoje a base militar georgiana de Viaziani, cerca de 15 quilômetros ao oeste de Tbilisi, e as localidades de Gori, Kareli e Variani, embora sem deixar mortos.

 

O ministro de Reintegração georgiano, Temur Yakobashvili, assegurou que as baterias de mísseis e os pilotos da Geórgia derrubaram quatro caças russos.

 

Em mensagem televisionada, o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, denunciou que a Geórgia é vítima de uma agressão em grande escala, pediu que a Rússia suspenda os bombardeios e disse ter mobilizado 100 mil reservistas.

 

http://noticias. uol.com.br/ ultnot/efe/ 2008/08/08/ ult1808u123794. jhtm

 

 

Offline Diego

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #2 Online: 08 de Agosto de 2008, 15:08:43 »
qual o motivo do combate?

Offline André Luiz

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #3 Online: 08 de Agosto de 2008, 15:26:00 »
Tem duas províncias que querem se separar da Georgia e contam com apoio russo

Mas parece que a Otan ja manifestou apoio a Georgia

http://g1.globo.com/Noticias/0,,GF61158-5602,00-CONFLITO+NA+GEORGIA.html

E todos dizem que estao vencendo

Offline Diego

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #4 Online: 08 de Agosto de 2008, 16:01:13 »
Hum... não sei não.

Mas acho q a Russia leva fácil.

Offline Luiz Souto

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #5 Online: 11 de Agosto de 2008, 22:48:28 »
Sobre a posição oficial russa no conflito...

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Presidente da Federação Russa sobre a situação na Ossétia Sul  
11.08.2008 Source:  URL: http://port.pravda.ru/russa/23914-presidenteossetia-0

Presidente Dmitry Medvedev: Como se sabe, Rússia manteve e continua a manter uma presença no território georgiano numa base absolutamente legal, realizando sua missão da manutenção de paz de acordo com os acordos concluídos. Nós consideramos sempre manter a paz a nossa tarefa primordial. Rússia foi historicamente um garantor para a segurança dos povos do Cáucaso, e esta situação continua a ser verdadeira hoje.

A noite passada (7), as tropas georgianas cometeram um ato de agressão contra os defensores da paz russos e contra a população civil em Ossétia Sul. O que ocorreu é uma violação brutal da lei internacional e dos mandatos que a comunidade internacional deu a Rússia como um parceiro no processo de paz.

Os atos de Geórgia causaram vítimas mortais, incluindo elementos dos defensores da paz russos. A situação alcancou o ponto onde os membros da equipa de manutenção da paz georgianos abriram fogo contra defensores da paz russos, com quem é suposto trabalhar em conjunto para realizar sua missão de manutenção da paz nesta região. Os civis, mulheres, crianças e pessoas adultas, estão morrendo hoje em Ossétia Sul, e a maioria deles sao cidadãos da Federação Russa.

De acordo com a Constituição e as leis federais, como o Presidente da Federação Russa é meu dever proteger as vidas e a dignidade de cidadãos russos onde quer que estejam.

São estas circunstâncias que ditam as etapas que nós tomaremos agora. Nós não permitiremos que as mortes de nossos concidadãos passem sem serem castigadas. Os autores receberão a punição que merecem.

Presidente Dmitry Medvedev
 

Por trás , pra variar , petróleo ...

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Contextualizando o conflito Rússia-Geórgia 
 
10.08.2008 Source:  URL: http://port.pravda.ru/russa/23913-contextualizando-0


O oleoduto Baku-Tíflis-Ceyhan… O governo mafioso da Geórgia, apoiado e armado pelo imperialismo estado-unidense, agrediu dia 8 de Agosto a República da Ossétia do Sul. Este conflito tem implicações sérias para o oleoduto Baku-Tíflis-Ceyhan (BTC), que transporta petróleo do Cáspio para mercados ocidentais.

O governo mafioso da Geórgia, apoiado e armado pelo imperialismo estado-unidense, agrediu dia 8 de Agosto a República da Ossétia do Sul. Este conflito tem implicações sérias para o oleoduto Baku-Tíflis-Ceyhan (BTC), que transporta petróleo do Cáspio para mercados ocidentais. O BTC custou US$3 mil milhões e é possuído em 30% pela British Petroleum [1] .


A Geórgia tem um papel importante na geopolítica dos pipelines. O país, em si próprio não tem reservas significativas de petróleo ou de gás natural. No entanto, o seu território é uma peça chave para o escoamento da produção da Bacia do Cáspio. Na verdade, é o único caminho prático que evita tanto a Rússia como o Irão.


Os 1770 km do oleoduto BTC entraram em serviço há apenas um ano. Através dele são bombeados diariamente mais de 1 milhão de barris, desde Baku (no Azerbaijão) até Yumurtalik (na Turquia). Ali é carregado em super-petroleiros a fim de ser transportado para os EUA e a Europa. Cerca de 249 km da rota do BTC passa através da Geórgia e parte dele, apenas 55 km, na Ossétia do Sul.


O Ocidente, os EUA em particular, atiçaram a guerra regional. A cimeira da NATO em Bucareste, este ano, pressionou a Geórgia e a Ucrânia a aderirem à Aliança. A medida foi bloqueada por países europeus mas a NATO comprometeu-se a oferecer aos dois países a condição de membro da Aliança numa fase posterior. Esta oferta foi encarada por Moscovo como um desafio. Desde então a Rússia tornou claro, por atitudes e acções, que fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir a expansão da NATO nos seu flanco Sul.


O conflito tem implicações sérias para o relacionamento da Rússia com os EUA e o Ocidente em geral. O conflito pode propagar-se à Abkhazia, que pretende separar-se da Geórgia. Tanto a Ossétia do Sul como a Abkhazia têm mais razões para se tornarem repúblicas independentes do que o "país" que a NATO criou artificialmente no Kosovo.


