Autor Tópico: Que venha a marolinha  (Lida 2063 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #25 Online: 14 de Maio de 2009, 21:20:13 »
Economia "subterrânea" do Brasil cresce 27% em 2008

O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), e o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) divulgaram nesta quinta-feira dados sobre o crescimento da chamada economia "subterrânea" no Brasil, índice que mede transações monetárias e não monetárias informais e ilegais.

De acordo com o estudo, a produção de Bens e Serviços não reportada ao governo subiu 27,6% entre dezembro de 2008 e o mesmo mês do ano anterior. No mesmo período, a economia subterrânea, como fração do Produto Interno Bruto (PIB), cresceu 27,1%.

O índice passou de 94,9 pontos, em 2007, para 120,7 pontos em 2008. Foi o mais forte avanço em um período de dezembro a dezembro da série histórica do índice, que é trimestral e foi iniciada em 2003.

Para calcular o índice foram usados dados sobre informalidade apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e informações sobre circulação monetária apuradas pelo Banco Central (BC).

Fatores

Os institutos apontam que o aumento foi causado principalmente pelo crescimento da arrecadação federal. A excessiva burocracia e a corrupção também serviram de estimulo para a economia subterrânea, de acordo com os pesquisadores.

Atividades legais, como trabalho informal e troca de bens, e atividades ilegais, como o tráfico de drogas, venda de produtos roubados, fraude, corrupção e contrabando, fazem parte do cálculo da economia subterrânea.

Sem crise

O fato da crise internacional não ter abalado o avanço da "economia subterrânea" no ano passado também chamou a atenção dos pesquisadores. O pesquisador do Ibre/FGV Samuel Pessoa explicou que o recuo na oferta de crédito foi uma das consequências mais prejudiciais da crise global dentro da economia formal, no último trimestre do ano passado.

"Mas quase não afetou a economia subterrânea, porque esta não usa crédito. Podemos dizer que a crise pegou em cheio a economia formal, mas não afetou a economia subterrânea", concluiu.

No último trimestre do ano passado, período em que a crise global se agravou, a "economia subterrânea" cresceu 9,5% ante o trimestre anterior, enquanto o PIB brasileiro caiu 3,6%, na mesma base de comparação.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/05/14/economia+subterranea+do+brasil+cresce+27+em+2008+6127915.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #26 Online: 28 de Maio de 2009, 03:18:26 »
Com BB à frente, banca começa a recuperar a razão de ser e reabre o guichê dos empréstimos

Não há liberalidades no revival do crédito, apenas o senso de que a economia não deve agravar-se

A mudança do sistema de risco de crédito pelo Banco do Brasil com o objetivo de motivar a parcela de sua clientela mais propensa a contrair dívidas, se devidamente estimulada, é um impulso poderoso para a retomada da economia. O “conforto” do BB, como os analistas definem a disposição ao risco dos bancos, tem a mão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, mas também é resultado de uma gestão menos conservadora do crédito que começa a voltar ao sistema financeiro.

O BB cortou juros nas linhas de crédito ao consumo, como à compra de carros, eletrodomésticos, materiais de construção, o consignado e, especialmente, ampliou o limite de crédito para um terço dos 32 milhões de correntistas – aqueles que, pelos critérios de análise de risco mais aprofundada que a conferência de eventuais registros de inadimplência, podem aumentar o endividamento pessoal com menor probabilidade de o fluxo de pagamentos vir a sofrer descompasso.

Em suma, o BB se serviu da aplicação do tal “cadastro positivo” aprovado na Câmara, mostrando a irrelevância do recurso, já que em pleno uso, na prática, para a baixa de juros e aumento do crédito. Bancos privados mais adiantados até que o BB na aplicação de tais instrumentos também foram à luta pelo cliente, começando pelo Itaú Unibanco ao restabelecer o prazo de 72 meses para o financiamento de carros. O Bradesco acompanhou o movimento, mas noutro campo.

De olho na expansão da oferta de imóveis novos e usados de até R$ 120 mil para a faixa com renda mensal de 3 a 10 salários mínimos o Bradesco reduziu de 10% ao ano para 8,9%, equivalentes a 0,71% ao mês, mais TR os juros para esse segmento, e aumentou para 30 anos o prazo máximo do financiamento. Outros bancos estão vindo atrás.

A concorrência funciona quando há os estímulos certos. Segurança é o primeiro fator. A expectativa de menor retorno das aplicações concorrentes ao crédito vem a seguir - no caso, é a tendência de queda da Selic. Por fim, um fato gerador costuma ser eficaz, o que se pode atribuir à pressão do governo para o BB e Caixa Econômica Federal abrir as taxas cobradas e expandir a oferta de crédito.

O Bradesco, por exemplo, deve estar com juro menor que a CEF nas operações para o cliente de baixa renda no mercado imobiliário, um mercado tradicionalmente cativo do banco estatal. Isso é novo.

Não há liberalidade

Importante é que não há liberalidades no revival do crédito pela banca, apenas o senso de que a economia não deve agravar-se, mais aplicação inteligente dos sistemas de avaliação do risco.

Tributação menor e menos tomada compulsória de depósitos ao Banco Central, como a banca reivindica, podem acelerar o crédito. Mesmo à falta de tais condições, porém, há espaço para a banca expandir o crédito sem prejuízo, já que não lhe falta gordura para queimar.

Mau exemplo chinês

Empréstimo forçado é sempre um mau empréstimo, algo como acontece na China, onde o Banco do Povo, o BC local, tem uma vantagem impar sobre os demais. Como diz Vitality Katsenelson, gestor de recursos nos EUA, o Federal Reserve pode imprimir dólares, e o faz a rodo, mas não pode forçar as empresas e pessoas a se endividar e gastar.

Na China, que é uma ditadura, isso acontece. O governo controla a maior parte da criação de dinheiro e do aparato de despesas. Só em março a base monetária cresceu 25,5%. A banca, toda estatal, está sendo obrigada a emprestar a dinheirama, e as empresas, estatais, também. Elas têm meta para contrair dívidas, gastar e empregar.

