Autor Tópico: Síndrome de abstinência dos juros altos  (Lida 1459 vezes)

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Síndrome de abstinência dos juros altos
« Online: 19 de Março de 2009, 20:01:12 »
Síndrome de abstinência dos juros altos

É possível estabelecer uma analogia entre a prática prolongada de juros altos e o uso de drogas. Ambos viciam e a desintoxicação é complicada. Somos viciados em juros altos e, por isso, o caminho da vida saudável é cheio de percalços. Mas, superadas as dificuldades, o esforço sempre vale a pena.

A anunciada – e inevitável – redução no rendimento dos depósitos de poupança é só uma ponta do iceberg nesse processo de desintoxicação. Muito bom seria se fosse definitivo, mas, quanto a isso, só podemos torcer – e esperar que o governo, Banco Central incluído, faça o que tem de ser feito. Isso significa tomar medidas muito mais profundas e abrangentes (um exemplo: substituir a meta de superávit fiscal primário por outra, nominal, incluindo os gastos com juros, como fazem as economias civilizadas). Há exatos dois anos, houve uma chance, mas ela foi desperdiçada.

São muitas as implicações da manutenção da atual fórmula de rendimento da poupança, enquanto os juros estiverem em queda - e as projeções indicam que os juros serão cortados pelo menos até o fim do ano. Os problemas começam com uma distorção grave nos mecanismos de decisão dos investidores, em relação às diversas modalidades de aplicação financeira. E vão desembocar em dificuldades para manter as metas atuariais dos fundos de pensão. Sem falar na redução das receitas de impostos, complicações para a rolagem da dívida pública (não só da União, mas também de estados e municípios) e contração do crédito para pessoas e empresas.

É mais do que certo que o governo vai aplicar um redutor na taxa referencial de juros (TR), que corrige um certo número de contratos e integra a fórmula de rendimento de certas aplicações - a mais conhecida são os depósitos de poupança. Isso já ocorreu há exatamente dois anos, quando a taxa básica de juros desceu aos mesmos 11,25% anuais que alcançaram agora.

A poupança é a mais líquida das aplicações financeiras e uma das mais seguras. É líquida porque o saque, parcial ou total das quantias investidas, é imediato. É uma das mais seguras porque o capital aplicado, para cada aplicador e em cada instituição financeira, é garantido até R$ 60 mil, pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), mantido pelas próprias instituições financeiras.
 
Se a poupança figura entre as modalidades de aplicação financeira mais líquidas e seguras, só o velho Gérson poderia querer que a sua rentabilidade também fosse das maiores. Na verdade, pelas suas características de liquidez e segurança e, também, por não pagar imposto de renda nem taxa de administração, a poupança deve, necessariamente, ocupar um lugar no piso do ranking de rentabilidade das aplicações.
 
Acontece que, com a redução da taxa básica de juros, o rendimento líquido dos fundos de renda fixa, sejam prefixados ou pós-fixados, principalmente esses últimos, já está ali com o da poupança - e logo vai ficar abaixo, com os previstos novos cortes nos juros básicos. Se nada for feito para reequilibrar o jogo, os recursos sairão dos fundos de renda fixa – que financiam a produção em geral – para a poupança, que é obrigada a destinar dois terços dos recursos ao setor habitacional. Com fuga de aplicadores da renda fixa, haverá menos recursos para rolar a dívida pública, sem contar as perdas do Imposto de Renda, que não incide sobre a poupança.

Detalhe: a competição da poupança com os fundos mais conservadores seria ótima para forçar as instituições financeiras a competir pelo poupador, cobrando taxas de administração menores. Mas esse fator não faz muita diferença na composição do rendimento líquido a ponto de permitir um ajuste natural do mercado, sem a aplicação de um redutor na TR.

Ao falar na necessidade de reduzir os ganhos da poupança, o presidente Lula argumentou que a medida seria tomada para proteger a aplicação dos mais pobres. Trata-se, com todo o respeito, de uma tremenda lorota que nem boi dorminhoco engole. De onde alguém, mesmo que esse alguém seja Lula, com sua proverbial “sabedoria popular”, pode tirar que uma redução nos ganhos da poupança protege, ou mais do que isso, favorece o seu aplicador? Sem falar que, entre os “protegidos” não estão apenas os pequenos poupadores. Muito mais agora, há gente graúda enchendo os cofrinhos da poupança.

O resumo da história é que a aplicação de um redutor na TR deve ser feita de modo a manter inalterada, em termos relativos, o ranking de rendimento das aplicações financeiras. Sim, sim, no fim das contas, haverá uma redução generalizada no rendimento daquelas aplicações diretamente atreladas a taxas de juros.

Talvez apareça quem, sem pensar muito, lamente o fato. Se refletir um segundinho, no entanto, verá que o outro lado da moeda dos rendimentos altos em renda fixa, resultado de juros altos, é uma inapelável restrição ao crescimento sustentado – e, portanto, ao emprego e à renda sustentáveis.

Em todas as economias amadurecidas, os ganhos em renda fixa são pequenos e apenas suficientes para defender o valor do dinheiro. Quem quiser ganhar mais, tem de arriscar mais.

É uma escolha. Se não quero arriscar na renda variável, eu prefiro ganhar pouco, mas em cima de uma renda razoável, em vez de correr o risco de ficar sem renda – e, logicamente, não ganhar nada. Você não?

http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer/2009/03/19/sindrome-de-abstinencia-dos-juros-altos/

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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #1 Online: 19 de Março de 2009, 21:23:27 »
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Queda da Selic e ações fiscais criam problemas que o governo ignorou quando tudo ia bem

Remuneração da caderneta em 6% forma o piso para a redução dos juros praticados pelo BC, Tesouro e bancos

O presidente Lula é ligeiro em repassar responsabilidades e olhar feio para os lados quando diante de eventos que possam ameaçar sua imagem ou a avaliação do governo. Disse, para não se ir longe, que a crise era com o Bush, o tsunami que bateria aqui como marolinha.

A história se repete. A crise se mostrou mais feia do que supunha o governo, exigindo providências para defender o nível de consumo e o emprego, como queda da Selic e ações fiscais, que desencadeiam novos problemas, embora perfeitamente previsíveis. Importa é saber que as possíveis soluções já haviam sido cogitadas há muito tempo. Não foram consideradas quando não havia incêndio algum a apagar.

O que faz o governo? Ataca o spread bancário (a diferença entre os juros ativos e passivos da banca), que subiu. Mas muito antes da crise já era abusivo. Não se empenhou em aprovar no Congresso o tal “cadastro positivo”, que revela a adimplência do devedor, hoje ignorada pela banca, pois há apenas as listas de inadimplentes. É o que faz a banca cobrar de bons pagadores o beiço dos caloteiros.

A idéia é antiga, parte da “Agenda Perdida” com a qual um grupo de economistas e empresários formulava propostas ao governo a ser eleito em 2006. O então ministro Antonio Palocci gostou da idéia e mandou executá-la. Ela não foi adiante. Se fosse, a banca ficaria sem o álibi da inadimplência para justificar os altos spreads.

Pegue-se o caso da Selic. Há anos é sabido, como já alertado pela coluna, que a remuneração da caderneta de poupança em 6% ao ano - praticamente real por estar indexada à taxa referencial (TR), além de isenta de Imposto de Renda - constitui um piso para a queda dos juros ativos praticados pelo Tesouro e pelo sistema financeiro.

O problema já aparecera em 2007, quando a Selic chegara a 11,25%, a taxa atual, desestabilizando os fluxos de capitais aplicados em fundos de investimentos da banca e mesmo o giro da dívida pública.

O então secretário de Política Econômica da Fazenda, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, convenceu o ministro Guido Mantega a agir, e se fez uma ligeira mexida na fórmula da TR para reduzir, sem alarde, a remuneração da caderneta. Era coisa provisória, para dar tempo a que se fizesse o grande ajuste.

Ai o Banco Central voltou a subir a Selic no início de 2008, Almeida saiu do governo e ninguém mais tocou no assunto, como que confiando que a Selic jamais voltaria a cair - algo que, na bucha, diz muito sobre a hipocrisia de tantos no governo e no Congresso contra os juros altos no país.

Fundo é mau negócio

Outro grupo de estudos, ligado ao Instituto Talento Brasil (ITB), já levantara, também em 2006, a questão dos juros reais de 6%, que afetam não só a caderneta, mas a solvência dos planos atuariais do sistema de previdência complementar.

A dívida em papéis do Tesouro é afetada, e boa parte dela garante a rentabilidade dos fundos de pensão. A Selic a 11,25% dá um retorno real, isto é, sem inflação, de 6,5%, mas isso bruto, sem abater o IR. Os fundos de bancos e a dívida do Tesouro já são maus negócios comparados à caderneta.

Crenças fazendárias

Nos debates do ITB, propunha-se que as mudanças fossem de uma vez só nas áreas monetária e fiscal, para não desestabilizar os fluxos financeiros. Atente-se que várias instâncias do Estado extraem das aplicações meio compulsórias em títulos do Tesouro as receitas que equilibram suas contas.

