http://www.dieese.org.br/notatecnica/notatec35bancos.pdfVeja que interessante Partiti, ainda não é exatamente o que estou procurando
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Segundo o mais recente Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central (BC), em 2004, o spread bancário tinha a seguinte composição: 33,97% eram destinados para cobrir despesas de inadimplência; 21,56% cobriam o custo administrativo; 7,0%, o custo do compulsório bancário1; 17,67% destinavam-se ao pagamento de tributos, taxas e impostos (diretos e indiretos) e, por fim, 19,80% representavam o resíduo líquido (lucro líquido).
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O conjunto de medidas anunciadas pelo governo para redução do spread do crédito privilegia as causas de ordem microeconômica8. Podem ser citadas, entre elas, o alto nível de concentração do setor bancário9, a ausência de mecanismos para redução da assimetria de informação e a falta de autonomia do cliente bancário, detentor da conta-salário. Por outro lado, as medidas não alcançam a dimensão macroeconômica desse problema. Na visão do setor financeiro, a principal solução seria a redução do compulsório bancário, o que disponibilizaria maiores recursos no caixa dos bancos para ser injetado na economia, seja para
financiar o consumo e/ou o investimento produtivo.
Segundo a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), no último mês de junho, os compulsórios somaram
R$ 155,7 bilhões aproximadamente 23,6% do crédito total do sistema financeiro. O Brasil apresenta o maior nível de compulsório do mundo (Quadro 2). No entanto, a participação desse custo na margem de ganho dos bancos – spread - é de apenas 7,0%, conforme informações do Banco Central o que amenizaria o impacto desta variável no custo do crédito.
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Quadro 2
Recolhimento compulsório sobre depósitos à vista (em%)
Países % Países %
Brasil 53 Turquia 6
Colômbia 13 Índia 5
Bolívia 12 África do Sul 3
Chile 9 Zona do Euro 2
Tailândia 9 México 0
China 8,5 EUA 0
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No Brasil, os bancos procuram ganhar na margem ao invés de ganhar na escala. Ou seja, ao
invés de ganharem no volume de crédito, os bancos preferem emprestar pouco e ganhar em cima do preço (juro alto). Nos últimos anos, a sociedade brasileira tem tomado conhecimento dos excepcionais resultados das instituições financeiras, que registram sucessivos recordes de lucro a cada exercício contábil.
Esse lucro tem origem operacional no tripé formado pelas receitas de crédito, resultado de tesouraria (principalmente títulos públicos) e as receitas de prestação de serviços (tarifas bancárias). Entre 1994 e 2005, o lucro conjunto dos onze maiores11 bancos do Brasil registrou um aumento
nominal de 1.797,13%, diante de uma inflação acumulada de 151,07%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC/IBGE).
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Nesse aspecto,
a gestão do endividamento público também contribui para o elevado spread bancário. I
sto porque, quando o governo toma empréstimos para financiar seu déficit orçamentário, ele reduz o montante de recursos disponíveis para financiar os demais agentes econômicos (famílias e empresas), elevando, com isso, as taxas de juro do crédito. De acordo com o Banco Central12, a carteira de títulos e valores mobiliários do sistema financeiro nacional era de R$ 416,0 bilhões, em
dezembro de 2005. Desse total, 82,3% são títulos públicos emitidos no Brasil.