Sou agnóstico por considerar impossível provar a existência de um deus
Mas é justo nesse ponto que o tópico toca: quase todo mundo sabe que é impossível provar a existência de Deus. Se é assim, então todo mundo é agnóstico, o mundo deve estar cheio de católicos agnósticos, protestantes agnósticos, espíritas agnósticos... Até o Papa deve ser agnóstico. Mas aí a palavra perde a relevância. Por isso eu gostei da definição de Comte-Sponville: agnóstico é quem não tem opinião. Se você é deísta, o que é direito seu, então você já tem opinião, logo não pode ser agnóstico. Mas, claro, isso segundo a definição dele, você não é obrigado a concordar com ela.
Em minha humilde opinião existe uma ligação entre o agnosticismo e duvida. Tudo depende da força que se tem na crença ou descrença em Deus.
Me digo agnóstico por não saber se deus existe e não colocar muita foça na minha opinião que sei ser por muito subjetiva, tanto que por vezes acabo pensando que é muito mais fácil deus não existir, mesmo que na maior parte do tempo pense o contrario.
O agnóstico se caracteriza pela duvida, não pela total ausência de opinião.
Eu nunca conheci alguém que não tivesse um palpite preferido sobre essa questão, por isso dizem que agnósticos podem ser ateus e teístas.
Eu respeito a postura deísta, embora não concorde com ela, ela ainda é muitíssimo mais racional que a crença em religiões reveladas. Uma crítica que eu faço, porém, é: se você opina sobre a possível existência de um ser que lhe escapa ao entendimento, como você sabe que ele pode ser consciente? Bom, mas este tópico não é para discutir sobre isso, até porque criei outro tópico justamente para falar dessa questão: O paradoxo cosmológico-teleológico.
É aqui que entra meu agnosticismo, eu não sei se ele realmente existe, só tenho meus palpites subjetivos.
Acho que somente por engano algum ateu poderia pensar ter conhecimento definitivo sobre essa questão. Podemos até ter alguém convicto (o caso dos ateus dogmáticos, conforme Sponville), mas ninguém pode dizer que literalmente sabe que não existe(m) deus(es).
Concordo com esse ponto, mas hipoteticamente não podemos afirmar o mesmo sobre os teístas.
Sempre existe a possibilidade do pé grande existir e de alguém ter visto ele. Foi o que eu disse antes sobre a hipótese groselha implícita na questão.
Nem todo conhecimento é objetivo, não no sentido de poder ser provado. Muito do que vivi nesses meus 45 anos de janelinha, são hoje conhecimento presente apenas em minhas memorias e na memoria de amigos. Conhecimentos que não podem ser observados por ninguém além dos envolvidos.
Para mim (e para Kant), conhecimento é, por definição, objetivo. Se não é objetivo não é conhecimento, mas crença, convicção, fé, opinião... nesse sentido suas experiências pessoais não são conhecimento. Elas podem ser suficientes para você, mas não são suficientes para as pessoas que não compartilharam as suas experiências, você não pode dizer que seus testemunhos, que são irreprodutíveis, estão em pé de igualdade com observações científicas que podem ser reproduzidas em qualquer laboratório.
Eu tenho o conhecimento das coisas que vivi e muito desse conhecimento foi compartilhado por terceiros no momento em que os acontecimentos ocorreram, são coisas que não podem ser observadas fora desse momento, isso não os faz menos verdadeiro.
O conhecimento objetivo é limitado pelo tempo, nem todo conhecimento pode ser reproduzido em laboratório.
Se de forma inexplicada amanhã o cometa harley desaparecer, o nosso conhecimento sobre ele não se torna algo falso ou subjetivo, mas não poderá mais ser observado no futuro.
Foi a isso que me referi, conhecimento mediante a observação não garante que a observação esteja sujeita a qualquer pessoa em qualquer tempo.
Concordo que o conhecimento sempre é objetivo, mas existem problemas na observação e pessoas que podem ter observado coisas e formado conhecimento sobre elas, que hoje não podem ser observadas por nós.
