Autor Tópico: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados  (Lida 3933 vezes)

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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #25 Online: 09 de Março de 2009, 23:04:16 »
O volume do saldo está no balanço do link, e eu já citei aqui:

Sensíveis a taxa de juros: R$ 34 Bi
Sensíveis a spreads R$ 314 Bi

E mesmo que fosse um problema, volume de dinheiro disponível nunca foi um problema nos bancos, pelo o que eu saiba, a restrição de crédito ao consumo sempre foi mais pautada pelo risco do que pelo volume aplicado, mesmo porque as aplicações não são estáticas: Se eu tenho um título do governo rendendo X%, posso muito bem vender esse título e usar a grana para emprestar para pessoa física ganhando 2X%. Os bancos se provisionam para ter liquidez para fazer essa operação (ou a inversa), se necessário.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #26 Online: 09 de Março de 2009, 23:09:07 »
Partiti, eu havia te perguntado se na rúbrica "Sensíveis a Spreads" tem financiamento a governos ou órgãos públicos.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #27 Online: 09 de Março de 2009, 23:13:11 »
Não se cobra spread de governo, é conceitual isso, se o governo empresta a uma taxa livre de risco, não tem motivo de haver spread.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #28 Online: 09 de Março de 2009, 23:26:22 »
Ok, mas ainda não entendo como a Febraban pode afirmar isso

Citar
A atividade de intermediação financeira é o negócio principal dos bancos. Se o financiamento do déficit do governo, pela carteira própria dos bancos ou pelos recursos de clientes neles depositados ou aplicados, assume importância significativa em nosso País, reduzindo o volume disponível para crédito, é sobre esse fator que se deve atuar.

Os juros muito altos têm como efeito direto a redução do montante emprestado, com efeitos negativos, como os citados de início, sobre os agentes econômicos.

A redução do déficit do governo precisa se dar por dois caminhos: redução e racionalização das despesas e aumento das receitas.

E isso Partiti, bate com os textos que leio frequentemente em jornais. Ao contrário dos valores que você colocou, afirmações como essa mostram que é extremamente significativo.

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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #29 Online: 09 de Março de 2009, 23:48:37 »
Agnóstico, eu já falei, lógico que reduzir o juros básico tem impacto, principalmente no atacado, deixando atrativa carteiras de crédito com rentabilidade mais baixa. O impacto não é necessariamente no volume de crédito em si, mas sim no custo de oportunidade da intermediação financeira. Se pensarmos de uma forma mais macro, sim, a redução de juros ampliaria a oferta possivel de crédito que os bancos estariam dispostos à oferecer, porém não estamos falando de juros diretos ao consumidor, estes dependem muito mais do risco do que do custo de oportunidade em si.

Como o juros básico da economia depende somente do governo, é normal a febraban reclamar disso para o governo. Porém como instrumentos de bureau positivos são mais dependente de acordos entre os bancos, o problema é um pouco mais interno. Mas eu acho que o problema é na verdade mais cultural do que outra coisa, enquanto não se tratar o problema dos juros como o da inflação no Plano Real não sairemos da mesma.

E o balanço do banco é extremamente detalhado e auditado por uma firma independente. É muito mais confiável que informações de jornais, como a Scientific American é mais confiável que a Folha para assuntos científicos.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #30 Online: 10 de Março de 2009, 10:34:34 »
Mas Partiti, o que estou te dizendo é exatamente que eu não acho que a taxa de juro influencie decisivamente no spread. Meu ponto é, ou melhor, era que o volume de crédito ao consumidor final é inexpressivo frente ao total de operações de crédito ao governo.
Note que no Brasil o volume de crédito ao mercado é irrelevante frente aos outros países. E isso porque tem aumentado muito nos últimos anos.
De onde os bancos vem tirando tanto dinheiro com um crédito tão restrito? Teoricamente, do crédito ao governo, que deveria por esse raciocínio, e pelo texto da febraban e outros textos que li em jornais, ser extremamente relevante para os bancos.

Para esse racional ser real isso deveria estar errado:
Citar
Sensíveis a taxa de juros: R$ 34 Bi
Sensíveis a spreads R$ 314 Bi

Ou em relação ao valor, ou em relação ao conceito, isto é, operações sensíveis a taxa de juros deveria incorporar operações de crédito ao governo. Eu posso te afirmar que já vi operações de crédito a órgãos federais com juros maiores do que a SELIC.