Na Fazenda, há quem ache que a Selic menor favoreça o alongamento da dívida, transferindo-se o capital posto em papel corrigido pelo overnight para os indexados à inflação ou com taxa prefixada. É.

Mas toda vez que os papéis pré não deram o retorno julgado satisfatório a banca ou forçou o aumento dos juros ou os devolveu, o que é outra forma de pressão eficaz, servindo-se da faculdade da liquidez imediata conferida à dívida em poder dos bancos. O dinheiro sai do longo prazo e volta pelo overnight.

Lula evita confusão

Tais questões foram tratadas pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP) com o presidente do BC, Henrique Meirelles, durante sessão da comissão do Senado criada para discutir a crise. Outra proposta do ITB pode entrar no debate: reformar o orçamento fiscal, fundindo-se os programas sociais em uma megarrubrica, para permitir que se remanejem verbas conforme a prioridade.

O governo poderia voltar a governar sobre mais de metade do orçamento. Essa proposta também é velha, de 2006. É mais fácil a Lula lamentar o fim da CPMF, cobrar a oposição e dar bronca. Agora em Obama.

Os falsos brilhantes

Por tais coisas é que já se disse que grandes decisões políticas são tomadas à beira do abismo. Rahm Emanuel, chefe de gabinete de Barack Obama, é adepto dessa tese.

Os anos de bonança ocultaram problemas graves, criando a aparência de normalidade que só maluco poderia contestar. No Brasil, por exemplo, o fiscal é tratado como sem problemas. Ao se olhar de perto, percebe-se que do orçamento, para uma carga fiscal de 40% do PIB, só sobram centavos para ações de emergência.

Os bancos públicos também estão esgarçados, fazendo dos depósitos compulsórios o recheio de ações como o crédito rural. Crises profundas tiram o brilho dos falsos brilhantes.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/47001_48000/47607-1.html
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Caderneta vai mudar. Risco é abalar a confiança. Taxar depósitos de maior valor seria uma saída

Sistema com juro fixo e isenção de IR desequilibra os fundos de bancos com a Selic em queda

O governo resolveu encarar o problema da remuneração da caderneta de poupança, que se tornou disfuncional diante da Selic em queda, mas o faz da pior maneira possível. Colocou-o em debate, quando o assunto, sensível e delicado, pede é decisão, não discussão.

Em entrevista a jornalistas brasileiros depois de um seminário em Nova York, por exemplo, o presidente Lula reconheceu pela primeira vez a possibilidade de rever a remuneração da caderneta. Não era o local o mais apropriado para tratar da questão, nem a sua resposta foi adequada, já que não tinha o que dizer. “Vamos ter que pensar, porque nós não poderemos permitir que os poupadores tomem qualquer prejuízo”, respondeu Lula à indagação de um jornalista.

A caderneta rende 0,5% de juros mensais, o que dá, capitalizados, 6,17% ao ano, mais correção por um fator chamado Taxa Referencial (TR) - nascida ao tempo da desindexação dos contratos, no bojo do Plano Collor de março de 1991, para romper a inércia da inflação. Só que nunca foi muito bem definida, apesar de expressa em lei.

Na prática, a TR funciona como correção monetária, embora mexidas feitas no passado com a mesma intenção de agora – equalizar a taxa de retorno da caderneta à dos fundos de renda fixa dos bancos, que acompanham em geral a remuneração da Selic – a fizeram nunca repor as perdas pela inflação, apenas uma parte cada vez menor. A última mexida foi em 2007, com a Selic, como está agora, a 11,25% ao ano.

Hoje, a TR anual é de 1,29%. Adicionada à remuneração corrente da caderneta, o rendimento em doze meses vai a 7,53%. É essa taxa que se compara com a Selic a 11,25%, que, deflacionada pelo IPCA anual até fevereiro (5,9%), implica retorno real de 5,05%. Como a TR não reflete fielmente a inflação - é um “plus” para tapear o aplicador mais simples, maioria entre os depositantes, mas não na medida por valor aplicado – as duas modalidades de poupança, as cadernetas e os fundos, estariam com remunerações reais quase equivalentes.

O que desequilibra a balança em favor da caderneta é a isenção do Imposto de Renda para os valores aplicados, o que não existe para os fundos – que, além disso, são onerados pela cobrança pela banca de taxa de administração, de 2% a 4,5%, inexistente na caderneta.

O problema, assim, é que a caderneta tem remuneração fixa e mais benefício fiscal, enquanto os fundos são tributados e acompanham o referencial de juros definido pela taxa do overnight, que é função da política monetária, hoje tendendo a afrouxar, sob pena de pôr a economia numa recessão profunda e prolongada. Um problemão.

Distorções graves

A assimetria de rendimentos em prejuízo do sistema de fundos, que também são o principal canal de distribuição dos papéis da dívida pública emitidos pelo Tesouro Nacional, implica distorções graves.

A banca terá menos recursos para aplicação em crédito comercial às empresas e ao consumo, e isso num quadro em que os juros cobrados nos empréstimos bancários já são ascendentes.

A caderneta inchada, além disso, enxuga a liquidez corrente na economia, pois os fundos captados são aplicados apenas em financiamentos imobiliários, piso de 60%, e papéis públicos.

O desfalque no IR

Ao embaraço do desequilíbrio dos fluxos financeiros se adiciona o não menos serio problema da queda da arrecadação tributária devido à desaceleração da economia, que foi 7,6% menor em janeiro sobre o mesmo mês em 2008, já descontada a inflação.

E tende a cair ainda mais, comprometendo a execução de um orçamento fiscal já concebido com déficit e repleto de gastos contratados quando ao governo não havia a percepção de que a crise externa não aliviaria o país.

Se a caderneta sugar a poupança financeira, o IR vai desabar, sendo sua receita partilhada com estados e municípios. Outro problemão.

Cultura de poupança

O que fazer? “Vamos ter que pensar, porque não poderemos permitir que os poupadores tomem qualquer prejuízo”, disse Lula em Nova York. Ele está certo quanto ao pequeno aplicador. Há mais conta de caderneta do que conta corrente. Ela surgiu para financiar a casa própria e disseminar a cultura de poupança. Daí sua simplicidade e o senso de segurança, sobretudo para o aplicador menos instruído.

Não se deve quebrar tal percepção. Mas mudar a TR, que já é muito baixa, é pouco. Baixar a taxa de 0,5% pode abalar a confiança. Uma saída seria tributar os depósitos de maior valor, com base no CPF do aplicador, para evitar múltiplas contas. É simples, equaliza a caderneta aos fundos para o grande investidor e ajuda o fiscal.

Desleixo ofensivo

O que ofende a razão é o desleixo do governo frente a uma questão previsível, antiga e recorrente. No governo Figueiredo, algo igual levou o então ministro Antonio Delfim Netto a direcionar parte dos depósitos das cadernetas para títulos do Tesouro, que os reciclava para outros fins que não a habitação.

Hoje, fala-se em trocar pela Selic os juros mensais de 0,5%. É um absurdo: os juros de política monetária não deveriam balizar nem papéis da dívida pública. O que o governo precisa é de uma solução provisória, já que não há tempo nem massa crítica para fazer o certo: uma ampla reforma monetária e fiscal, único meio de resolver de vez as distorções acumuladas.

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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #2 Online: 19 de Março de 2009, 21:47:16 »
É isso mesmo, os juros altos no Brasil já estão intrincados na economia mesmo, concordo com os textos. Pena que os textos focam mais na questão de taxas ao investidor do que taxas ao tomador, mas ele toca no mais crucial: o cadastro positivo.

Mas que a poupança é algo anômalo no setor financeiro, isso é, essa história de TR e nada de imposto atrai muita gente mesmo, conheço várias pessoas que tiraram de aplicações em bolsa e fundos e colocaram na poupança, isso eu acho que mais afasta as pessoas de investimentos de verdade do que estimula poupança.
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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #3 Online: 23 de Março de 2009, 19:19:36 »
BC alerta que expectativa de longo período de juros baixos exige rever entulho da indexação

Mistura de preços livres com controlados distorce a Selic, pois ela só age sobre um naco da inflação

Diante do que expôs o Banco Central na ata que explica o corte de 1,5 ponto de percentagem da Selic, parece que a crise já amolece o rigor dos formuladores da política monetária. Na verdade, a crise traz à tona velhos problemas, vários de difícil solução e por isso ignorados pelo governo, que estão na raiz dos juros altos no país.

Alguma cautela é sempre necessária antes de se falar em mudanças de concepção. Bancos centrais preferem mover-se com atraso a serem vistos como puxadores de tendência. Mas as pistas são sólidas.
Além de sugerir a continuidade da redução dos juros, o BC diz que “o espaço para flexibilização monetária adicional também leva em conta aspectos resultantes do longo período de inflação elevada, que subsistem no arcabouço institucional do sistema financeiro”.

