Autor Tópico: Discutindo a filosofia budista.  (Lida 3067 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline mrmirror

  • Nível 05
  • *
  • Mensagens: 52
  • Sexo: Masculino
Discutindo a filosofia budista.
« Online: 20 de Fevereiro de 2009, 23:07:09 »
(Tópico criado a pedido do agnóstico para separar o assunto de outro tópico.)
../forum/topic=19231.0.html



Vamos então ao básico, ao inicio de tudo no budismo pego na wikipedia.
Que se discuta a lógica e os benefícios/maleficios de tal filosofia aos indivíduos que as levarem a sério, tanto os beneficios intelectuais quanto práticos.

Citar

Quatro Nobre Verdades

1ª - A Nobre Verdade do Sofrimento

Nascimento é sofrimento, doença é sofrimento, morte é sofrimento, tristeza, lamentação, dor, pesar e desespero são sofrimento. Não ter o que se deseja é sofrimento, separação do que se deseja é sofrimento, união com o que não se deseja é sofrimento. Saudade é sofrimento, ser escravo de um passado já morto e um futuro inexistente é sofrimento. Ser presa fácil de estímulos exteriores de toda ordem é sofrimento.
Quando sopram os ventos da sensibilidade nós vamos cegamente a sensualidade, quando sopram os ventos da raiva nós vamos cegamente a violência, quando sopram os ventos da agitação e preocupação nós vamos cegamente em direção a ansiedade e angústia, quando sopram os ventos da dúvida nós vamos cegamente ao ceticismo.
Todo sofrimento, assim como toda a nossa felicidade está na própria mente, pois nenhum inimigo nos poderá fazer tão infelizes quanto nossa mente mal dirigida. Também nenhum parente, seja pai, mãe ou irmão nos tornará tão felizes quanto nossa própria mente bem dirigida.
Em resumo, os cinco agregados da existência quando objetos de apego, isto é, quando tomados como “eu” e “meu” são sofrimento. Os cinco agregados da existência são: corpo, sensações, percepções, consciência e formações mentais.

2ª - A Nobre Verdade da Causa do Sofrimento

Qual é a causa do sofrimento? é a ignorância, o desejo, o apego, a cobiça, o ódio, e a ilusão. Mas aonde o desejo e a ignorância surgem? aonde estão suas raízes? Aonde houver coisas deliciosas e agradáveis lá o desejo e ignorância surgem, lá eles têm as suas raízes. Visão, audição, olfato, paladar, tato e a mente são deliciosos e agradáveis lá o desejo e a ignorância surgem, lá eles fincam raízes. Quando percebemos um objeto pela visão, se o objeto é agradável a pessoa é atraída e se é desagradável a pessoa o repele. Então, seja qual for a sensação que experimente, se a pessoa o aprova e acha agradável então a sensação condiciona o desejo, e desejando a pessoa se apega ao objeto desejado. Então o desejo condiciona o apego. Quando a pessoa se apega ela irá agir pela palavra ou pelo o corpo para possuir o objeto desejado.
Deste modo, então o apego condiciona a ação, Karma, ou processo de vir a ser. O processo de vir a ser (ou existência) condiciona o nascimento. Dependendo do nascimento, a decadência e a morte, tristeza e lamentação dor e pesar, ressentimento e desespero. Assim surge essa imensa massa de sofrimento.

3ª - A Nobre Verdade da Extinção da Causa do Sofrimento
O que é a extinção do sofrimento? É a completa erradicação e desaparecimento da ignorância, desejo, apego, cobiça, ódio e ilusão e em conseqüência o abandono e libertação da ilusão do EU e do MEU. Com a extinção da ignorância o desejo é extinguido. Pela cessação do desejo cessa-se o apego. Pela cessação do apego o processo de vir a ser ou as ações (Karma) é extinguido. Pela cessação de vir a ser ou existência, o nascimento é extinguido. Pela cessação do nascimento, a decadência e a morte, tristeza e a lamentação, dor pesar, ressentimento e desespero serão extinguidos. Assim se dá a extinção de toda esta massa de sofrimento.

4ª - Nobre Verdade da Senda que Leva à Extinção do Sofrimento

Os dois extremos e a Senda do meio. Os prazeres sensuais, o comum, o vulgar, o mundano, sem qualquer sentido para o progresso na Senda espiritual. Ou: A mortificação do corpo que é dolorosa e também sem vantagem qualquer para a vida santa. Ambos estes extremos, o iluminado evitou e descobriu a Senda Média (ou Caminho do Meio), a qual propícia qualquer um ver e a compreender, leva à paz, ao discernimento, a iluminação e ao NIBBANA ou NIRVANA


O Nobre Caminho Óctuplo

O Nobre Caminho Óctuplo é, nos ensinamentos do Buda, um conjunto de oito práticas que correspondem à quarta Verdade Nobre do Budismo. Também é conhecido como o "caminho do meio" porque é baseado na moderação e na harmonia, sem cair em extremos.

São essas práticas:

Compreensão correta: Conhecer as Quatro Nobres Verdades de maneira a entender as coisas como elas realmente são, e com isso gerar uma motivação de querer se liberar de dukkha e ajudar os outros seres a fazerem o mesmo.

Pensamento correto: Desenvolver as nobres qualidades da bondade amorosa, não tendo má vontade em relação aos outros, não querendo causar o mal (nem em pensamento), não ser avarento, e em suma, não ser egoísta.

Fala correta: Abster-se de mentir, falar em vão, usar palavras ásperas ou caluniosas, e ao invés disso, falar a verdade, ter uma fala construtiva, harmoniosa, conciliadora.

Ação correta: Abster-se de matar, roubar, tomar entorpecentes e ter conduta sexual indevida, e ao invés disso, promover a vida, praticar a generosidade e não causar o sofrimento através de práticas sexuais.

Meio de vida correto: Evitar qualquer ocupação que prejudique os demais, tais como tráfico de drogas ou matança de animais, e ao invés disso, olhar os outros com amor, compaixão, alegria e equanimidade, que são as quatro qualidades incomensuráveis, e na prática do dia-a-dia, praticar os seis paramitas da generosidade, ética, paz, esforço, concentração e sabedoria.

Atenção correta: Praticar autodisciplina para obter a quietude e atenção da mente, de maneira a evitar estados de mente maléficos e desenvolver estados de mente sãos.

Sabedoria correta: Desenvolver completa consciência de todas as ações do corpo, fala e mente para evitar atos insanos, através da contemplação da natureza verdadeira de todas as coisas.

Visão correta: Com todos os outros passos realmente realizados internamente, ter uma visão correta em relação ao mundo e à vida, e agindo de acordo com essa visão.





(dukkha diz respeito ao nosso condicionamento de vida dentro de experiências cíclicas, onde nos alternamos entre boas experiências (felicidade) e más experiências (sofrimento). Todos os seres buscam a felicidade e procuram se afastar do sofrimento, no entanto nessa busca de felicidade e dentro da própria felicidade encontrada estão as sementes de sofrimentos futuros.

Podemos pensar da seguinte maneira: sofremos porque não temos algo; sofremos porque conseguimos algo e temos medo de perder; sofremos porque temos algo que parecia bom, mas agora não é tão bom assim; e sofremos porque temos algo que queremos nos livrar e não conseguimos.

Podemos ver então que mesmo que tenhamos sucesso na nossa experiência de felicidade, ela mesmo pode se tornar causa de uma experiência de sofrimento. Além disso, as experiências são impermanentes, as idéias, os conceitos, os pensamentos, todos são impermanentes, mudam.

Por isso dentro da experiência de felicidade existe a causa de uma experiência de sofrimento, pois ela também é impermanente e irá mudar. Então, dukkha representa todo esse ciclo, e a insatisfação que nunca será saciada enquanto seguirmos esse ciclo.)

(seis paramitas: No budismo mahayana, o Sutra da Perfeição da Sabedoria (prajna-paramita) e o Sutra de Lótus (Saddharmapundarika) listam as "Seis Perfeições" (termos originais em sânscrito):

dana paramita : generosidade, doação
sila paramita : virtude, moralidade, conduta apropriada
shanti paramita : tolerância, aceitação, resistência
virya paramita : energia, diligência, vigor, esforço
dhyana paramita : meditação, concentração, contemplação
prajna paramita : sabedoria transcendental, insight.)
“Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existirem muito mais crentes do que pensadores.” - Bruce Calvert

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #1 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 00:42:36 »
Eu já conhecia esses textos Mirror, desde muito tempo atrás...

(Tópico criado a pedido do agnóstico para separar o assunto de outro tópico.)
../forum/topic=19231.0.html

Vamos então ao básico, ao inicio de tudo no budismo pego na wikipedia.
Que se discuta a lógica e os benefícios/maleficios de tal filosofia aos indivíduos que as levarem a sério, tanto os beneficios intelectuais quanto práticos.