Dose alta é veneno

O método é ruim. Mais cedo ou mais tarde haverá com os bancos da China o que houve com os japoneses na longa estagnação desde final dos anos 80, e se teme que se repita com os americanos: pilhas de empréstimos insolventes, com o banco central incapaz de levantar a economia nem com o Viagra dos juros negativos, o Tesouro nacional afogado em dívidas e a atividade doméstica dependente da economia global, já que oxigenada basicamente por exportações.

Por ora está funcionando na China. As vendas no varejo cresceram 14,8% em abril em base anual, a produção industrial subiu 7,3% e a de carros, acima de 18%. Mas as exportações caíram 22,6% no mesmo período.

O mercado interno para a China, como ao Brasil, é a opção para a débâcle do comércio global, o que faz do crédito ao consumo o motor de arranque da atividade. A diferença é que as exportações representam 25% do PIB no Brasil. Na China é oxigênio da economia. Mas crédito demais é veneno, e lá parece que já começou a refluir.

Risco de esteróides

A motivação da China para pisar no acelerador do crédito é mais política que técnica. Pequim, segundo Katsenelson, “brinca com o comunismo, socialismo e capitalismo, tudo ao mesmo tempo”, e tem pavor dos protestos populares, crescentes pelo desemprego trazido pelo colapso das exportações e a falta de institucionalidade para a rápida expansão do consumo doméstico.

Motivações políticas são da vida, mas induzem o governante a optar pelos caminhos de menor resistência. Lá, o risco é mais repressão e dirigismo. Aqui, com eleições à vista, crescimento econômico bombado por esteróides sem nexo com as necessidades da economia. A autonomia do BC vai ser testada.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/48001_49000/48454-1.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Hugo

  • Nível 31
  • *
  • Mensagens: 1.917
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #27 Online: 29 de Maio de 2009, 11:31:25 »
Pois é... pois é... pois é... o Lula estava certo: é uma marolinha mesmo...
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #28 Online: 29 de Maio de 2009, 11:32:37 »
Pois é... pois é... pois é... o Lula estava certo: é uma marolinha mesmo...

Lula = relógio parado
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Luiz Souto

  • Nível 33
  • *
  • Mensagens: 2.356
  • Sexo: Masculino
  • Magia é 90% atitude
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #29 Online: 30 de Maio de 2009, 16:19:47 »
Citar
"Estamos falando de um assalto"

Ladislaw Dowbor

Por Fernando Taquari Ribeiro, de São Paulo

A mudança do papel do Estado na economia, resgatando sua capacidade reguladora sobre o sistema empresarial e financeiro é um dos fatores fundamentais num processo de desenvolvimento mais democrático, onde os interesses da população estão em primeiro lugar. A opinião é do professor Ladislaw Dowbor, do Programa de Pós Graduação em Administração da PUC-SP, que também defende uma atuação agressiva do Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras instituições governamentais no sentido de forçar a baixa dos juros e aumentar a oferta de crédito. Para Dowbor, as taxas praticadas pelos bancos comerciais podem ser comparadas a "um assalto" e isso justifica a intervenção do governo, via bancos estatais, com o objetivo de democratizar a oferta de financiamentos, de forma que o pequeno empreendedor possa levar adiante seus projetos, criando-se uma cadeia capilar de desenvolvimento. Dowbor lembra que o grande desafio para o Brasil é vencer a desigualdade social e uma das armas para esta batalha é o programa Bolsa Família, segundo ele, criticado por muitos, anteriormente, e agora elogiado porque contribui para a ampliação do mercado interno. Nesta entrevista, o professor fala também sobre as lições da crise econômica, que devem levar a novas formas de se promover o desenvolvimento econômico e social e sobre outras questões globais como as propostas discutidas no encontro do G-20 e a criação de uma nova moeda, ou uma cesta de moedas, para substituir o dólar nas transações internacionais.

Desafios - A crise financeira internacional pode afetar a crença nas leis de mercado e no próprio sistema capitalista na mesma proporção em que a queda do muro de Berlim determinou os destinos do comunismo?

Ladislaw Dowbor - Há tantas refutações de que o mercado não funciona que é duvidoso. Ele simplesmente é necessário. Eu trabalhei na Polônia no âmbito da economia socialista. Havia mecanismos de mercado amplamente utilizados. Não estou falando do mercado no processo de concorrência entre uma série de produtores e pessoas que trocam valores com outros, permitindo a divisão de trabalho na sociedade. Isso é valioso e deve ser guardado. O que se confundiu foi o mecanismo de mercado com a regulação geral da sociedade.

Desafios - Como assim?

Dowbor - O mecanismo de mercado protege para as trocas. Não protege o que produzimos, para quem e sobre quais custos tanto para a natureza quanto para a sociedade. Portanto, o que está acontecendo é que o mercado está perdendo sua capacidade reguladora na sociedade. O sistema de bancos no Brasil é essencialmente carteirizado. Na Inglaterra, o crédito pessoal no HSBC é de 6%, enquanto aqui passa de 60%. Se houvesse mecanismos de mercado, as pessoas iriam buscar capital lá ou aplicariam aqui. Ou seja, nas áreas carteirizadas, que pertencem às grandes corporações, deixou de funcionar o mercado.

Desafios - O que fazer então?

Dowbor - É preciso ter sistemas de regulação equilibrados entre os intermediários financeiros, bancos centrais, governos e as organizações de usuários. O mercado não resolve tudo sozinho. Veja, por exemplo, o caso de grupos como as Casas Bahia, que trabalham frequentemente com taxas de juros de 100%. Uma pessoa de baixa renda paga o dobro do valor de um produto. Isso é extorsivo e se baseia na manutenção da desigualdade de renda, que força as pessoas sem dinheiro vivo a pagar em pequenas prestações o dobro do que pagaria uma pessoa com mais recursos. Existe um mecanismo financeiro de concentração de renda. São áreas comerciais que passaram, ainda que de forma não declarada, a ter uma atuação financeira. Assim, o acesso aos recursos e a distribuição equilibrada na sociedade está cada vez menos regulada com mecanismos de mercado. Além disso, o mercado é nocivo na exploração de bens naturais.

Desafios - Como?