Que “aspectos” são esses? Nada do que a coluna não tenha alertado – e isso há muito tempo - como condicionantes para a superação do que é uma das maiores distorções da economia brasileira: os juros pela hora da morte praticados pelo BC desde o lançamento do Plano Real, há quinze anos, para encabrestar a inflação.

Hoje há chance real de o país passar um longo período sem pressão inflacionária, permitindo a distensão dos juros. Mas há bloqueios à sua redução consistente, cuja remoção implica decisões polêmicas do governo. Dois diretores do Banco Central esmiuçaram as questões mais urgentes em eventos separados em São Paulo, na quinta-feira.

O diretor de Política Monetária, Mário Torós, falou em desindexar os preços e aplicações financeiras que permanecem como entulho da época da inflação endêmica. Alexandre Tombini, diretor de Normas e Organização, falou do “novo ambiente” dos juros baixos, o que traz desafios, como a assimetria da caderneta de poupança rendendo taxa fixa de 6,17% ao ano, mais um fator de correção, além de isenta de Imposto de Renda, em relação aos fundos de renda fixa - tributados e com remuneração referenciada à Selic, que vem caindo.

Um dos problemas, preços e tarifas indexados à inflação passada, cria obstáculos à eficiência da política monetária. É o caso das contas de energia elétrica e telefonia, parte dos chamados “preços administrados”, cujos reajustes são automáticos e anuais, com base no IGP, índice de inflação calculado pela FGV. E também de tarifa de ônibus, mensalidade escolar, aluguel, financiamentos bancários. Eles influenciam mais de 30% do IPCA, o índice do IBGE dos preços ao consumidor, monitorado pelo BC para fins da meta de inflação.

Obesidade induzida

O resultado da mistura de preços livres com controlados cria para o BC uma obesidade induzida, pois muitas vezes a Selic vai além da conta para vergar a inflação. A tendência pode ser de baixa, mas a indexação dos preços administrados à inflação passada impede a sua realização em menor tempo e menos custo.

No fim, a parcela “livre” dos preços é mais pressionada pelo encarecimento do crédito para compensar a rigidez do segmento colado à inércia inflacionária. Se for para a Selic deslizar sem constrangimento, todos ou pelo menos os principais preços e contratos indexados têm de ser revistos.

O ralo da caderneta

O sistema híbrido da poupança corrigida com fundos de rendimentos variáveis também cria disfuncionalidades arriscadas. O risco é que a caderneta sugue as aplicações nos fundos, que são a grande fonte de distribuição dos papéis da dívida pública emitidos pelo Tesouro – por sua vez, com rendimentos influenciados pela Selic.

E não só, como advertiu Mário Torós, em linha com velho alerta desta coluna: os planos atuariais dos fundos de pensão calculam com base em lei a sua taxa de retorno. E ela determina resultado mínimo de 6% ao ano mais a inflação.

É muito, com inflação estacionada em até 4,5% e juros nominais de política monetária abaixo de um digito. Pior é que tal resultado só tem sido factível devido à anomalia da Selic.

O governo se omitiu

A entrada do país numa situação de normalidade inflacionária, e, portanto, também dos juros manipulados pelo BC para disciplinar a sua trajetória, descerra problemas de grande magnitude, expondo o que poucos admitiam: que o governo sempre foi parte do problema.

Não pela omissão diante da ortodoxia do BC, mas pela má vontade em resolver essas disfuncionalidades do sistema. E olhem que o BC nem pôs o dedo na ferida: o caótico sistema de financiamento da dívida do Tesouro e dos subsídios creditícios, como do crédito rural.

BB, o mais rentável

Já que o BC se propõe a passar a limpo problemas antigos, poderia também encarar a questão da escassez do crédito, funil justificado por uma salada de causas, como os impostos altos na captação e na aplicação (todo imposto é repassado), recolhimento compulsório de depósitos, inadimplência. Esta parece a mais séria.

Até repasse de capital de giro do BNDES ela tem evitado emprestar. O que fazer?

O BNDES incentivar a criação de fundos de securitização e aplicar neles os R$ 3 bilhões que dispõe para financiar médias e pequenas empresas. Se for depender da banca, a verba vai mofar. Se o Banco do Brasil foi o 3º mais rentável das Américas em 2008, superando Itaú e Bradesco, não será da rede pública que sairá a solução.

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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #4 Online: 17 de Abril de 2009, 03:05:03 »
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Lula confirma estudo para mudar cálculo da poupança

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira que o governo estuda mudanças no cálculo dos rendimentos das cadernetas de poupança. Ainda nesta quinta, o presidente deve se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tratar sobre o assunto.

Em rápida entrevista à imprensa, após solenidade de apresentação de novos oficiais generais, no Palácio do Buriti, Lula disse que a poupança serve para comportar os interesses da maioria da população que tem pouco dinheiro. "Vamos fazer isso com muito cuidado porque queremos preservar aquilo que temos de mais sagrado que são os poupadores brasileiros", disse.

"Primeiro, precisamos proteger o pequeno poupador. Segundo, nós não podemos permitir que pessoas que têm muito dinheiro utilizem o dinheiro para aplicar na poupança. A poupança é para guardar os interesses da maioria da população, que tem pouco dinheiro, para que ela não tenha prejuízo. Vamos discutir com muita cautela. Nas coisas de economia, a gente não pode tomar medidas precipitadas", afirmou o presidente.

Lula explicou ainda que, na medida em que as taxas de juros começam a cair, é preciso haver equilíbrio, "porque senão não é mais poupança, passa a ser investimento". Ele reiterou que é preciso tomar cuidado "para não quebrar um sistema que funciona adequadamente".

A ideia de alterar os cálculos partiu da preocupação de a queda na taxa básica de juros (Selic) provocar uma corrida dos investidores às poupanças, uma vez que o rendimento da caderneta ganharia fôlego, além de oferecer maior segurança na comparação com outras linhas de investimento. Uma maneira de evitar este fluxo seria a diminuição dos rendimentos da poupança, o que afetaria os pequenos poupadores. “É preciso que haja um equilíbrio para não deixar de ser poupança e passar a ser investimento”, destacou Lula.

Diesel

Sobre a queda no preço do diesel, reivindicada por caminhoneiros, Lula afirmou que é preciso reduzir, mas sem prejudicar o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos Estados produtores de petróleo. “Precisamos reduzir [o preço do diesel], todo mundo sabe disso. A Petrobras sabe. Mas precisamos saber o que vamos fazer para compatibilizar com os estados nesta hora de crise”, declarou o presidente.

“Não podemos calçar um santo e descalçar outro”, observou Lula. E concluiu: “Precisamos mesmo que seja um sapato mais humilde para dar um [par] para cada um, para que todo mundo possa calçar”.

Nesta quinta-feira, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, não descartou a redução dos preços dos combustíveis. Segundo Gabrielli, tanto componentes políticos quanto técnicos devem ser considerados porque a decisão é de grande impacto na economia nacional.

O ministro de Minas e Energia, Édison Lobão, por sua vez, declarou que é possível baixar o preço dos combustíveis, mas acredita que o processo deve demorar a ser concluído. “Nós imaginamos que dificilmente isso deverá acontecer antes de 3 ou 4 meses”, disse.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/04/16/lula+confirma+estudo+para+mudar+calculo+da+poupanca+5579947.html
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Poupança pode ter limite de aplicação de até R$ 5 mil

O governo vai mesmo mudar em breve as regras da caderneta de poupança para evitar a migração do dinheiro hoje depositado nos fundos de investimentos. Na expectativa de novos cortes na taxa básica de juros, a Selic - que podem variar entre 2 e 2,5 pontos porcentuais até junho deste ano -, a equipe econômica estuda agora a possibilidade de limitar as aplicações na mais popular aplicação do País até o nível de R$ 5 mil.

Motivo: com a queda dos juros, hoje em 11,25% ao ano, a rentabilidade da poupança tende a ficar muito maior do que a dos fundos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado de que 92% dos depósitos da poupança não ultrapassam a faixa de R$ 5 mil. Uma das hipóteses avaliadas pelo governo é limitar as aplicações a este valor, mas a ideia ainda não é consenso. Em conversas reservadas, auxiliares do presidente dizem que o teto deve ser aplicado apenas a novos depósitos, para evitar contestações na Justiça.