Após a intervenção da Força Aérea russa e do bloqueio naval à Geórgia, iniciado a 10 de Agosto pela frota russa do Mar Negro, o agressor georgiano apressou-se a pedir um cessar fogo. O bloqueio naval destina-se a impedir a Geórgia de receber mais armamento dos países da NATO. Por outro lado, aviões russos bombardearam a base militar de Vazania, no arredores da capital georgiana e próxima do oleoduto BTC e a frota russa do Mar Negro bombardeou o terminal petrolífero do porto de Poti.

[1] Os accionistas do BTC Co. são: BP (30.1%); AzBTC (25.00%); Chevron (8.90%); Statoil (8.71%); TPAO (6.53%); Eni (5.00%); Total (5.00%), Itochu (3.40%); INPEX (2.50%), ConocoPhillips (2.50%) e Amerada Hess (2.36%). (fonte: BP)

 

Impressionante é que o estilo do Pravda continua igualzinho ao da época soviética , é só ler o editorial Rússia : mais uma vez redentora da paz e da vida.
http://port.pravda.ru/russa/11-08-2008/23929-pazevida-0
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #6 Online: 12 de Agosto de 2008, 10:56:41 »
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Em torno de que gira o conflito na Ossétia do Sul

Intensos combates eram travados, na sexta-feira, dentro e nas cercanias da capital da Ossétia do Sul, uma região separatista da Geórgia, enquanto os soldados georgianos tentavam retomar o controle sobre o território. Leia mais sobre a região:

GEOGRAFIA

A Ossétia do Sul é um território de mais ou menos 4 mil quilômetros quadrados localizado cerca de 100 quilômetros ao norte da capital da Geórgia, Tbilisi, na encosta sul das montanhas do Cáucaso.

SEPARATISMO

O colapso da União Soviética alimentou o nascimento de um movimento separatista na Ossétia do Sul, que sempre se sentiu mais próxima da Rússia que da Geórgia. A região livrou-se do controle georgiano durante uma guerra travada em 1991 e 1992 e na qual milhares de pessoas morreram. A Ossétia do Sul mantém uma relação estreita com a vizinha russa Ossétia do Norte, que fica do lado norte do Cáucaso.

A maior parte de seus quase 70 mil habitantes são etnicamente distintos dos georgianos e falam sua própria língua, parecida com o persa. Essas pessoas afirmam ter sido absorvidas à força pela Geórgia, durante o regime soviético, e agora desejam exercer seu direito à autodeterminação.

O líder separatista é Eduard Kokoity. Em novembro de 2006, vilarejos da Ossétia do Sul que continuam sob o controle da Geórgia, elegeram um líder rival, o ex-separatista Dmitry Sanakoyev. Sanakoyev conta com o apoio do governo georgiano, mas sua influência estende-se por somente uma pequena parte da região.

APOIO RUSSO

Cerca de dois terços do Orçamento anual da região, de cerca de 30 milhões de dólares, vêem do governo russo. Quase todos os moradores dali exibem passaportes russos, e usam o rublo russo como moeda.

A estatal russa Gazprom, uma gigante do ramo do gás, está construindo novos gasodutos e novas instalações para abastecer a região desde a Rússia. As obras foram avaliadas em 15 bilhões de rublos (640 milhões de dólares).

CONFLITO

Uma força de paz com 1.500 membros da Rússia, da Geórgia e da Ossétia do Norte (500 de cada) monitoram uma trégua firmada na Ossétia do Sul. A Geórgia acusa os membros russos da força de paz de ficarem ao lado dos separatistas, algo que a Rússia nega. Nos últimos anos, choques esporádicos entre as forças separatistas e georgianas deixaram dezenas de mortos.

O presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, propôs um acordo de paz segundo o qual a Ossétia do Sul receberia um 'grande grau de autonomia' dentro de um Estado federal. Os líderes separatistas dizem querer independência total.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/08/08/saiba_mais_em_torno_de_que_gira_o_conflito_na_ossetia_do_sul_1508974.html

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Cronologia: relações entre a Geórgia e a Ossétia do Sul

GEÓRGIA - Intensos combates eram travados, na sexta-feira, dentro e nas cercanias da capital da Ossétia do Sul, uma região separatista da Geórgia, enquanto soldados e aviões georgianos tentavam retomar o controle sobre a área. Os separatistas contam com o apoio político e financeiro da Rússia.

Leia abaixo uma cronologia com os principais acontecimentos envolvendo a Ossétia do Sul:

Novembro de 1989 -- A Ossétia do Sul declara sua autonomia em relação à República Socialista Soviética Georgiana, detonando um conflito de três meses.

Dezembro de 1990 -- A Geórgia e a Ossétia do Sul dão início a um novo conflito armado que dura até 1992.

Junho de 1992 -- Líderes da Rússia, da Geórgia e da Ossétia do Sul reúnem-se em Sochi, assinam um armistício e acertam a criação de uma força de paz.

Novembro de 1993 -- A Ossétia do Sul elabora sua própria Constituição.

Novembro de 1996 -- A Ossétia do Sul elege seu primeiro presidente.

Dezembro de 2000 -- A Rússia e a Geórgia assinam um acordo para recuperar a economia da zona de conflito.

Dezembro de 2001 -- A Ossétia do Sul elege Eduard Kokoity como presidente. Em 2002, ele pede ao governo russo que reconheça a independência da região e que a absorva.

Janeiro de 2005 -- A Rússia dá um apoio reservado ao plano da Geórgia de conceder autonomia ampla à Ossétia do Sul em troca de a região deixar de lado seus planos de independência.

