Tópico: Selecionada, bebê nasce na Inglaterra sem gene para câncer de mama

[FxF]

E que as modificações genéticas não se tornem mais um fator de discriminação.

Dificilmente. Mais provável acontecer o oposto. Como é algo para as classes mais altas, vai passar a ser algo "chique" nos olhos do povo, e a Igreja reclamando não vai ser tão eficaz.

Concordo com o método utilizado em prol da cura de doenças. Mas todo cuidado é pouco nesse assunto, em breve só serão aceitos homens e mulheres perfeitos, e uma nova guerra em prol da "etnia superior" viria, ou talvez uma marginalização ainda maior.

Mas já existe isso, em forma de concursos de beleza e afins.

O que eu quero dizer, é que essa seleção de genes deve se manter na cura de doenças e não partir para vaidade.

Eu já acho esse pensamento bobagem. Quando nós nos atraímos sexualmente por uma pessoa devido a aparência, já estamos selecionando genes de forma "natural".
Sem falar em bancos de esperma onde as mulheres escolhem indivíduos de uma lista baseado na descrição de altura e QI.

O que mais me preocupa nisso é a possibilidade da sociedade começar a se dividir "castas". Cada grupo com código genético específico para executar determinada função. Ou grupos melhorados geneticamente tendo acesso a tudo de bom e do melhor enquanto os humanos "normais", incapazes de competir, são reduzidos a condição de seres inferiores. Sem a possibilidade de fazer algo diferente. Sem a possibilidade de mobilidade social. O fim da ascensão pelo mérito e pelo esforço.

Nossa sociedade já é assim de todas as formas, seres humanos nunca foram e nunca serão iguais geneticamente. Aliás, já que você usa o termo "esforço", vale lembrar que fôlego e concentração também é algo submisso ao fator genético.

Essa discussão me lembrou o filme A Ilha.

Eu diria que não. O filme tem um fator "mítico". O princípio do filme é fazer clones para roubar os órgãos, mas o filme segue o princípio de que os órgãos só funcionaram se os clones tiverem vidas felizes.

Além de que comparações com animais criados em cativeiro já destroem o princípio mágico que o filme criou, nós só faremos isso futuramente quando desvendarmos o gene da anencefalia.

Isso já me lembra de outra coisa, quando descobrirem o gene da anencefalia, todos os protestos quanto a aborto de embriões ou de fetos anencéfalos vai por água abaixo, já que a expectativa de vida dos atuais protestantes vai depender disso.

[André Padoveze]

Concordo com o método utilizado em prol da cura de doenças. Mas todo cuidado é pouco nesse assunto, em breve só serão aceitos homens e mulheres perfeitos, e uma nova guerra em prol da "etnia superior" viria, ou talvez uma marginalização ainda maior.

Mas já existe isso, em forma de concursos de beleza e afins.

O que eu quero dizer, é que essa seleção de genes deve se manter na cura de doenças e não partir para vaidade.

Eu já acho esse pensamento bobagem. Quando nós nos atraímos sexualmente por uma pessoa devido a aparência, já estamos selecionando genes de forma "natural".
Sem falar em bancos de esperma onde as mulheres escolhem indivíduos de uma lista baseado na descrição de altura e QI.

Oloco, daí discordo, não creio que a seleção natural seja tão eficaz nesse sentido aos seres humanos. Nosso desenvolvimento é majoritariamente social, o QI é um valor relativo e desenvolvido através de treino, se você pressupor que ele passará hereditariamente através de genes estará concordando com Lamarck.
E em relação à beleza, o belo é tão relativo quanto o QI, e também pode ser muito bem alterado diante das ferramentas que temos hoje, e não digo somente de plásticas.

[Orbe]

E que as modificações genéticas não se tornem mais um fator de discriminação.

Dificilmente. Mais provável acontecer o oposto. Como é algo para as classes mais altas, vai passar a ser algo "chique" nos olhos do povo, e a Igreja reclamando não vai ser tão eficaz.

Eu acho que a questão vai bem mais fundo que apenas ser algo "chique"...

O que mais me preocupa nisso é a possibilidade da sociedade começar a se dividir "castas". Cada grupo com código genético específico para executar determinada função. Ou grupos melhorados geneticamente tendo acesso a tudo de bom e do melhor enquanto os humanos "normais", incapazes de competir, são reduzidos a condição de seres inferiores. Sem a possibilidade de fazer algo diferente. Sem a possibilidade de mobilidade social. O fim da ascensão pelo mérito e pelo esforço.

Nossa sociedade já é assim de todas as formas, seres humanos nunca foram e nunca serão iguais geneticamente. Aliás, já que você usa o termo "esforço", vale lembrar que fôlego e concentração também é algo submisso ao fator genético.

