Minha posição sobre a Arte Abstrata, já que sou professor de Arte:
Arte Abstrata é relevante sim, exigindo técnica, estilo, conhecimento profundo sobre a linguagem visual e de composição. Por isso mesmo é mais difícil de ser realizado do que a arte figurativa.
Mais difícil? Uma criança de 2 anos faz.
Não faz não. O que ela fez são borrões de tinta. É difícil mas tentarei explicar. Vamos pegar grandes artistas abstratos do século XX, como Mondrian, Miró, Kandinski e Pollock. São apenas manchas, borrões, linhas, cores, etc, mas me mostre o quadro de qualquer um deles e imediatamente os reconhecerei, afinal, possuem uma identidade única, derivado de anos de estruturação da própria arte. Possui um conceito forte atrás de cada tela, um conhecimento profundo da arte real. Pollock só jogava tinta, mas a maneira de fazer isso, os padrões que ele criou, as sutilezas de tons para criar efeitos tridimensionais são únicos e muito originais.
O grande problema da arte contemporânea é a Arte Conceitual, estreiada pelo merda do Duchamp quando o mesmo colocou um urinol numa exposição de arte, e foi aceito. A piada era essa, mandar um mictório de cabeça para baixo, chamar de A fonte e mandar para uma exposição, na esperança de ser recusado, mas por incrível que pareça aceitaram a "obra", o que justificava a questão: quais são os critérios para definir o que é e o que não é arte?
Só que os artistas vanguardistas desencanados pós-modernistas e frescos acharam a idéia genial: Poderiam fazer arte sem depender de técnica, apenas escolhendo coisas bizarras para expor, sendo que a idéia, o conceito por traz da escolha seria a arte, por isso Arte conceitual.
No Brasil isso chegou com a exposição de um porco empalhado, O Porco, de Nelson Leiner, em 1966.
É uma crítica feroz ao sistema de Salões com premiações para artistas, mas é ridículo como arte em si.
A bosta começa a feder quando isso vira moda. Os críticos de arte e marchants deixam de valorizar obras que dependam de apuro estético, e todos vão atrás de um novo Duchamp. Correm atrás do seu porco empalhado para se dizerem geniais. Isso leva ao caso dos macacos, elefantes e crianças.
Não é a pintura em si que faz sentido para esta gente, mas o fato de expor estas tranqueiras como arte, numa maneira de dizer que tudo é arte, que ela independe de processos lógicos, apenas sentimento e expressão. Baboseira pura.
Neste paradoxo cognitivo, a pintura da criança não é arte, mas expor estes quadros como arte fazem dela uma forma de arte. Difícil de entender? Pra mim também.
Por causa disso é que a pintura deixou de ser uma arte relevante no final do século XX e início do século XXI. Outras formas se destacam mais, sob o vácuo formado por esta crise, principalmente o audiovisual e a fotografia. Hoje discutimos filmes e grandes fotos, de vez em quando a construção de um grande prédio, mas nunca mais é discutido pintura. Virou um tabu ou então irrelevante culturalmente, o que é muito pior. Só aparece nas discussões quando prima pela bizarrice, como o macaco pintando e expondo.
A pintura virou o refúgio dos pedantes, passatempo para mulheres fúteis e decoração de interiores.
Merece um fim muito maior que isso.