Autor Tópico: Escritores Russos  (Lida 3378 vezes)

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Offline Flavia

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Re: Escritores Russos
« Resposta #25 Online: 01 de Maio de 2009, 19:30:13 »
Por que não ingressa em um curso em um ano, e no próximo vestibular no outro para então cursar os dois ao mesmo tempo? Já tens tarefas extra que impedem de fazer dois cursos?

Estou pensando em fazer isso. Ingressar primeiro em Jornalismo, que é mais difícil, e depois tentar Letras... :? Ou talvez eu só faça aulas de idiomas "por fora". :)
vanitas vanitatum omnia vanitas

Offline Zeichner

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Re: Escritores Russos
« Resposta #26 Online: 05 de Maio de 2009, 12:51:36 »
Apesar de Ioguslava, a Eleonora V. Vorsky é um dos grandes exemplos da literatura Eslava. Jamais esquecerei seus grandes personagens, e a imagem do marinheiro Kowalsky é emblemática.

Offline Luiz Souto

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Re: Escritores Russos
« Resposta #27 Online: 05 de Maio de 2009, 21:36:34 »
Isso mesmo!
Ela que escreveu " A Vingança do Bastardo"  , que tem a inesquecível prima Roshana!  :D

Como disse um crítico: " Uma mistura de Barbara Cartland e Agatha Christie , só que com o dobro de varizes!"  :lol:
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Madame Bovary

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Re: Escritores Russos
« Resposta #28 Online: 04 de Junho de 2009, 17:30:59 »
Desânimo? Pois eu AMO livros grandes! É um estímulo, na realidade.
Adoro "vencer" livros de mais de mil páginas! :D Quando vejo aquele volumão, já fico com vontade de ler! :lol:

Essa aí já leu Guerra e Paz :)
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Olho, e as coisas existem.
Penso e existo só eu.

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Skoob

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Offline Hugo

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Re: Escritores Russos
« Resposta #29 Online: 04 de Junho de 2009, 18:31:40 »
Dos escritores russos, o melhor - para mim - é Dostoiévski.

Já li quase toda a sua obra.

Destarte Os Irmãos Karamazov e Crime e Castigo, o Idiota é fantástico. Li de um fôlego só... e quase perdi o fôlego.

A Morte de Ivan Ilitch faz parte de um capítulo de minha dissertação. Tolstói é demais...

Para quem quiser ler a resenha... aí vai...

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2- Tolstoi: A morte de Ivan Ilitch - O Absurdo da existência




Sabemos, com uma certeza angustiante, que a morte nos acometerá um dia, cedo ou tarde. Esse fato sempre foi tema de reflexões e conjeturas para o ser humano, consciente de sua existência e sabedor de sua finitude. Temos essa peculiaridade com relação aos outros seres viventes, isto é, estamos certos que nosso corpo um dia perecerá e esse dia pode chegar a qualquer momento, sem aviso, prognóstico ou estatística lógica. A morte é objeto da filosofia, como também dos poetas, tornando-se, por sua relevância metafísica, a musa inspiradora  que povoa as mentes mergulhadas em reflexão e sedentas de uma explicação.  Mas, é certo também, que o indivíduo, ou a maioria deles, pensa na morte quando ela dobra a esquina e vem a seu encontro. O sentimento de finitude que toma o corpo do indivíduo tem um efeito interessante: ele inicia uma reflexão da sua vida e condição de vida, levando-o a fazer perguntas existenciais que deveriam ter sido feitas há muito tempo, ao longo de sua vida. A morte, ou sua iminência, parece que desperta o homem de um sono. Desperta e avisa de uma coisa que ele, intimamente, já sabia e presenciava no seu dia-a-dia com uma indiferença quase que mortal. 

Ivan Ilitch, personagem do romance A morte de Ivan Ilitch de Leon Tolstoi, vivia indiferente como qualquer outro, que tinha um emprego, uma família, filhos, vícios e se divertia com seus amigos jogando cartas, de vem em quando. Seus amigos ao saberem de sua morte, ficaram um pouco consternados, como é natural, mas sua consternação era de uma naturalidade sarcástica, tendo um efeito de alívio ao pensarem “foi ele quem morreu e não eu”.  A morte, então, só existia em Ivan Ilitch, não nos seus amigos. Quando nos deparamos com a morte nos outros ela tem um efeito de alívio, porque é o outro que se foi e não eu. Ivan Ilitch não teve esse alívio quando soube que estava perto de deixar de existir. Sua maneira de viver, conforme o pensamento kierkegaardiano, era no estado ético, isto é, casado, tinha filhos, fiel à sua esposa e trabalhava como magistrado em uma cidadezinha perto de Petersburgo. Tolstoi faz questão de enfatizar que “a história da vida de Ivan Ilitch foi das mais simples, das mais comuns e, portanto, das mais terríveis”.