Eu acho mais provável que essas supostas experiências das pessoas com Deus estejam dentro da cabeça delas, e não fora. Tem gente que testemunha ET, Chupa-cabra, fantasma, Saci, mula-sem-cabeça, santas, espíritos, demônios ou mais um sem número de criaturas mitológicas que variam de cultura para cultura. Será que tudo isso existe fisicamente? Ou está dentro da imaginação das pessoas? As pessoas tem grande facilidade para sofrerem de autossugestão, se impressionarem facilmente, encontrar padrões, ver desígnio e sentido em coisas que não têm nenhum, enfim, o ser humano parece estar programado para ser supersticioso. Sugiro a leitura deste artigo que traduzi para meu blog: Crentes natos: Como seu cérebro cria Deus.
Cara, não vou discutir isso com você, estou de acordo que é infinitamente mais fácil ser tudo delírio.
Só lembro que hipoteticamente esse tipo de conhecimento está implícito a cada um desses seres mitológicos.
Se temos a hipótese do saci existir, isso leva a hipótese de existir alguém que tenha conhecimento sobre esse ser. Não importa o tamanho da baboseira hipotética, quando se assume uma, temos a outra implícita.
Só se mudou o significado das palavras, mas não podemos discutir palavras, temos que discutir os conceitos. Se o que eles chamam de deus é "o todo", "a vida", "a natureza", bom, então é claro que deus existe! Mas isso esvazia o significado de deus. Quando nós falamos em Deus o que queremos dizer é ser consciente, transcendente ao universo e possivelmente criador e regulador do mesmo.
O problema está em saber se você é dogmático em sua interpretação pessoal sobre o que pensa serem esses deuses.
Se você conversar com três cristãos diferentes, vai encontrar três deuses diferentes, mais a sua própria visão do Deus bíblico.
Se for dogmático o vai ser com seu próprio Deus e não vai dialogar propriamente com esses cristãos, vai argumentar com base em um deus diferente do deles.
Eu só citei isso pela minha experiencia pessoal de acabar dando mancadas que eu podia ter evitado, ao ser dogmático em debates com cristãos.
É o que acontece com o agnóstico discutindo budismo e comparando o papa com o dalai lama e criticando a reencarnação. Por vezes nós criticamos o que pensamos que o outro disse por cair em dogmatismo, quando o outro está falando sobre uma coisa que não tem nada a ver com o que estamos contra-argumentando.
Podemos ser dogmáticos com deuses que incluem conceitos como onipotência onisciência, um é contraditório por definição e entra em conflito com o outro, só precisamos antes de tudo saber se o sujeito que se diz cristão inclui no deus pessoal dele esses conceitos.
O panteismo também estou de acordo com você, mas eles sempre incluem um tipo de consciência e transcendência, é como se a própria existência fosse viva e com um plano magico premeditado. É algo como uma gaia universal consciente.
Como deísta tenho por opinião que é possível uma força estranha e indefinida.
Grande coisa, eu sou ateu e estou convencido de que o mundo está cheio de forças estranhas e indefinidas. Só não fico chamando tudo o que eu não conheço de Deus, ou estarei deificando a minha ignorância.
Você tem sua opinião eu tenho a minha, você baseia a sua na ausência de evidencias, eu a minha na subjetividade de que a vida tem muita coisa estranha que parece fugir a simplicidade com a qual encaramos a vida. O mundo me parece mais surreal do que aparenta na superfície, tiro disso que existir uma força consciente indefinível é possível. É só uma opinião e sei que é subjetiva, tanto que não raras são as vezes em que penso o contrario, mas no geral, na maior parte do tempo, vejo algum tipo de deus como possível. Sem fé nisso, só palpite... tão cientifico quanto pensar se vai chover amanhã sem recorrer a meteorologia.
É algo sem muita relevância na minha vida, é uma crença-opinião sem força.