"Ninguém vai confiscar a poupança", garantiu um ministro que conversa diariamente com Lula. "Vamos explicar os mecanismos de proteção ao pequeno poupador, porque é preciso evitar a migração de outros investimentos para a caderneta." Na prática, o governo teme que essa migração provoque desequilíbrios no sistema financeiro. O argumento usado pela equipe econômica é que, na crise, esse movimento pode diminuir ainda mais a oferta de crédito no País, pois os fundos de investimento, como DI e de Renda Fixa, são as principais fontes de recursos para os empréstimos dos bancos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/04/16/poupanca+pode+ter+limite+de+aplicacao+de+ate+r+5+mil+5563941.html

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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #5 Online: 07 de Maio de 2009, 16:47:18 »
BC vê espaço para cortar juros, mas quer mudança na poupança

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) avalia que o cenário de inflação garante espaço para continuidade do processo de queda da taxa básica de juro (Selic), mas que o afrouxamento adicional da política monetária depende de mudança " premente " nas regras de remuneração da caderneta de poupança. A avaliação consta a ata da última reunião do Copom, quando a Selic foi reduzida em 1 ponto percentual, para 10,25% ao ano, em ritmo menor do que a queda anterior, de 1,5 ponto.
Isso não é dito tão explicitamente, mas é o que se pode concluir do texto do documento, que tem uma linguagem técnica e rebuscada. Ao falar da previsão de inflação medida pelo IPCA para 2009, o Copom repetiu o texto da ata anterior, dizendo que a projeção do cenário de referência e do cenário de mercado está abaixo do centro da meta, de 4,50%. A novidade foi que o BC acrescentou a palavra " sensivelmente " nos dois cenários para indicar que a previsão está bastante abaixo dos 4,50%. O cenário de referência considerou o dólar a R$ 2,20 e a Selic a 11,25% no fim do ano, enquanto o de mercado levou em conta câmbio a R$ 2,25 e taxa básica de 9,25% em dezembro.

Apesar de dizer que entre as duas reuniões " continuaram se consolidando as perspectivas de concretização de um cenário inflacionário benigno " , o Copom afirma " que a continuidade do processo de flexibilização monetária torna premente a atualização de aspectos, resultantes do longo período de inflação elevada, que subsistem no arcabouço institucional do sistema financeiro nacional " . Entre esses " aspectos " , leia-se: a remuneração da caderneta de poupança, hoje em 6% ao ano, mais Taxa Referencial (TR), sem incidência de Imposto de Renda.

Ocorre que, se a taxa Selic cair para um dígito, alguns fundos de investimento em renda fixa e DI terão remuneração líquida abaixo da poupança. Só que esses fundos são grandes compradores de títulos públicos da dívida do governo. Se o dinheiro que hoje financia a dívida pública migrar para a poupança, o governo terá dificuldades fiscais e os bancos terão descasamento de ativos e passivos.

Ontem mesmo, o presidente do BC, Henrique Meirelles, citou os " problemas " trazidos pela taxa de juros baixa em um país acostumado com inflação elevada. Ele falou não apenas da poupança, mas também das metas atuariais dos fundos de pensão, que costumam trabalhar com juros reais de 6% ao ano.

De volta à ata do Copom, o documento diz que a curva de juros futuros de mercado ainda não reflete as previsões de inflação mais comportadas para este ano e o ano que vem. " O Comitê entende também que a melhora do cenário prospectivo para a inflação em 2009 e em 2010 não foi, até o momento, incorporada na estrutura a termo da taxa de juros " , diz o texto.

Alguns economistas avaliam que o BC poderia ter que reverter o processo de queda dos juros, para evitar uma volta da inflação no curto prazo, no caso de retomada da economia, e isso de certa forma está precificado nos contratos de juros futuros negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM & F).

A respeito disso, o BC não vê riscos que o levem a dar uma guinada na condução de política monetária, caso a economia comece a se recuperar. A ata reconhece uma " melhora na margem " nas condições financeiras e na confiança dos agentes, mas entende que o desaquecimento da demanda " criou importante margem de ociosidade dos fatores de produção que não deve ser eliminada rapidamente em um cenário de recuperação gradual da atividade econômica".

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/05/07/bc+ve+espaco+para+cortar+juros+mas+quer+mudanca+na+poupanca+5984947.html

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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #6 Online: 07 de Maio de 2009, 17:37:03 »
Na verdade o problema é o governo determinar a taxa de juros, se fosse determinada pelo mercado, aí não teria problema, desde que não se injete grana na economia que é o baixa o juros na realidade.

Enfim, a lei do mercado sempre prevalecerá.

Offline SnowRaptor

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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #7 Online: 07 de Maio de 2009, 17:40:53 »
O problema da lei do mercado é estarmos num país com tanta inadimplência. Aí os juros skyrocketeiam!
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #8 Online: 13 de Maio de 2009, 19:13:06 »
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Entenda as mudanças divulgadas pelo governo para a caderneta de poupança

O governo federal anunciou nesta quarta-feira mudanças na caderneta de poupança. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o objetivo com as novas regras é evitar que grandes investidores migrem para as cadernetas de poupança diante da queda da taxa básica de juros, a Selic, e o consequente aumento nos rendimentos da poupança.

Para Mantega, essa migração poderia distorcer a função da poupança, transformando a caderneta em um instrumento de especulação financeira.

Veja quais são as mudanças:

- A partir de 2010, os poupadores que tiverem mais de R$ 50 mil aplicados em poupança deverão pagar Imposto de Renda sobre parte do rendimento obtido com a aplicação. Se a medida fosse aplicada este ano, aproximadamente 895 mil poupadores estariam sujeitos à tributação. Ao todo, existem cerca de 90 milhões de cadernetas de poupança no Brasil. Poupadores com aplicação inferior a R$ 50 mil não pagarão impostos sobre o valor. Também estarão isentos da nova taxação os rendimentos de poupanças acima de R$ 50 mil de poupadores que tem a caderneta como única fonte de renda.

- O montante do rendimento sobre o qual irá incidir o IR varia de acordo com a oscilação da taxa de juros básica, a Selic. Com Selic no patamar de 10% a 10,5%, haverá tributação sobre 20% do rendimento. Com Selic entre 10% e 8,75%, o imposto incide sobre 30% do rendimento. Com Selic entre 8,75% e 8,25%, haverá tributação sobre 40% do rendimento; 60% para Selic entre 8,25% e 7,75%; 80% para taxa de juros entre 7,75% e 7,25%; e 100% dos rendimentos serão tributados com Selic abaixo de 7,25%.

Taxa SelicAlíquota de IR
Acima de 10,50%     0
10,50% a 10%20%
10% a 8,75%30%
8,75% a 8,25%40%
8,25% a 7,75%60%
7,75% a 7,25%80%
abaixo de 7,25%100%

- A taxa a ser considerada é a praticada nos últimos dias do segundo mês anterior ao da tributação. Ou seja, a taxa Selic a ser considerada para tributar os rendimentos da poupança em fevereiro de 2010 será a do final de dezembro de 2009. Desta forma, o investidor poderá avaliar previamente as vantagens de manter o dinheiro na poupança.

- A alíquota a ser aplicada varia de acordo com a tabela tradicionais do Imposto de Renda, que em 2010, deverá incidir sobre valores de rendimentos tributáveis acima de R$ 1.499,15. Hoje, a alíquota varia entre 7,5% e 27,5%.

- A tributação será feita na declaração anual de ajuste do imposto de renda, com base na soma dos rendimentos tributáveis mensais do contribuinte. Não será necessário que todos os titulares de cadernetas de poupança apresentem a declaração de ajuste. Apenas aqueles cuja soma dos rendimentos tributáveis (que, além dos rendimentos da poupança, inclui aluguéis, salários e pensões, por exemplo) ultrapasse R$ 17.989,80 no ano.

A proposta de alteração deverá passar pelo Congresso Nacional antes de vigorar. Para evitar migração de grandes investidores para a poupança, caso a Selic atinja patamares abaixo de 10% ainda em 2009, o governo pretende reduzir os tributos sobre os rendimentos dos demais fundos de investimento. A ideia inicial é reduzir a alíquota cobrada sobre de 22% para 15%. O governo pode fazer o corte sem aprovação do Congresso Nacional.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/05/13/entenda+as+mudancas+na+caderneta+de+poupanca+6106922.html
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Entenda o que está por trás das mudanças na poupança

O governo brasileiro anunciou, nesta quarta-feira, medidas que vão afetar tanto o rendimento da poupança como o de fundos de investimento. As novas regras vinham sendo estudadas pela equipe econômica desde janeiro, quando o Banco Central deu início a um processo de corte nos juros básicos, a Selic, hoje a 10,25% ao ano.

A partir de 2010, os depósitos na poupança acima R$ 50 mil estarão sujeitos ao Imposto de Renda. Já os fundos de investimento terão desconto.

O principal argumento do governo é de que, com juros cada mais baixos, os fundos de investimento perderiam clientes, provocando uma migração em massa para a poupança. O resultado seria um "desequilíbrio" no sistema.

Entenda o que está por trás das medidas:

Por que o governo decidiu mudar as regras da poupança?

Com o agravamento da crise, o Banco Central vem reduzindo a taxa básica de juros no Brasil, a Selic. Desde janeiro, o corte chega a 3,5 pontos percentuais.

A redução afetou o rendimento dos fundos de investimento, muitas vezes baseado na Selic. Nesse cenário, a caderneta de poupança (isenta de imposto de renda), passa a ser mais atraente.

A explicação do governo é de que uma possível migração (dos fundos para a poupança) causaria um "desequilíbrio" ao sistema. Isso porque os recursos da poupança são direcionados a créditos específicos, como por exemplo, o habitacional.

Já os recursos depositados nos fundos podem ser usados para crédito livre. No caso de uma fuga desses fundos, faltariam recursos para financiamentos "normais".