Só se for a sociedade em que você vive. No meu mundo quem quer algo se esforça e consegue. Porque as diferenças existem (você não precisava constatar o óbvio), mas não são tão grandes.

Mas como competir com uma pessoa que graças a engenharia genética é mais resistente ao frio ou à radiação, por exemplo? Resistente de forma que nenhum humano gerado da maneira "normal" jamais será. Ou com uma visão várias vezes melhor que a de qualquer humano "normal"? Não se pode competir com isso e vencer.

Eu entendo nada de física. Mas eu poderia, se quisesse, pegar livros, entrar em contato com professores e estudar muito. Não me tornaria nenhum gênio como Einstein, mas poderia seguir carreira na área. Mas se começarem a surgir um monte de jovens criados para ter um raciocínio mais ágil, melhor compreenção da matemática, maior concentração* do que qualquer humano "normal" poderia ter, eu não poderia mais fazer nada. Competir com eles por vagas de emprego na área seria derrota na certa.

Como alguem poderia seguir carreira militar competindo contra indivíduos mais ágeis, fortes e resistentes do que os humanos "normais" jamais serão, não importando o quanto treinem?

Entende o que quero dizer? A manipulação genética pode criar barreiras intransponíveis para quem não der a sorte de nascer em uma família que pode bancar a terapia genética.






*Apenas dando um exemplo fictício. Nem sei se é possível manipular o código genético para alguem ter mais talento com matemática.

[FxF]

Só se for a sociedade em que você vive. No meu mundo quem quer algo se esforça e consegue. Porque as diferenças existem (você não precisava constatar o óbvio), mas não são tão grandes.

São. Esportes e arte são exemplos bem claros. Aliás, até um cirurgião precisa de uma habilidade artística. E qualquer área com contatos pessoais sua aparência vai influir. Talvez não seja tanto quanto em seus exemplos fictícios, mas a sociedade já tem áreas VIPs para certas características genéticas.

Entende o que quero dizer? A manipulação genética pode criar barreiras intransponíveis para quem não der a sorte de nascer em uma família que pode bancar a terapia genética.

Mas as mulheres que vãos aos bancos de esperma procurar sementes de gênios já o fazem. Apenas pense nisso, isso não criou nenhum alvoroço social, criou?

[André Padoveze]

Só se for a sociedade em que você vive. No meu mundo quem quer algo se esforça e consegue. Porque as diferenças existem (você não precisava constatar o óbvio), mas não são tão grandes.

São. Esportes e arte são exemplos bem claros. Aliás, até um cirurgião precisa de uma habilidade artística. E qualquer área com contatos pessoais sua aparência vai influir. Talvez não seja tanto quanto em seus exemplos fictícios, mas a sociedade já tem áreas VIPs para certas características genéticas.

Entende o que quero dizer? A manipulação genética pode criar barreiras intransponíveis para quem não der a sorte de nascer em uma família que pode bancar a terapia genética.

Mas as mulheres que vãos aos bancos de esperma procurar sementes de gênios já o fazem. Apenas pense nisso, isso não criou nenhum alvoroço social, criou?

Beleza, habilidade, inteligência, são características que são desenvolvidas socialmente. A questão dos bancos de esperma é meramente propaganda.

[LIAN]

Só se for a sociedade em que você vive. No meu mundo quem quer algo se esforça e consegue. Porque as diferenças existem (você não precisava constatar o óbvio), mas não são tão grandes.

São. Esportes e arte são exemplos bem claros. Aliás, até um cirurgião precisa de uma habilidade artística. E qualquer área com contatos pessoais sua aparência vai influir. Talvez não seja tanto quanto em seus exemplos fictícios, mas a sociedade já tem áreas VIPs para certas características genéticas.

Entende o que quero dizer? A manipulação genética pode criar barreiras intransponíveis para quem não der a sorte de nascer em uma família que pode bancar a terapia genética.

Mas as mulheres que vãos aos bancos de esperma procurar sementes de gênios já o fazem. Apenas pense nisso, isso não criou nenhum alvoroço social, criou?

Beleza, habilidade, inteligência, são características que são desenvolvidas socialmente. A questão dos bancos de esperma é meramente propaganda.

Também acho. E mesmo se a origem dessas coisas fosse genética. Se forem, são relacionadas a vários genes e ao ambiente (seriam multigênicas e multifatoriais)...quem garante que os filhos não herdariam genes para burrice, feiúra, e outros defeitos oriúndos de pais, vós, bizavós do doador?!! Tudo propaganda! Ser filho de um Phd de Oxford não garante nada, a educação que ele dará a seu filho garante!

[Gilson]

Isso me lembra o filme GATTACA... alguém chegou a assistir?