A vida ia tranqüila “após dezessete anos de casamento. Ele agora era um promotor público de longa carreira (...) quando um indesejável e desagradável incidente veio destruir o pacífico andamento de sua existência”.   A partir daí, a existência de Ivan Ilitch, indesejadamente, tomava outro rumo. Sua pacífica existência vai dar lugar a uma existência questionadora e arredia com seu destino. O desespero de Ivan Ilitch tinha como causa essa “implacável aproximação da sempre temida e odiada morte, sua única realidade”,  que levava Ivan Ilitch á um buraco negro desconhecido. Mas como aceitar a morte? Era uma existência que estava perto demais de sua finitude. A morte no outro é compreensível, mas em mim é ilógico, pensava Ivan Ilitch. Ele usou um silogismo para tentar entender a situação. “Caio é um homem, os homens são mortais, logo Caio é mortal”, esse silogismo tinha para ele muita lógica se aplicado a Caio, mas não aplicado a ele. A lógica perdera todo o seu sentido para Ivan Ilitch. Ele não sabia, ou não queria saber, que a morte é para Caio tanto quanto para ele. “Se eu tinha que morrer, assim como Caio, deveriam ter-me avisado antes”,  analisa Ivan Ilitch, como se isso fosse resolver a questão. Para ele era absurdo, ridículo e inacreditável que alguém pudesse morrer devido a um acidente doméstico  sem nenhuma gravidade aparente. Mais absurdo não era a causa que iria, aos poucos, matá-lo. Absurdo era não saber para onde iria depois que morresse e qual o sentido dessa vida. Ivan Ilitch começava então a se perguntar insistentemente: “Eu estava aqui e agora estou indo embora. Mas para onde?”; “Não existirei mais e então o que virá? Não haverá nada. Onde estarei quando não existir mais? Será isso morrer? Não. Eu não vou aceitar isso!”.  As questões existenciais afloram cada vez mais em Ivan Ilitch, fazendo-o crer que não há uma explicação lógica e aceitável para sua finitude existencial.

A irracionalidade da vida não está, fundamentalmente, na nossa finitude, mas na possibilidade iminente dela. A vida de Ivan Ilitch transcorria naturalmente, isto é, o hábito de viver lhe dava uma certeza de que a morte só chegaria com a velhice do corpo. Ivan Ilitch conhecia a vida desta forma, ou seja, via que as pessoas morriam de velhice ou, quando jovem, vítima de um acidente. Para ele, sua maneira de viver não lhe colocava nas estatísticas de morte por acidente e sua saúde não dava sinais de debilidade. O acidente na escada, quando ele bateu com a parte lateral do seu corpo na maçaneta da porta e por isso selou seu destino, estava fora de qualquer estatística e de qualquer lógica como causa da morte de um indivíduo.

Ivan Ilitch não era uma pessoa dita religiosa. Ocupado demais com seu trabalho, família e afazeres do dia a dia, quase nunca refletia sobre a possibilidade de uma divindade criadora e benevolente. Mas como percebemos, a vida de Ivan Ilitch é outra bem diferente agora e, como nunca, questiona tudo e todos, chegando o momento de pedir respostas a um deus que dizem se preocupar com sua criatura. Na solidão Ivan Ilitch chora por sua solidão; chora por estar desamparado pela crueldade de Deus e a sua ausência: “Por que o Senhor fez isso comigo? Por que me fez chegar até esse ponto? Por quê? Por que torturar-me tão horrivelmente?”.  A esperança de conseguir resposta era proporcional à sua esperança de continuar vivendo. Mas, Ivan Ilitch não se conformava e suas perguntas vinham como a água após o rompimento de uma represa. Será que Ivan Ilitch conseguiria, antes de morrer, achar respostas para tantos questionamentos existenciais? Tolstoi acredita que deveremos nos resignar. Não há uma explicação para um sem sentido. Se procurarmos um sentido que seja compatível com nossa razão, o sentimento de finitude pulsará mais forte aplacando nosso impulso racional. O que Ivan Ilitch esperava da vida agora? Nada, a não ser, um último empurrão, a destruição. “Ainda se pelo menos eu pudesse entender para que serve tudo isso, mas é impossível. Se se pudesse dizer que eu não vivi como deveria, mas não é essa a explicação”, pensava em seu último momento: “Não há explicação! Agonia, morte... Por quê?”. 