Citar

Quatro Nobre Verdades

1ª - A Nobre Verdade do Sofrimento

Nascimento é sofrimento, doença é sofrimento, morte é sofrimento, tristeza, lamentação, dor, pesar e desespero são sofrimento. Não ter o que se deseja é sofrimento, separação do que se deseja é sofrimento, união com o que não se deseja é sofrimento. Saudade é sofrimento, ser escravo de um passado já morto e um futuro inexistente é sofrimento. Ser presa fácil de estímulos exteriores de toda ordem é sofrimento.
Quando sopram os ventos da sensibilidade nós vamos cegamente a sensualidade, quando sopram os ventos da raiva nós vamos cegamente a violência, quando sopram os ventos da agitação e preocupação nós vamos cegamente em direção a ansiedade e angústia, quando sopram os ventos da dúvida nós vamos cegamente ao ceticismo.
Todo sofrimento, assim como toda a nossa felicidade está na própria mente, pois nenhum inimigo nos poderá fazer tão infelizes quanto nossa mente mal dirigida. Também nenhum parente, seja pai, mãe ou irmão nos tornará tão felizes quanto nossa própria mente bem dirigida.
Em resumo, os cinco agregados da existência quando objetos de apego, isto é, quando tomados como “eu” e “meu” são sofrimento. Os cinco agregados da existência são: corpo, sensações, percepções, consciência e formações mentais.

Mirror, tente me entender aqui.
Eu não concordo por exemplo que nascimento é sofrimento, não concordo que não ter o que se deseja seja sofrimento, nem que separação do que se deseja seja
sofrimento em grande parte da sua vida...

Eu não concordo com a questão da sensualidade... acho que temos que aproveitá-la quantas vezes quiser, até cansar, se é que se cansa disso... com quantas pessoas quiser... e não há nenhuma preocupação aqui...
E não concordo que quando temos dúvidas vamos ao ceticismo, e se isso acontecesse iria ser algo ruim...



2ª - A Nobre Verdade da Causa do Sofrimento

Qual é a causa do sofrimento? é a ignorância, o desejo, o apego, a cobiça, o ódio, e a ilusão. Mas aonde o desejo e a ignorância surgem? aonde estão suas raízes? Aonde houver coisas deliciosas e agradáveis lá o desejo e ignorância surgem, lá eles têm as suas raízes. Visão, audição, olfato, paladar, tato e a mente são deliciosos e agradáveis lá o desejo e a ignorância surgem, lá eles fincam raízes. Quando percebemos um objeto pela visão, se o objeto é agradável a pessoa é atraída e se é desagradável a pessoa o repele. Então, seja qual for a sensação que experimente, se a pessoa o aprova e acha agradável então a sensação condiciona o desejo, e desejando a pessoa se apega ao objeto desejado. Então o desejo condiciona o apego. Quando a pessoa se apega ela irá agir pela palavra ou pelo o corpo para possuir o objeto desejado.
Deste modo, então o apego condiciona a ação, Karma, ou processo de vir a ser. O processo de vir a ser (ou existência) condiciona o nascimento. Dependendo do nascimento, a decadência e a morte, tristeza e lamentação dor e pesar, ressentimento e desespero. Assim surge essa imensa massa de sofrimento.

O desejo é causa do sofrimento? Pior do que essa afirmação é a groselha que temos que eliminar nossos desejos... Sorry cara, eu desejo várias coisas e isso não me faz mal algum..
Por exemplo, eu acho que uma causa de sofrimento maior é o cara acreditar em religiões que ficam falando que você tem sofrimentos de todo o tipo e se colocando como a ferramenta para você sair disso...


Tem pessoas ignorantes que são felizes, não? que tipo de ignorância? religiosa? científica? matemática??

Citar
Aonde houver coisas deliciosas e agradáveis lá o desejo e ignorância surgem, lá eles têm as suas raízes.

Essa frase eu considero alienante e criminosa... Faz com que as pessoas procurem inventar uma vida paralela.., e incrível, religiosa.




Deste modo Mirror, as nobres verdades são nobres groselhas.
Sinceramente, eu prefiro o espiritismo, e buda sabe que não gosto muito dele...
« Última modificação: 21 de Fevereiro de 2009, 00:53:54 por Agnóstico »
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Gaúcho

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.288
  • Sexo: Masculino
  • República Rio-Grandense
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #2 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 00:50:21 »
Tem que ter muita vontade pra extrair algo decente desses textos :P

Se eu tivesse que escolher, ficaria com a doutrina espirita. É tão mais reconfortante saber que se alguém sofre é porque merece sofrer ::)
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #3 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 00:53:59 »
Eu posso fazer bem melhor que o Buda
Citação de: BudAgnostico
O sofrimento muitas vezes é gerado quando a pessoa associa um desejo por alguma coisa como a condição necessária para se atingir a felicidade.

Isso pode ser:
1- Escapismo da realidade: Nessa hipótese, o problema não é causado pelo desejo de um objeto. Já existe um estado de infelicidade cuja pessoa não consegue suportar/identificar ou aceitar de maneira consciente e, para criar uma explicação que lhe convença, associa esse sentimento a uma conquista futura. Isso é, na maioria das vezes, um modo de se prorrogar decisões para o futuro, e não enfrentar condições de crise no presente.
2- Obsessão. Não está claro o link que o item anterior tem com esse problema, mas essa excesso de desejo é um conhecido problema clínico causado por desequilíbrios hormonais

Não podemos negar o desejo. Ele é bem vindo. O desejo pode ser o prenúncio de um grande gozo. E devemos ter em contrapartida riscos de não conseguir o que queremos, e o cuidado óbvio de não associar sua felicidade ao objeto.

O BudaAgnóstico Diz: Curta a vida. Se você ficar pensando em sofrimento apenas, você vai entrar neste estado psíquico. Deseje, e ganhe maturidade para continuar com a cabeça erguida ao não conquistar.
Seja razoável, eleja vitórias rápidas, priorize seus desejos com um cunho prático, coisas alcançaveis. BudAgnóstico quer uma Ferrari, mas ele está cagando se não conseguir comprá-la....



“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #4 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 01:04:29 »
Tem que ter muita vontade pra extrair algo decente desses textos :P

Se eu tivesse que escolher, ficaria com a doutrina espirita. É tão mais reconfortante saber que se alguém sofre é porque merece sofrer ::)

Não Di... esse texto é o must... podemos comparar esse trabalho com "A crítica da razão pura" de Kant, podemos comparar com "tratado de correção do intelecto" de espinosa... 

Groselha por groselha, fico com a espírita também. E foi bom termos aberto esse tópico, acho que é último mito que resta nesta religião
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline mrmirror

  • Nível 05
  • *
  • Mensagens: 52
  • Sexo: Masculino
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #5 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 04:25:16 »
Eu já conhecia esses textos Mirror, desde muito tempo atrás...
Como eu disse, comecemos pelo básico, pelo inicio de tudo no budismo.
Mirror, tente me entender aqui.
Eu não concordo por exemplo que nascimento é sofrimento, não concordo que não ter o que se deseja seja sofrimento, nem que separação do que se deseja seja
sofrimento em grande parte da sua vida...

Eu não concordo com a questão da sensualidade... acho que temos que aproveitá-la quantas vezes quiser, até cansar, se é que se cansa disso... com quantas pessoas quiser... e não há nenhuma preocupação aqui...
E não concordo que quando temos dúvidas vamos ao ceticismo, e se isso acontecesse iria ser algo ruim...
Sua discordância não torna isso menos verdadeiro, principalmente quando essa discordância é muito mais fruto do não entendimento do que está sendo dito, do que qualquer outra coisa.

Você não atenta para algumas partes muito importantes da questão.

Citar
os cinco agregados da existência quando objetos de apego, isto é, quando tomados como “eu” e “meu” são sofrimento. Os cinco agregados da existência são: corpo, sensações, percepções, consciência e formações mentais.

O budismo identifica adequadamente que viver leva inevitavelmente a sofrer, na vida sofremos, isso fato, todos nós sofremos vez ou outra, alguns mais outros menos, por isso nascer é sofrer.
Quando um ente querido morre, sofremos.
Quando nos apaixonamos por alguém e não somos correspondidos, sofremos.
O budismo também entende que os sentimentos e sensações ruins são formas de sofrimento, então sentir inveja é sofrer, sentir ciúmes é sofrer, desejar algo que não pode ter é sofrer, sentir medo é sofrer, isso inclui o medo de perder algo desejado que se tem (o ciúmes mesmo é em parte fruto disso, mas existem outros tantos tipos de medos de perda), ansiedade é sofrimento (é até em muitos casos problema psiquiátrico).
Isso é claro varia em maior ou menor grau dependendo da pessoa, o sentimento ruim, o sofrimento criado por cada uma dessas coisas, varia de pessoa para pessoa segundo o apego que ele tem com cada uma dessas formações mentais.

Isso é conhecimento apurado do funcionamento da mente humana.

