Dodo
Toda vez que alguém critica alguma "otoridade" comunista, você diz que como foi publicada na veja, não tem credibilidade.
Eu? Toda vez? Tem certeza disso?
Bom, eu não vou discutir sobre isso, mais tarde procuro meus posts e vejo se o que você falou é verdade. A princípio, eu não lembro de agir assim.
Mas o tema é o seguinte... Como o mito do Che consegue se perpetuar, apesar de ser fartamente documentado de que ele era: um assassino; assassino covarde; assassino, covarde e que criou um campo de concentração; Campo de concentração este que matou principalmente que quis discordar da revolução.
Com todo o respeito, Zeichner, se você já foi de esquerda como citou em outro tópico, você deve saber a resposta para esta pergunta. Mas esse não é o caso, você quer a minha opinião, certo?
Eu gosto de história, claro que isso não basta para me tornar um especialista nesta matéria, e sempre que posso pesquiso sobre épocas ou personagens sobre os quais tenho curiosidade. Quando era criança, aprendi que Genghis Khan era um homem cruel e sanguinário, hoje minha opinião sobre ele é bem diferente. Não, ele não se tornou um anjinho para mim, apenas descobri que outros conquistadores só não conseguiram tal status por causa, talvez, de sua aparência. Alexandre, o Grande está no panteão da glória dos grandes líderes, e um mongol de olhos puxados ainda é considerado por muitos como apenas um bárbaro inconsequente Aos poucos essa imagem esta mudando, e olha que só levou 800 anos.
O mesmo pode acontecer com a imagem do Che bonzinho, não tenha dúvida. Agora, quando isso irá acontecer é outra história.
Bom, voltemos ao Che, como todos sabemos ele era um revolucionário que atuou juntamente com Fidel Castro na revolução cubana, e morreu alguns anos depois tentando levar a revolução para o continente sul-americano, enquanto seu companheiro ficou a frente do governo por décadas.
Como você mesmo disse, o Che é um mito. E o mito é sempre maior do que a homem. Como isso foi possível?
Segundo muitas biografias de Che, seu interesse pelas "causas sociais" se iniciou quando ele ainda vivia na Argentina (você sabe que ele nasceu lá, não é?) e se consolidaram quando ele fez uma viagem pela América do Sul e pode constatar a tremenda desigualdade existente.
Esse ponto é um dos motivos onde alguns historiadores divergem, para alguns ele já tinha uma mentalidade socialista formada, se lançar numa viagem sem roteiro era apenas uma desculpa para sair em busca de aventuras. Para outros essa viagem é a explicação para a alma revolucionária de Che, ao se deparar com desigualdades ele sentiu a necessidade de fazer alguma coisa.
A última explicação se tornou parte da biografia oficial de Che e nesse ponto vemos claramente onde pode ter acontecido a transformação de um homem em um mito. Daí em diante, independente do que ele tenha feito, incluindo o fracasso nas tentativas de levar a revolução para a África e América do Sul, esta última custou a sua vida, tudo o que rondaria sua história seria motivo de controvérsia.
As mortes em prol da revolução, a ditadura castrista, as execuções, tudo isso era esquecido facilmente quando se deparavam com a figura do jovem sujo e mal barbeado que tinha morrido na vã tentativa de se construir um mundo melhor.
Porque isso era esquecido? Ora, se Cuba vivia fechadíssima, e os poucos que conseguiam sair de lá eram inimigos de Fidel, como dar crédito a estas histórias? Um livreto evangélico, na década de 70, contava a seguinte história:
Fidel e alguns amigos passeavam pelas ruas de Havana, até que pararam em frente a um restaurante e disparara suas armas, matando uma criança de cinco anos. Após isso, continuaram seu caminho rindo.
Talvez você até acredite que isso seja verdade, eu pelo menos acho muito pouco provável que tal tenha acontecido desta maneira, não consigo imaginar o Fidel dizendo a seus companheiros:
- Vamos matar umas criancinhas hoje à noite.
Duvidar desta história me torna comunista? Eu acho que não.
É assim com o Che, na medida em que surgem histórias tentando fazer dele apenas um monstro sanguinário e sem coração, a imagem do jovem revolucionário assassinado com a ajuda de uma democracia muito afeita a apoiar ditaduras militares ainda impera.
Os pontos abaixo são os que acho mais importantes na construção do mito:
- O herói (Che) enfrentando sozinho um inimigo hostil e muito mais poderoso (EUA e o capitalismo);
- Mesmo vencendo em Cuba, não se contentou com isso e foi tentar levar a revolução para outros lugares, ou seja, colocou o seu ideal a frente de sua vida;
- Sofria de asma na infância. Mesmo que isso tenha sido minimizado depois, não deixava de ser uma fraqueza, um calcanhar de Aquiles. Uma fraqueza é algo que muitos mitos compartilham.
- Morreu jovem, isso ajudou a consolidar a imagem de mártir;
- Sua captura é um capítulo a parte, sozinho* e abandonado por seus companheiros na Bolívia, sua execução foi uma ordem dos EUA, o inimigo mortal de todas as utopias socialistas;
- Seu corpo foi exposto depois de sua morte. A imagem do jovem sujo e mal barbeado que havia morrido na vã tentativa de criar um mundo melhor inspirou a muitos que vieram depois dele.
* Havia mais pessoas com ele, mas você entendeu o que eu quis dizer.
Essa é a minha interpretação do porquê ela ainda é um mito, e provavelmente ainda será por muitos anos.
Bom, o que escrevi acima é o que eu acho que as pessoas imaginam quando cultuam Che, que isso fique bem claro.Você concorda também em matar quem é contra a revolução?
Putz... escrevi duas linhas sobre a revista Veja e já virei um assassino cruel e sanguinário!!
O que a Veja tem a ver com isso?
O Herf citou a Veja primeiro, eu lembrei que alguns anos antes a postura dela tinha sido outra, ou seja, agiu de acordo com as conveniências.
Sabe responder melhor que o Benício del Toro?
Minha resposta ta lá em cima. Julgue você mesmo.