Juro que não bebi nada, mas acho que uma carga extra de estresse (trabalho) está me transformando no Sr. Confuso estes últimos dias... estou escrevendo esta observação depois de escrever o post em si (era pra ser um post scriptum) e acho que o Jus vai continuar sem saber o que eu quero dizer, depois que acabar de lê-lo (o post). Orem por mim para que meus neurônios se rearrangem na minha cabecinha dura... negócio tá feio. 
Eu queria dizer que para que um país seja de fato laico nenhuma lei deveria ser concebida baseada em credos, não deveria haver leis que privilegiassem em qualquer nível a crença à descrença ou vice-versa.
Enquanto eu estava postando pensei mas não escreví: o Brasil é um país tendendo a laico mas não é laico (nem sei se posso citar algum que seja). Respondendo ao pedido de exemplo do Jus: existem centenas de pequenas interferências do Estado em prol de alguma religião ou do sentimento religioso não específico. São pequenas leis, pequenas doações, pequenas benesses... que por serem pequenas nós relevamos e encaramos como "não é nada demais"... mas´:
*Cultos religiosos têm permissão (não concedida a nenhum outro grupo) de ignorar a lei do silêncio aos sábados;
*Qualquer redução de direitos a casais homossexuais ou quaisquer outros grupos familiares é baseada em dogmas religiosos, mesmo que não pareça de imediato. No Brasil ainda perduram um monte delas.
*Criminalização do aborto, como inequívocamente demonstram os movimentos "pró-vida", é um exemplo de posição religiosa transformada em lei só por ser a posição religiosa da maioria.
*Manutenção estatal (com recursos estatais) de templos religiosos sob a desculpa de serem de interesse histórico-cultural sem que a posse passe para o Estado. Ora: ou o proprietário (a Igreja no caso) mantém a posse dos prédios (com o direito, inclusive, de realizar cultos, cobrar ingressos, o escambau a quatro) e os custos da sua manutenção ou os custos de manutenção passam para o Estado e a posse também (com direito a transformar em biblioteca, a cobrar ingressos, o escambau a quatro... menos realizar cultos). A mistura dos dois: pinturas, iluminação, serviços de segurança pagas pelo Estado e uso (cultos, cobrança de ingresso, o escambau) desfrutado pela Igreja definitivamente não é laico.
*A lei contra vilipêndio de objetos religiosos (na qual se basearam para recolher as Playboys da Carol Castro) é uma tomada de partido do Estado em defesa do "ser religioso".
De qualquer forma o meu raciocínio, no post anterior, me pareceu equivocado... não por eu ter dito que o Brasil não é completamente laico (e deveria ser) nem por discordar de que basta que os representantes sejam escolhidos democraticamente para que um Estado seja laico (não basta) mas porque ser laico realmente
passa por escolher os representantes de forma democrática, como o Jus disse.
Quero dizer: o Brasil ainda não é plenamente laico porque o povo que escolhe seus representantes ainda não quer que o estado seja laico, e não existe outra maneira de se conseguir o laicismo a não ser que a parcela mais significativa da população (religiosa ou não) decida eleger políticos (religiosos ou não) que estabeleçam como regra moral não legislar a favor ou contra algum posicionamento religioso.
Ainda falta bastante para isso acontecer por aqui.