O budismo não classifica os sentidos e as sensações como sofrimento, ele não classifica o tesão como sofrimento ou qualquer prazer sensorial como sofrimento.
Quando ele fala sobre o desejo sensual, não fala contra o tesão ou sexo, o desejo nesse caso tem significado diferente, não se refere ao tesão, mas ao querer do ego, ao desejo egóico.

Então os cinco agregados da existência ou seja, corpo, sensações, percepções, consciência e formações mentais, não são apontados como sofrimento como você tenta refutar, eles só são considerados como sofrimento, quando se tornam objetos de apego do ego, isto é, quando tomados como “eu” e “meu”.

Isso nos leva a segunda verdade, a origem do sofrimento.
2ª - A Nobre Verdade da Causa do Sofrimento

Qual é a causa do sofrimento? é a ignorância, o desejo, o apego, a cobiça, o ódio, e a ilusão. Mas aonde o desejo e a ignorância surgem? aonde estão suas raízes? Aonde houver coisas deliciosas e agradáveis lá o desejo e ignorância surgem, lá eles têm as suas raízes. Visão, audição, olfato, paladar, tato e a mente são deliciosos e agradáveis lá o desejo e a ignorância surgem, lá eles fincam raízes. Quando percebemos um objeto pela visão, se o objeto é agradável a pessoa é atraída e se é desagradável a pessoa o repele. Então, seja qual for a sensação que experimente, se a pessoa o aprova e acha agradável então a sensação condiciona o desejo, e desejando a pessoa se apega ao objeto desejado. Então o desejo condiciona o apego. Quando a pessoa se apega ela irá agir pela palavra ou pelo o corpo para possuir o objeto desejado.
Deste modo, então o apego condiciona a ação, Karma, ou processo de vir a ser. O processo de vir a ser (ou existência) condiciona o nascimento. Dependendo do nascimento, a decadência e a morte, tristeza e lamentação dor e pesar, ressentimento e desespero. Assim surge essa imensa massa de sofrimento.

O desejo é causa do sofrimento? Pior do que essa afirmação é a groselha que temos que eliminar nossos desejos... Sorry cara, eu desejo várias coisas e isso não me faz mal algum..
Por exemplo, eu acho que uma causa de sofrimento maior é o cara acreditar em religiões que ficam falando que você tem sofrimentos de todo o tipo e se colocando como a ferramenta para você sair disso...
Groselha é tentar passar suas opiniões sobre uma questão que claramente não entendeu como verdade e tentar criticar quem discorda de você de uma forma tão rasa.
Vejamos então o motivo de dizer isso.
Citar
Qual é a causa do sofrimento? é a ignorância, o desejo, o apego, a cobiça, o ódio, e a ilusão.

Mais uma vez, o budismo se refere ao desejo egóico, ao "eu quero", ao apego as sensações, não as sensações em si, ao "eu não quero", o apego a repulsa, a distinção do eu quero isso, eu não quero aquilo.
Ele se refere a identificação do eu apegado aos objetos mentais e sensoriais.

Quanto mais focado em um sentimento como a raiva, maior a sensação e o sofrimento, já que prolonga tal sensação ruim, quanto mais deseja algo que não pode ter, maior o sofrimento, quanto maior o apego a uma pessoa, maior o sofrimento do ciúmes ou da separação, seja o fim de um namoro ou a morte de tal pessoa.
A que ignorancia o budismo se refere?
Tem pessoas ignorantes que são felizes, não? que tipo de ignorância? religiosa? científica? matemática??
A ignorância sobre si próprio, como, por exemplo, a ignorância sobre o funcionamento da própria mente, local onde surge o apego que leva ao sofrimento.
Elimine a ignorância sobre si próprio e elimina o apego e sofrimento.
Não, todas as pessoas sofrem, ser feliz não é sinônimo de não sofrer. Eu sou um cara feliz e sofro, quando meu pai morreu eu sofri, quando me apaixonei pela namorada e um amigo, também sofri. Nem por isso deixo de ser feliz.
E a ignorância não elimina sofrimento.
Você pode dizer que alguém que ignora que está sendo traído, não sofre por ignorar isso, mas também não sofreria se não fosse ciumento e apegado a pessoa.
Quem sofre por estar sendo traído, sofre por apego e ciúmes, sofre por se sentir de alguma forma humilhado e agredido, mas o fato é que a pessoa só se sente assim, se ela se permitir sentir assim.

É como quando alguém tenta te ofender, só tem sucesso se você se sentir ofendido ao se identificar com tal formação mental.
Basta não ligar para a ofensa e pronto, não se sente ofendido. É novamente a questão do ego, do apego e da identificação com as formações mentais, sejam pensamentos ou sentimentos.
Somos nós quem damos força a elas, mas se quisermos podemos simplesmente não dar bola a tais formações mentais.

Percebe como você não está acompanhando a lógica que segue o budismo?
Por mais que se possam discutir certos pontos aqui, imagino até que o Dantas venha a discordar de algum detalhe até esse ponto do que tratamos, fica claro que de qualquer possivel discussão sobre essa parte, você passou longe, bem longe do que propõe o Budismo.

Pode-se discutir também até que ponto isso pode ser levado, quer dizer, é possível não ser ciumento? É possível se livrar completamente desse tipo de coisa?
Não sei, eu sei que eu não consigo, meu desejo é a fidelidade e segurança, mas eu sei que já fui mais ciumento e isso da pra controlar, já fui mais nervosinho e isso também da pra evitar. É só não dar bola para os pensamentos e sentimentos quando eles vem.
Se é possível chegar ao nível que o budismo propõe eu não sei, mas sei que ele acerta em cheio o alvo ao apontar essas coisas.
Mais verdadeiro que é isso impossível, os sentimentos e pensamentos tem origem na mente e podemos dar força a eles ou deixa-los pra lá.
Citar
Aonde houver coisas deliciosas e agradáveis lá o desejo e ignorância surgem, lá eles têm as suas raízes.

Essa frase eu considero alienante e criminosa... Faz com que as pessoas procurem inventar uma vida paralela.., e incrível, religiosa.

Deste modo Mirror, as nobres verdades são nobres groselhas.
Sinceramente, eu prefiro o espiritismo, e buda sabe que não gosto muito dele...
Considera alienante apenas porque entende dessa frase que o prazer sensorial em si é sofrimento, enquanto na verdade o budismo diz é que, pela ignorância e apego, tornamos o prazer sensorial em origem de sofrimento.

Isso não faz com que as pessoas inventem uma vida paralela, diz ao contrario que é identificada a causa do sofrimento e então nos levam a terceira verdade, que trata da existência de um meio que leva a extinção da causa do sofrimento, essa por sua vez, nos leva a quarta e ultima verdade, a apresentação do meio pelo qual podemos extinguir o sofrimento. Isso significa trabalho duro e foco nessa vida para resolver o problema identificado na primeira verdade.

Esse ponto é bem claro e torna o budismo bem diferente do cristianismo, esse sim propõe uma vida alternativa após a morte onde tudo magicamente será perfeito.
O budismo não, ele aponta o trabalho em vida, nessa vida, para eliminar o sofrimento. Não tem aqui nenhuma promessa de mundo paralelo pós morte.
“Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existirem muito mais crentes do que pensadores.” - Bruce Calvert

Offline mrmirror

  • Nível 05
  • *
  • Mensagens: 52
  • Sexo: Masculino
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #6 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 04:35:40 »
Tem que ter muita vontade pra extrair algo decente desses textos :P

Se eu tivesse que escolher, ficaria com a doutrina espirita. É tão mais reconfortante saber que se alguém sofre é porque merece sofrer ::)

Não Di... esse texto é o must... podemos comparar esse trabalho com "A crítica da razão pura" de Kant, podemos comparar com "tratado de correção do intelecto" de espinosa... 

Groselha por groselha, fico com a espírita também. E foi bom termos aberto esse tópico, acho que é último mito que resta nesta religião
Oras bolas, mas só deram uma olhadinha na pagina um da obra, um micro resumo do cerne da filosofia, o básico do básico, nem entenderam direito e já fazem gracejos?

Dai pra frente vem o aprofundamento da filosofia, cada uma das nobres verdades são vistas mais a fundo, discutem passo a passo como se dão as formações mentais, explicam passo a passo cada uma das praticas do caminho do meio, cada um dos cinco agregados e como o ego lida com eles, se aprofundam na questão da ilusão, da ignorância, da mente etc, etc, etc...

Em conteúdo no fim das contas, é uma filosofia tão interessante quanto as contidas nas obras ocidentais, mas se vão superficialmente ler comentários de um blog contendo trechos de "A crítica da razão pura" e sair criticando a obra inteira mesmo sem entende-la ou conhece-la...

Acho que isso só demonstra pirraça, não é uma atitude critica realista, não demonstra interesse de analise e questionamento, demonstra só que vocês já tem uma opinião formada e fechada sobre algo que só deram uma olhadela superficial.
« Última modificação: 21 de Fevereiro de 2009, 04:38:26 por mrmirror »
“Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existirem muito mais crentes do que pensadores.” - Bruce Calvert

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #7 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 06:43:37 »
Olá, pessoal.