« Última modificação: 10 de Março de 2009, 20:49:40 por Agnóstico »
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #31 Online: 10 de Março de 2009, 21:36:12 »
Então, seu raciocínio está equivocado mesmo. Os grandes bancos brasileiros, em sua maioria, são bancos de varejo, fortes em pessoa física, bem mais do que em operações de tesouraria. Um contraste bom é a ausência de bancos de investimento nas listas dos maiores bancos do Brasil, ao contrário de países como os EUA e Europa.

Portanto a maior parte do know-how e do lucro vem de operações de pessoa física, isso é de praxe nos bancos. Nada dá mais dinheiro que crediário e cheque especial, basta olhar o link do balanço. Portanto um banco tende a investir mais onde ele tem mais lucro.

Se você conseguir achar um banco onde volume de crédito emprestado para o governo seja bem maior que o de empréstimos para pessoa física é só mostrar. Eu acredito que você se aproximará mais em balanços de bancos mais votados para alta renda e pessoa jurídica, se é que vai conseguir.

Mas mesmo que você encontre algo, vale lembrar, o que está em questão no tópico é a quantidade de endividados e o relacionamento disso com taxa de juros e risco. Meu argumento é que o spread, e conseqüentemente o resultado para o cliente, é influenciado por diversos fatores, dentre eles o principal é o risco, que vêm de praticas equivocadas do sistema e de fatores culturais.

Não nego a influência da taxa básica, mas a precificação ao consumidor é praticamente não influênciada por ela.
No último corte da Selic eu lembro que o corte de 1% foi repassado integralmente à taxa do cheque especial: ela caiu de 7,09% para 7,01%. Expressivo, não? :roll:

Quanto a operação que paga mais que Selic, você estaria se referindo às LHs? Eu não me lembro de outra relevante, se você se lembrar me avise.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #32 Online: 10 de Março de 2009, 22:04:38 »
Pode estar equivocado mesmo Partiti. A grande questão é que nesse exato momento estou procurando os dados quantitativos. É meio que comum encontrar argumentos como o que te dei...  Por exemplo esse

http://www.jfservice.com.br/arquivo/negocios/dicas/2000/05/08-Campe/
Citar
o caso específico do Brasil, o dinheiro é mais caro simplesmente porque a procura por dinheiro supera em muito a sua oferta, e quem contribui para que isso aconteça, sendo o responsável pela grande procura de dinheiro, é o governo. A maneira mais técnica para explicar este fato é através da análise da estratégia do governo de tirar dinheiro da economia, ou seja, na “cunha monetária”. Esta “cunha monetária” tem duas razões: o déficit do Estado, que exige dinheiro para ser coberto e o combate à inflação, que impede o governo de imprimir papel-moeda para cobri-lo. Frente à política fiscal adotada atualmente pelo governo, chamada de política expansionista, em que o governo gasta mais do que arrecada e necessita financiar o déficit, mostra-se necessária a adoção de uma política monetária contracionista (o que inclui juros altos), fazendo com que o setor privado gaste menos do que ganha e gerando assim o excesso de capital que o governo precisa para se financiar.

Para fazer esta ponte, o sistema financeiro intermedia o processo entre quem tem dinheiro disponível para alugar e quem precisa alugar dinheiro. Com a insaciável “fome de dinheiro” do governo, em que sobra menos dinheiro para alugar a outros possíveis tomadores, bem como com a manutenção dos juros nominais em alta encarecendo o dinheiro para os bancos, estes obviamente o venderão mais caro ainda, provocando dessa forma a elevação em cadeia dos juros e inviabilizando as operações de crédito para os tomadores finais (indivíduos como você e empresas como a que você trabalha).

Estou buscando as informações. Não concordo que o risco seja o mais relevante para o spread. Antes disso os bancos insistiam na lei da falência. Mas estou buscando...
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #33 Online: 10 de Março de 2009, 22:07:24 »
Concordo, já ouvi muito isso, parece fazer sentido, mas não é o que eu vejo nos números mesmo...

Fico no aguardo então.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #34 Online: 10 de Março de 2009, 22:34:22 »
http://www.dieese.org.br/notatecnica/notatec35bancos.pdf

Veja que interessante Partiti, ainda não é exatamente o que estou procurando

1-
Segundo o mais recente Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central (BC), em 2004, o spread bancário tinha a seguinte composição: 33,97% eram destinados para cobrir despesas de inadimplência; 21,56% cobriam o custo administrativo; 7,0%, o custo do compulsório bancário1; 17,67% destinavam-se ao pagamento de tributos, taxas e impostos (diretos e indiretos) e, por fim, 19,80% representavam o resíduo líquido (lucro líquido).