“Que coisa terrível! É ridículo! Não pode ser! Não pode ser, mas é!”


"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Renato T

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Re: Escritores Russos
« Resposta #30 Online: 05 de Junho de 2009, 10:33:54 »
Muito bom, Hugo. Já havia lido A Morte de Ivan Ilitch, mas na época não vi nenhuma relação com o Absurdo. Será uma grande dissertação. Espero poder lê-la algum dia. :ok:

Offline Hugo

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Re: Escritores Russos
« Resposta #31 Online: 05 de Junho de 2009, 18:53:46 »
Muito bom, Hugo. Já havia lido A Morte de Ivan Ilitch, mas na época não vi nenhuma relação com o Absurdo. Será uma grande dissertação. Espero poder lê-la algum dia. :ok:

Na verdade Renato, minha dissertação (que já está pronta) é sobre a crítica que Kierkegaard faz ao sistema da Ciência da Lógica de Hegel.

O título é: Kierkegaard e a Possibilidade na Existência : uma crítica à Ciência da Lógica de Hegel.

Resumindo: Hegel pretende uma ciência que explique tudo pela lógica : a Filosofia. Kierkegaard afirma que nenhum sistema filosófico (ou ciência) conseque explicar a Existência. Isso é querer explicar o próprio homem, porém, esse homem está sempre devindo, isto é, está sempre se formando, mudando e se achando na existência.

O capítulo que incluo Tolstói é para mostrar que na literatura há um vasto trabalho de escritores tentando mostrar que a vida é absurdo, isto é, não há sentido, lógica, não há como explicar as escolhas do indivíduo que quer ser livre.

Neste capítulo eu incluo também, Dostoiévski, Albert Camus e Franz Kafka. Os dois últimos foram bastante influenciados pela filosofia do dinamarques Kierkegaard. Dostoiévski e Tolstói nunca leram Kierkegaard, mas tinham em seus livros "um espírito kierkegaardiano".

Se voce quiser ler eu te envio (quando defender, é claro). Tem apenas 180 páginas.
 
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Renato T

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Re: Escritores Russos
« Resposta #32 Online: 05 de Junho de 2009, 22:49:20 »
Muito bom, Hugo. Já havia lido A Morte de Ivan Ilitch, mas na época não vi nenhuma relação com o Absurdo. Será uma grande dissertação. Espero poder lê-la algum dia. :ok:

Na verdade Renato, minha dissertação (que já está pronta) é sobre a crítica que Kierkegaard faz ao sistema da Ciência da Lógica de Hegel.

O título é: Kierkegaard e a Possibilidade na Existência : uma crítica à Ciência da Lógica de Hegel.

Resumindo: Hegel pretende uma ciência que explique tudo pela lógica : a Filosofia. Kierkegaard afirma que nenhum sistema filosófico (ou ciência) conseque explicar a Existência. Isso é querer explicar o próprio homem, porém, esse homem está sempre devindo, isto é, está sempre se formando, mudando e se achando na existência.

O capítulo que incluo Tolstói é para mostrar que na literatura há um vasto trabalho de escritores tentando mostrar que a vida é absurdo, isto é, não há sentido, lógica, não há como explicar as escolhas do indivíduo que quer ser livre.

Neste capítulo eu incluo também, Dostoiévski, Albert Camus e Franz Kafka. Os dois últimos foram bastante influenciados pela filosofia do dinamarques Kierkegaard. Dostoiévski e Tolstói nunca leram Kierkegaard, mas tinham em seus livros "um espírito kierkegaardiano".

Se voce quiser ler eu te envio (quando defender, é claro). Tem apenas 180 páginas.
 

Gostaria de ler sim. Justamente pela influência que Kierkgaard teve em Camus - que é um autor no qual estou bastante interessado - e também por essa relação com o Absurdo.

Aliás, essa vai ser sua tese de doc.? Se sim, meus parabéns!

Offline Flavia

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Re: Escritores Russos
« Resposta #33 Online: 05 de Junho de 2009, 22:50:12 »
Desânimo? Pois eu AMO livros grandes! É um estímulo, na realidade.
Adoro "vencer" livros de mais de mil páginas! :D Quando vejo aquele volumão, já fico com vontade de ler! :lol:

Essa aí já leu Guerra e Paz :)

Li e amei! Tô louca para reler, mas só quando sair a tradução direta do russo, ou seja, só em 2011. :D
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