Só estou passando aqui para dizer que vou viajar nas próximas horas e que não vou poder acompanhar como eu gostaria esta e demais discussões sobre o tema.

Gostaria de deixar um pedido e um aviso: conduzam a discussão de maneira civilizada e sem troca de insultos. Todos aqui são adultos e maduros o bastante para discordar de um assunto sem desqualificar o outro lado. Ou assim quero crer.

Detestaria voltar do feriado e ter que sair distribuindo cartões.

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #8 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 11:08:22 »
Eu, a tempos, já havia entendido o ponto do Agnóstico, é por isso que as discussões são inuteis e não saem do lugar, ele não entende o que o Buda quer dizer por "sofrimento" que na verdade, é uma palavra que nem tem tradução, Dhukka pode também ser traduzido como "agitação", "stress" e etc.

A algum tempo eu li um sutra que achei bastante esclarecedor, e que ao meu ver, se for lido com boa vontade, pode ajudar a esclarecer alguns pontos acerca desse tema.

http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN75.php

Abraços


Ps: Por favor, entendam, o Budismo não é uma filosofia superficial como vocês parecem propor e também ter como maneira de ler, é obvio que o texto depende da interpretação do leitor, depende do seu discernimento, do conhecimento prévio do que está sendo tratado, e da investigação dos fenomenos que acontece no questionamento de si, reflexão e meditação. Se vocês continuarem a ler o texto sem atenção, com preceitos e preconceitos vocês não vão sair do lugar, o texto deve ser lido com uma mente clara e limpa combinada a atenção plena no que está sendo proposto, sem aceitação ao rejeição.
« Última modificação: 21 de Fevereiro de 2009, 11:27:49 por Mauricio Rubio »
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #9 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 11:38:12 »
E eu também tenho uma pergunta que já queria fazer a tempos.

Quem é você Agnóstico? Qual sua idade? O que vc faz da vida? É casado? Tem filhos? Fale um pouco da sua pessoa para nós.
Eu acho importantissimo que nos conheçamos melhor, porque vocês negam essas coisas baseadas em suas próprias opniões do mundo, o Buda não ensinou nada que seja baseado em opnião, ele ensinou o Dhamma, que está baseado na investigação de como as coisas na verdades são. Pode parecer que é tudo muito simples e infantil a primeira vista para um leitor "desavisado" mas o Dhamma é profundo e sutil, é necessária a investigação para compreende-lo. Vocês também parecem atrelar a prática da meditação a uma religião especifica, besteira maior que essa é criticar a instrospecção, todos os grandes cientistas, filosofos e etc foram extremamente instrospectivos, a meditação consiste entre outras coisas, na observação da mente sem julgamentos, e eu tenho a certeza que uma grande parcela de todas essas pessoas, praticava alguma forma de meditação, que quer dizer, desenvolvimento mental.

Vocês estão sendo tão superficiais nos seus comentários que não dá nem vontade de discutir, agora é o mrrirror que está com paciencia, talvez porque nunca tenha discutido esse assunto aqui anteriormente, mas falando pela minha pessoa, eu não tenho mais a minima vontade de entrar em discussões que levem mais de 20 páginas e que não saiam do ponto de onde começaram.

Abraços.
« Última modificação: 21 de Fevereiro de 2009, 11:40:58 por Mauricio Rubio »
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #10 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 12:16:51 »
E eu também tenho uma pergunta que já queria fazer a tempos.

Quem é você Agnóstico? Qual sua idade? O que vc faz da vida? É casado? Tem filhos? Fale um pouco da sua pessoa para nós.
Eu acho importantissimo que nos conheçamos melhor, porque vocês negam essas coisas baseadas em suas próprias opniões do mundo, o Buda não ensinou nada que seja baseado em opnião, ele ensinou o Dhamma, que está baseado na investigação de como as coisas na verdades são. Pode parecer que é tudo muito simples e infantil a primeira vista para um leitor "desavisado" mas o Dhamma é profundo e sutil, é necessária a investigação para compreende-lo. Vocês também parecem atrelar a prática da meditação a uma religião especifica, besteira maior que essa é criticar a instrospecção, todos os grandes cientistas, filosofos e etc foram extremamente instrospectivos, a meditação consiste entre outras coisas, na observação da mente sem julgamentos, e eu tenho a certeza que uma grande parcela de todas essas pessoas, praticava alguma forma de meditação, que quer dizer, desenvolvimento mental.

Vocês estão sendo tão superficiais nos seus comentários que não dá nem vontade de discutir, agora é o mrrirror que está com paciencia, talvez porque nunca tenha discutido esse assunto aqui anteriormente, mas falando pela minha pessoa, eu não tenho mais a minima vontade de entrar em discussões que levem mais de 20 páginas e que não saiam do ponto de onde começaram.

Abraços.

Desculpe Maurício, mas acho que não é por aí...muita calma nessa hora.   8-)

Estou gostando muito da discussão, fica frio aí...medite aí um pouco. :)

Tá querendo acabar com o nosso carnaval, qual é pô!?  :hmph:


Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #11 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 12:27:18 »
E eu também tenho uma pergunta que já queria fazer a tempos.

Quem é você Agnóstico? Qual sua idade? O que vc faz da vida? É casado? Tem filhos? Fale um pouco da sua pessoa para nós.
Eu acho importantissimo que nos conheçamos melhor, porque vocês negam essas coisas baseadas em suas próprias opniões do mundo, o Buda não ensinou nada que seja baseado em opnião, ele ensinou o Dhamma, que está baseado na investigação de como as coisas na verdades são. Pode parecer que é tudo muito simples e infantil a primeira vista para um leitor "desavisado" mas o Dhamma é profundo e sutil, é necessária a investigação para compreende-lo. Vocês também parecem atrelar a prática da meditação a uma religião especifica, besteira maior que essa é criticar a instrospecção, todos os grandes cientistas, filosofos e etc foram extremamente instrospectivos, a meditação consiste entre outras coisas, na observação da mente sem julgamentos, e eu tenho a certeza que uma grande parcela de todas essas pessoas, praticava alguma forma de meditação, que quer dizer, desenvolvimento mental.

Vocês estão sendo tão superficiais nos seus comentários que não dá nem vontade de discutir, agora é o mrrirror que está com paciencia, talvez porque nunca tenha discutido esse assunto aqui anteriormente, mas falando pela minha pessoa, eu não tenho mais a minima vontade de entrar em discussões que levem mais de 20 páginas e que não saiam do ponto de onde começaram.

Abraços.

Desculpe Maurício, mas acho que não é por aí...muita calma nessa hora.   8-)

Estou gostando muito da discussão, fica frio aí...medite aí um pouco. :)

Tá querendo acabar com o nosso carnaval, qual é pô!?  :hmph:


Estou bastante calmo Gigaview, mas observando todas as discussões passadas não vejo um futuro muito promissor para essa também, mas enfim ...
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Hold the Door

  • Editores
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.656
  • Sexo: Masculino
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #12 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 14:33:11 »
E eu também tenho uma pergunta que já queria fazer a tempos.

Quem é você Agnóstico? Qual sua idade? O que vc faz da vida? É casado? Tem filhos? Fale um pouco da sua pessoa para nós.
Essa conversa foge do assunto do tópico, por isso, se forem continuá-la, façam isso em algum outro tópico da seção papo furado, como o de apresentações.

Por favor, mantenham-se dentro do tema "filosofia budista".
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #13 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 17:22:48 »
pois eh...  To postando pelo celular..

O Mauricio me pergunta quem sou eu para questionar o buda e me diz que ele nao fez nada baseado em opiniao...  E sim mostrando como as coisas sao. Mauricio: desculpe mais isso eh papo de crente. Para mim eh apenas groselha

O mirror: que nao eh budista (atr o falp cantar tu me negaras 3 vezes hehe) agora di qye as groselhas escritas tem uma interpretaçao mais profunda que na verdade continuam sendo groselhas...

Eu estou viajando, sem acesso a computador: e sem esperança de que crentes percebam que outros crentes defenderiam sua religiao com a mesma "propriedade" e argumentos.

vao ficar bravos comigo: mas o buda rh bem fraquinho...
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline mrmirror

  • Nível 05
  • *
  • Mensagens: 52
  • Sexo: Masculino
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #14 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 20:18:31 »
Legal o link Mauricio.
Só acho melhor tentar um texto mais moderno, o agnóstico se prende muito a linguagem e perde o conteúdo.

Eu tenho um link do mesmo site que talvez facilite, mas já deu pra perceber que o bicho aqui é brabo.
Eu até consigo entender o agnóstico, tenho por vezes a mesma dificuldade com o cristianismo, opiniões e sentimentos muito fortes acabam atrapalhando. Já me vi surpreso debatendo com cristãos que não eram exatamente os crentoloides de plantão mais comuns de se ver e acabei dando mancadas no debate.
Muita paixão por certas idéias atrapalha, nem todo mundo pensa igual. Aprendi que para debater cristianismo é preciso debater o cristianismo individual da pessoa.