Novembro de 2006 -- Em um referendo, a Ossétia do Sul aprova com larga margem de votos sua separação da Geórgia. O primeiro-ministro georgiano diz que a manobra é parte de uma campanha russa para provocar uma guerra.

Abril de 2007 -- O Parlamento da Geórgia aprova uma lei para criar uma administração temporária na Ossétia do Sul, gerando tensão com a Rússia.

Junho de 2007 -- Os separatistas da Ossétia do Sul dizem que a Geórgia atacou Tskhinvali (capital da região) com morteiros e disparos realizados por franco-atiradores. O governo georgiano nega.

Outubro de 2007 -- Interrompem-se as negociações patrocinadas pela Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) e realizadas pela Geórgia e pela Ossétia do Sul.

Março de 2008 -- Depois de o Ocidente ter dado apoio à secessão de Kosovo da Sérvia, a Ossétia do Sul pede que o mundo reconheça sua independência da Geórgia.

Março de 2008 -- A tentativa da Geórgia de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), apesar de mal sucedida, leva o Parlamento da Rússia a conclamar o governo russo a reconhecer a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, outra região separatista.

Abril de 2008 -- A Ossétia do Sul rejeita um acordo de compartilhamento de poder sugerido pela Geórgia e insiste na opção da independência total.

Agosto de 2008 -- Forças georgianas e da Ossétia do Sul começam a se enfrentar. A Geórgia diz que suas forças 'libertaram' a maior parte da capital da Ossétia do Sul.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/08/08/cronologia_relacoes_entre_a_georgia_e_a_ossetia_do_sul_1509060.html

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Análise: Lições do conflito na Ossétia

Apesar de o confronto na Ossétia do Sul ainda não ter terminado, e a possibilidade de choques por conta de outro enclave na Geórgia, na região de Abecásia, parecer estar aumentando, talvez não seja muito cedo para tentar tirar lições da crise.

1. Não soque um urso no nariz a não ser que ele esteja firmemente amarrado.

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili deve ter pensado que a Rússia não iria reagir com força ao enviar suas tropas para retomar o controle de um território que ele insiste deve permanecer parte da Geórgia, apesar de contar com alguma autonomia, na véspera dos Jogos Olímpicos.

Mas as chances de a Rússia reagir sempre foram muito prováveis. A Rússia já mantinha tropas na região, liderando a força de paz estabelecida em 1992 por um acordo entre o então presidente russo Boris Yeltsin e o presidente da Geórgia Edward Shevardnadze, o ex-ministro do Exterior soviético que ajudou a pôr fim à Guerra Fria.

A Rússia vem apoiando os separatistas da Ossétia do Sul e entregou passaportes russos à população, o que dá ao país argumentos para alegar que está defendendo seus cidadãos.

O resultado do que muitos vêem como um erro de cálculo é que o presidente Saakashvili pode perder qualquer esperança de voltar a impor o poder da Geórgia sobre o enclave.

2. A Rússia está determinada, para dizer o mínimo.

A Rússia, como já o fez tantas vezes no passado, se vê cercada.

Em uma reveladora entrevista ao ex-correspondente da BBC em Moscou Tim Whewell no início deste ano, um assessor do então presidente Vladimir Putin, Gleb Pavlosky, disse que, depois da Revolução Laranja na Ucrânia, a liderança russa concluiu que "isto é o que enfrentamos em Moscou, o que estão tentando exportar para nós, que nós devemos nos preparar para esta situação e, muito rapidamente, fortalecer nosso sistema político...".

O que se aplicou depois que a Ucrânia se moveu em direção ao Ocidente, se aplicou também à Geórgia. Moscou tenta evitar qualquer revolução deste tipo na Rússia e agora vê a Ucrânia e a Geórgia como influências hostis.

Não está claro até onde a Rússia pretende ir, mas levando-se em conta que já disse que quer restabelecer a ordem na Ossétia do Sul, isso provavelmente significa uma presença permanente, sem devolver à Geórgia um papel de governo. Diplomatas, no entanto, acreditam que é difícil que a Rússia invada a Geórgia "propriamente".

3. Lembre-se de Kosovo.

A Rússia não gostou quando o Ocidente apoiou a separação de Kosovo da Sérvia e advertiu para consequências. Esta pode ser uma delas. Claro, a Rússia não argumenta que, nesta crise, está fazendo o que Ocidente fez em Kosovo - o que iria minar seu próprio argumento de que Estados não devem ser quebrados sem que haja um acordo. Mas todo mundo sabe que Kosovo não está longe de seus pensamentos.

4. A Geórgia não deve ingressar na Otan tão cedo.

A Geórgia e a Ucrânia tiveram seu ingresso na Otan - a aliança militar do Atlântico Norte - negado em Abril, mas foram autorizadas a elaborar um plano de ação que poderia levar à admissão no grupo no futuro.

Os Estados Unidos defenderam a entrada dos dois países, mas a Alemanha e outros se opuseram, alegando que a região era muito instável para que os países ingressassem no grupo naquele momento, e que a Geórgia, em particular, um Estado com disputa de fronteira, não deveria receber o apoio da Otan.

5. Vladimir Putin ainda está no comando.

Foi Vladimir Putin, o primeiro-ministro e não mais presidente, que esteve presente à cerimônia de abertura da Olimpíada em Pequim e que correu para a região da crise para assumir o controle da resposta russa. Sua linguagem não fez concessões - a Rússia está certa em intervir, declarou.

6. Não deixe uma raposa cuidando das galinhas.

A decisão de Shervardnadze, em 1992, de concordar com a entrada da Rússia na Ossétia do Sul como parte de uma força de paz permitiu que um governo russo futuro e muito diferente daquele de Boris Yeltsin estendesse gradativamente sua influência e controle . Não foi difícil para a Rússia justificar sua intervenção. O governo simplesmente declarou que seus cidadãos não apenas sofrem riscos, mas estão sendo atacados.