Era preciso, na avaliação do governo, conceder estímulos para que os grandes investidores permaneçam nos fundos de investimento.

Quem é mais prejudicado com as medidas?

As medidas afetam os chamados "grandes investidores", pessoas que, na avaliação do governo, estariam usando a poupança como mecanismo de "especulação".

O governo definiu esse grande investidor como clientes com depósitos na poupança acima de R$ 50 mil. Essas pessoas terão seus rendimentos afetados com o pagamento de imposto de renda.

No entanto, aquelas pessoas que têm na poupança sua única fonte de rendimentos estão isentas do IR, desde que tenham até R$ 850 mil. A partir desse valor, o cliente será taxado.

Existem críticas quanto às mudanças?

Sim. Alguns especialistas dizem que essa é uma decisão "paliativa". "A medida resolve uma questão momentânea. O governo precisa se preparar para mudar o sistema financeiro, com vantagens para aplicações de longo prazo", diz o economista Antônio Correa de Lacerda, da PUC-SP.

Segundo ele, o assunto estava gerando "muita especulação", obrigando o governo a antecipar o anúncio das novas regras. "O governo comunicou mal e a oposição também errou, ao falar na possibilidade de confisco", diz Lacerda.

Há críticas, ainda, quanto a própria tributação sobre a poupança. A avaliação, nesse caso, é de que a redução do Imposto de Renda sobre os fundos seria "suficiente" para atrair os clientes.

Além disso, o governo poderia encontrar formas de "forçar" os fundos de investimento a reduzir a taxa de administração cobrada, que também afeta o rendimento líquido.

O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), criticou o fato de o governo aumentar a tributação. "Somos radicalmente contra a criação de qualquer tipo de imposto. Hoje (o limite) é de R$ 50 mil e amanhã muda para R$ 30 mil", diz.

Segundo Maia, a proposta do governo, que será encaminhada ao Congresso por meio de Medida Provisória, terá "dificuldades" para ser aprovada.

Com as novas regras, a Selic pode cair ainda mais?

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que as novas regras "derrubam" um dos principais impedimentos para uma queda ainda maior na Selic.

"Não estão dizendo que a Selic vai cair. Mas não é razoável, a essa altura, ter um impedimento para a redução dos juros", disse Meirelles.

A proposta do governo é de promover uma maior tributação sobre a poupança na mesma proporção da queda da Selic. Ou seja, quanto menor os juros, maior a incidência do Imposto de Renda.

O governo sai ganhando com essa tributação?

Sim. Caso os juros caiam, o governo dará um desconto no imposto de renda sobre o rendimento dos fundos de investimento. Ou seja, o governo deixará de arrecadar. Se a Selic cair para 9,25%, por exemplo, a renúncia fiscal no ano chegará a R$ 3,5 bilhões.

No entanto, a queda dos juros também proporciona ganhos para o governo, com a diminuição de sua dívida. A estimativa do Ministério da Fazenda é de que, com a Selic a 9,25%, o governo economize R$ 11,5 bilhões com o pagamento de juros.

A medida afeta o governo politicamente?

A avaliação do professor da PUC-SP é de que o governo conseguiu, pelo menos nesse momento, preservar o pequeno poupador.

Estima-se que apenas 1% dos poupadores no país tenha acima de R$ 50 mil em suas contas. Com isso, o governo deixou de fora das medidas a grande maioria dos poupadores.

O governo também se preocupou em divulgar logo as novas regras, de forma a evitar especulações. O outro motivo seria ainda evitar um anúncio muito próximo a 2010, o que poderia prejudicar a imagem do governo diante do período eleitoral.

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2009/05/13/entenda+o+que+esta+por+tras+das+mudancas+na+poupanca+6109906.html
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Poupança: empurraram com a barriga do jeito pior

Depois de tudo, o governo conseguiu arrumar a pior solução para o problema da convergência de rentabilidade entre os fundos de renda fixa conservadores e os depósitos de poupança. Pressionado por fatores e factóides político-eleitorais, decidiu empurrar com a barriga o “problema” da redução dos juros. Mas empurrou do pior jeito.

“Problema” vai aqui entre as aspas porque não há comparação entre este tipo de problema, provocado pela trajetória de redução das taxas de juros, e os problemas inversos, sem aspas, que aparecem quando os juros sobem. É preciso não esquecer que estamos discutindo o rendimento de poupanças, mas estas só existem – e, principalmente, para as camadas de renda mais baixa, não aquinhoadas, como os mais ricos, entre outras vantagens sociais, por heranças – se o trabalhador-poupador tiver trabalho e renda suficiente para poupar. Ou seja, entre um rendimento menor sobre poupanças concretas, ainda que pequenas, e rendimento maior sobre poupança nenhuma – ou o outro lado da moeda, mais juros incidentes sobre dívidas – não há dúvida sobre a melhor escolha.

Enfim, se a idéia era empurrar com a barriga, melhor teria sido fazer como fez há dois anos, simplesmente aplicando um redutor na TR que corrige os depósitos de poupança. Com medo, no entanto, de uma reação política – reação nutrida pela demora em encontrar uma saída para a distorção que pode ocorrer no mercado financeiro com a redução dos juros –, optou por não mexer no rendimento bruto da poupança, e empurrar com a barriga às custas de uma confusa regra de incidências e renúncias do imposto de renda, de acordo com o movimento da taxa básica de juros.

Com isso, o governo deixou passar a impressão de que ele mesmo não acredita numa redução da Selic abaixo de 7,25% ao ano. Deixou passar a impressão, não, reconheceu isso, explicitamente, em declarações do ministro Guido Mantega e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na entrevista de anúncio das alterações na poupança e nos fundos, agora há pouco, em Brasília. É, no mínimo, uma esquisitice.

Há outras esquisitices. Nas regras anunciadas, criou-se uma estranha vinculação entre a taxa básica de juros e a incidência (ou renúncia) do IR. Se a taxa Selic cair dos atuais 10,25% ao ano, haverá redução de impostos nos fundos de investimento, já este ano, e incidência de imposto nas poupanças acima de R$ 50 mil (recolhido na declaração anual de ajuste), a partir de 2010.

Transformar o nível da taxa básica em gatilho para o recolhimento ou dispensa do IR é uma inovação fiscal daquelas. Uma nova jabuticaba que adicionamos ao arcabouço econômico universal.

* * *

 Quanto às taxas de administração cobradas pelos bancos em seus fundos de investimento, nem um peteleco de medidas para estimular mais competição pelos aplicadores.

http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer/2009/05/13/poupanca-empurraram-com-a-barriga-do-jeito-pior/

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Governo vai cobrar IR de poupança acima de R$ 50 mil e aliviar fundos
« Resposta #9 Online: 14 de Maio de 2009, 08:10:46 »
13/05/2009 - 12h33
Governo vai cobrar IR de poupança acima de R$ 50 mil e aliviar fundos

EDUARDO CUCOLO
da Folha Online, em Brasília

Atualizado às 13h03.

As aplicações na caderneta de poupança acima de R$ 50 mil serão tributadas com Imposto de Renda a partir de 2010. Será tributado apenas o que exceder tal valor, segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda). Hoje, todas as aplicações na poupança estão isentas.

Assim, uma aplicação de R$ 70 mil pagará imposto sobre o rendimento mensal dessa diferença, nesse caso, R$ 20 mil.

O governo também vai reduzir tributos dos fundos de investimento para compensar a queda na taxa básica de juros, que afetou a rentabilidade dessas aplicações.

A mudança será feita por meio de uma medida provisória, no caso dos fundos. No caso da tributação da poupança, a mudança ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.

De acordo com a equipe econômica, as aplicações acima de R$ 50 mil representam cerca de 1% das contas na caderneta de poupança.

Alan Marques /Folha Imagem
 
Presidente do BC, Henrique Meirelles, durante entrevista no Ministério da Fazenda

A cobrança do IR será feita na fonte quando o valor do rendimento for superior a R$ 7.750, considerando a Selic atual (10,25% ao ano). Caso contrário, o IR só será pago na declaração do IR do ano seguinte.

Queda no juro

A tributação da caderneta só valerá para períodos em que a taxa de juros esteja abaixo de 10,50% ao ano --e não 10,25%, como informado primeiramente por Mantega. A expectativa do mercado financeiro é que o Banco Central reduza a taxa para 9,5% já no início de junho.

O governo também informou que vai reduzir o IR de fundos de investimentos em 2009. Hoje, essa tributação varia de 22% a 15%, de acordo com o tempo de aplicação. Com isso, essas aplicações devem continuar mais atrativas que a poupança, e os bancos não serão obrigados a reduzir as taxas que cobram dos seus clientes.

O governo também vai criar um regime especial de tributação para as pessoas que têm como única fonte de renda a caderneta de poupança. Nesse caso, a tributação só vai afetar quem tem aplicações acima de R$ 850 mil, segundo o ministro.

"Mudança era necessidade"

De acordo com o governo, as mudanças têm como objetivo evitar uma migração de recursos dos fundos para a poupança. De acordo com o governo, isso poderia causar problemas na rolagem da dívida pública, cujos títulos servem de base para as aplicações dos fundos.