Voltemos ao tópico:

Citar
Um quarto dos ensinamentos do Buda tem por base a sensação, que é a primeira verdade do que ele ensinou ao longo de quarenta e cinco anos. É por não entender essa verdade que estamos atados de uma forma ou de outra à repetição do ciclo de nascimento e morte. As sensações também representam um dos quatro fundamentos da atenção plena, tal como exposto pelo Buda em vários Suttas. Uma pessoa comum e uma pessoa iluminada se diferenciam pela forma como cada uma responde às sensações. Enquanto que uma pessoa comum, por exemplo, se apega à sensação prazerosa e rejeita a não prazerosa, a pessoa iluminada nem se apega à prazerosa, nem rejeita a não prazerosa. Ao invés disso, ela as encara com atenção plena e sempre mantém a mente em pleno equilíbrio em relação a ambas.

Todos os seres vivos, sem exceção, sentem. Não muitos, entretanto, utilizam a sensação como um meio para obter um insight mais profundo em relação à realidade daquilo que estão experimentando e ao mesmo tempo evitar uma reação emocional. Aqueles seres humanos que empregam a mente para pensar e criar estão em uma posição vantajosa. Infelizmente, no entanto, não são muitos os seres humanos que usam as suas sensações para desenvolver o seu humanismo ou qualidades humanas. Existem muitos seres humanos que não aprenderam a usar as suas ilimitadas capacidades mentais e as sensações para o seu próprio desenvolvimento mental.

Se alguém lhe perguntasse, “Como vai você?” Você responderia “Muito bem.” Ou “Nunca me senti melhor.” Ou “Eu estou bem e você?” ou “Eu não me sinto muito bem hoje.” Ou “Eu me sinto um pouco enjoado.” Ou “Eu estou me sentindo muito mal hoje.” Você estaria expressando as suas sensações sem dar uma razão particular porque estaria se sentindo assim. Se você fosse fazer uma análise psicológica faria uma distinção entre emoções e sensações. Na linguagem cotidiana, no entanto, você usa esses dois termos indiscriminadamente. Para manter a coerência neste artigo, eu também, portanto, usarei o termo “sensações” indiscriminadamente significando ambos “emoções” e “sensações”. É melhor deixar a diferença entre esses dois termos de lado até que você tenha terminado de ler este artigo. Não estou tentando fazer aqui uma análise neurológica de como a sensação ocorre. Meu objetivo é indicar como as sensações podem ser usadas como um objeto para o treinamento da atenção plena, de forma que você possa ser capaz de viver com todos os tipos de sensações sem que corra o risco de sofrer um colapso nervoso.

A sensação deveria ser usada como um mecanismo para obter um insight profundo sobre a realidade das sensações. Sabemos que, do momento em que nascemos até o último suspiro, funcionamos à base de sensações. As sensações surgem da periferia devido a um contato específico, ou de dentro, do fundo do nosso próprio estado mental, devido a um contato que deixou uma marca. Assim que os nossos sentidos entram em contato com os objetos nos tornamos conscientes das nossas sensações provocadas pelo contato periférico. As sensações principiam ao mesmo tempo que o desenvolvimento do nosso sistema nervoso central, elas estiveram presentes até mesmo quando nos encontrávamos dentro do ventre materno. Quando nossa mãe comia uma comida quente, sentíamos o calor. Quando ela comia uma comida fria, sentíamos o frio. Quando ela estava com raiva, sentíamos a sua agitação e tensão. Quando ela se movia sentíamos os seus movimentos. Quando ela cantava ouvíamos a sua voz. Quando ela chorava ouvíamos o seu choro. Também ouvíamos o seu riso. Embora não sejamos capazes de nos lembrar de tudo isso, apesar disso, sentimos tudo.

Assim que nascemos choramos, não somente porque sentimos tristeza por ter que deixar o ventre materno, ou porque pensamos que por não chorar não nos dariam atenção, mas porque sentimos a mudança de ambiente. Do ambiente escuro, quente e confortável na barriga da mãe, fomos empurrados para um ambiente desconfortável, frio, com uma luz brilhante que nos cega, cercado por várias pessoas. Nunca havíamos experimentado aquilo antes. Do momento em que começamos a luta pela vida como um organismo unicelular, estivemos experimentando sensações. Do momento em que as nossas células nervosas ou neurônios começaram a se desenvolver, experimentamos sensações. Quando a sensação nos agrada queremos mais daquilo e quando a sensação é desagradável queremos rejeitar aquilo. Essa é a nossa reação natural. Toda nossa busca – esforço, realizações, melhorias, desenvolvimentos, invenções, trabalhando duro ou não, desejando viver ou não – depende de como nos sintamos. Nossa busca por comida, roupas, medicamentos, abrigo, sexo, calor, frio e muito mais, depende das nossas sensações. Quando sentimos frio, procuramos o calor. Quando estamos famintos, procuramos por comida. Quando queremos evacuar, buscamos um lugar adequado para satisfazer aquela sensação. Temos feito descobertas, produzido, desenvolvido ou melhorado muitas coisas devido àquilo que sentimos. Criamos e procriamos de acordo com as nossas sensações. Até mesmo o nosso raciocínio teve início a partir das nossas sensações. Tudo aquilo que fazemos depende das nossas sensações. Nossa reação a uma dada situação depende de como nos sintamos. Depois de reagir a uma determinada situação pode ser que racionalizemos nossa reação. Todas as nossas reações emocionais dependem de como nos sintamos em relação à situação. Repetidas reações emocionais em relação a sensações gradualmente alimentam o nosso ego. Quando a reação emocional se converte num hábito, racionalizamos a nossa reação emocional e nos defendemos dizendo, “Tenho todo direito de defender-me se alguém me magoa.”

Quando começamos a entender a natureza universal das sensações começamos a treinar a nossa mente, a usá-la para o benefício de todos os seres vivos, ao invés de sermos egoístas. Quando aprendemos a treinar as nossas mentes para usar as sensações como objeto do nosso desenvolvimento mental, aprendemos mais a seu respeito e fazemos pleno uso delas com entendimento mais profundo. Ao universalizar as suas sensações, você se torna mais atento, evitando dizer coisas que possam magoar outras pessoas. Tampouco fará algo que resulte na destruição de qualquer ser vivo. Todos os seres vivos temem a morte. É claro que se você ignorar os sentimentos dos outros encontrará justificativa para fazer qualquer coisa. Na maioria das vezes, a sua justificativa virá desprovida de qualquer sentimento. Você racionalizará qualquer coisa se puder ignorar os sentimentos dos outros. Essa é uma atitude típica dos fanáticos religiosos. Algumas pessoas, ao mesmo tempo em que colocam a sua própria religião no pedestal mais alto, usam linguagem abusiva e depreciativa para atacar as pessoas que pertencem a outras religiões, porque elas ignoram os seus sentimentos.

Esses são apenas alguns poucos exemplos de quanto você pode sofrer por causa das suas próprias sensações. Se você encarasse as suas sensações com compreensão, você não se sentiria tão perturbado em encontrar alguém diferente de você. Você não ficaria irritado se alguém falasse num idioma que você não compreende. Se você compreender a natureza das sensações poderá ouvir as queixas de dor de uma outra pessoa sem que você mesmo comece a se queixar. Se você não compreender as sensações você poderá ser bastante insolente, arrogante e ofensivo, e mais tarde sofrer muito por tal comportamento.

Ao treinar a si mesmo para ter a atenção plena nas sensações toda a sua atitude irá mudar e você se sentirá mais à vontade ao notar as diferenças que há no mundo. Observe a sua sensação – prazerosa, não prazerosa ou neutra – foque a sua total atenção na sensação sem pensar ou dizer, “Ah! Minha cabeça dói,” ou “Minha perna dói,” etc. A não ser que você dedique total atenção à sensação, você não conseguirá saber o que está por detrás dela. Concentre total atenção na sua própria sensação e comece a observar a sensação prazerosa que está por detrás da sensação não prazerosa. Somente dando total atenção a algo você poderá notar o que se encontra por trás daquilo. Se você tiver paciência suficiente para observar a sua sensação, você também irá notar que ela está sempre mudando. Você não notaria essa mudança na sensação se não prestasse atenção nela. É a sua atenção, não a palavra, que traz as coisas para a superfície da sua mente.

Suponha que você se sinta deprimido. Se você prestar total atenção a esse sentimento sem adicionar nenhuma emoção, você irá notar a sua depressão diminuir gradualmente. É claro que você poderá fazer com que a sua depressão se torne ainda mais miserável e poderá até mergulhar num processo maníaco depressivo por vários dias, se você se apegar a ela. Ou você poderá se livrar dela rapidamente, se aprender a aceitar a realidade de que as suas sensações mudam a cada instante. Ainda bem que até mesmo as sensações desagradáveis são impermanentes.

