Alguns colegas do forum se preocupam mais em discutir o autor do topico e do blog que o assunto em questão

Eu me limitei a questionar o autor na sua credibilidade como fonte de informação nesse caso específico. Não me interessa se ele fez sexo na adolescência, se é gay, se é comunista, se é integralista, se é trabalhador ou vagabundo, se os pais são drogados ou santinhos, tanto faz. O ponto é que, geralmente não temos como saber tudo sobre todos os assuntos e temos muitas vezes que ter critérios não só para avaliar informações específicas mas as fontes. Não há como uma pessoa que tenha afazeres cotidianos normais analisar diretamente toda informação que receber, de todo tipo, e certamente não é nem sequer possível aceitar toda informação recebida como verídica, até porque muitas serão contraditórias, tão mais contraditórias quanto mais ampla for a nossa aceitação de fontes.
Eu posso escolher ouvir informações da NASA ou dos caras que dizem que o homem nunca foi à Lua ou que a Terra não gira em torno do Sol, ou ambas. Pode até ser que os teóricos de conspirações e similares tenham mesmo informações verídicas salpicadas em meio às conspirações para dar maior credibilidade (realmente não é incomum, não é esperado que as coisas sejam totalmente malucas, sem nem um pingo de plausibilidade intuitiva), mas como regra geral, por pragmatismo, o melhor é descartar os últimos e ficar com informações da NASA e outras fontes mais em sintonia com essa.
Claro que as vertentes conspiracionistas (seja sobre pesquisa espacial, ETs, aborto, vacinas, medicina de modo geral, evolução, etc) geralmente vão defender que o mainstream das informações não é confiável, que "eles" não querem que saibamos a verdade e etc, é sintomático. Mas felizmente, se você se dedicar a estudar algumas dessas questões em particular, deve concluir que não corre risco em descartar essas fontes de informações "alternativas" e ficar só com o mainstream, que as informações pelos principais canais de informação são geralmente mais confiáveis; que de modo geral, a falha desses canais de informação não é em ser parcial de forma dogmática para uma posição, mas em já dar espaço demais para posições "adversárias" que não se sustentam com base nos fatos, pela boa intenção do jornalismo imparcial.
Sobre os pró-vida especificamente, por exemplo, já chegaram a argumentar:
- que aborto está associado ao câncer (isso após não conseguir evitar a legalização do aborto em um estado americano)
- que embriões de 40 dias já tem ondas cerebrais detectadas por EEG
- que camisinhas não protegem contra DSTs e especificamente HIV
- que a pílula do dia seguinte deveria ser proibida por ser "abortiva"
E etc. Alguns são até abertamente contrários à contracepção de modo geral. Uma citação:
"Eu gostaria de tornar a contracepção ilegal [...] contracepção é enojante - pessoas usando umas às outras por prazer." - Joseph Scheidler, Pro-Life Action League
Não significa que todos "pró-vida" devam ser sumariamente ignorados, estou falando mais especificamente dos ativistas radicais. Aqui mesmo no fórum e em outros fóruns há exemplos de um ou outro pró-vida que não creio que sejam desonestos na sua argumentação, que não usariam dessas táticas mentirosas para tentar favorecer essa posição, apenas seriam posições questionáveis mas honestas, e em alguns casos parcialmente embasadas em erros também honestos (como o chavão "a vida começa na concepção", quando na verdade precede a fecundação; os gametas devem estar vivos para que seja possível a fecundação).
Também não quero dizer que todos pró-escolha sejam confiáveis em todas suas declarações, de modo geral, a recomendação seria a mesma, muito ceticismo quanto a afirmações mais extraordinárias dos mais engajados, muito embora eu não me lembre de alguma mentira nesse caso. Eu particularmente suspeitaria de pró-escolhas que não façam nenhuma restrição quanto ao período em que deveria ser permissível o aborto, ou seja, desconsiderassem como relevante o desenvolvimento embriológico, e eme especial, o critério de atividade cerebral. Lembro que foram acusados de mentir sobre os números de mortes em casos de abortos clandestinos, exagerando-os, mas não pude ainda confirmar, mas principalmente não é algo que considero central na questão da legalização; poderia ser que não moresse mulher alguma, e ainda assim fosse o ideal legalizar o aborto, ou inversamente, poderia ser que morressem mais do que os números supostamente exagerados dos pró-escolha sugerem, e ainda assim não fosse justificada a legalização.