2-
O conjunto de medidas anunciadas pelo governo para redução do spread do crédito privilegia as causas de ordem microeconômica8. Podem ser citadas, entre elas, o alto nível de concentração do setor bancário9, a ausência de mecanismos para redução da assimetria de informação e a falta de autonomia do cliente bancário, detentor da conta-salário. Por outro lado, as medidas não alcançam a dimensão macroeconômica desse problema. Na visão do setor financeiro, a principal solução seria a redução do compulsório bancário, o que disponibilizaria maiores recursos no caixa dos bancos para ser injetado na economia, seja para
financiar o consumo e/ou o investimento produtivo.
Segundo a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), no último mês de junho, os compulsórios somaram R$ 155,7 bilhões aproximadamente 23,6% do crédito total do sistema financeiro. O Brasil apresenta o maior nível de compulsório do mundo (Quadro 2). No entanto, a participação desse custo na margem de ganho dos bancos – spread - é de apenas 7,0%, conforme informações do Banco Central o que amenizaria o impacto desta variável no custo do crédito.

3-
Quadro 2
Recolhimento compulsório sobre depósitos à vista (em%)
Países %         Países %
Brasil 53          Turquia 6
Colômbia 13     Índia 5
Bolívia 12        África do Sul 3
Chile 9            Zona do Euro 2
Tailândia 9      México 0
China 8,5        EUA 0

4-
No Brasil, os bancos procuram ganhar na margem ao invés de ganhar na escala. Ou seja, ao invés de ganharem no volume de crédito, os bancos preferem emprestar pouco e ganhar em cima do preço (juro alto). Nos últimos anos, a sociedade brasileira tem tomado conhecimento dos excepcionais resultados das instituições financeiras, que registram sucessivos recordes de lucro a cada exercício contábil.
Esse lucro tem origem operacional no tripé formado pelas receitas de crédito, resultado de tesouraria (principalmente títulos públicos) e as receitas de prestação de serviços (tarifas bancárias). Entre 1994 e 2005, o lucro conjunto dos onze maiores11 bancos do Brasil registrou um aumento
nominal de 1.797,13%, diante de uma inflação acumulada de 151,07%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC/IBGE).

5-
Nesse aspecto, a gestão do endividamento público também contribui para o elevado spread bancário. Isto porque, quando o governo toma empréstimos para financiar seu déficit orçamentário, ele reduz o montante de recursos disponíveis para financiar os demais agentes econômicos (famílias e empresas), elevando, com isso, as taxas de juro do crédito. De acordo com o Banco Central12, a carteira de títulos e valores mobiliários do sistema financeiro nacional era de R$ 416,0 bilhões, em
dezembro de 2005. Desse total, 82,3% são títulos públicos emitidos no Brasil.

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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #35 Online: 10 de Março de 2009, 23:00:53 »
Já tinha visto algo do tipo, bom que você achou. Tente ver pelo meu ponto:

1-
Segundo o mais recente Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central (BC), em 2004, o spread bancário tinha a seguinte composição: 33,97% eram destinados para cobrir despesas de inadimplência; 21,56% cobriam o custo administrativo; 7,0%, o custo do compulsório bancário1; 17,67% destinavam-se ao pagamento de tributos, taxas e impostos (diretos e indiretos) e, por fim, 19,80% representavam o resíduo líquido (lucro líquido).

Cara, é isso que eu estou falando, a maior parte vai para cobrir os riscos, eu me lembrava de ter visto essa estatística. Está bem em linha com a minha argumentação.

2-
O conjunto de medidas anunciadas pelo governo para redução do spread do crédito privilegia as causas de ordem microeconômicas. Podem ser citadas, entre elas, o alto nível de concentração do setor bancário, a ausência de mecanismos para redução da assimetria de informação e a falta de autonomia do cliente bancário, detentor da conta-salário. Por outro lado, as medidas não alcançam a dimensão macroeconômica desse problema. Na visão do setor financeiro, a principal solução seria a redução do compulsório bancário, o que disponibilizaria maiores recursos no caixa dos bancos para ser injetado na economia, seja para
financiar o consumo e/ou o investimento produtivo.
Segundo a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), no último mês de junho, os compulsórios somaram R$ 155,7 bilhões aproximadamente 23,6% do crédito total do sistema financeiro. O Brasil apresenta o maior nível de compulsório do mundo (Quadro 2). No entanto, a participação desse custo na margem de ganho dos bancos – spread - é de apenas 7,0%, conforme informações do Banco Central o que amenizaria o impacto desta variável no custo do crédito.

Bom, além do compulsório não ser bem um empréstimo ao governo, e o motivo da existência dele não ser uma redução de spread, mas sim de volume de crédito, foi bom o texto dizer que ele tem baixíssimo impacto no spread bancário.