O tema do filme é a vida de um garoto que nasceu pelos meios incomuns para a época (sexo reprodutivo, e não seleção in vitro, o "natural"). A questão ética que aborda é exatamente a de vocês agora, recomendo.

Desde a primeira vez que vi o filme achei como um dos filmes de ficção cientifica como de maior probabilidade de ocorrer num futuro próximo.

[Gilson]

Já ouviu falar em Trans-Humanismo? Possivelmente, uma das próximas grandes polêmicas.

Sobre isso o livro O Admirável Mundo Novo (1931) de Aldous Huxley traz exatamente essa visão, no qual as pessoas não são mais geradas de modo natural, apenas em laboratório e em castas (alfa, beta, gama, etc) específicas para cada profissão, algumas tolerantes ao calor por exemplo e condicionadas a trabalho monotono para trabalhar em siderurgicas, por exemplo.

Muito bom, vale a pena para quem ainda não leu.

[Luis Dantas]

O Trans-Humanismo me repulsa.  Mas realisticamente, já temos divisão em castas, como indicado.

Também não vejo benefício em evitar descobrir tendências a doenças geneticamente transmissíveis.

O que se deve evitar é contar com os resultados.  Falhas acontecem.  De certa forma a questão me lembra da controvérsia sobre o aborto.

[Sklogw]

Descobriram como "remover o carma" em laboratório... hahahahahahhahahaha..... quero ver agora a explicação ad hoc que vão inventar para explicar isso...

[Luis Dantas]

As que eles já usam servem perfeitamente: fantasias de que "pagarão por isso em outra vida"...

[Zeichner]

Não concordo que vivemos seleção de castas como discriminação genética. As discriminações humanas são eventos culturais.
O que acontece são choques de culturas.

Agora, vejo que do ponto de vista da evolução, o ser humano está se tornando apto e realmente poder decidir como vai ser desenvolvido seu potencial genético.
Já faz isso com os outros seres do planeta. Escolhe animais de corte e os seleciona, com cruzamentos selecionados, visando desenvolver certas características em detrimento de outras. ( mais carne, mais leite, nas vacas; mais peito e coxa no chester ).

Se o desenvolvimento evolutivo do homem vai fazer ele alterar o padrão genético para evitar situações de riscos, isto vai acontecer, quer baixem leis ou dogmas para isso ou não, porque a possibilidade de possuir filhos com genes saudáveis é tudo o que os pais espera para seus descendentes).

Quanto a características pessoais, qual empresa não faria muito dinheiro se solucionasse a calvice? O que permitisse as mulheres trocar a cor do cabelo, em vez de pintar? Qual é o limite ético disso? Porque Deus fez assim, não posso mudar?

Se chegarmos ao trans-humanismo, aí já é outra questão. Claro... se o ser humano for viver em outros planetas, em algum momento a própria evolução acarretará mudanças genéticas, e em gerações existirá, aí sim, uma nova espécie de humanos. Talvez a terapia genética só acelere o processo.

mas o importante é que o ser humano é o primeiro ser vivo do planeta que pode sim fazer design inteligente. E um dia acabará por fazê-lo.

[Luis Dantas]

Não concordo que vivemos seleção de castas como discriminação genética. As discriminações humanas são eventos culturais.

Não me lembro de terem dito o contrário.

[Zeichner]

Não concordo que vivemos seleção de castas como discriminação genética. As discriminações humanas são eventos culturais.

Não me lembro de terem dito o contrário.

Não estou respondendo diretamente a você, Luis. Apenas não concordo em se abordar a questão de castas num post sobre alteração genética.
Fica parecendo justificativa para as divisões da espécie humana, como já foi muito usado no passado.

Mas novamente, me parece uma visão muito precária das relações de trabalho, onde os seres humanos são fabricados geneticamente para serem operários por patrões inescrupulosos. A grande vantagem genética para quem emprega é que seu trabalhador seja o mais versátil possível, podendo assumir diversas funções conforme as necessidades de mercado assim o façam. Se precisa alguém capacitado apenas para soldar ou explorar águas profundas, ´perigoso e repetitivo, a robótica já possui a solução...

[Zeichner]

Continuando...
do ponto de vista econômico, não é viável criar um ser humano que vá desenvolver ( bem ) apenas um tipo de função. Imagine, precisaria de muitos anos entre conceber, mesmo que in vitro, um bebê assim e até que ele esteja preparado para suas funções. Numa parcela muito menor de tempo, e num custo menor também, é possível projetar e construir um robô customizado para determinada função.

Mas aí entra os que reclamam que os robôs roubam os empregos dos humanos ( como se todos os processos de projeto até manutenção não fossem feitos por trabalhadores capacitados ).