Suponha que você desperte uma manhã com uma terrível dor de cabeça. Imediatamente encontre um lugar razoavelmente tranqüilo na sua casa ou apartamento e passe algum tempo sentado quieto, fechando os olhos e observando a sua dor de cabeça sem assumir ou preocupar-se com nada, mas prestando total atenção na dor. Em breve você irá notar que a sua dor de cabeça irá diminuir gradualmente. Mas se você ficar preocupado por causa da dor, poderá fazer com que a dor de cabeça piore ao adicionar-lhe mais pressão ou tensão porque você adicionou outra sensação – preocupação – ao invés de lidar com apenas uma sensação –dor de cabeça.

Suponha que numa noite ou por várias noites seguidas você não consiga dormir. Na manhã seguinte você acorda e se sente um tanto desconfortável. Se você começar a se preocupar pelo fato de não dormir, poderá ter ainda mais sensações desconfortáveis. Agora, é essa preocupação, não a falta de sono que causa o maior desconforto. Se, por outro lado, você fica tranqüilo e não se preocupa por não ter uma boa noite de sono, você se sentirá melhor. Isso significa que você poderá usar as suas sensações para sentir-se confortável ou desconfortável, dependendo da forma como você lida com as suas sensações.

Suponha que um certo dia você se sinta bastante tranqüilo, feliz e contente. Olhe para essa sensação tal como ela é e tente prestar total atenção nela. Enquanto você estiver se sentindo tranqüilo, feliz e contente tente prestar total atenção a essa sensação e permita que ela desapareça quando começar a desaparecer. Não tente fazer com que ela seja permanente. Se essa sensação desaparecer não fique aborrecido; simplesmente aceite o desaparecimento. Receba as coisas como elas são. Ao aceitá-lo você permite a si mesmo recriar essa sensação na sua mente numa outra ocasião. Se você se preocupa com o seu desaparecimento não irá permitir que ela retorne. Aceitando o desaparecimento da sua sensação agradável, você na verdade está aprendendo a relaxar e sentir-se confortável com as mudanças nas suas sensações. Você não pode forçar uma sensação a permanecer com você de acordo com os seus desejos. Ela escapa do seu controle. E quanto mais você tentar mantê-la com você, mais rápido ela desaparecerá. Se você simplesmente aceitá-la quando surgir e soltá-la quando se for, irá manter o seu equilíbrio e isso permitirá que você relaxe.

Da mesma forma, se surgir uma sensação desagradável, não tente rejeitá-la ou afastá-la prematuramente. Demora algum tempo para que uma sensação desapareça. Você também deve cultivar a paciência com as sensações desagradáveis. Se você perder a paciência, irá perder aquilo de agradável que pode vir em seguida ao desagradável e até exagerá-lo. Quando você não dá muita importância ao fato, você simplifica as coisas e as torna mais confortáveis para você mesmo. Simplesmente, preste total atenção à sua sensação desagradável. Você pode sentir uma certa sensação desagradável devido a um desequilíbrio químico no seu cérebro. Você tem que admitir, quer goste ou não, que as coisas no seu corpo e mente estão mudando todo o tempo. Se você experimentar sensações desagradáveis devido a um desequilíbrio hormonal, você poderá prolongar o desequilíbrio pelo fato de se preocupar ou de se impacientar. Se você relaxar e prestar total atenção ao desequilíbrio hormonal, a sua mente irá gerar hormônios melhores e mais positivos para superar o desequilíbrio.

Sem se dar conta, você cultiva uma certa atitude mental em relação a muitas coisas e pessoas. Essa atitude pode causar sensações agradáveis ou desagradáveis. Ao olhar para o seu estado mental com atenção plena, você verá que é a sua própria atitude que criou aquele estado mental que resulta numa sensação ou outra. A sensação não se origina do objeto que você percebe mas do seu próprio estado ou atitude mental. É por essa razão que quando várias pessoas olham para um mesmo objeto elas podem ter diferentes sensações e diferentes opiniões sobre o objeto.

Se você observar a sua mente e sensações com atenção plena, verá de modo claro e inequívoco que aquilo que você está sentindo é a sua própria criação e que você é totalmente responsável por ela. Observar com atenção plena a mudança contínua das suas sensações poderá fazer você evitar as reações emocionais e ver a verdade das suas sensações. A atenção plena nas sensações não fará com que você tenha pensamentos obsessivos, ou pensamentos abusivos, ou pensamentos maléficos. Ao pensar sem atenção plena você abusa da sua mente. A mente que é abusada sempre produz sensações abusivas, que são sempre dolorosas.

http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/atencao_plena_sensacoes.php
“Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existirem muito mais crentes do que pensadores.” - Bruce Calvert

Offline Luiz Souto

  • Nível 33
  • *
  • Mensagens: 2.356
  • Sexo: Masculino
  • Magia é 90% atitude
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #15 Online: 21 de Fevereiro de 2009, 21:10:42 »
Muito bom o resumo da filosofia budista Mrmirror! Conhecia apenas superficialmente os postulados desta.
O que me chamou a atenção foi uma proximidade da filosofia budista com a de Epicuro , em especial a questão do desapego , que provavelmente não é por acaso mas devido às trocas culturais do mundo helenístico com o Oriente.

O que é muito interessante é a diferença de postura do cristianismo e do budismo em relação á contingências da vida. O cristianismo é uma religião da racionalização , ela procura uma Razão para os eventos da vida humana ( bons ou maus) e coloca esta Razão em Deus. O sofrimento humano surge como expiação pela culpa do pecado de Adão que leva à Queda ( saída do Paraíso) e só será resgatado por Cristo - assimilado ao segundo Adão - que retornará os salvos ao Paraiso. Daí que os cristãos sempre coloquem a causa do bom e do mal em Deus , mesmo o demõnio só tem o poder de causar o mal porque Deus o autoriza devido a estar a humanidade caída. O fim do sofrimento para o cristão está fora dele , é o Paraíso , e não depende inteiramente dele alcançá-lo mas da vontade última de Deus ( e toda a divergência entre as denominações cristãs é na interpretação desta vontade).
O budismo , pelo que entendi , não busca uma causa para os eventos da vida mas toma a sua existência como dada e inevitável e se preocupa com a atitude a ser tomada perante estes. Designa como  fonte de sofrimento o apego ou a repulsa aos eventos e propõe uma atitude de desapego , um controle do envolvimento emocional ( que lembra a ataraxia dos epicuristas). Não há causa para as ocorrência felizes ou infelizes , a felicidade ou infelicidade dos eventos é dada pelo própio ser humano e os eventos ocorrem em grande parte sem que este possa controlá-los ( você não controla ser amado ou abandonado , não controla a cura ou a morte de um ente querido...). Transcender o sofrimento causado pelos eventos é atribuição do indivíduo , não o fruto da vontade de um Deus , e o Nirvana/Paraíso não é um local externo mas um estado interno.

Bom , foram as idéias que me surgiram com a leitura do tópico...
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline mrmirror

  • Nível 05
  • *
  • Mensagens: 52
  • Sexo: Masculino
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #16 Online: 22 de Fevereiro de 2009, 05:28:52 »
Dhukka pode também ser traduzido como "agitação", "stress" e etc.
Só dando uma destacada nesse ponto para encerrar a questão do sofrimento.
Agitação mental, ansiedade, stresse.

Muito bom o resumo da filosofia budista Mrmirror! Conhecia apenas superficialmente os postulados desta.
O que me chamou a atenção foi uma proximidade da filosofia budista com a de Epicuro , em especial a questão do desapego , que provavelmente não é por acaso mas devido às trocas culturais do mundo helenístico com o Oriente.
Realmente existe uma boa proximidade entre as duas coisas.
O que me atrai mais no budismo enquanto filosofia é isso, guarda proximidade também com alguns conceitos do Schopenhauer e trabalha com questões interessantes sobre o ego como algo falso, fala sobre o condicionamento humano e como nos movemos em direção as coisas.