Dowbor - Basta observar o caso da pesca oceânica. Com o GPS e as novas tecnologias, se torna possível extrair o volume de peixes desejado. Virou um matadouro. E quanto mais avança a tecnologia, mais barato é capturar o peixe. No entanto, à medida que os peixes vão se esgotando, os preços sobem. O problema da água também está se tornando crítico para a humanidade. Com sistemas modernos se tornou viável bombear enormes quantidades de lençóis freáticos subterrâneos que se acumulam durante séculos. O processo funciona com extrema rapidez. Isso gera grandes fortunas para determinados grupos, que não arcaram com custos da sua produção. Por outro lado, liquida, a base de água e não gera emprego. Esse eixo é simplesmente destrutivo para as áreas de recursos limitados. Então, o mercado não tem capacidade para regular áreas que envolvem recursos naturais. Com a crise financeira internacional, há muitos especuladores à procura desesperada de onde aplicar seus recursos. Eles querem comprar imensas áreas de solo no Brasil de olho na pressão alimentar e na oportunidade de lucros com os bicombustíveis.

Desafios - O governo brasileiro acertou então ao criar uma moratória de compra e venda de terras em áreas onde a água deveria ser canalizada?

Dowbor - Sim. Caso contrário você teria europeus, americanos e grupos de São Paulo comprando todas aquelas terras para revender ou aproveitar os seus eventuais benefícios. A capacidade reguladora do mercado se perdeu no momento em que cresce a pressão por recursos naturais, aumenta a população mundial, o nível de consumo e na medida em que se formam grandes conglomerados planetários. Isso já não é mercado. São sistemas de poder de grupos privados que exercem poder político sem serem eleitos. Por isso defendo que o mecanismo econômico tem de ser democratizado.

Desafios - Qual sua avaliação sobre a declaração final do encontro do G-20 realizado em Londres no mês passado?

Dowbor - Tivemos um encontro do G-20 em novembro e, outro mais recente, em Londres. Não há uma diferença substantiva entre os dois. São declarações de intenções que se destinam basicamente a apaziguar a tensão, uma vez que centenas ou milhões de aposentados perderam sua aposentadoria e há um número crescente de desempregados. A tensão em torno destes problemas se tornou imensa. A declaração do G-20 de Londres é positiva em algum sentido. Primeiro porque se expandiu o número de países que participam do processo político. Tem um lado um pouco sem vergonha nisso porque quando as potências prosperavam era G-7. Quando estourou a crise, eles foram buscar sócios. De qualquer maneira, os 29 pontos da declaração são grandes princípios, além de positivos, sobretudo no que se refere ao meio ambiente, maior controle sobre o sistema financeiro, fim do protecionismo, mais poder ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e um aumento na participação de diversos países nas várias instituições internacionais.

Desafios - O que poderia ter sido aprimorado? Dowbor - Quase ninguém reparou que há um anexo de medidas financeiras na declaração de Londres, que foi feito rigorosamente por gente do chamado mercado financeiro. Por exemplo, as compensações para diretores e acionistas será responsabilidade deles próprios. Ou seja, não haverá nenhuma instituição para fiscalizá-los.


"Injetar dinheiro nos intermediários fi nanceiros
foi a primeira reação. Os bancos estão quebrando.
Portanto, você coloca dinheiro para não
quebrar. Contudo, a economia real começa
a quebrar por falta de crédito."


Desafios - O senhor acredita que as propostas serão implementadas?

Dowbor - As propostas de arquitetura financeira mundial contidas nos acordos de Bretton Woods foram trabalhadas durante dois anos até a sua implementação. Eu, particularmente, estou cético e realista neste aspecto. Estamos começando um processo. Você não faz isso em três ou seis meses. Além disso, tudo vai depender da profundidade da crise, que ainda é completamente incerta. Ninguém sabe, nem mesmo o pessoal que criou esta crise. Mudanças mais profundas no sistema dependem da intensidade da crise. Se amanhã tudo voltar à normalidade, os especuladores, que criaram o problema, vão tentar manter as coisas como estão, esperando pela próxima crise. Isso já ocorreu antes com as crises na década de 1990. Estamos num limbo de regulação que é extremamente perigoso.

Desafios - A dívida pública dos Estados Unidos ultrapassou o teto dos US$ 10 trilhões. As injeções de recursos no sistema financeiro pelo governo do presidente Barack Obama surtiram efeito?

Dowbor - Injetar dinheiro nos intermediários financeiros foi a primeira reação. Os bancos estão quebrando. Portanto, você coloca dinheiro para não quebrar. Contudo, a economia real começa a quebrar por falta de crédito. O que eles fizeram então? Injetaram mais dinheiro nos bancos, pensando que com mais liquidez eles passariam a oferecer crédito. Isso não aconteceu. No caso dos Estados Unidos, os bancos maiores estão comprando os pequenos para reforçar oligopólios. Há uma dimensão profundamente golpista neste sentido. Afinal, eles não querem mercado. No caso brasileiro, os cerca de R$ 100 bilhões que foram transferidos para os bancos via redução do compulsório e outros mecanismos, em vez de se transformarem em crédito para dinamizar a economia, estão sendo utilizados na compra de títulos do governo para depois serem remunerados pela taxa Selic. Ou seja, o sistema financeiro não está fazendo o seu papel de financiar a economia. Um papel, aliás, que está na Constituição.

Desafios - O papel do Estado na economia deve ser rediscutido?

Dowbor - Estamos constatando a necessidade de fazer funcionar a economia com o interesse de uma sociedade socialmente equilibrada e com políticas ambientais que não destruam o planeta. Uma mudança de paradigma energético produtivo. Acho que o eixo é este. Em função destes objetivos, você tem que ter outro tipo de orientação da economia, com mudanças no papel do Estado. Não significa maior tamanho do Estado na economia. Significa que a regulação política dos processos econômicos tem que avançar. É importante resgatar a capacidade reguladora do Estado sobre o sistema empresarial e articular políticas públicas com organizações da sociedade civil. É um processo mais horizontal, democrático, e descentralizado, onde os interesses da população estejam em primeiro lugar.

Desafios - E como fazer isso?

