Autor Tópico: Comoção social e hipocrisia Re: Avião com 228 a bordo desaparece perto da costa brasileira  (Lida 2685 vezes)

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Offline Donatello

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Eu geralmente não me  meto em assuntos sobre "mortes que chocam o Brasil" (Liana Fenerbá, menino arrastado por assaltantes que eu esqueci o nome, garota que foi jogada da janela supostamente pelo pai e pela madrasta e que também eu esqueci o nome , et cetera e tal)

Na época da Liana minha professora de sociologia do EM fez uma roda de debate e perguntou a opinião que cada aluno tinha do assunto. Todo mundo tinha uma boa teoria pro caso e dolorosa maneira de matar o Champinha. Quando chegou na minha vez eu disse que não estava inteirado do assunto porque toda vez que passava algo na TV sobre eu dizia "foda-se" e mudava de canal. A boa mestra me chamou de insensível por eu ter dito que o assunto não me interessava. Eu perguntei se ela era insensível por não se interessar pelos sei lá quantos assassinatos que ocorrem diariamente na cidade em que vivemos e ela passou a palavra pro aluno seguinte. Não me respondeu até hoje.

Bom, estou me deliciando com um blog que acabei de conhecer (embora pareça já ser bem famoso) e:

Citação de: [url=http://blog.desfavor.com/2009/06/desfavor-da-semana-af-404.html]Sally do Desfavor.Com[/url]
Todos os dias, no Brasil e no mundo, morrem centenas de pessoas em conseqüência dos motivos mais surpreendentes possíveis: desde doenças que já deveriam estar erradicada até mortes pelas mãos de outros seres humanos. Nós nos acostumamos e ver isso. Criamos uma armadura de proteção, algumas vezes nem nos chocamos mais. Mas quando cai um avião com 200 pessoas ricas e bonitas, isso causa uma comoção nacional. Alguma coisa está errada.

Sem querer ser escrota (mesmo sabendo que vão me achar escrota), aviões caem. É de se esperar que aviões caiam. Ninguém deseja isso, mas acontece. Quem viaja de avião sabe do risco e escolhe enfrentar esse risco. O que não é de se esperar é que a gente pague impostos e ao chegar a um hospital público após um acidente te informem que não tem nem mesmo gaze para fazer um curativo. Pessoas morrem na fila para atendimento em hospitais todo santo dia no Brasil. Isso não é previsível, não deveria acontecer e independe de escolha. Entretanto, quando cai um avião com príncipe, com Chefe de Gabinete de Prefeito e com advogado, todo mundo se solidariza e a imprensa fica monotemática.

Pessoas que ficam doentes por motivos alheios à sua vontade, com doenças aleatórias, para as quais não concorreram, também são causa de diversas mortes diárias no Brasil. Essas pessoas não tiveram qualquer escolha nem qualquer aviso na esfera da previsibilidade. Ainda assim, um acidente de avião causa muito mais choque, impacto e surpresa. Vamos lá, um troço que pesa TONELADAS e voa a 35 mil pés de altitude fatalmente pode cair. Uma merda que caia, quem dera nunca caísse. Entretanto uma criança com leucemia, um bebê com defeito congênito no coração ou até mesmo um adulto com um tumor me chocam muito mais.

Todos os dias brasileiros são forçados a conviver com violência urbana assustadora. Quando não estão apanhando de bandido, apanham de polícia. E quando não apanham de ninguém tomam bala perdida. Mesmo nas cidades de interior, temos a presença dos jagunços e do coronelismo que manda matar. É violência o tempo todo com pessoas que, na maior parte das vezes são inocentes trabalhadores. Mas quando cai um avião executivo, médico e engenheiro o país acompanha a tragédia como se fossemos tão civilizados a ponto da morte ser uma novidade. O cidadão que sofre na mão da milícia, da polícia, do tráfico ou do jagunço não fez nada para se colocar naquela situação, independe de sua vontade. O executivo que subiu com sua pasta para ir a Paris, assumiu um risco.

Fiquei me perguntando porque nos chocamos tanto com esse acidente do vôo 477 da Air France. Porque ele vende tanto. Porque essas mortes nos causam tanto pesar quando vivemos em uma sociedade barbarizada que nos insensibiliza para a morte todos os dias.