7. O ocidente ainda não sabe como lidar com a Rússia.

Alguns dos argumentos da época da Guerra Fria estão ressurgindo, sem que haja consenso sobre o que deve ser feito. Há os neo-conservadores, liderados pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, (e apoiados pelo candidato republicano à presidência John McCain), que vêem a Geórgia (e a Ucrânia) como defensores da liberdade que devem ser apoiados. Ao mesmo tempo, eles argumentam, a Rússia será obrigada a mudar, assim como a União Soviética mudou.

Contra isto há o argumento - expressado neste fim de semana à BBC pelo ex-ministro do Exterior britânico Lord Owen, por exemplo - de que é "absurdo" tratar a Rússia como a União Soviética, e que a Geórgia cometeu um erro de cálculo na Ossétia do Sul, pelo qual está pagando.

8. As fronteiras na Europa devem ser eternamente 'sagradas'?

Esta tem sido uma das regras da Europa pós-guerra - as fronteiras não podem ser mudadas exceto por acordo, como na antiga Tchecoslováquia. Talvez esta regra tenha sido seguida de maneira muito inflexível. Mas ainda assim, governos como o da Geórgia relutam em abrir mão de qualquer território, mesmo quando a população local é claramente hostil e pode estar naquela situação simplesmente como resultado de uma decisão arbitrária do passado. Foi a União Soviética que forçou a Ossétia do Sul a fazer parte da Geórgia, em 1921. Nikita Khrushcev deu a Criméia para a Ucrânia. Será que isso algum dia vai causar problemas?

9. Agosto é um bom mês para se refletir sobre alianças.

Em agosto de 1914, o assassinato do arqueduque Franz Ferdinand em Sarajevo levou à Primeira Guerra Mundial. Isso ocorreu porque alianças formadas na Europa entraram em jogo inexoravelmente. A Rússia apoiava a Sérvia, a Alemanha apoiava a Áustria, a França apoiava a Rússia e a Grã-Bretanha entrou no conflito quando a Bélgica foi atacada.

Ninguém deve entrar em uma aliança de maneira leve, ou inadvertidamente. Se a Geórgia estivesse na Otan, o que teria acontecido?

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2008/08/11/analise_licoes_do_conflito_na_ossetia_1535961.html

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O gigante e o anão, Rússia e Geórgia

ISRAEL - O caso georgiano é antigo. E ainda não se sabe exatamente o que acontece. Não esbarrei em nenhuma informação satisfatória. Normal. Os números sobre vítimas até a noite de domingo, quase todas de civis, vão de menos de duzentos a mais de dois mil.

A Rússia atual se define como nação que se tornou independente da União Soviética em 1993, fato que comemora no dia 12 de dezembro. É uma confederaçao que se estende por mais de 17 milhões de quilômetros quadrados, perto de duas vezes os Estados Unidos, e apenas 140 milhões de habitantes. A  Geórgia, que se tornou independente da União Soviética também em 1993, é um país de 4 milhões de habitantes, a maioria cristãos, e de 60 mil quilômetros quadrados.

O país tem uma história de mais de mil anos e assumiu o cristianismo 330 anos depois da crucificação. Devido a sua estratégica posição, controla as passagens das montanhas do Cáucaso entre Europa e Ásia. Foi conquistada por quase todos os impérios antes de se liberar do império comunista. Não é rico em riquezas naturais, importa petróleo e gás. A sua renda vem da agricultura e, cada  vez mais, de turismo devido a seu clima temperado, lindas praias e povo agradável. País pró-ocidental, a Geórgia tem acordo de cooperação com os Estados Unidos e Europa.

As províncias de Ossétia do Sul e Abkházia, minúsculas, têm maiorias de etnia diferente da Geórgia. Ossétia do Sul, colada em Ossétia do Norte, russa, junto com Abkházia, receberam situação de autonomia decretada por Stálin. A Geórgia nunca se submeteu inteiramente a tal decisão. O comunismo nem acabou com a religiosidade dos povos confederados, nem com o nacionalismo. Quando em fins dos anos oitenta a União Soviética estava em dissolução, ocorreu violento conflito entre os separatistas e a Geórgia. Desde então, as forças das Nações Unidas, os boinas azuis, e forças russas, garantem a paz na região.

Mas a importância do país para os Estados Unidos e Europa, curiosamente, não está sendo sequer citada. De Baku, na Geórgia, parte um óleoduto e um gasoduto, os únicos que não atravessam território russo e servem de meio de transporte de produtores da região para os mercados europeu e americano. O Ocidente não pode  nem quer perder esta vantagem estratégica importante no transporte de petróleo e gás de reservas no mar Cáspio, muito ricas e com grande potencial.

Não é questão moral, apenas de compromissos americanos e europeus de preservarem a independência do pequno país, que está na mesa. É interesse fundamental não deixar os russos se imporem por meios militares numa fonte vital de combustível.

Moscou está empenhada em recuperar o status de grande potência da extinta União Soviética. O Ocidente não pode deixar se desmoralizar diante de seus aliados e protegidos. É a questão que tem de acabar por negociações. A alternativa é inimaginável. Existem tropas americanas treinando as forças georgianas, que tem EUA e Israel como fontes de armas. E os russos são teimosos.



http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/nahum/2008/08/11/o_gigante_e_o_anao_russia_e_georgia_1535269.html

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Editorial - Guerra na Geórgia revela perigosa ambição russa

O presidente da Georgia, Mikheil Saakashvili, tragicamente atraiu os russos (e caiu na armadilha de Moscou) quando enviou seu exército ao enclave separatista da Ossétia do Sul na semana passada. A gestão Bush repetidas vezes atacou Saakashvili (apesar de aparentemente não desta vez) e olhou para o outro lado enquanto o Kremlin ameaçava e chantageava seus vizinhos e seu próprio povo.