"Na medida em que comece a haver uma migração [para a poupança], haveria um problema especulativo e começaria a faltar recursos no mercado para empréstimos normais, vamos ter um aperto de crédito", disse o presidente do BC, Henrique Meirelles, que também participou do anúncio com Mantega.

O presidente do BC disse ainda que essa mudança elimina a restrição mais "importante e imediata" que existe hoje para a queda nas taxas de juros no Brasil. Meirelles não descartou, no entanto, que uma redução mais forte dos juros no futuro traga o problema de volta. Segundo cálculos do governo, o problema está resolvido para uma taxa Selic de até 7,5% ao ano.

"Isso elimina a restrição mais importante e imediata hoje para a queda nas taxas de juros. Mais para o futuro, poderemos atingir novamente um novo limite, por causa do rendimento mínimo da poupança, mas isso não é um problema que se coloca no momento", afirmou.

Entenda

A queda recente da taxa Selic reduziu o ganho dos fundos de investimentos, que têm como desvantagem, em relação à poupança, a tributação do IR e as taxas de administração cobradas pelos bancos.

A poupança tem rentabilidade garantida de 6% ao ano + TR (Taxa Referencial). A TR é calculada com base na média dos juros cobrados pelos bancos nos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários). Os fundos dependem dos títulos públicos, ou privados, em que o seu administrador aplica.

O governo estudava há meses a mudança nas regras da caderneta para evitar fuga de recursos dos fundos de investimentos para a poupança.

No ano passado, a poupança perdeu competitividade para aplicações como renda fixa e CDB's (Certificados de Depósitos Bancários).





Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u565117.shtml

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« Resposta #10 Online: 14 de Maio de 2009, 21:22:53 »
Governo vai cobrar IR de poupança acima de R$ 50 mil e aliviar fundos

As aplicações na caderneta de poupança acima de R$ 50 mil serão tributadas com Imposto de Renda a partir de 2010. Será tributado apenas o que exceder tal valor, segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda). Hoje, todas as aplicações na poupança estão isentas.

Assim, uma aplicação de R$ 70 mil pagará imposto sobre o rendimento mensal dessa diferença, nesse caso, R$ 20 mil.

O governo também vai reduzir tributos dos fundos de investimento para compensar a queda na taxa básica de juros, que afetou a rentabilidade dessas aplicações.

A mudança será feita por meio de uma medida provisória, no caso dos fundos. No caso da tributação da poupança, a mudança ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.

De acordo com a equipe econômica, as aplicações acima de R$ 50 mil representam cerca de 1% das contas na caderneta de poupança.

Presidente do BC, Henrique Meirelles, durante entrevista no Ministério da Fazenda
A cobrança do IR será feita na fonte quando o valor do rendimento for superior a R$ 7.750, considerando a Selic atual (10,25% ao ano). Caso contrário, o IR só será pago na declaração do IR do ano seguinte.

Queda no juro

A tributação da caderneta só valerá para períodos em que a taxa de juros esteja abaixo de 10,50% ao ano --e não 10,25%, como informado primeiramente por Mantega. A expectativa do mercado financeiro é que o Banco Central reduza a taxa para 9,5% já no início de junho.

O governo também informou que vai reduzir o IR de fundos de investimentos em 2009. Hoje, essa tributação varia de 22% a 15%, de acordo com o tempo de aplicação. Com isso, essas aplicações devem continuar mais atrativas que a poupança, e os bancos não serão obrigados a reduzir as taxas que cobram dos seus clientes.

O governo também vai criar um regime especial de tributação para as pessoas que têm como única fonte de renda a caderneta de poupança. Nesse caso, a tributação só vai afetar quem tem aplicações acima de R$ 850 mil, segundo o ministro.

"Mudança era necessidade"

De acordo com o governo, as mudanças têm como objetivo evitar uma migração de recursos dos fundos para a poupança. De acordo com o governo, isso poderia causar problemas na rolagem da dívida pública, cujos títulos servem de base para as aplicações dos fundos.

"Na medida em que comece a haver uma migração [para a poupança], haveria um problema especulativo e começaria a faltar recursos no mercado para empréstimos normais, vamos ter um aperto de crédito", disse o presidente do BC, Henrique Meirelles, que também participou do anúncio com Mantega.

O presidente do BC disse ainda que essa mudança elimina a restrição mais "importante e imediata" que existe hoje para a queda nas taxas de juros no Brasil. Meirelles não descartou, no entanto, que uma redução mais forte dos juros no futuro traga o problema de volta. Segundo cálculos do governo, o problema está resolvido para uma taxa Selic de até 7,5% ao ano.

"Isso elimina a restrição mais importante e imediata hoje para a queda nas taxas de juros. Mais para o futuro, poderemos atingir novamente um novo limite, por causa do rendimento mínimo da poupança, mas isso não é um problema que se coloca no momento", afirmou.

Entenda

A queda recente da taxa Selic reduziu o ganho dos fundos de investimentos, que têm como desvantagem, em relação à poupança, a tributação do IR e as taxas de administração cobradas pelos bancos.

A poupança tem rentabilidade garantida de 6% ao ano + TR (Taxa Referencial). A TR é calculada com base na média dos juros cobrados pelos bancos nos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários). Os fundos dependem dos títulos públicos, ou privados, em que o seu administrador aplica.

O governo estudava há meses a mudança nas regras da caderneta para evitar fuga de recursos dos fundos de investimentos para a poupança.

No ano passado, a poupança perdeu competitividade para aplicações como renda fixa e CDB's (Certificados de Depósitos Bancários).

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u565117.shtml
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Re: O governo vai taxar a poupança!
« Resposta #11 Online: 14 de Maio de 2009, 21:26:00 »
"Na medida em que comece a haver uma migração [para a poupança], haveria um problema especulativo e começaria a faltar recursos no mercado para empréstimos normais, vamos ter um aperto de crédito", disse o presidente do BC, Henrique Meirelles, que também participou do anúncio com Mantega.

Desculpa esfarrapada... :nojo:
Querem é colocar as mãos no dinheiro da poupança. Se fosse esse o motivo porque esse valor de 50 mil? e não 500 mil? Se fosse para evitar migração seria um valor maior...

Eu não voto em dilma, PT, e nem em quem apóia tal coisa...  :hmph:
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Re: O governo vai taxar a poupança!
« Resposta #12 Online: 14 de Maio de 2009, 21:29:44 »
Já havia sido postado: ../forum/topic=19542.0.html#msg447869
E aliás é a segunda vez que repetem esse tópico. A outra foi essa: ../forum/topic=20239.0.html

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Re: O governo vai taxar a poupança!
« Resposta #13 Online: 14 de Maio de 2009, 21:34:35 »
Bom, no primeiro a notícia ficou perdida no meio do tópico, então não vale. A do Rhyan tudo bem...  porque foi num tópico separado...
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Re: O governo vai taxar a poupança!
« Resposta #14 Online: 14 de Maio de 2009, 21:37:53 »
Bom, no primeiro a notícia ficou perdida no meio do tópico, então não vale.
Não ficou perdida. Só está na sequência porque é desdobramento das fatos noticiados antes naquele tópico.

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Re: O governo vai taxar a poupança!
« Resposta #15 Online: 14 de Maio de 2009, 22:03:11 »
Bom, no primeiro a notícia ficou perdida no meio do tópico, então não vale.
Não ficou perdida. Só está na sequência porque é desdobramento das fatos noticiados antes naquele tópico.
Ficou perdida sim... Quando tem muitas notícias num tópico sem nenhuma discussão, aí elas ficam meio perdidas... e ninguém se propõe a discutir...
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Re: O governo vai taxar a poupança!
« Resposta #16 Online: 14 de Maio de 2009, 22:08:55 »
Desculpa esfarrapada... :nojo:Querem é colocar as mãos no dinheiro da poupança. Se fosse esse o motivo porque esse valor de 50 mil? e não 500 mil? Se fosse para evitar migração seria um valor maior...

Na verdade demoraram para isso, a poupança da maneira que existe é totalmente anacrônica, um resquício da época da indexação que sobrou depois do plano real. Nenhuma aplicação do governo tem que ter rentabilidade tabelada e ausência de incidência de imposto. É óbvio que qualquer aplicação tem de estar sujeita ao mercado, e a taxa de juros praticada.

Mexer no imposto e não na indexação que é o erro, e esse é principalmente político, já que oposição e o escambau estão chamando qualquer coisinha diferente na poupança de confisco, e num ano eleitoral ninguém quer isso. Daí a restrição por valor investido, para mexer só com alguns poupadores.