E é aí que está o grande desfavor da semana. Esse acidente fez cair a máscara de hipocrisia social que nos cerca. Nos sensibilizamos porque nos identificamos, morreu um de nós, gente como a gente. Não é um favelado, um bandido ou um trabalhador rural. Era aquela funcionária pública que podia ser uma de nós, era aquele advogado que podia ser um de nós. O ser humano tem essa mania ESCROTA de sentir compaixão quando consegue se visualizar no lugar da vítima. Por isso quando um favelado mata a esposa é um assassino que deve ser trancafiado e isolado do convívio social e quando um rico mata a namorada é um crime passional muito mais bem aceito e compreendido. “Matou por amor”, alguns diriam.

Esse sistema de castas velado me enoja. Defendemos os “nossos”, aqueles com os quais nos identificamos, e metemos o pau nos demais. É preciso que nos sensibilizemos em torno de um único fator: ser humano. Sendo um ser humano, merece nossa compaixão. Tudo bem, é papo de hippie... se você não quer essa coisa de compaixão, então não se sensibilize com porra nenhuma, nem com a pessoa que morre na fila do hospital esperando atendimento, nem com o executivo da fábrica de pneus que morreu indo para Paris. Será menos hipócrita do que aquele que se sensibiliza com um dos lados apenas.

Está na hora de parar de atribuir impacto à tragédia em função de suas vítimas. Quem quiser escrever “luto” na sua fotinho de Orkut, quem quiser fazer um minuto de silêncio, quem quiser orar, que também faça isso tudo por cada vítima que morre em função dos problemas graves que assolam nossa sociedade, porque estes são tão vitimas, quiçá até mais, que os classe-média que estavam naquele avião indo para Paris.

O grande circo que se fez em volta desse acidente espelha o nosso egoísmo: “Ei... caiu um avião? Ei... podia ser EU! Ei... como podia ser eu, vou ficar chocado!”. A gente só se mobiliza quando a merda respinga, quando sentimos uma ameaça real de prejuízo ou dano para nós ou para alguns “dos nossos”. Sabe aquela história da pessoa que só aprende a nadar quando a água bate na bunda?

E antes que comece uma corrente histérica me chamando de insensível, eu quero frisar aqui QUE NÃO ACHO BACANA QUE TENHA CAIDO UM AVIÃO, ACHO UMA MERDA, acho que as pessoas que estavam nele não mereciam morrer. Acho sim que foi uma tragédia, uma coisa triste, lastimável. Apenas prego que, se vamos nos sensibilizar com isso, temos que nos sensibilizar com outras realidades tristes, com outras tragédias, sob pena de sermos hipócritas e egoístas.
« Última modificação: 08 de Junho de 2009, 18:19:44 por Donatello van Dijck »

Offline Moro

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e o que ela esta postulando? O "raciocínio" dela me parece uma algazarra, falácias do início ao fim
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Fabi

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Uma vez um avião (com alguns tripulantes, acho que 3) caiu no congo e matou 50 pessoas...Ele caiu numa favela...

Em Amsterdã, um avião cargueiro com 4 pessoas (1 passageiro e 3 tripulantes) caiu e matou 39 pesssoas...e fez outros feridos...
Olhem o tamanho do estrago:


E também teve uma outra vez que um avião caiu no Queens... um bairro populoso...

Essas pessoas assumiram o risco de viajar de avião? As pessoas na favela do congo? Ou no queens? Ou no prédio em Amsterdã que é muito longe do aeroporto?

A aviação é a única coisa do mundo que é segura, e mais, quando acontece um acidente eles fazem uma investigação, e acham os motivos e adaptam os procedimentos de segurança...E isso é bom, pelo menos em uma coisa fazem isso...

Na aviação não existe isso de fazer as coisas nas coxas de dar um jeitinho... de fazer algo mal feito... e quando fazem isso o avião cai e 100 pessoas morrem de uma vez... e não são só os passageiros, que assumiram o risco, que morrem...infelizmente o avião cai no chão...e nós estamos aqui...no chão... (oi, tem prédios, casas, carros e etc, tudo no chão)...