Dowbor - Eu sempre uso o exemplo do programa de expansão da Coréia do Sul. São investimentos de US$ 36 bilhões em energia limpa. A expectativa é de que, com o programa, serão criados 960 mil empregos. O emprego tira as pessoas do desespero e gera mais recursos na base da sociedade. Ocorre um impacto social de igualdade. Por outro lado, com esse dinheiro, a população consome e não aplica na bolsa. Isso é um processo anticíclico. O dinheiro que vem por parte do governo, em vez de ir para a especulação, como fazem os bancos privados, está aplicado em investimentos necessários para o país. Ao mesmo tempo em que melhora a situação do meio ambiente e oferece um equilíbrio social, o programa protege a Coréia do Sul da crise ao gerar emprego, demanda de consumo e de equipamentos para esses investimentos.

Desafios - Como o senhor vê a questão da redução dos juros e do spread bancário no Brasil?

Dowbor - Repare que nos jornais só aparece a discussão sobre a taxa Selic. Agora, e as taxas de juros cobradas pelo sistema ao tomador final? A média para pessoa jurídica é de 68%, para pessoa física 110%, cheque especial 166%, no cartão 220%. Estamos falando de um assalto. Eu acho que o papel dos bancos oficiais é introduzir mecanismos de mercado neste processo para oferecer crédito a custos decentes. Temos que lembrar que o banco tem uma função social, de acordo com a Constituição. Mesmo o banco privado é uma carta patente que o autoriza a trabalhar com o dinheiro do público. Não é dinheiro do banco. Então, ele tem que responder a certas exigências. Como ele tem forte controle sobre o próprio Banco Central, então, aqui o sistema financeiro ficou sem regulação efetiva. Instituições como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, BNDES, que já fazem isso há bastante tempo, devem buscar novas formas de democratização de acesso ao crédito. O Brasil tem um volume de crédito da ordem de 37% do PIB. Isso é muito baixo. O crédito é bom, o sujeito quer abrir uma marcenaria, então precisa do crédito, mas não pode ser com essa taxa de juros. O papel do banco é isso. Estimular o empreendedorismo.

Desafios - Muitos analistas apostam que o mercado interno será o motor da economia nacional neste ano. O senhor concorda?

Dowbor - É como se o governo Lula estivesse se protegendo de antemão. Houve uma convergência do aumento da capacidade de compra do salário mínimo na faixa de 51% a 53%. Isso é gigantesco. Atinge 26 milhões de assalariados e 18 milhões de aposentados. Você teve também nos últimos anos uma expansão no emprego na ordem de 11 milhões de pessoas. Isso gerou demanda na base da sociedade. Vale ressaltar ainda o crescimento do crédito rural. O Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar] passou de R$ 2,5 bilhões para R$ 12,5 bilhões. Injeção de recursos no pequeno produtor rural, que representa 70% dos alimentos produzidos pelo País. Isso sem mencionar o Bolsa Família, responsável por tirar da miséria negra 50 milhões de pessoas. Este governo trabalha com cerca de 150 programas interministeriais. Isso gerou uma ampliação da demanda interna que casa com a crise da demanda externa. Veja o exemplo da carne. Com a crise no mercado externo, o setor está sendo obrigado a vender no mercado interno. Percebemos que tem muito mais carne nos açougues e os preços estão cada vez mais baixos. Houve uma reconversão. Parte do que era exportado, agora, está se voltando para o mercado interno.

Desafios - O senhor disse em artigo recente que a crise é uma oportunidade para o Brasil. Por quê?

Dowbor - O grande problema do Brasil é a desigualdade social. Somos o segundo ou o terceiro pior país do mundo em termos de distribuição de renda. Quando o mercado externo está em crise, você é obrigado a se voltar para o mercado interno. Então, de repente, todas aquelas pessoas que falavam mal do Bolsa Família, agora acham o programa bom, pois ele gera mercado interno para os produtos que não estão sendo vendidos lá fora por causa da recessão. Ocorre uma convergência política de interesses na necessidade de fortalecer o mercado interno. Isso não é novo no Brasil. Nos anos 1930, com a crise de 1929, não dava para exportar café. E como não se exportava café, não havia divisas para importar todos os produtos. No mercado interno, ninguém sabia produzir esses bens. Então, os capitais, que estavam no café, vendo que o produto só dava perdas, fecharam as fazendas e saíram à procura de outras coisas para produzir. Esses capitais perceberam que já havia uma demanda preexistente de produtos que não estavam mais sendo importados. Por essa razão que os anos 1930 foram uma época de imensos avanços do aparelho produtivo brasileiro. O mecanismo é muito interessante e se for bem aproveitado, matamos três coelhos de uma vez.

Desafios - De que maneira?

Dowbor - De um lado puxamos para cima nosso quarto mundo, que é a miséria do andar de baixo da economia. Depois reconvertemos os agroexportadores, que desmatam a Amazônia e contaminam os lençóis freáticos com agrotóxicos, com uma agricultura alimentar diversificada em um sistema de equilíbrio de longo prazo. Ao gerar esta dinâmica, estamos nos protegendo da crise. São políticas anticíclicas. Essa convergência que é o nó da oportunidade. Nas exposições que assisti do presidente Lula, dos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil), e até do Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), a compreensão deste processo está clara. Este é um governo que tem uma linha de enfrentamento da crise.

Desafios - Mesmo assim o setor exportador continuará em crise. Isso não é prejudicial?

Dowbor - O Brasil está numa situação particular. Temos, hoje, 13% da economia para a exportação. Isto é, o País não depende tanto assim da exportação. Além disso, diversificamos nossa pauta para diversos lugares do planeta. Atualmente, os Estados Unidos representam apenas 25% do nosso comércio exterior. Outro ponto extremamente importante é o crescimento das reservas internacionais do Brasil, que passaram de US$ 30 bilhões, em 2002, para cerca de US$ 200 bilhões. Isso equilibrou as relações externas. Agora, o setor exportador, é claro que está em crise. Primeiro, porque houve uma redução de demanda no nível internacional por conta da recessão. Segundo, porque com a crise financeira há muito menos acesso à credito de exportação. Exportação exige crédito. Essa dificuldade de comércio exterior vai se manter durante algum tempo, o que deve reforçar a idéia de reconversão em função do mercado interno.

Desafios - Os emergentes não estão imunes à crise. Para o senhor, estes países podem ser transformar na locomotiva para a retomada do crescimento?