4-
No Brasil, os bancos procuram ganhar na margem ao invés de ganhar na escala. Ou seja, ao invés de ganharem no volume de crédito, os bancos preferem emprestar pouco e ganhar em cima do preço (juro alto). Nos últimos anos, a sociedade brasileira tem tomado conhecimento dos excepcionais resultados das instituições financeiras, que registram sucessivos recordes de lucro a cada exercício contábil.
Esse lucro tem origem operacional no tripé formado pelas receitas de crédito, resultado de tesouraria (principalmente títulos públicos) e as receitas de prestação de serviços (tarifas bancárias). Entre 1994 e 2005, o lucro conjunto dos onze maiores11 bancos do Brasil registrou um aumento
nominal de 1.797,13%, diante de uma inflação acumulada de 151,07%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC/IBGE).

Eu queria comentar a parte negritada do ponto de vista dos bancos. Então, isso vêm do círculo vicioso que eu estou sempre levantando, as pessoas fogem de juros por causa dos juros altos, o que faz com que os bancos tentem ganhar na margem ao invés do volume para pagar os riscos, o que aumenta mais o spread e os juros. Isso até os níveis de juros ao consumo semi-infinitos que vemos hoje. É essa a chave do meu argumento e o motivo da minha descrença de que basta um corte agressivo na taxa de juros que o spread cai e viramos a Europa.

O engraçado é que talvez por causa das altas margens e do baixo volume que os bancos brasileiros sejam mais imunes a calotes não-provisionados e, conseqüentemente, à crise de crédito atual.

5-
Nesse aspecto, a gestão do endividamento público também contribui para o elevado spread bancário. Isto porque, quando o governo toma empréstimos para financiar seu déficit orçamentário, ele reduz o montante de recursos disponíveis para financiar os demais agentes econômicos (famílias e empresas), elevando, com isso, as taxas de juro do crédito. De acordo com o Banco Central, a carteira de títulos e valores mobiliários do sistema financeiro nacional era de R$ 416,0 bilhões, em
dezembro de 2005. Desse total, 82,3% são títulos públicos emitidos no Brasil.

Bom, com vimos no balanço, no Itaú-Unibanco temos mais de R$ 300 Bi de carteira de crédito sensível a spread. Considerando que ele é mais ou menos 20% do mercado, estimaríamos aproximadamente quase R$ 1,5 tri de carteira de crédito no Brasil. Logo esses R$ 416 Bi parecem pouco.

E mesmo se fossem, não vejo outra maneira micro-econômica da taxa básica influenciar no spread do que no custo de oportunidade. Talvez mudasse o spread médio, mas para isso o volume teria que crescer assustadoramente, coisa que dificilmente fará com esse nível de inadimplência e esse equilíbrio em baixos volumes a altas margens.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #36 Online: 10 de Março de 2009, 23:07:57 »
Vejo pelo seu ponto, mas você tem que ver pelo meu também e pelos analistas que postei, incluindo febraban... O governo com sua furia gastadora é um componente importantíssimo para a taxa de juro...

O governo tem cerca de 50% do mercado financeiro. Essa informação de que mais de 80% vão para o governo é extremamente relevante Partiti, lembre-se que as informações aqui eram de 2004, o montante cresceu muito, mas o perfil da concessão pode ter mudado pouco (e é o que tenho lido em jornais, ainda procurando...). 400Bi era pouco mas era o que tínhamos então. E 80% disso tinha dono.

O risco é um componente importante para essas operações de crédito, família e empresa, que o texto cita como sendo de pouco volume. Tendo a aceitar essas informações devido aos inúmeros analistas que postei, informações do dieese, febraban, etc..

« Última modificação: 10 de Março de 2009, 23:10:04 por Agnóstico »
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« Resposta #37 Online: 10 de Março de 2009, 23:28:49 »
Então, lógico que o governo atrapalha, lógico que o governo gasta muito, mas você não está olhando os números. Os 80% são da carteira de títulos, obvio, o mercado de debentures no brasil é incipiente, para dizer o mínimo. E como o governo tem 50% do mercado, você está falando de BB + Caixa? E em ativos, carteira de crédito ou Lucro? São os impostos?