Não há desculpa imaginável para a invasão da Geórgia pela Rússia. Depois de atacar pontos civis e militares estratégicos com bombas e mísseis, veículos blindados russos entraram no país na segunda-feira gerando medo de um ataque à capital e ao governo democraticamente eleito de Saakashvili.

Moscou alega que está defendendo os direitos das minorias étnicas da Ossétia do Sul e Abkházia, que tentam conseguir a independência da Geórgia desde o início dos anos 1990. Mas a verdade é ambígua e vai muito além disso.

O primeiro-ministro Vladimir Putin (que se concentrou ao lado do novo presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, para levar a guerra adiante) parece determinado a retomar através da força e intimidação a maior parte possível da antiga União Soviética que conseguir sem retaliações.

Saakashvili (com suas ambições ocidentais e desejo de se unir à Otan) atraiu a ira de Putin. Mas o ataque à Geórgia também busca ameaçar a Ucrânia a abandonar a Otan e assustar qualquer país vizinho ou antigo satélite da União que cruze a linha projetada por Moscou.

Os Estados Unidos e seus aliados europeus precisam dizer a Putin da forma mais clara possível que esse tipo de agressão não será tolerada e que não haverá redivisão do continente.

Devido à riqueza do petróleo da Rússia e seu arsenal nuclear, o intermédio ocidental pode ser limitado, mas não inconseqüente. A Rússia ainda quer respeito, acordos econômicos e um lugar à mesa, incluindo uma participação na Organização Mundial do Comércio e um novo acordo político e econômico de cooperação com a União Européia. Moscou também quer concluir um acordo de cooperação nuclear civil com os Estados Unidos que pode valer bilhões.

Não se pode permitir que essas negociações continuem até que as tropas russas deixem a Geórgia, a guerra tenha acabado e ambos os lados concordado com um plano para aliviar a tensão na Ossétia do Sul e Abkházia. No mínimo, isso significa mediação internacional, mais autonomia para ambas as regiões e o alocamento de forças de paz verdadeiramente neutras no local (não tropas russas).

Saakashvili terá que abandonar sua ambição de reaver o controle sobre as duas regiões porque seu erro de cálculo resultou nos erros de seu exército e em danos ao seu país.

Os Estados Unidos e Europa também precisam rever seu relacionamento com a Rússia. Nenhum dos dois protestou o suficiente por ver Putin usar a riqueza do petróleo e gás russos para chantagear seus vizinhos, ameaçar a liberdade de imprensa local e prender oponentes.

A gestão Bush tornou o trabalho de Putin ainda mais fácil, alimentando ressentimentos nacionalistas com seu anseio descuidado por mísseis de defesa. Além disso, os europeus, que dependem demais do suprimento de gás russo, se enganam ao acreditar que estarão livres das ameaças de Moscou.

O ocidente quer e precisa da Rússia como um parceiro responsável. Para isso, o país precisa se comportar responsavelmente. Os Estados Unidos e Europa precisam deixar claro que nada menos do que isso será aceitável.

http://ultimosegundo.ig.com.br/new_york_times/2008/08/12/editorial___guerra_na_georgia_revela_perigosa_ambicao_russa_1540194.html

"That's what you like to do
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Re: Combates na Georgia
« Resposta #7 Online: 12 de Agosto de 2008, 11:59:41 »
Comparação mostra desproporção entre forças da Rússia e da Geórgia
 
O poderio militar da Geórgia é minúsculo se comparado ao da Rússia, apesar do treinamento e armamento recebido dos americanos e israelenses nos últimos anos.

Ao todo, as tropas georgianas contam com cerca de 20 mil soldados, dos quais apenas aproximadamente 12 mil seriam preparados para o combate.

Em contrapartida, a Rússia conta com mais de 1 milhão de soldados, 1,7 mil aviões e 6 mil tanques.

Mesmo que apenas uma pequena parte deste poderio tenha sido enviado à Geórgia, não há muito que o Exército georgiano possa fazer para reagir uma vez que Moscou decida realizar uma ofensiva militar.

Ofensivas

Apesar de as Forças Armadas da Rússia não serem tão treinadas e eficientes quanto às dos seus parceiros ocidentais, a vantagem do país, especialmente no seu poder aeronáutico, foi decisiva.

Mesmo assim, a ação militar da Rússia na Geórgia foi, até agora, relativamente contida se comparada com suas ofensivas durante os dois anos de guerra na Chechênia, quando a capital, Grozny, foi reduzida a escombros.

Os bombardeios aéreos realizados pelas forças russas parecem ter sido esporádicos e programados principalmente para causar choque, ao invés de provocar destruição massiva.

Certamente a iniciativa militar continua com a Rússia, e apesar da pressão para o fim do conflito, pouco parece atrapalhar Moscou para que consiga atingir quaisquer que sejam seus principais objetivos.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/08/080811_russiapoderiomilitar_np.shtml

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Offline André Luiz

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #8 Online: 12 de Agosto de 2008, 14:02:54 »
Mas os russos nao sao tao profissionais assim, mesmo batendo em bêbado

Rússia confirma perdas.

Desde o início do conflito entre a Rússia e a Geórgia, o comando da Voyenno-Vozdushnye Sily Rossii - a Força Aérea Russa - reconheceu de ter perdido em combate um bombardeiro Tupolev Tu-22M3 "Backfire C" e três caça-bombardeiros Sukhoi Su-25 "Frogfoot". O piloto do Tu-22M3, identificado como Coronel Aviador Igor Zikov e integrante do Russian Flight Test Center de Aktubinsk, foi resgatado e internado com ferimentos graves em um hospital georgiano. No dia 11, um caça-bombardeiro Su-25 da Força Aérea Georgiana foi abatido pela defesa aérea russa na área de Eredvi.