Quando pensamos em como funciona nosso cérebro e questionamos o livre-arbítrio, fica difícil entender como poderia isso se quer existir.
Reagimos a impulsos cerebrais como maquinas, mas ao mesmo tempo aparentamos ter uma margem de manobra, podemos fazer escolhas livres.
O Budismo fala sobre isso e identifica que reagimos ao ambiente de maneira condicionada, onde as formações mentais tem causas e esse ego que se pensa o autor das escolhas, é na verdade ilusório, mas ao mesmo tempo fala sobre superar esse mecanismo.
O que é muito interessante é a diferença de postura do cristianismo e do budismo em relação á contingências da vida. O cristianismo é uma religião da racionalização , ela procura uma Razão para os eventos da vida humana ( bons ou maus) e coloca esta Razão em Deus. O sofrimento humano surge como expiação pela culpa do pecado de Adão que leva à Queda ( saída do Paraíso) e só será resgatado por Cristo - assimilado ao segundo Adão - que retornará os salvos ao Paraiso. Daí que os cristãos sempre coloquem a causa do bom e do mal em Deus , mesmo o demõnio só tem o poder de causar o mal porque Deus o autoriza devido a estar a humanidade caída. O fim do sofrimento para o cristão está fora dele , é o Paraíso , e não depende inteiramente dele alcançá-lo mas da vontade última de Deus ( e toda a divergência entre as denominações cristãs é na interpretação desta vontade).
O budismo , pelo que entendi , não busca uma causa para os eventos da vida mas toma a sua existência como dada e inevitável e se preocupa com a atitude a ser tomada perante estes. Designa como  fonte de sofrimento o apego ou a repulsa aos eventos e propõe uma atitude de desapego , um controle do envolvimento emocional ( que lembra a ataraxia dos epicuristas). Não há causa para as ocorrência felizes ou infelizes , a felicidade ou infelicidade dos eventos é dada pelo própio ser humano e os eventos ocorrem em grande parte sem que este possa controlá-los ( você não controla ser amado ou abandonado , não controla a cura ou a morte de um ente querido...). Transcender o sofrimento causado pelos eventos é atribuição do indivíduo , não o fruto da vontade de um Deus , e o Nirvana/Paraíso não é um local externo mas um estado interno.

Bom , foram as idéias que me surgiram com a leitura do tópico...
A comparação com o cristianismo foi boa.
Até agora sobre o budismo é isso mesmo que foi apresentado.

Só não entendo como o budismo chega a conclusões sobre renascimento, aos conceitos de nibbana, etc e tal.
Pelo que tenho visto não existe muita explicação sobre isso, falam sobre não ser nada do que pensamos ser. No budismo muitas coisas são omitidas de proposito, dizem que é melhor não falar sobre elas já que em nada ajudam.

Pelo que entendi processo todo deveria levar a um insight onde entraríamos em um estado mental onde o ego é transcendido e a visão se torna limpa para ver as coisas como são.
É aqui que começam os problemas com o Budismo, me parece um tipo de revelação pessoal dada a subjetividades.
A diferença entre o espiritismo e o budismo nesse ponto, é que o espiritismo se limita a coisas possíveis que até tem sua lógica (que é diferente em cada espirita), mas são altamente improváveis e não se baseiam em observações do mundo real, só na razão pura e imaginativa e em chacotas de conceitos orientais como o carma, e tudo misturado aos conceitos do cristianismo.

A razão pura pode imaginar qualquer coisa, não é impossível que exista uma xícara de café gigante orbitando a terra, mas que valor tem esse tipo de questionamento?

O budismo não, ele parte de constatações reais e de um conhecimento bem fiel a realidade do homem, mas no fim cai em um estado mental altamente questionável.
Pra quem nunca teve esses insights é difícil questionar sobre o que isso poderia ser, é como questionar as propostas do espiritismo ou as experiencias extra corpóreas.
Só o que me chama a atenção é que diferente das conclusões subjetivas desses últimos, parece-me estranho que uma filosofia que aparenta entender tão bem o homem e que parte desse conhecimento como base, depois venha a decair de forma tão dramática. (Será que decai mesmo ou acerta o alvo?)
Fico curioso para entender qual a base para tais alegações e o que esse povo budista vê nesses estados, e como sabem que não é algum tipo de delírio.
Queria que a ciência pudesse entender melhor esse estado e que a mente não fosse uma caixa preta tão difícil de analisar.

O budismo é muito rígido e eu não troco meus desejos e prazeres por algo que não sei do que se trata e que é tão difícil de experimentar.
Dai eu fico só na curiosidade, ainda mais que já tomei uns bagulhos ai e vi e senti tanta coisa... não estou comparando drogas ao estado budhico, mas dependendo das drogas elas também alteram e ampliam nossa percepção (tipo o daime), fico curioso em vislumbrar o que é esse estado budhico e que tipo de coisa se pode ter por certo estando nele.
“Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existirem muito mais crentes do que pensadores.” - Bruce Calvert

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #17 Online: 24 de Fevereiro de 2009, 21:31:36 »
Você me passou um texto budista, conhecido. Eu critiquei o texto passado mostrando que ele não defende os pontos adequadamente, e você me contestou dizendo que é o básico.
Continuo não concordando com o que você escreveu, e ja vou dizer porque, mas temos primeiro uma questão de ordem. Coloque dois ou três trechos do texto budista que dá essas explicações, inclusive sobre a sensualidade. Já conversei com outros budistas aqui e a visão deles era bem diferente da sua.
É necessário colocar as fontes com a referência budista. Como disse, não quero discutir sobre um imenso esforço reflexivo das pessoas que querem dar um sentido aos textos.
Outro ponto: Eu citei textos, mostrei fontes, falando que esse mundo é uma casa em chamas, que buda é salvador, etc..  Eu quero saber porque esse texto é menos importante do que o que você citou. E quero saber porque os pobres do Sri Lanka não podem contar como evidência desse apego a literalidade e ao sobrenatural que você segue continuamente ignorando.

Um parêntesis.  Mirror, você me disse que "o budismo mostra um conhecimento apurado da mente", que "minha discordância não torna o budismo meio verdadeiro" e o Mauricio me diz basicamente que o budismo é a expressão da verdade.
Como parêntesis, porque isso é discussão do outro tópico, você deveria começar a se questionar quando fala que budistas não são dogmáticos. Não é necessária a crença exclusiva em entes sobrenaturais para ter uma religião que gera dogmatismo.

Voltando à doutrina.

Mirror, quem está sofrendo tanto? Minha vida (e já vamos falar do genérico) é basicamente um fluxo de deleites com algumas breves interrupções. Era fantástica quando eu era duro, era fantástica quando subi, ficou muito boa após 4 meses depois de uma queda brusca que tive e me acompanhou na minha ascenção. Tive perdas, sofremos abortos, e minha vida é imensamente feliz.

Se fosse possível traçar uma proposta tão complexa e taxá-la de nobre verdade, a minha primeira verdade seria que o sentimento básico da vida é a felicidade. Mesmo quando eu estou em um farol e vejo uma menina que poderia ser minha filha querendo me vender balas, quando eu começo meu processo de tortura eu sorrio, dou-lhe dinheiro, e lembro que a felicidade se dá nessas comunidades tanto como em qualquer outra, lembro que a felicidade é como a vida, basta um pouco de algo para que ela floreça.
Mas quer saber: Não é possível traçar quatro nobres verdades e criar um mundo sobre isso. As quatro nobre verdades deveriam ser proposições de investigação, conhecimento, casos, hipóteses que tenham o elemento regressivo embutido de maneira explícito e formal, e não proposições dogmáticas.


Tendo isso em mente, peguei partes de sua citação

Citação de: Mirror
os cinco agregados da existência quando objetos de apego, isto é, quando tomados como “eu” e “meu” são sofrimento. Os cinco agregados da existência são: corpo, sensações, percepções, consciência e formações mentais.
...
O budismo identifica adequadamente que viver leva inevitavelmente a sofrer, na vida sofremos, isso fato, todos nós sofremos vez ou outra, alguns mais outros menos, por isso nascer é sofrer.
...

Quando ele fala sobre o desejo sensual, não fala contra o tesão ou sexo, o desejo nesse caso tem significado diferente, não se refere ao tesão, mas ao querer do ego, ao desejo egóico.
...
Então os cinco agregados da existência ou seja, corpo, sensações, percepções, consciência e formações mentais, não são apontados como sofrimento como você tenta refutar, eles só são considerados como sofrimento, quando se tornam objetos de apego do ego, isto é, quando tomados como “eu” e “meu”.


Não tenho problema em ter o "eu" e o "meu". O que ví até agora do budismo, é exatamente a tentativa de supressão desse "eu".

Então, a sequência dourada poderia ser assim:
1- O cara reconhece as nobres verdades
2- O cara acredita que o desapego deve ser perseguido e que o "eu" deve ser suprimido..
3- Entra em diferentes graus de auto-enganação sendo o maior deles o de virar um monge

E isso meu caro amigo, é uma sandice próxima a do socialismo com a sua nobre intenção de mudar o mundo através da ação contrária a natureza humana, e o que é pior, escolhe tentar suprimir comportamentos humanos que são necessários à evolução da sociedade e não contrários a ela.

E aqui entra a crença. Quando você acredita em algo, o racicínio proposto sempre vai ser a pura expressão da verdade. Cada texto que você coloca, eu me ponho mais em disconformidade ao budismo.

Meu "eu" não é problema para mim. Não deve ser para ninguém, apenas para quem acredita que ele é um problema. Não tenho problemas com o que eu tenho, o que "eu" não tenho. E não vai ser acreditando nisso que a sociedade vai caminhar para frente. Talvez por isso que países budistas não possuem nenhuma evidência de ter conseguido algo mais do que os outros.

Esse "eu", esse apego, é exatamente o que vem fazendo a humanidade descobrir coisas e evoluir, não é o que tem feito ela sofrer.



abraços







“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #18 Online: 24 de Fevereiro de 2009, 23:04:42 »
Continuando

Citar
É por não entender essa verdade que estamos atados de uma forma ou de outra à repetição do ciclo de nascimento e morte.