Quanto a ganhar grana com isso, o governo ganha muito mais grana cortando a selic, já que economiza com pagamento de juros. Portanto ao não mexer na poupança de todo mundo é que o governo está dando um tiro no pé e efetivamente colocando um chão na selic de por volta de 9%, o que é algo ainda altíssimo para padrões mundiais.
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Offline Fabi

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Re: O governo vai taxar a poupança!
« Resposta #17 Online: 14 de Maio de 2009, 23:29:23 »
Na verdade demoraram para isso, a poupança da maneira que existe é totalmente anacrônica, um resquício da época da indexação que sobrou depois do plano real. Nenhuma aplicação do governo tem que ter rentabilidade tabelada e ausência de incidência de imposto. É óbvio que qualquer aplicação tem de estar sujeita ao mercado, e a taxa de juros praticada.

Mexer no imposto e não na indexação que é o erro, e esse é principalmente político, já que oposição e o escambau estão chamando qualquer coisinha diferente na poupança de confisco, e num ano eleitoral ninguém quer isso. Daí a restrição por valor investido, para mexer só com alguns poupadores.

Quanto a ganhar grana com isso, o governo ganha muito mais grana cortando a selic, já que economiza com pagamento de juros. Portanto ao não mexer na poupança de todo mundo é que o governo está dando um tiro no pé e efetivamente colocando um chão na selic de por volta de 9%, o que é algo ainda altíssimo para padrões mundiais.
A poupança já rende pouco. A arrecadação de impostos do governo caiu. O único lugar onde "pobre" investe dinheiro é colocando na poupança, rico investe em outra coisa.  Como aumentar arrecadação de impostos? É só taxar a poupança. 1% de um número muito grande de poupanças é muito dinheiro.

Essa história de selic, e de que os investidores vão para a poupança é tudo balela, papo furado, desculpa esfarrapada. Essa medida é um absurdo, não faz nem 20 anos que o governo confiscou as poupanças. E tão fazendo isso agora... Qual vai ser o resultado? Aumento de saque na poupança (já que o pessoal vai ficar com medo), diminuição de poupanças (pra que poupar? se o governo vai tirar um pedacinho de um dinheiro que vem de economias) e etc...

Imposto de renda na poupança... já rende pouco, agora não vai render é nada... vai ser muito melhor deixar o dinheiro dentro do colchão do que no banco... já que dentro do colchão o governo não vai lá dar uma mordida no dinheiro... E nem vou entrar na questão de que o governo não merece nem os impostos que a gente paga comprando produtos, agora querer um dinheiro que vem de economias... que vem de não viajar em jatinho, de não comprar coisas do bom e do melhor, de não esbanjar...algo totalmente contra o que o governo faz...
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Offline N3RD

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Re: O governo vai taxar a poupança!
« Resposta #18 Online: 15 de Maio de 2009, 00:23:11 »
Se eu tivesse mais de 50 mil no banco iria deixar 49 e guardar o resto em um cofre, atrás de um quadro.
Não deseje.

Offline SnowRaptor

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Re: O governo vai taxar a poupança!
« Resposta #19 Online: 15 de Maio de 2009, 01:37:34 »
Fabi, você nunca ouviu falar de risco, né? Cosias que rendem mais que a poupança, hoje, são de alto risco e fica fácil perder dinheiro. Eu mesmo perdi 700 reais nessa.
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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #20 Online: 15 de Maio de 2009, 02:27:06 »
Ficou perdida sim... Quando tem muitas notícias num tópico sem nenhuma discussão, aí elas ficam meio perdidas...
Não fica perdida porque basta uma pesquisa rápida para descobrir se algo assim já foi postado ou não. Mas ok, vou deixar isso para lá por enquanto.

e ninguém se propõe a discutir...
Isso pode ocorrer com qualquer notícia, não só as que são postadas no meio de um tópico. O fórum está cheio de tópicos que nunca tiveram uma resposta.

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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #21 Online: 15 de Maio de 2009, 03:05:35 »
A poupança já rende pouco. A arrecadação de impostos do governo caiu. O único lugar onde "pobre" investe dinheiro é colocando na poupança, rico investe em outra coisa. Como aumentar arrecadação de impostos? É só taxar a poupança. 1% de um número muito grande de poupanças é muito dinheiro.
E essa é a idéia dessa proposta de taxação da poupança: garantir que quem for pobre possa continuar na poupança sem perder nada enquanto que os ricos não tenham vantagem em sair de investimento e migrar para poupança. 
Essa história de selic, e de que os investidores vão para a poupança é tudo balela, papo furado, desculpa esfarrapada.
Resumindo: devo ignorar as opiniões de jornalistas e economistas e pessoas que trabalham na área de finanças com anos de experiência e acreditar em você. Hmm... Que estudo/formação/experiência de trabalho você tem nesse ramo que a qualifique tanto para que eu despreze todo esse pessoal?
Essa medida é um absurdo, não faz nem 20 anos que o governo confiscou as poupanças.

Isso não tem nada a ver. Aquele era um governo e esse é outro.
E tão fazendo isso agora... Qual vai ser o resultado? Aumento de saque na poupança (já que o pessoal vai ficar com medo),
Só irão fazer isso aqueles que 1) não entenderam nada do plano e 2) que não se interessaram/esforçaram em entender.
diminuição de poupanças (pra que poupar? se o governo vai tirar um pedacinho de um dinheiro que vem de economias) e etc...
Releia as notícias (aproveite que unificaram os tópicos). O que será taxado não é o valor total da poupança, mas o rendimento dela. Exemplo: suponha uma poupança com R$100.000,00 com um rendimento de 1% ao mês. Isso representa um ganho de R$1.000,00 no mês. É sobre esses R$1.000,00 que irá incidir o imposto, ou seja, a poupança irá continua rendendo, só que a uma taxa menor.
Imposto de renda na poupança... já rende pouco, agora não vai render é nada...
Assim como hoje, haverão outras opções de investimento com maior rentabilidade para quem não estiver satisfeito com a poupança. É só escolher.
vai ser muito melhor deixar o dinheiro dentro do colchão do que no banco... já que dentro do colchão o governo não vai lá dar uma mordida no dinheiro...
Isso já há quem faça hoje, mesmo sem IR na poupança. E cada um que faça o que achar melhor; se a pessoa quiser deixar o dinheiro no colchão, é direito dela.
agora querer um dinheiro que vem de economias...
Já respondido.

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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #22 Online: 15 de Maio de 2009, 06:18:15 »
Faço minhas palavras as do Unknown. E só para complementar, se a Selic baixasse mais eu com certeza tiraria dinheiro dos meus fundos e colocaria na poupança. Não estou falando de ações não, qualquer fundo pré ou pós fixado, CDB, títulos públicos, ou seja, o mercado todo, estava perdendo em rentabilidade para a poupança, só porque a mesma é tabelada e não paga imposto.
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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #23 Online: 18 de Maio de 2009, 04:25:36 »
Não há motivo para trocar já a poupança por outros investimentos, dizem especialistas

Um grupo de especialistas consultados pelo Último Segundo diverge sobre a eficácia das mudanças nas regras da poupança anunciadas pelo governo na última quinta-feira, mas são unânimes em dizer que ninguém deve se apressar para retirar o dinheiro da poupança neste momento.

O governo propôs que poupanças acima de R$ 50 mil paguem imposto de renda caso a taxa básica de juros fique abaixo de 10,5% - atualmente, essa taxa, chamada Selic, está em 10,25%.

“Não há motivo para pânico. Ainda há sete meses para estudar o que fazer”, afirma o economista Sandro Maskio, já que as propostas do governo ainda dependem de aprovação do Congresso e só irão valer a partir de 2010.

Mudança nas regras

A tributação recairá sobre cerca de 894 mil pessoas que possuem contas no País. Apesar de o número representar apenas 1% das 89,9 milhões contas de poupança ativas, esse conjunto detém 40,8% de todos os depósitos das cadernetas, o equivalente a R$ 110,5 bilhões de R$ 270,7 bilhões.

O objetivo do governo é evitar uma migração de recursos de outros fundos para a caderneta de poupança, que não cobra imposto de renda nem taxa de administração. Como os títulos de renda fixa são títulos da dívida pública federal, com a saída de investidores o governo perde sua capacidade de financiamento.

Novos horizontes

Para que isso realmente ocorra, o governo estuda ainda reduzir as alíquotas atuais dos fundos de renda fixa, que estão em 22,5%, 20% e 17,5%, para 15%, incentivando grandes poupadores a trocarem de investimento. “Acredito que em curto prazo não deve haver grandes mudanças, mas ano que vem os títulos devem se tornar mais atrativos”, considera Maskio.

Na visão do consultor financeiro e pós-doutor em economia Marcos Crivelaro, este é o momento da classe média “abrir os olhos para novos horizontes”, mas com cautela. “É hora de diversificação e pesquisa. Busquem produtos novos, que tenham baixa taxa de administração”, sugere ele, acrescentando que o ideal é as taxas de administração nunca ultrapassarem 2%.

“A pessoa tem que fazer conta e pedir uma simulação dos lucros para o gerente do banco. Pode experimentar trocar durante seis meses para o fundo e, depois, voltar para a poupança”, completa. Para aqueles que possuem menos de R$ 50 mil na poupança, Crivelaro aconselha: “fiquem calmos, com vocês nada mudará. Continuem a economizar”.