Fonte: Marco Zappatori's Agency

______________________________

Ou seja, um duro golpe na Força Aérea Russa. Isso são só os números que a Rússia admitiu, pode haver ainda outros que a Rússia não confirmou e nem quer confirmar.

Para os georgianos, foram 30 aeronaves abatidas e/ou atingidas.

Perder um Tu-22M3 sendo que a força aérea deles é meia boca e a artilharia anti-aérea é obsoleta parece piada

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #9 Online: 12 de Agosto de 2008, 22:39:30 »
Citar
Rússia e Geórgia aceitam trégua proposta por França
 
A Rússia e a Geórgia aprovaram em princípio um plano apresentado pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, para pôr fim aos combates entre os dois países.

Sarkozy, cujo país ocupa a Presidência rotativa da União Européia, visitou Moscou e a capital georgiana, Tbilisi, nesta terça-feira para negociações.

De acordo com a proposta francesa, russos e georgianos se comprometeriam a abandonar os combates e remanejar todas as tropas para as posições que ocupavam na semana passada, antes do início do conflito na região separatista georgiana da Ossétia do Sul.

Sarkozy também propôs a realização de uma reunião com representantes internacionais para decidir qual deve ser o status da Ossétia do Sul e de outra região separatista da Geórgia, a Abecásia – também invadida por tropas russas.

O presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, pediu, contudo, mais "detalhes legais" sobre o acordo.

Coletiva

Em uma coletiva em Moscou juntamente com Sarkozy, na primeira etapa de sua viagem, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, havia dito que, se a Geórgia aceitar o plano, o “caminho para a gradual normalização” da Ossétia do Sul estará aberto.

Na coletiva, Medvedev também disse que os soldados georgianos são “lunáticos” e acusou o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, de mentir sobre um acordo anterior de cessar-fogo.

Também nesta terça-feira, Medvedev anunciou que seu país estava encerrando a ofensiva militar na Geórgia.

Apesar disso, o governo georgiano acusou a Rússia de realizar novos ataques no seu território.

A Rússia também alega que a Geórgia continuou com a ofensiva militar, atacando posições russas na Ossétia do Sul, e há relatos de tiroteios esporádicos nas regiões de conflito.

Saakashvili participou em Tblisi de um comício no qual recebeu o apoio de diversos países da região.

Na presença dos presidentes da Ucrânia e da Polônia, entre outros, Saakashvili disse que seu país irá deixar a Comunidade de Estados Independentes, a organização formada após a desintegração da União Soviética que reúne boa parte dos ex-países soviéticos.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/08/080812_russiageorgiaacordo.shtml

Citar
Análise: Rússia vê vitória no enfraquecimento da Geórgia
 
O anúncio feito nesta terça-feira pelo presidente da Rússia, Dmitri Medvedev – em que ele determinou o fim do conflito com a Geórgia – pode não significar o fim imediato da tensão entre os dois países.

Entretanto, Moscou sempre deixou claro que só encerraria a ofensiva em seus próprios termos - o que se traduz, neste caso, em um enfraquecimento da Geórgia, pelo menos na área militar.

A pressão internacional pode ter sido um fator na decisão russa, mas desde o início Moscou estava convencida de que a opinião pública de países do Ocidente estava errada sobre quem era a vítima e quem era o agressor.

Para o Kremlin, oficialmente a ofensiva foi lançada para proteger as vidas de civis e de russos, e a maior parte da opinião pública russa parece acreditar nisso.

Entretanto, à medida que o confronto avançou, ficou claro que Moscou tinha dois objetivos: um militar e um político.

“A conclusão lógica é (que foi para) destruir a capacidade militar da Geórgia”, disse Dmitry Peskov, porta-voz do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, a respeito das metas da campanha russa.

Aparentemente a campanha militar representou um duro golpe para as forças armadas georgianas. Esse objetivo foi alcançado.

Saakashvili enfraquecido?

A meta política, sobre a qual não se falou, é o enfraquecimento do presidente georgiano Mikhail Saakashvili – ou mesmo sua retirada do poder.

O ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, negou que o país tenha qualquer intenção de afastar Saakashvili, mas acrescentou que “seria melhor se ele saísse”.

Qualquer negociação formal entre os dois lados ainda parece distante. Mas antes mesmo de concordar em sentar à mesa de negociações, a Rússia, na prática, já impôs suas condições: não aceita negociar com Saakashvili e não aceita tropas georgianas na Ossétia do Sul

O governo russo acredita que pode ditar as regras. Sente-se fortalecido. Espera ter deixado Saakashvili, um homem com o qual o Kremlin teve uma relação difícil antes mesmo deste conflito, se sentindo mais fraco.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/08/080812_russia_georgiaanaliserg.shtml

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Offline Grinvon

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #10 Online: 13 de Agosto de 2008, 15:20:42 »
qual o motivo do combate?

Há o interesse do lado da Geórgia pela dominação da Ossétia do Sul, que na verdade quer a idependência da região, já que etnicamente, culturalmente eles são diferentes dos georgianos.

A russa no caso está apoiano o movimento de separação, porém a mesma não quer a independência da chechênia.

Os E.U.A está apoiando o lado da Geórgia, porém não está a princípio se metendo nesse confronto.

Offline André Luiz

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #11 Online: 13 de Agosto de 2008, 16:01:34 »
Existem mesmo diferenças étnicas entre russos e georgianos?



Offline Týr

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #12 Online: 13 de Agosto de 2008, 16:02:50 »
Lá tem petróleo...