Que ciclo é esse?

Citar
O Dalai Lama, diz ele, pode declarar que um jovem lama é a reencarnação de seu próprio regente, há muito falecido. Então, o Dalai Lama poderia morrer e reencarnar como um novo bebê, que seria identificado após o costumeiro estudo de portentos e sinais. "Talvez aquele que ele indique como a reencarnação do regente transfira o título de Dalai Lama de volta para ele, quando sua próxima reencarnação chegar à maturidade", diz Thurman.

Esquecendo um pouco o Sri Lanka, onde realmente as pessoas acreditam nisso. Porque o Dalai se usa de conceitos como esses?

Citar
pessoa iluminada nem se apega à prazerosa, nem rejeita a não prazerosa.

Como disse... curta a prazerosa, se esbalde nela,  descarte a não prazerosa na medida do possível..

Citar
Todos os seres vivos, sem exceção, sentem. Não muitos, entretanto, utilizam a sensação como um meio para obter um insight mais profundo em relação à realidade daquilo que estão experimentando e ao mesmo tempo evitar uma reação emocional. Aqueles seres humanos que empregam a mente para pensar e criar estão em uma posição vantajosa. Infelizmente, no entanto, não são muitos os seres humanos que usam as suas sensações para desenvolver o seu humanismo ou qualidades humanas. Existem muitos seres humanos que não aprenderam a usar as suas ilimitadas capacidades mentais e as sensações para o seu próprio desenvolvimento mental.

E qual humano conseguiu? Quem disse que são ilimitadas? Vi textos propondo que esse grau acontece com a meditação, isso é verdade? Existem evidências para isso?

Citar
Quando nossa mãe comia uma comida quente, sentíamos o calor. Quando ela comia uma comida fria, sentíamos o frio. Quando ela estava com raiva, sentíamos a sua agitação e tensão. Quando ela se movia sentíamos os seus movimentos. Quando ela cantava ouvíamos a sua voz. Quando ela chorava ouvíamos o seu choro. Também ouvíamos o seu riso. Embora não sejamos capazes de nos lembrar de tudo isso, apesar disso, sentimos tudo.

Provas? Fontes que dizem que sentíamos calor???

Citar
Assim que nascemos choramos, não somente porque sentimos tristeza por ter que deixar o ventre materno, ou porque pensamos que por não chorar não nos dariam atenção, mas porque sentimos a mudança de ambiente. Do ambiente escuro, quente e confortável na barriga da mãe, fomos empurrados para um ambiente desconfortável, frio, com uma luz brilhante que nos cega, cercado por várias pessoas.

Provas que ficamos tristes? Provas que o choro não é uma reação instintiva? De onde veio essas informações?

Citar
Do momento em que começamos a luta pela vida como um organismo unicelular, estivemos experimentando sensações.

Provas que experimentávamos sensações a essa altura??

Depois faz um non-sequitur terrível entre esse texto e obviedades/imprecisões.

Citar
uponha que você se sinta deprimido. Se você prestar total atenção a esse sentimento sem adicionar nenhuma emoção, você irá notar a sua depressão diminuir gradualmente. É claro que você poderá fazer com que a sua depressão se torne ainda mais miserável e poderá até mergulhar num processo maníaco depressivo por vários dias, se você se apegar a ela. Ou você poderá se livrar dela rapidamente, se aprender a aceitar a realidade de que as suas sensações mudam a cada instante. Ainda bem que até mesmo as sensações desagradáveis são impermanentes.

Isso é interessante e bem conhecido. Muita gente que conheço gosta de questionar os reais motivos de suas sencações e desconforto.  O que mais gosto é de descobrir que estava bravo com alguém pelo motivo A e descobrir que o motivo A era apenas uma muleta criada por mim para justificar uma possível retaliação.


Citar
Suponha que você desperte uma manhã com uma terrível dor de cabeça. Imediatamente encontre um lugar razoavelmente tranqüilo na sua casa ou apartamento e passe algum tempo sentado quieto, fechando os olhos e observando a sua dor de cabeça sem assumir ou preocupar-se com nada, mas prestando total atenção na dor. Em breve você irá notar que a sua dor de cabeça irá diminuir gradualmente. Mas se você ficar preocupado por causa da dor, poderá fazer com que a dor de cabeça piore ao adicionar-lhe mais pressão ou tensão porque você adicionou outra sensação – preocupação – ao invés de lidar com apenas uma sensação –dor de cabeça.

Vá ao médico. Você poderá estar sofrendo algo que poderia ser tratado por um profissional do ramo.

Citar
Suponha que numa noite ou por várias noites seguidas você não consiga dormir.

Vá ao médico. Existem remédios fabulosos...
Citar
a manhã seguinte você acorda e se sente um tanto desconfortável. Se você começar a se preocupar pelo fato de não dormir, poderá ter ainda mais sensações desconfortáveis. Agora, é essa preocupação, não a falta de sono que causa o maior desconforto.

Chover no molhado!!!


Citar
Sem se dar conta, você cultiva uma certa atitude mental em relação a muitas coisas e pessoas. Essa atitude pode causar sensações agradáveis ou desagradáveis. Ao olhar para o seu estado mental com atenção plena, você verá que é a sua própria atitude que criou aquele estado mental que resulta numa sensação ou outra. A sensação não se origina do objeto que você percebe mas do seu próprio estado ou atitude mental.

O segredo já saiu com uma explicação quântica para isso, livros de toda sorte dizem isso...

Temos coisas que é fácil descordar, outras sem evidências, boas obviedades...





« Última modificação: 24 de Fevereiro de 2009, 23:09:39 por Agnóstico »
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re:Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #19 Online: 27 de Janeiro de 2012, 22:52:06 »
Achei, aqui discutíamos o Budismo sob o ponto de vista do conteudo da religião e nao comparativamente. Um monte de besteiras.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re:Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #20 Online: 27 de Janeiro de 2012, 23:00:01 »
Pensando e rever/rediscutir o que especificamente? ::)

Faça uma análise e retome a discussão, vai ser legal.  :)
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re:Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #21 Online: 27 de Janeiro de 2012, 23:28:50 »
E eu também tenho uma pergunta que já queria fazer a tempos.

Quem é você Agnóstico? Qual sua idade? O que vc faz da vida? É casado? Tem filhos? Fale um pouco da sua pessoa para nós.
Eu acho importantissimo que nos conheçamos melhor, porque vocês negam essas coisas baseadas em suas próprias opniões do mundo, o Buda não ensinou nada que seja baseado em opnião, ele ensinou o Dhamma, que está baseado na investigação de como as coisas na verdades são. Pode parecer que é tudo muito simples e infantil a primeira vista para um leitor "desavisado" mas o Dhamma é profundo e sutil, é necessária a investigação para compreende-lo.



Olhe a confusão do cara que jura que o budismo nao gera crença cega. 

De maneira geral, o Budismo e os budistas tem a percepção que o mundo esta circundado de trevas e infelicidade. Note que mirror fala que o "O budismo identifica adequadamente que viver leva inevitavelmente a sofrer, na vida sofremos, isso fato, todos nós sofremos vez ou outra, alguns mais outros menos, por isso nascer é sofrer."

Em geral, todas as pessoas que tem uma crença em uma utopia tendem a ver o copo vazio e nao o copo cheio. Só olhar as opiniões dos esquerdaloides sobre a desgraça neoliberal em que vivemos. Acho que um crente/enviesado/fanático é depressivo também.

Qualquer membro desse forum pode escrever melhor e mais concisamente que Buda.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Sr. Alguém

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.067
  • Sexo: Masculino
Re:Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #22 Online: 28 de Janeiro de 2012, 13:43:12 »
Muito bom o resumo da filosofia budista Mrmirror! Conhecia apenas superficialmente os postulados desta.
O que me chamou a atenção foi uma proximidade da filosofia budista com a de Epicuro , em especial a questão do desapego , que provavelmente não é por acaso mas devido às trocas culturais do mundo helenístico com o Oriente.
Eu também a achei semelhante ao Estoicismo de Zenão.E será que os Vulcanos de Star Trek seriam baseados nessas filosofias ou mesmo no budismo ?
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo_secular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_social

Offline Osler

  • Nível 25
  • *
  • Mensagens: 1.115
Re:Discutindo a filosofia budista.
« Resposta #23 Online: 31 de Janeiro de 2012, 17:34:06 »
Não quero repetir o que já foi falado acima, mas gostaria de saber dos colegas budista, no que se refere a depressão:

1- Alguma fonte que demostre que budistas tem menos depressão que os não-budistas
2- Alguma fonte que demostre que o tempo de recuperação de budistas com depressão leve é menor que de não-budistas no gera; não-budistas tratados sem medicação (psicoterpia por exemplo) e tratados com medicação
3- Alguma fonte com melhora de depressão severa com o Budismo (aí incluso ideário suicida ou tentativa de) comparado com os não-budistas
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!