Dowbor - Eles podem constituir uma estratégia. Numa situação crítica de uns 30 anos atrás, o primeiro ministro da Alemanha Willy Brandt elaborou, na ocasião, um relatório chamado Norte-Sul. O documento dizia que a prosperidade no grupo dos países ricos da América do Norte, Europa Ocidental, Japão, Austrália e Nova Zelândia não se sustenta sem a abertura de uma nova fronteira de atividade de mercado. Ou seja, o conjunto de terceiro mundo, essas 4 bilhões de pessoas que não têm acesso ao consumo diversificado representam uma imensa fronteira anticíclica de dinamização da atividade. Por este motivo que um dos últimos documentos do Banco Mundial se chama os próximos 4 bilhões. Eles estão estudando como atingir os quatro bilhões, dois terços do planeta, que estão fora do sistema. Isso, na verdade, já era proposto pelo Willy Brandt há uns 30 anos.O caminho é o mesmo trilhado pelos países desenvolvidos. No pós-guerra, eles entraram em fortes processos de redistribuição de renda. O amplo mercado interno viabilizou um conjunto de atividades que gerou a prosperidade. A idéia é reproduzir isso em nível mundial. Neste sentido, acho coerente que o conjunto do terceiro mundo se forme como um elemento dinamizador da economia mundial.

Desafios - Qual sua opinião sobre a proposta da China de trocar o dólar por uma nova moeda de circulação mundial?

Dowbor - Faz parte de um conjunto de medidas que estavam em discussão na reunião do G-20 de Londres. Você não pode continuar a dar a uma única nação, os Estados Unidos, a possibilidade de ser a moeda mundial, que eles emitem quando querem. Isso explica porque os norteamericanos se endividaram de maneira tão prodigiosa nos níveis público, privado e externo. Eles estão à vontade, emitindo dólares. Este tipo de irresponsabilidade financeira da direita norteamericana em definir o poder não pode continuar. A crise expôs os riscos de fazer o uso de apenas uma moeda. No encontro G-20, os chefes de Estado decidiram triplicar o caixa do Fundo Monetário Internacional ao repassar US$ 750 bilhões para a instituição. Isso não entra somente como dólar. Entra como direitos especiais de saque que são baseados numa cesta de moedas. O momento delicado é o seguinte: a China maneja cerca de US$ 2 trilhões em reservas. Os americanos estão emitindo dinheiro adoidado para alimentar bancos. Quando você emite muito dinheiro, a tendência é o papel perder valor. A China não vai querer perder dinheiro. Houve uma saída de papéis podres para o dólar, que é melhor. Mas na medida em que os Estados Unidos aprofundam seu déficit, sustentando a General Motors e os bancos, você tem cada vez mais papéis, e quando você emite muito mais papéis do que a riqueza que você tem, esse papel apodrece.

Desafios - Por que não se tentou essa substituição antes?

Dowbor - Porque a China estava preocupada em não perder suas reservas com a desvalorização do dólar se de fato ocorresse uma troca da moeda norteamericana. A proposta é estrutural de que o dólar entre como uma das moedas da cesta. Ninguém está interessado em quebrar o dólar, os Estados Unidos ou qualquer coisa do gênero. O que não se pode é deixar só com os Estados Unidos o uso irresponsável da capacidade de emitir dinheiro para o seu uso. A economia se globalizou, virou planetária, mas não temos um governo planetário. O resultado é essas reuniões de chefe de Estado a toda hora para procurar um caminho.

Desafios - É possível imaginar como será o póscrise em termos de regulamentação de mercado?

Dowbor - As pessoas pensam que a economia é como o mar, que sobe e desce. Não é o mar. Nossa cabeça trabalha naturalmente por analogia. Ninguém disse que quando se desce vai subir. A saída da crise de 1929 foi uma guerra catastrófica para todo o planeta. Por isso que eu digo desde o começo: como ninguém sabe a profundidade da crise, quanto mais se aprofunda, mais os impactos são estruturais. Não podemos continuar a viver neste planeta com um consumo irresponsável por uma minoria da população, que consegue destruir as reservas e os recursos naturais que estão no planeta como se fossemos a última geração do mundo. Não dá para achar que este sistema é bom e deve voltar a funcionar porque vai aumentar o Produto Interno Bruto (PIB).

Desafios - Essa seria a principal lição desta crise?

Dowbor - Acho que sim. Estamos como que acordando de uma farra tecnológica financeira. Temos 4 bilhões pessoas que estão fora do sistema e sabem disso. Não é à toa que em toda América Latina estão se elegendo governos vinculados às propostas sociais e de distribuição de renda. Mas, ao mesmo tempo, esse novo sistema tem que ser economicamente viável. Não acho que é uma estatização que vai ajudar, mas articulações entre empresas, sociedade civil e Estado, de maneira muito equilibrada. Os últimos 30 anos foram dominados por grandes corporações. Além disso, o PIB não constitui um instrumento adequado de contabilidade.

Desafios - Por quê?

Dowbor - O PIB é um cálculo incorreto e não constitui uma bússola adequada. Você tem que colocar como objetivo não o aumento do PIB ou o lucro dos bancos, mas a qualidade de vida da população. O comportamento econômico não pode ser levado em conta sem interesses da população e a sustentabilidade ambiental. Como dizer que a economia vai bem se o povo vai mal? Como pode a destruição ambiental aumentar o PIB? Justamente porque o PIB calcula o volume de atividades econômicas, e não se elas são nocivas para o meio ambiente. As limitações do PIB aparecem através de vários exemplos. Tanto assim que, quando você exporta petróleo, você diz que aumentou o PIB. Na verdade, o país está reduzindo seu capital. A expressão "produtores de petróleo" é interessante, já que nunca ninguém conseguiu produzir petróleo. Este é um estoque de bens naturais. Sua extração é positiva, mas temos que lembrar que estamos reduzindo cada vez mais o estoque de bens naturais que iremos entregar aos nossos filhos. Atualmente, São Paulo anda em primeira e segunda. Isso provoca gastos com o carro, gasolina, seguro, doenças respiratórias e o tempo perdido. Se você observar atentamente, os quatro primeiros itens aumentam o PIB. O último, contudo, não é contabilizado. Ou seja, aumenta o PIB, mas reduz-se a mobilidade. Na metodologia atual, a poluição aparece como sendo boa para a economia, enquanto que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) surge como o vilão que impede o Brasil de atingir o desenvolvimento pleno. Desta forma, quem joga lixo nos rios contribui para a produtividade do País, pois o Estado é obrigado a contratar empresas para fazer o desassoreamento da calha.