Precisa dizer mais alguma coisa?

Offline André Luiz

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #13 Online: 13 de Agosto de 2008, 16:15:45 »
Realmente, a Rússia é uma grande fornecedora de gás e petróleo para a Europa.

Mas tem aquele oleoduto, Baku-Tbilisi-Ceyhan, de mais de 1.700 quilômetros de extensão, é a unica saída do petróleo do mar cáspio para o ocidente que independe da Rússia.

É controlado por um consórcio internacional que tem à frente a British Petroleum.

Notem que nos confrontos dos últimos dias a Rússia não bombardeou o oleoduto. :hihi:

Offline Partiti

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #14 Online: 14 de Agosto de 2008, 05:16:25 »
Existem mesmo diferenças étnicas entre russos e georgianos?

Sim, bastante até. Mas o pessoal da Ossétia não são russos propriamente, eles são de uma outra etnia ainda.
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Offline Dr. Manhattan

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #15 Online: 14 de Agosto de 2008, 10:48:58 »
Existem mesmo diferenças étnicas entre russos e georgianos?

Sim, bastante até. Mas o pessoal da Ossétia não são russos propriamente, eles são de uma outra etnia ainda.

Só mais um dado: até o alfabeto da Geórgia é bem diferente do Cirílico:


fonte: http://www.omniglot.com/writing/georgian2.htm

Curiosamente, ano passado li um romance de espionagem que se passava na Geórgia. O autor mostrava o lugar
como sendo um possível foco de conflitos entre potências ocidentais e a Rússia, por causa de um oleoduto que atravessa
o país.
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Offline André Luiz

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #16 Online: 14 de Agosto de 2008, 10:58:35 »
Um dos livros do Tom Clancy?

Offline Donatello

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #17 Online: 14 de Agosto de 2008, 11:01:38 »

 :susto: Qual o problema destes caras com o alfabeto latino?

Offline Dr. Manhattan

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #18 Online: 14 de Agosto de 2008, 11:04:22 »
Um dos livros do Tom Clancy?

Agressor. Do Andy Mcnab. O livro é + ou -. O autor é ex-SAS e conta todos os detalhezinhos de como se monta uma "Black op".

EDIT: Aliás, o bom desse autor é que ele é meio cínico em relaçao a patriotismos de todo tipo.
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Re: Combates na Georgia
« Resposta #19 Online: 14 de Agosto de 2008, 11:06:02 »
Parece que eles são um meio caminho entre eslavos e árabes, embora sejam cristãos.  Esse alfabeto parece com o árabe (nos rabiscos)...

Agora, a população da Ossétia do Sul não chega nem a 70.000, simplesmente não dá para torná-los independentes, é um país inviável.

Se todos fossem mais tolerantes, o correto seria a Osssétia pertencer a Geórgia mas ter mais autonomia como uma "Escócia" da vida...
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Offline Eremita

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #20 Online: 14 de Agosto de 2008, 18:17:55 »

 :susto: Qual o problema destes caras com o alfabeto latino?
Qual o teu problema com o anbani (alfabeto georgiano)? :biglol:

Citação de: Amenemés
Esse alfabeto parece com o árabe (nos rabiscos)...
O alfabeto deles é de 400, ou 500, EC. Antes da expansão árabe. Acho que é criação independente: muito rebuscado pra ser antigo, ou plagiado; e um alfabeto embasado no árabe seria cursivo, com letras ligadas.
(Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Georgian_alphabet )

Indo pro que interessa: política.

Vamos ver alguns dados.

GeorgianosRussosOssetianos
Família lingüísticaIsolados?Indo-europeus,
 eslavos
Indo-europeus,
 iranianos
AlfabetoGeorgianoCirílicoCirílico
Religião dominanteOrtodoxa   OrtodoxaOrtodoxa
População étnica7-8 milhões (Geórgia)137 milhões (Rússia)0,5mi na Rússia,
 65 mil na Ossétia do Sul,
 35 mil no resto da Geórgia

Pelos dados acima, descartamos conflito religioso. Agora, por favor, notem o que está escrito sobre
1)Família lingüística (um dos sensos de identidade de uma população é partilhar um idioma, ou idiomas próximos);
2)Alfabeto (que sugere alinhamento dos ossetianos com os russos, assim como no caso dos mongóis, que usam cirílico),
3)População étnica, o mais importante. A maior parte dos ossetianos está na Rússia, uma minoria razoavelmente localizada na Geórgia. Onde? Ossétia do Sul (norte da Geórgia - Ossétia do Norte é... na Rússia).

Isso sugere que, por parte dos ossetianos, a querela é puramente étnica e nacionalista.
Muitos povos se submeteram a Roma pela promessa de autonomia parcial, em vista de serem dominados por outros povos. Ossétia está fazendo o mesmo.

Só que acho que não é segredo pra ninguém que a Geórgia e a Rússia estão pouco se fodendo pra nacionalidade deles. Qual o poder político envolvido?

Reservas minerais ou econômicas dignas de nota: nada. Em compensação, como foi falado, tem oleodutos!

http://en.wikipedia.org/wiki/Baku-Tbilisi-Ceyhan_pipeline
Vejam as empresas donas dele:
Ingleses: 30,1% Azerbaijaneses: 25,00%
Estado-unidenses: 8,90%+2,50%+2,36% = 13,76%
Noruegueses: 8.71% Turcos: 6.53%
Italianos e franceses: 5% cada
Japoneses:3.4%+2.50%=5,9%

http://en.wikipedia.org/wiki/Baku-Supsa_Pipeline
Dividido por duas empresas azerbaijanas e o governo da Geórgia.