Complexidade

Segundo o professor do Instituto Insper (ex-Ibmec São Paulo) Ricardo Rocha, existem diversas questões que ainda precisam ser respondidas pelo governo. Uma delas é definição de como o valor das poupanças será controlado e se será usado CPF do cliente, por exemplo. “Se você é casada e tem poupança de R$ 49 mil e seu marido tem outra de R$ 49 mil e vocês querem abrir uma poupança conjunta, precisamos saber se vai somar ou não para tributar”, diz.

O vice-presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (CORECON-SP), Manuel Enriquez Garcia, questiona o problema criado para pessoas que abrem cadernetas de poupança para outras. “Eu mesmo tenho caderneta para minhas netas e filhas com o meu CPF, terei que agrupá-las. Vejo com preocupação as pessoas deixarem de abrir em nome dos filhos”, afirma.

Para saber se terá de declarar o IR, não basta ao poupador ter um saldo de poupança acima de R$ 50 mil. Ele precisa somar estes rendimentos com as demais rendas tributáveis. Em 2010, o contribuinte que tiver renda anual de até R$ 17.989,80 estará isento.

A nova tributação da poupança para quem tem mais de R$ 50 mil leva em conta a variação da taxa Selic e tem uma cobrança de impostos progressiva. Para uma taxa básica de juros de 10% a 10,5% a parcela sujeita a tributação é de 20% dos rendimentos do valor que exceder os R$ 50 mil. Com a Selic de 8,75% até 10%, por exemplo, a tributação já passa para 30% dos rendimentos.

Isso, no entender de Garcia, fará com que os poupadores tenham que acompanhar constantemente as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontecem a cada 45 dias e podem mudar a taxa Selic. “As pessoas serão obrigadas a sempre se informarem sobre o imposto de renda futuro. São regras muito complexas para pessoas que se utilizam de um mecanismo tão simples”, critica.

Susto

Na divulgação das propostas do governo, o ministro da fazenda, Guido Mantega, classificou a hipótese de confisco da poupança como absurda e disse que “algum irresponsável havia levantado a hipótese, porque em nenhum momento o governo cogitou isso". Para Garcia, no entanto, apesar de ter evitado qualquer comparação com o confisco da poupança realizado durante o governo de Fernando Collor de Mello, em março de 1990, a escolha do valor de R$ 50 mil foi infeliz, pois foi o mesmo valor de corte do ex-presidente. “Estão assustando milhões de pessoas”, diz.

Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Luiz Jurandir Simões, o governo ainda precisa responder o que vai acontecer com pessoas que, por exemplo, depositarem mais de R$ 50 mil em um mês e sacarem pouco tempo depois. “Se você vender um apartamento em fevereiro, colocar o dinheiro na poupança e deixar até junho terá que pagar imposto por isso?” afirma ele, para quem as dúvidas devem ser respondidas quando o Congresso julgar a questão.

Segundo ele, a medida tomada pelo governo foi apenas “paliativa”, já que com a queda dos juros os rendimentos também devem cair e não continuar fixos como são os da poupança atualmente. Hoje, o rendimento é dado por 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR). “Os 6% estão muito altos. Era mais fácil juntar oposição e situação e definir um cronograma para reduzir isso”, afirma ele, para quem a mudança anunciada foi um “grande malabarismo”. “Como estamos a um ano e meio da eleição deixaram para o outro governo resolver o problema”, considera.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/05/17/nao+ha+motivo+para+trocar+ja+a+poupanca+por+outros+investimentos+dizem+especialistas+6140944.html

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Re: Síndrome de abstinência dos juros altos
« Resposta #24 Online: 18 de Maio de 2009, 21:19:30 »
Mudança da poupança desnuda contradições da economia, que também são as do governo

São tantos os nós que a impressão é que o governo em vez do especulador não consegue viver sem juros altos

O governo realmente complicou e confundiu ao anunciar o que fará para tirar a tranca do juro fixo da caderneta de poupança e assim liberar o Banco Central a seguir com a dieta da taxa Selic, hoje a 10,25% ao ano, menos o Imposto de Renda de 15% a 22,5%, conforme o prazo da aplicação. Complicou porque se mostrou inseguro sobre as mudanças. Confundiu porque optou por regras complexas e incertas.

De relance, apreciando a bancada de ministros anunciando o que é que “deverá” mudar – sim, deverá, pois tudo está aberto -, ficou a impressão de que Guido Mantega, da Fazenda, e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, poderiam deixar escapar a palavrinha “tablita” - neologismo associado a outro, de “tecnocracia”, ambos relacionados com redutores à época dos choques heterodoxos.

Nada se parece mais com tablita que a tabela de desconto do IR a ser introduzida sobre os rendimentos dos saldos superiores a R$ 50 mil nas contas das cadernetas. Atrelaram a coisa à Selic. Se ela ficar acima de 10,5%, não há imposto, nada muda. Abaixo de 10,5%, haveria seis faixas de incidência sobre o rendimento dos depósitos acima de R$ 50 mil: de 20% a 100%, caso a Selic recue até 7,25%.

A tributação será feita na declaração anual do IR de 2010, a ser apresentada em 2011. Há outros dispositivos que aliviam o poupador que dependa dessa renda. Mas, e a adversativa faz toda diferença, trata-se de uma proposta a ser levada ao Congresso via projeto de lei. Desconhece-se o teor do projeto e, segundo Mantega, “não há pressa”, já que as mudanças só valem para 2010.

Depende. Em véspera da eleição a tendência é que os parlamentares sejam hiperativos: poupança é assunto bastante popular. Pode sair do Congresso qualquer coisa, menos o que quer o governo: manter a atratividade dos fundos de renda fixa, cujos ativos em boa parte são papéis do Tesouro referenciados à Selic, e isso sem deixá-lo mal com o pequeno poupador, maioria entre os depositantes, e sem desfalcar a arrecadação do IR, que já vem em queda pela recessão.

Há um sujeito oculto em toda discussão que logo dará as caras: os governadores e prefeitos. O IR, assim como o IPI, é partilhado com estados e municípios. Eles perderam repasse tanto pela queda geral da arrecadação como pelas isenções de IPI dadas pelo governo para incentivar a venda de carros e eletrodomésticos entre outros bens.

Mazelas escondidas

É como se o governo se atasse às muitas contradições da política econômica, que são as suas próprias, deixando transparecer, ainda que sem querer, que a elevada taxa de juros é solução, não a maior de todas as aberrações. O governo perdeu tempo com distrações, não aprofundou as reformas da economia, e agora se descobre acuado.

É real o risco de desequilíbrio dos fluxos financeiros. Caderneta rende 7%, grosso modo, entre o juro fixo de 0,5% ao mês e correção pela TR, a taxa referencial, que já fora mudada em 2006 pelo mesmo motivo: pressões da banca devido aos saques nos fundos.

Mutuário é esquecido

A Selic caíra de 17,25% no início de 2006 para 13,75% em outubro. Com TR de 2%, a caderneta pagava 6,95%. O fundo do Bradesco, por exemplo, excluído o IR, CPMF (que havia) e a taxa de administração de 4,5%, rendia 6,69%, abaixo da caderneta. A história se repete.

Em 2006, o então secretário de Política Econômica, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, mexeu na TR, dando tempo a que o problema fosse apreciado em seu todo. Ele saiu do governo e o assunto morreu. A TR, porém, já está no osso, e ela corrige também os financiamentos da casa própria, outro ausente da discussão, já que, se diminuir o rendimento da caderneta, nada justifica manter os juros pagos pelo mutuário da habitação.

Se os ativos e os passivos não forem compensados, só lucrarão os operadores do sistema financeiro da habitação.

Escravo dos juros

Questões complexas requerem soluções simples, especialmente se ao governo faltam condições políticas e tempo para fazer o certo. O simples seria fixar uma linha de corte da poupança, os tais R$ 50 mil, ou R$ 500 mil, segundo o governador Aécio Neves, e tributar o que a excedesse. Nada mais.

Ao jogar a mudança para 2010 o governo falou em baixar o IR dos fundos, mas não disse quando nem como ela ocorrerá, embora também condicionada à queda da Selic. A impressão é que em vez do especulador o governo é que não consegue viver sem juros altos.

É ironia, mas é verdade. A queda da Selic também afetará o desempenho dos fundos de pensão, e disso nem se falou ainda.

Como o mestre mandar

A conjuntura de juros baixos revela também a disfuncionalidade do sistema de comando da economia, e não há nisso crítica à eficácia do ministro Mantega, mas ao papel que o presidente Lula o obrigou desde que tomou gosto pela área econômica após a saída de Antonio Palocci da Fazenda. Não é que Lula seja despreparado.

O problema é que por seu intermédio a política se sobrepujou aos resultados em detrimento da eficiência macroeconômica. É o que explica assessor palaciano falando como ministro sobre a caderneta e burocrata da Receita dando pito na Petrobras sobre crédito tributário. Sequelas da formulação voltada mais ao projeto político que à economia.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/48001_49000/48317-1.html

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