08/05/2009 - 16h08
Empresa japonesa ignora protestos contra game de estupro da Folha Online
Uma fabricante de jogos de computadores rejeitou, nesta sexta-feira (8), campanhas e protestos feitos por entidades de direitos humanos dos Estados Unidos contra o game "RapeLay", que faz os jogadores simularem atos de violência sexual contra mulheres.
A organização Equality Now, de Nova York, lançou uma campanha nesta semana "contra jogos simuladores de estupro e banalização da violência sexual no Japão".
Reprodução
Tela do jogo "RapeLay", que simula cenas de estupro; jogadores ganham pontos simulando crimes sexuais contra as mulheres
Em protesto à fabricante, ativistas escreveram ao primeiro-ministro japonês, Taro Aso, argumentando que o jogo rompe com as obrigações do país em relação à Convenção para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Mulheres, ocorrida em 1985.
A fabricante do game minimizou a campanha. "Estamos confusos com a ação", disse o porta-voz Makoto Nakaota. "Fazemos jogos para o mercado doméstico, de acordo com a legislação vigente aqui [no Japão]. Não podemos comentar [a campanha] porque não vendemos [o game] para outros mercados."
Jogadores ganham pontos por atos de violência sexual, incluindo abordagem de garotas em estações de trem, estupro de virgens e suas mães, e forçando mulheres a fazer aborto, de acordo com um comunicado da Equality Now.
O Japão, frequentemente criticado por pornografia infantil, proibiu em 1999 a produção, distribuição e uso comercial de fotos que suscitem atividades sexuais, vídeos e outros materiais envolvendo pessoas com menos de 18 anos.
No entanto, a lei não criminaliza a posse destes tipos de materiais, e também é lacônica quanto à pornografia infantil por meio de animações de computação gráfica, categorizada como "hentai" (pervertido).
A gigante do varejo on-line Amazon encerrou as vendas de "RapeLay" dos seus websites, depois de receber reclamações. Clipes do game ainda são encontrados no YouTube.
O comitê japonês da Unicef disse que isso atrapalha as medidas internacionais para combate à pornografia infantil.
"No mundo globalizado, conectado pela internet, qualquer tipo de abertura pode arriscar todas as legislações", disse uma porta-voz. "O mundo tem que direcionar ações voltadas à tentativa de banir o acesso e visualização de imagens virtuais."
Um porta-voz do setor de igualdade de gêneros do governo japonês disse que o departamento "está resolvendo o problema agora".
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u562678.shtml