O lugar é estratégico, quanto a petróleo. Está entre os mares Cáspio e Mediterrâneo, sendo de fácil escoamento. Nenhum dos dois oleodutos passa pela Ossétia do Sul; mas, por favor, olhem o mapa em http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a1/Baku_pipelines.svg, já vou falar dele.

Agora, vejam http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/europe/article4495637.ece
e http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/georgia/2525400/Georgia-Russia-enters-into-war-in-South-Ossetia.html

Sim, dois sites britânicos representativos. Os que sabem inglês, dêem uma olhada não somente na informação passada, mas quais informações e qual o tom da informação. Aqueles que acreditam em jornalismo neutro, por favor, dêem uma olhada também, tá?

Agora, olhem um site estado-unidense, a mesma coisa: http://www.usatoday.com/news/world/2008-08-09-ossetia-fighting_N.htm?csp=34
"Russian aggression must not go unanswered" - Bush.

Basicamente, EUA e GB tentam pintar os georgianos de estarem em legítima defesa de seu território, e a Rússia de ser um urso hostil que continua se metendo a "fazer paz", mesmo com a gigantesca perda de vidas.
(O que, cá pra nós, soa meio irônico vindo de quem vem, né? Iraque é passado, né, srs. Pink e Cérebro?)

Ué. Mas os oleodutos não passam pela Ossétia do Sul. Voltem ao mapa. Vejam que a região é tão convenientemente entre os mares Cáspio e Mediterrâneo, na faixa de terra mais estreita entre eles...

Ou seja, não há oleoduto na região, ainda. Tanto os governos dos EUA e da GB, sede das grandes acionistas de um dos oleodutos, se mancaram que vão sair perdendo, e que a idéia da Rússia é ter dois oleodutos: um para "consumo interno" (já existente) e um para comércio exterior.

A Geórgia, nisso, sai perdendo território, fonte de rendas, e população. Em suma, perde poder. E está consciente disso, dando-se ao luxo de jogar algumas vidas na guerra, mesmo sabendo que a Rússia ia revidar, pois assim pode pedir penico às personæ non gratæ por Moscou.

A Ossétia? Vai ficar praticamente como está. Russos, georgianos... fogo e frigideira. Não é uma guerra de independência, na qual tenta-se livrar-se da mão que esgana teu pescoço. É uma guerra por uma menor dependência, na qual prefere-se o algoz que lhe algema ao algoz que te enforca.

Grandes fatos ocorrem duas vezes, mas Hegel esquece de dizer: uma vez como tragédia, a segunda como farsa. Eis a farsa do nacionalismo eurasiano.
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Re: Combates na Georgia
« Resposta #21 Online: 14 de Agosto de 2008, 18:22:37 »
Tava lendo sobre isso noutro fórum e um camarada fez uma comparação interessante: o que Washington ia achar se de repente a Rússia viesse instalar bases militares no México, Cuba e Canadá? Se deslocasse uns barquinhos para o Canal do Panamá? Não iam gostar nem um pouco, certo?

É assim que os russos enxergam a interferência da OTAN na região de influência deles.

Offline Eremita

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #22 Online: 14 de Agosto de 2008, 18:33:17 »
Tava lendo sobre isso noutro fórum e um camarada fez uma comparação interessante: o que Washington ia achar se de repente a Rússia viesse instalar bases militares no México, Cuba e Canadá? Se deslocasse uns barquinhos para o Canal do Panamá? Não iam gostar nem um pouco, certo?

É assim que os russos enxergam a interferência da OTAN na região de influência deles.
Adorei a comparação!

Aliás, quanto a Cuba, a Mãe Rússia (Rússia? Ú-erre-erre-esse*) tava tacando base lá na maior das morais... o precedente foi dado pelos estado-unidenses na Turquia.

*Não resisti, hehe. Citação de A Maiakóvski, da poetisa Marina Tsvietáieva.

EDIT: contagem regressiva para Herf aparecer. 5... 4...
« Última modificação: 14 de Agosto de 2008, 18:40:23 por Eremita »
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Re: Combates na Georgia
« Resposta #23 Online: 14 de Agosto de 2008, 19:04:49 »
Citação de: Eremita
Qual o teu problema com o anbani (alfabeto georgiano)?  :biglol:

Eu já escrevo mal em alfabeto latino de forma que são só uns pauzinhos pra cima e outros pro lado e "pimba! tá lá uma letra!" (no modo cursivo eu já desaprendi o pouco que sabia faz tempo, hoje sou incapaz de escrever sequer o meu nome em letra cursiva). Imagine eu escrevendo nesta joça com rabinho do diabo pra cima, rabinho do diabo pra baixo, bolinha em cima de bolinha com pontinho no meio em mais um rabinho do diabo... ia sair cada garranchão ininteligível que eu nem quero pensar  :P
« Última modificação: 14 de Agosto de 2008, 19:06:51 por Donatello van Dijck »

Offline Eremita

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Re: Combates na Georgia
« Resposta #24 Online: 14 de Agosto de 2008, 19:23:52 »
Eu já escrevo mal em alfabeto latino de forma que são só uns pauzinhos pra cima e outros pro lado e "pimba! tá lá uma letra!" (no modo cursivo eu já desaprendi o pouco que sabia faz tempo, hoje sou incapaz de escrever sequer o meu nome em letra cursiva). Imagine eu escrevendo nesta joça com rabinho do diabo pra cima, rabinho do diabo pra baixo, bolinha em cima de bolinha com pontinho no meio em mais um rabinho do diabo... ia sair cada garranchão ininteligível que eu nem quero pensar  :P
No cursivo, meu "o" é aberto (muita gente confunde com "a"), meu "f" se resume a dois riscos (um que parece um S longo, e um traço perpendicular), meu "b" é igual ao de forma minúsculo, meu "d" parece um alfa... e você acha que faz garrancho???? rsrsrs
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