Desafios - Há alternativas?

Dowbor - Sem dúvida. O PIB merece ser colocado no seu papel de ator coadjuvante. O objetivo é vivermos melhor. A economia é apenas um meio. O nosso avanço para uma vida melhor é que deve ser medido.
http://www.ipea.gov.br/default.jsp
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #30 Online: 09 de Junho de 2009, 19:44:50 »
Passado que condena

Se houve surpresa, ela até pode ser considerada positiva. A queda da economia, no primeiro trimestre do ano, anunciada há pouco pelo IBGE, veio menor do que a esperada. Sobre o quarto trimestre de 2008, o recuo foi de 0,8% (1,8%, na comparação com o primeiro trimestre de 2008).

Mas, se, pelo visto, o desenho da evolução econômica não mostra um bicho tão feio quanto muitos pintaram, não é o caso de se iludir com ele. Na aventura de analisar o resultado do PIB do primeiro trimestre, incluindo na análise, a situação em que se encontra a economia já nas bordas do fim do segundo trimestre, é possível tropeçar em várias pegadinhas.

É o caso, por exemplo, da famosa “recessão técnica” em que entramos. “oficialmente”, com a confirmação de que houve recuo no desempenho econômico em dois trimestres seguidos. “Recessão técnica” é uma bobagem técnica.  Serve apenas para acalmar a compulsão humana, exacerbada na modernidade pela fé na “ciência”, de classificar os fenômenos à nossa volta.

Uma economia que crescer 0,1% a cada trimestre não estará em “recessão técnica”. E daí? Para mim, recessão verdadeira, grosseiramente falando, é aquela situação em que os fatores de produção existentes, num período de tempo razoável, não encontram utilização.

Nesse sentido, estamos em recessão há pelo menos oito meses, que é o tempo em que o mercado de trabalho não foi capaz de absorver nem o estoque de mão-de-obra existente e muito menos os novos ingressantes. No Brasil, resumindo o argumento, crescer menos de 2% significa não ocupar a capacidade produtiva existente e, portanto, eis aí um crescimento que, na verdade, configura recessão. Na China, isso deve ocorrer com um crescimento abaixo de 5%.

Além disso, é bom não desprezar as peculiaridades dessa recessão. No ambiente atual, em que a economia afundou de modo abrupto e muito rápido, sem a natural e gradual depreciação dos ativos físicos e dos demais fatores produtivos, a retomada do presente faz o passado, medido pelos métodos de aferição das contas nacionais, ficar ainda mais distante.

Outra pegadinha para a análise do desempenho do primeiro trimestre é o fato de que o recuo veio menor do que o esperado. O consumo das famílias, apesar de tudo, cresceu. E o setor de serviços, apesar de tudo, idem. Há uma recuperação em curso e todas as projeções para o segundo semestre já são de crescimento. Será que no fim das contas não teria sido uma marolinha?

Melhor ir mais devagar. A recuperação é real, mas lenta e algo dificultosa. A sensação de que o pior já passou e que, enfim, não foi tão ruim é, em parte, enganosa. Deriva do fato de que, agora já se pode enxergar um pouco melhor, a crise atingiu muito desigualmente os setores econômicos. Quem tem na exportação uma fatia importante do negócio pagou mais o pato – e o pior é que continua pagando. Daí a situação menos rosada da indústria e da agricultura, apontada nas contas do primeiro trimestre, agora divulgadas.

Resta ainda o mais importante: o investimento. A queda foi particularmente violenta. As decisões de ampliar capacidade foram generalizadamente adiadas e investimentos em curso suspensos. Isso significa que a retomada em curso pode prosseguir numa boa até um certo limite. Depois de ocupar a capacidade instalada – que já vinha sob pressão quando a crise eclodiu, no início do quarto trimestre do ano passado – a marcha, que não está sendo rápida, pode ficar mais lenta ainda.

Para encurtar a história, os números agregados do primeiro trimestre vieram melhores do que o projetado. Mas, nas suas entranhas, carregam indicações que preocupam. É, sim, uma visão do passado. Só que esse passado, se não forem tomadas providências adequadas para corrigir e ajustar os rumos, pode nos condenar no futuro.

http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer/2009/06/09/passado-que-condena/

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Madame Bovary

  • Nível 14
  • *
  • Mensagens: 315
  • Sexo: Feminino
  • "Há meros devaneios tolos a me torturar..."
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #31 Online: 10 de Junho de 2009, 11:34:21 »
Hoje saiu, como manchete, no Estado de Minas:

Crise fica com cara de marolinha
Queda de 0,8% no PIB confirma recessão, mas é bem menor que tsunami previsto por especialistas. Encolhimento da economia no primeiro trimestre em relação ao período anterior, quando despencou 3,6%, caracteriza tecnicamente a recessão. Mas sinais positivos de crescimento da oferta de crédito e da produção industrial em maio indicam que o pior já passou. No entanto, alguns setores da indústria ainda preocupam.


Mas a Míriam Leitão insiste e resiste que as coisas estão de mal a pior... alguém, por favor, diga a ela que o Brasil NÃO vai quebrar. :histeria:

.
Olho, e as coisas existem.
Penso e existo só eu.

.

Skoob

Filmow

Offline Barata Tenno

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 16.283
  • Sexo: Masculino
  • Dura Lex Sed Lex !
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #32 Online: 10 de Junho de 2009, 11:50:37 »
Pode nao set um tsunami mas tb nao eh marolinha...
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Hugo

  • Nível 31
  • *
  • Mensagens: 1.917
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #33 Online: 10 de Junho de 2009, 12:39:58 »
Hoje saiu, como manchete, no Estado de Minas:

Crise fica com cara de marolinha
Queda de 0,8% no PIB confirma recessão, mas é bem menor que tsunami previsto por especialistas. Encolhimento da economia no primeiro trimestre em relação ao período anterior, quando despencou 3,6%, caracteriza tecnicamente a recessão. Mas sinais positivos de crescimento da oferta de crédito e da produção industrial em maio indicam que o pior já passou. No entanto, alguns setores da indústria ainda preocupam.


