Concordo com cada palavra sua.
E bem, como nenhum criacionista ira/conseguira responder a este desafio (desafio extremamente babaca, diga-se de passagem) vou pedir algo mais fácil agora, que não exige nenhum trabalho mental ou conhecimento basico de ensino médio:
Qual é a opinião de vocês sobre este texto: (vejam bem, opinião sobre o texto, e não sobre evolução ou abiogenese)
(OPINIÃO, é o que vocês e todos os cientistas criacionistas vêm fazendo a décadas, não é pedir muito, é?)
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“De fato, religião é e sempre será questão de fé, e assim sendo, abstrata e subjetiva. Já a ciência reúne há anos muitas evidências científicas que transformaram a Teoria da Evolução num fato científico, atualmente incontestável, como bem lembra o autor do Editorial da Science”
Mensagem de Rubens Marschalek, evangélico Batista, mestre em Genética e Melhoramento de Plantas pela Esalq/USP, e doutor em Ciências Agrárias (Genética e Melhoramento de Plantas) pela Universidade de Göttingen (Alemanha):
Parabenizo o JC pela publicação do excelente editorial da Revista Science que versa sobre o “Desenho Inteligente” e a Evolução. De fato a discussão entre evolução e criação (e suas variantes) carece de artigos como o de Alan I. Leshner, com posições sábias e equilibradas sobre o tema.
Tenho acompanhado há algum tempo, na mídia em geral e também no JC, o debate que envolve evolução e criação. Recentemente, li um artigo (publicado em 2-Jun-2005 no JC), que discorre sobre o assunto de modo a defender com veemência a evolução, o que até certo ponto é louvável, porém, tenho visto com reservas (ainda assim, com respeito), o posicionamento anti-religioso de cientistas envolvidos no debate, alguns dos quais, no justo intuito de defender o que também eu considero verdadeiro (a saber, a Evolução), partem para uma retórica desrespeitosa e agressiva, que não raro visa atingir deliberada e abertamente setores específicos, como os evangélicos.
Isso lamentavelmente em nada contribuirá para que a sociedade entenda melhor a ciência e os cientistas, tampouco a evolução.
Esclareço que também não vejo com bons olhos a propagação, não do criacionismo em si, mas da ignorância científica, da qual ele é apenas um dos sintomas.
É evidente que o ensino do criacionismo e suas nuanças no meio acadêmico e escolar não deva assumir caráter de “verdade científica”, tampouco como teoria científica pode ser admitida neste meios, pelos motivos já expostos no Editorial da Science.
Cabe, porém, como bem lembra o mesmo editorial, o direito ao cidadão de ter eventual ensino e/ou discussão numa disciplina de “religião”, por exemplo, ainda que tampouco nestes casos eu possa concordar com uma interpretação literal dos textos de Gênesis.
Também não me agradaria ver o professor(a) de religião (ou o de biologia) contrapondo excludentemente ambas, criação e evolução.
Neste sentido, gostaria de lembrar aos leitores que nos meios religiosos nem sempre reina o fundamentalismo e a ignorância sobre o tema. Para tentar esclarecer o que pensam setores religiosos menos radicais, permito-me citar o livro do Físico e Pastor Evangélico Batista Peter James Cousins. Quanto ao Gênesis bíblico, com propriedade o autor descreve que: “Gênesis 1 é uma poesia. Sua estrutura é claramente poética e, assim, é uma celebração da criação, e não uma explicação do procedimento que Deus usou para criar o universo”.
Ainda escreve que “Gênesis 1 não diz nada a respeito de como Deus criou o mundo, porque tem por assunto Deus, e não o mundo” (Ciência e Fé: novas perspectivas; ABU Editora S/C, 1997).
Eu mesmo tenho, no meu limitado círculo, tratado de defender com veemência (até extrema) a posição cientificamente correta e racionalmente aceitável, ou seja, a evolução (artigo publicado em 29-4-2005 no Jornal de Santa Catarina).
No entanto, como já disse, não é prudente que a ciência e seus representantes desqualifiquem, por vezes também através do JC, jocosa e levianamente argumentos outros, mesmo os puramente religiosos, ainda que eles possam ser tidos como sendo apenas de caráter abstrato e subjetivo, mesmo porque também a ciência não provou que Deus existe, tampouco conseguiu provar o contrário até hoje, e possivelmente nunca o fará.
Não estou todavia em absoluto querendo dizer que devemos arrefecer e ser coniventes frente a intransigente ação de alguns grupos que visam solapar o ensino científico nas escolas.
Fez bem, portanto, a Sociedade Brasileira de Genética em mostrar no seu manifesto de 5-5-05 que muitos teólogos não excluem a compatibilidade dos princípios evolucionários e os religiosos.
De fato, religião é e sempre será questão de fé, e assim sendo, abstrata e subjetiva. Já a ciência reúne há anos muitas evidências científicas que transformaram a Teoria da Evolução num fato científico, atualmente incontestável, como bem lembra o autor do Editorial da Science.
Diante disso, cabe sim à religião, especialmente ao cristianismo, no mínimo, reler e interpretar de forma menos literal os textos bíblicos de “Gênesis”. Negar a Evolução, seja onde for, escola ou igreja, significa privar o povo da verdade, e pelo que me consta, a mentira não é um princípio cristão.
Por outro lado, nós cientistas não podemos e não devemos ignorar que, no caso do Cristianismo, este desempenha incontestáveis funções sociais, morais, e espirituais que a ciência talvez nunca possa suprir.
Os princípios do Cristianismo norteiam a civilização ocidental, porém é fundamental que a sociedade deixe a ciência responder às questões científicas.
Seria conveniente estarmos cientes de que o relato de Gênesis, apesar de lindo, é poético, e que a Evolução, para os que preferem continuar “crendo” em Deus, não é incompatível com uma leitura inteligente e atualizada dos textos bíblicos.
Respeito e admiro todavia a opinião daqueles que preferem julgar ambas incompatíveis. Que possamos todos saudavelmente cultivar a livre expressão, desejável em ambientes democráticos, e agir como menciona Voltaire: "Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo".
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=29708