E não são de pouco volume não, olha o balanço dos bancos, o lucro vem do crédito, e cada vez mais nos últimos anos já que o governo padronizou as tarifas. Não quero usar um argumento de autoridade, mas eu trabalho diariamente com crédito ao consumidor, sei quais fatores são relevados na taxa de juros, tanto onde eu trabalho quanto na concorrência, e sei que a taxa básica entra como custo de oportunidade somente. Não confunda volume com spread e com lucro, são coisas diferentes.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #38 Online: 10 de Março de 2009, 23:34:41 »
Então, lógico que o governo atrapalha, lógico que o governo gasta muito, mas você não está olhando os números. Os 80% são da carteira de títulos, obvio, o mercado de debentures no brasil é incipiente, para dizer o mínimo. E como o governo tem 50% do mercado, você está falando de BB + Caixa? E em ativos, carteira de crédito ou Lucro? São os impostos?
Te passo a fonte já.. A reportagem afirmava que entre BB, Caixas, o governo possuia aproximadamente 50% do mercado financeiro nacional.

E não são de pouco volume não, olha o balanço dos bancos, o lucro vem do crédito, e cada vez mais nos últimos anos já que o governo padronizou as tarifas. Não quero usar um argumento de autoridade, mas eu trabalho diariamente com crédito ao consumidor, sei quais fatores são relevados na taxa de juros, tanto onde eu trabalho quanto na concorrência, e sei que a taxa básica entra como custo de oportunidade somente. Não confunda volume com spread e com lucro, são coisas diferentes.

Ok Partiti... Então porque todos os analistas que postei dizem o mesmo?? Note que não estou falando da taxa básica, note que não estou dizendo que você não trabalhe conheça operações de crédito, mas da maneira que está sendo tratado pelos analistas que postei, a decisão e estratégia certamente não estaria em sua esfera.

Eu sigo achando o raciocínio apresentado pelos analistas muito coerente e consoante com os números. Ainda tenho dúvidas que na rúbrica que você apresentou não tenha nenhuma exposição a governos..
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #39 Online: 11 de Março de 2009, 08:14:57 »
Então, não discuto o que os analistas postam, vejam que eles sempre analisam o impacto disso no volume total de crédito, não necessariamente na sua precificação. Haveria sim uma influência do volume (oferta e procura), mas dado o nível de spread é irrisória. Enfim, não questiono os dados, só o impacto deles no foco dessa discussão.

E quanto a decisão estratégica não estar na minha alçada, eu trabalho justamente com estudos estratégicos. Não vou dizer como é a estratégia por motivos obvios, mas eu te digo que eu sei o que eu estou falando.

Quanto as dúvidas, leia o balanço e analise. Analise o balanço de outros bancos também. Eu gosto muito de números e fatos, explicações macroeconômicas são gerais demais para mim, por isso minha preferência por relatórios auditados por auditoria independente de empresas de capital aberto, e de papers e estudos como o que você postou (e confirmou minhas espectativas), ao invés de noticias de jornais.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #40 Online: 11 de Março de 2009, 12:28:43 »
ok, voce esta me dizendo que os analistas que postei estao errafos e voce certo? Veja nao dou a minima para titulos. Se voce me disser que sim vou respeitar e orocurar mais informaçoes. Eu estou procurando um artigo do Malan que li onde ele diz exatamente a mesma coisa...  Todos estao errados?
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« Resposta #41 Online: 11 de Março de 2009, 21:09:48 »
Então, o problema é o conceito que você está usando. Taxa básica regula volume de crédito possível, e uma parte pequena dos juros ao consumo. Então os analistas que você citou estão certos, mas não no contexto que você está usando, principalmente em grau quando comparados com outros aspectos, como risco.

Eu estou exigindo um impacto estimado dos juros no spread para comparar com o estudo que você já postou e que diz quantos % do spread cada arte da cadeia contribui, para podermos comparar risco contra taxa básica. Eu não me lembro de um estudo específico no aspecto micro-econômico que detalhe o mecanismo, mas adoraria ter essa informação de fontes externas.

Eu sinceramente gostaria que você procurasse mais informações sim, não vou ficar batendo na mesma tecla indefinidamente, seria interessante que você visse por você mesmo.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #42 Online: 11 de Março de 2009, 22:08:01 »
essa é a questão. Estamos com diálogos absolutamente paralelos. De um lado, você não refuta os analistas, diz que eu estou errado, eles corretos sendo que eu apenas estou passando a informação deles.

A proposição é muito simples para ter problemas conceituais. O governo enxuga o dinheiro do mercado. É isso o que os analistas estão postulando.

Também não vou ficar batendo na mesma tecla. Vou buscar o texto do Malan que te citei, tocava bem nesse assunto. E vou ver se tem uma projeção/dado de 2008.
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Re: Ibedec: Brasil já tem 18 milhões de endividados
« Resposta #43 Online: 11 de Março de 2009, 23:05:49 »
Sim exatamente, eu só quero ver o impacto (número) desse enxugamento no spread bancário. Busque e a gente analisa.
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