Mas a Míriam Leitão insiste e resiste que as coisas estão de mal a pior... alguém, por favor, diga a ela que o Brasil NÃO vai quebrar. :histeria:



Não adianta... a Miriam é velha conhecida...
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #34 Online: 18 de Junho de 2009, 19:57:21 »
As operações compromissadas do BC

A maneira como se criam falsos escândalos – como nessa operação fiscal da Petrobras – e se deixam de lado escândalos concretos, é típica de um país que ainda não ascendeu à condição de desenvolvido

Confira o que o Banco Central está fazendo com as operações compromissadas da dívida pública interna.

***

Antes da eclosão da crise, alertei aqui para os riscos embutidos nas operações de “swap reverso” praticadas pelo banco. A operação permitia ganhos substanciais aos investidores – e prejuízos monumentais ao Tesouro – enquanto o real continuasse se valorizando. Foi a forma torta encontrada pelo BC para compensar os grandes exportadores pela perda de competitividade do câmbio.

Com o real se apreciando, perdia o Tesouro. Com o real se desvalorizando, houve quase uma crise sistêmica, com grandes empresas levando prejuízos monumentais. Essa crise dos derivativos – induzida pelo BC – foi a principal responsável pela demora na normalização do crédito e no aprofundamento da crise.

Agora, o BC voltou a brincar com as operações compromissadas – aquelas feitas no overnight, em que o BC vende um título com o compromisso de recomprar no dia seguinte ou alguns dias depois. Estudos dos economistas José Roberto Afonso e Geraldo Biasoto traçaram um quadro preocupante.

No segundo semestre de 2008, a desvalorização do real permitiu um lucro bruto de R$ 185 bilhões ao BC. Esse valor foi transferido, cash, para o Tesouro. Simultaneamente, o Ministro Guido Mantega, da Fazenda, e o presidente do Banco Central Henrique Meirelles, assinaram medida provisória – convertida em lei em novembro – vinculando o resultado do BC ao resgate de títulos da dívida mobiliária, começando por aqueles que estão na própria carteira do BC.

Acontece que o próprio BC passou a ignorar solenemente a medida, diz José Roberto. Hoje em dia, o total de operações compromissadas do BC é de R$ 396 bilhões. Esse valores correspondem a 84% de sua carteira de títulos – em 2005 era de apenas 8%. Desse total, 68% são de operações de prazos menores que duas semanas.

Se juntar com a dívida mobiliária, em abril chegou a 56% do PIB, alta de 3,1 pontos do PIB apenas este ano.

Além de aumentar o endividamento público, permite aos bancos deixar de emprestar às famílias e às empresas – porque tem um tomador imenso que se dispõe a pagar caro pelo dinheiro captado. Nunca na história esse montante foi tão elevado, alerta José Roberto.

Agora que o real está se valorizando novamente, o endividamento público aumentará sem que tivesse sido reduzido no momento em que o câmbio remava a favor da redução da dívida.

Assim como no episódio do “swap reverso”, é uma operação escandalosa. Quando houve a crise de liquidez no sistema, o BC injetou – via redução do compulsório – R$ 99,8 bilhões nos bancos. Agora, indo contra sua própria política, injetou R$ 82,8 bilhões em operações compromissadas, fazendo com que praticamente todo dinheiro injetado no sistema servisse apenas para os bancos aplicarem nos juros ainda elevadíssimos dos títulos públicos.

Faltam carros zero nas lojas

Com o prazo do IPI menor para automóveis se encerrando ao fim do mês, alguns modelos já estão em falta nas lojas – algumas versões de veículos com motor 1.0, por exemplo, só têm entrega prevista para julho. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, reiterou ser contra uma nova prorrogação, afirmando que a manutenção do IPI menor só se justifica no setor de construção civil, por conta do programa público de construção e financiamento de casas populares.

Novas regras bancárias nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou uma nova proposta de mudança para o setor financeiro do país. A intenção de Obama é que o Federal Reserve (o Banco Central americano) "tenha novas competências e responsabilidades para regular as companhias bancárias e outras grandes firmas que, se fracassarem, colocam em risco toda uma economia". Além disso, surgiria "uma nova e poderosa agência com um único trabalho: proteger os consumidores".

Caixa oferece juro menor

A Caixa Econômica Federal reiterou seu compromisso de ter as menores taxas de juros do mercado, cumprindo o papel de garantidor de crédito. De acordo com a presidente Maria Fernanda Ramos Coelho, as comparações sobre a lucratividade do banco com o setor privado não são cabíveis. "O que a Caixa precisa ter é a sustentabilidade de suas operações em todas as áreas", disse. Para ela, a atuação agressiva dos bancos públicos não trará risco de insolvência futura.

Investimentos em alta

Os investimentos produtivos devem crescer no mesmo patamar registrado em 2008, segundo o presidente do BNDES (Banco Nacional De Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho. Para ele, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), taxa de investimentos da economia brasileira, vai crescer 19%. Coutinho argumentou que os investimentos tem sido liderados pelo governo, no setor de petróleo e gás, energia e habitação.

Superávit na Zona do Euro

A Zona do Euro apresentou o melhor superávit comercial em dois anos. De acordo com a agência de estatísticas Eurostat, o resultado comercial do bloco subiu para 2,7 bilhões de euros em abril, melhor saldo desde outubro de 2007. Economistas esperavam um déficit comercial de 1,5 bilhão de euros no período. Porém, a balança comercial acumula um déficit de 8,1 bilhões de euros entre janeiro a abril, abaixo do déficit de 9,5 bilhões de euros apurado em igual período do ano passado.

S&P rebaixa bancos dos EUA

Prevendo um cenário econômico mais rigoroso para os bancos norte-americanos, a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) colocou em revisão a avaliação de 22 instituições, entre elas o Wells Fargo. A classificação de crédito caiu de AA para AA-, com perspectiva negativa (possibilidade de novo rebaixamento). A nota da S&P contempla "uma maior volatilidade nos mercados financeiros durante os ciclos e um marco regulatório mais rigoroso".

