|  | | Georgianos | Russos | Ossetianos |  | Família lingüística | Isolados? | Indo-europeus, eslavos
 | Indo-europeus, iranianos
 |  | Alfabeto | Georgiano | Cirílico | Cirílico |  | Religião dominante | Ortodoxa | Ortodoxa | Ortodoxa |  | População étnica | 7-8 milhões (Geórgia) | 137 milhões (Rússia) | 0,5mi na Rússia, 65 mil na Ossétia do Sul,
 35 mil no resto da Geórgia
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 Pelos dados acima, descartamos conflito religioso. Agora, por favor, notem o que está escrito sobre
 1)Família lingüística (um dos sensos de identidade de uma população é partilhar um idioma, ou idiomas próximos);
 2)Alfabeto (que sugere alinhamento dos ossetianos com os russos, assim como no caso dos mongóis, que usam cirílico),
 3)População étnica, o mais importante. A maior parte dos ossetianos está na Rússia, uma minoria razoavelmente localizada na Geórgia. Onde? Ossétia do Sul (norte da Geórgia - Ossétia do Norte é... na Rússia).
 
 Isso sugere que, por parte dos ossetianos, a querela é puramente étnica e nacionalista.
 Muitos povos se submeteram a Roma pela promessa de autonomia parcial, em vista de serem dominados por outros povos. Ossétia está fazendo o mesmo.
 
 Só que acho que não é segredo pra ninguém que a Geórgia e a Rússia estão pouco se fodendo pra nacionalidade deles. Qual o poder político envolvido?
 
 Reservas minerais ou econômicas dignas de nota: nada. Em compensação, como foi falado, tem oleodutos!
 
 http://en.wikipedia.org/wiki/Baku-Tbilisi-Ceyhan_pipeline
 Vejam as empresas donas dele:
 Ingleses: 30,1% Azerbaijaneses: 25,00%
 Estado-unidenses: 8,90%+2,50%+2,36% = 13,76%
 Noruegueses: 8.71% Turcos: 6.53%
 Italianos e franceses: 5% cada
 Japoneses:3.4%+2.50%=5,9%
 
 http://en.wikipedia.org/wiki/Baku-Supsa_Pipeline
 Dividido por duas empresas azerbaijanas e o governo da Geórgia.
 
 O lugar é estratégico, quanto a petróleo. Está entre os mares Cáspio e Mediterrâneo, sendo de fácil escoamento. Nenhum dos dois oleodutos passa pela Ossétia do Sul; mas, por favor, olhem o mapa em http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a1/Baku_pipelines.svg, já vou falar dele.
 
 Agora, vejam http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/europe/article4495637.ece
 e http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/georgia/2525400/Georgia-Russia-enters-into-war-in-South-Ossetia.html
 
 Sim, dois sites britânicos representativos. Os que sabem inglês, dêem uma olhada não somente na informação passada, mas quais informações e qual o tom da informação. Aqueles que acreditam em jornalismo neutro, por favor, dêem uma olhada também, tá?
 
 Agora, olhem um site estado-unidense, a mesma coisa: http://www.usatoday.com/news/world/2008-08-09-ossetia-fighting_N.htm?csp=34
 "Russian aggression must not go unanswered" - Bush.
 
 Basicamente, EUA e GB tentam pintar os georgianos de estarem em legítima defesa de seu território, e a Rússia de ser um urso hostil que continua se metendo a "fazer paz", mesmo com a gigantesca perda de vidas.
 (O que, cá pra nós, soa meio irônico vindo de quem vem, né? Iraque é passado, né, srs. Pink e Cérebro?)
 
 Ué. Mas os oleodutos não passam pela Ossétia do Sul. Voltem ao mapa. Vejam que a região é tão convenientemente entre os mares Cáspio e Mediterrâneo, na faixa de terra mais estreita entre eles...
 
 Ou seja, não há oleoduto na região, ainda. Tanto os governos dos EUA e da GB, sede das grandes acionistas de um dos oleodutos, se mancaram que vão sair perdendo, e que a idéia da Rússia é ter dois oleodutos: um para "consumo interno" (já existente) e um para comércio exterior.
 
 A Geórgia, nisso, sai perdendo território, fonte de rendas, e população. Em suma, perde poder. E está consciente disso, dando-se ao luxo de jogar algumas vidas na guerra, mesmo sabendo que a Rússia ia revidar, pois assim pode pedir penico às personæ non gratæ por Moscou.
 
 A Ossétia? Vai ficar praticamente como está. Russos, georgianos... fogo e frigideira. Não é uma guerra de independência, na qual tenta-se livrar-se da mão que esgana teu pescoço. É uma guerra por uma menor dependência, na qual prefere-se o algoz que lhe algema ao algoz que te enforca.
 
 Grandes fatos ocorrem duas vezes, mas Hegel esquece de dizer: uma vez como tragédia, a segunda como farsa. Eis a farsa do nacionalismo eurasiano.
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