Ou: "Soma zero 2: a missão"

.
É o seguinte: no tópico acima citado houve um comentário sobre a relação entre o Capitalismo e uma tal "moral cristã burguesa".
Isso me levou a pensar numa consequência lógica do argumento da soma zero: se, como dizem alguns, só é possível que alguem
aumente sua riqueza a custa da exploração de outrem, então todo indivíduo que desfruta de algum conforto material, associado
a um certo nível de riqueza, seria necessariamente culpado, ou pelo menos cúmplice da exploração e consequente sofrimento de
outros. Em outras palavras, qualquer nível de prosperidade carregaria consigo uma dose de culpa.
Essa crença na culpa pelo conforto me parece bastante entranhada na mentalidade do brasileiro. Ela deixa suas digitais em todos
os lugares - desde a frase costumeira: "coma tudo, pois você sabe que tem muita gente por aí morrendo de fome"; até no linguajar
do presidente Lula.* Ela está associada a um certo desprezo pelo sucesso, afinal de contas, como justificar ser bem sucedido
profissionalmente e estar bem financeiramente se para os outros isso implica num desvio de caráter?
O interessante é que essa mentalidade, pelo menos aqui no Brasil, longe de estar associada aos liberais, parece estar mais presente
entre os ditos socialistas. É interessante também que essa maneira de pensar está muito próxima da moral cristã: "sejamos como
os lírios do campo", "é mais fácil um camelo entrar num buraco de agulha" etc.**
Além disso, tanto no cristianismo quanto no marxismo vulgar (MV), a motivação para a caridade (ou, no caso do MV, a participação
em movimentos sociais) é estimulada não como uma expressão de empatia e humanidade, mas como uma forma de expiação dos
pecados e preparação (pelo menos no caso do cristianismo) para o outro mundo. No caso dos marxistas vulgares, o "engajamento"
seria uma forma de reparação de supostas injustiças. Mas essa diferença parece, pelo menos para mim, puramente semântica.
*Quero deixar bem claro que não estou querendo afirmar que não existam ricaços criminosos ou exploradores, ou que nunca tenha
havido exploração.
**É interessante também notar que Gizuis supostamente fez essas afirmaçoes porque pregava que o Fim do Mundo estava Próximo!!!
E no outro mundo, bens materiais seriam irrelevantes.