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/06/18/as+operacoes+compromissadas+do+bc+6787941.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Que venha a marolinha
« Resposta #35 Online: 01 de Julho de 2009, 02:21:31 »
A batalha pelo PIB positivo em 2009

Ontem houve mais uma rodada de estímulos à economia, enquanto não ocorre uma recuperação mais vigorosa.
O principal item foi o da equalização das taxas de juros para investimentos em bens de capital que sejam adquiridos nos próximos seis meses. Há vantagens expressivas. No caso de financiamento de caminhões, a taxa anual caiu de 13,5% para 4,5%. Além disso, o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou a redução da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) de 6,25% para 6% ao ano – a menor taxa da história.

***

Outra medida foi a prorrogação da isenção de IPI para automóveis, materiais de construção e eletrodomésticos. E a inclusão, nos bens desonerados, de 70 itens de bens de capitais, máquinas e equipamentos. No Ministério da Fazenda considera-se que as medidas não comprometerão as metas de superávit fiscal – que foram reduzidas para 2,5% este ano.

***

Estudos recentes do FMI comprovam que o Brasil foi um dos países em que os resultados fiscal e da dívida pública foram menos afetados. Atravessou a crise com perdas menores do que os demais países. Mas o resultado poderia ter sido infinitamente melhor se o Banco Central não tivesse sido tão inepto.

O BC elevou a taxa Selic poucos dias antes da quebra do Lehman Brothers. Não poderia ter adivinhado. Mas levou até janeiro para corrigir a rota. A ata de inflação de dezembro entrará para a história econômica do país como um dos documentos mais improváveis já preparados por uma autoridade econômica. Provavelmente nem no início da elaboração das contas nacionais, nos anos 50, cometeu-se avaliação tão bisonha. O relatório sustentava que a atividade econômica estava robusta, quando se via a olho nu a economia se desmanchar.

Em janeiro, a demora do BC em acertar o rumo dos juros fez com que a própria Fazenda reduzisse suas expectativas de desempenho do PIB para 2009. A nova avaliação não foi divulgada para evitar a exacerbação das expectativas.

***

A grande luta, agora, será fechar 2009 com o PIB positivo. Até agora, há dois trimestres de queda em relação ao ano passado - -1,8% e -0,8%. O terceiro trimestre também registrará PIB negativo, já que o terceiro trimestre do ano passado foi bastante aquecido. Assim, a recuperação estatística se dará a partir do quarto trimestre.

A Fazenda trabalha com a possibilidade de um crescimento de 4% - em relação ao mesmo período do ano passado. Ocorrendo, o PIB poderá fechar em 0,2%, um pouco mais. Para o próximo ano, poderá estar correndo a mais de 4% ao ano, especialmente devido ao fato da comparação ser com uma base mais baixa.

***

Mesmo assim, a política cambial errática do Banco Central continua jogando contra o crescimento brasileiro. Tome-se o caso da indústria automobilística. A produção divide-se entre mercado interno e externo. No ano passado, a política cambial expulsou o país do mercado internacional. Desse modo, todo o peso da recuperação cai em cima da desoneração do IPI para o mercado interno – afetando a arrecadação e impedindo que outros setores possam ser auxiliados.

IPI menor é prorrogado

O IPI reduzido para veículos, eletrodomésticos, material de construção e bens de capital foi prorrogado por mais três meses, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em troca, as indústrias automobilísticas se comprometem a não demitir no período. Além disso, o governo vai baixar o PIS e o Cofins sobre o pão francês e farinha de trigo. A renúncia fiscal do governo foi estimada em R$ 3,342 bilhões. A partir de outubro, o IPI para carros volta a subir gradualmente.

Vendas de carros aquecidas

Com o IPI reduzido na venda de carros novos, a indústria automobilística deve registrar o melhor ano da história, de acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider. "Devemos quebrar o recorde de vendas no final deste mês", afirmou. "Se continuarmos nesse ritmo, devemos ter o melhor ano da história". Para o executivo, a prorrogação do IPI "é um passo importante" para a recuperação das vendas.

Reformas no sistema financeiro global

O BIS (Banco de Compensações Internacionais, na tradução para o português) afirmou que, sem reformas no sistema financeiro internacional, a melhora na economia será apenas temporária. Em seu relatório anual, a entidade – que reúne os bancos centrais do mundo – divulgou que o sistema financeiro mundial é complexo, e que o fim da crise ainda está distante. Uma redução no volume do sistema seria necessária, segundo o BIS, para uma recuperação sustentável.

Investimentos da Petrobras garantidos

A Petrobras possui caixa suficiente para levar adiante o seu plano de investimentos no período de 2009 a 2013, afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Almir Barbassa. "O plano é perfeitamente exequível e vai nos levar ao crescimento em todos os setores", comentou. A estatal de petróleo anunciou que o total de investimentos para o período será de US$ 174,4 bilhões, com recursos originados de geração de caixa e financiamentos bancários.

Grã-Bretanha incentiva economia

O Reino Unido está lançando um programa de incentivo tanto para jovens trabalhadores como para o setor de habitação. O primeiro-ministro Gordon Brown afirmou que o programa de emprego começará em janeiro próximo, e inclui trabalho ou treinamento para trabalhadores com até 25 anos e desempregados há mais de um ano. No setor de habitação, os recursos para financiamento de casas próprias devem aumentar de 600 milhões de libras para 2,1 bilhões de libras (US$ 3,47 bilhões).

Confiança europeia aumenta

A confiança da população europeia em relação à economia continua melhorando. Na zona do euro, o índice de confiança subiu de 70,2 pontos em maio para 73,3 pontos em junho. Na União Europeia, o indicador subiu de 67,9 pontos para 71,1 pontos. É o terceiro mês consecutivo de avanço, puxado pelo desempenho crescente do setor de serviços. Para a Comissão Européia, os dados indicam que "o pior já passou em termos de contração de PIB (Produto Interno Bruto)”.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/06/30/a+batalha+pelo+pib+positivo+em+2009+7025981.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!