Um avião já caiu porque esqueceram fita adesiva nele, outro caiu porque ao invés de lubrificarem de 15 em 15 dias fizeram de 20 em 20 dias, e também já caiu porque usaram demais o leme... Se eu der um jeitinho no carro não significa que eu vá sofrer um acidente...mas com um avião... sai de baixo...
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“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Moro

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não tem nada a ver o cara assumir o risco de voar com o fato de nos estarrecermos diante de um acidente, e a comparação com outras catástrofes é infeliz e não quer dizer nada
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Offline Donatello

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Eu também achei a parte de assumir o risco de voar soou um tanto estranho embora tenha entendido o ponto relacionado [de que há catástrofes que não podem ser evitadas, que tudo que o homem podia fazer para evitá-las ele fez (os acidentes aéreos geralmente estão neste grupo), já outras (como surtos de dengue e gente morrendo sem atendimento) podem ser evitadas e só não o são por falha coletiva nossa e que estas mereciam muito mais o nosso choque].

De resto não sei onde da falácia do início ao fim, Agnóstico? O que ela postula é muito simples, é o mesmo que eu postulei à minha profa: por que desta comiseração coletiva pela morte de 200, por que eu sou quase obrigado (ok! eu não sou obrigado, mas vou dizer que não estou chocado com o fato de o avião ter caído na rodinha do trabalho pra ver se não apanho) quando tantos ônibus descem da ribanceira nas estradas mal pavimentadas deste brasilzão de meu deus (e muitas vezes por falta de mesmo um adesivo que segure a direção, e que muitas vezes também invadem residências de pessoas e as matam antes que alguém me lembre) e não merecem de mim e de você e de ninguém que postou aqui até agora e do JN e das nossas rodinhas de conversa no trabalho mais do que um "que pena" (e na maioria das vezes nem isso, porque na maioria das vezes nem sequer tomamos conhecimento de que um ônibus lotado tombou na beira de uma estrada matando todos os seus "tripulantes" e os moradores de uma casa de beira de estrada)?

Deve haver uma boa razão para estes surtos de sensibilidade tão repentinos, não? E eu não sei o que existe de incomparável nesta catástrofe (ou na morte do João Hélio, lembrei o nome, ou na morte da menina que foi jogadada janela ou no assassinato da Liana Fenerbá) para que "a comparação com outras não diga nada", exceto evidente pela maior "importância humana" das vítimas.
« Última modificação: 09 de Junho de 2009, 05:53:31 por Donatello van Dijck »

Offline Gaúcho

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Eu acho que o surto de sensibilidade coletiva é pelo número de mortos de uma vez só. Sim, de fato é estranho, mas é o que me parece.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline yud

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Eu acho que o surto de sensibilidade coletiva é pelo número de mortos de uma vez só. Sim, de fato é estranho, mas é o que me parece.

Me lembrou um dialogo de Coringa com "Duas Caras" Dent, que ele fala:

"Sabe o que eu notei?  Ninguém entra em pânico quando "corre como planejado". Mesmo se o plano for horripilante. Se amanhã eu disser à imprensa que um bandido vai levar tiro ou que uns soldados vão se explodir, ninguém entra em pânico, porque tudo isso faz parte do plano."

Acredito que a comoção é exatamente pelo inesperado, guerras são planejadas e a grande maioria não se choca com os números (a não ser quando a guerra acaba e os números finais (ou não) aparecem), o transito no Brasil mata mais de 42k pessoas / ano e não vemos nenhum movimento da "grande massa" para reduzir isso ou uma comoção (inter)nacional pelas perdas.

Pra mim, essa sensibilidade é um conjunto do que o Di falou com a cobertura da mídia, vide casos também citados por Donatello, se a TV não tivesse dado tanta importância ao que aconteceu e não tivesse feito todo aquele sensacionalismo hipócrita essas mortes não seriam apenas estatística?

"You may bury my body, down by the highway side
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Offline Diegojaf

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e o que ela esta postulando? O "raciocínio" dela me parece uma algazarra, falácias do início ao fim

Que se você não se sente condoído com qualquer tragédia, é hipócrita em se chocar por um específico.

Acho que cada caso é um caso, uns causam comoção e outros não. Não sei de onde a autora tirou essa conclusão de que eu sou socialmente obrigado a ficar comovido e penalizado com tudo sob pena de ser hipócrita e que isso seja pior de alguma forma porque quem morreu no acidente tenha poder aquisitivo elevado.

"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Contini

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E essa estória de poder aquisitivo elevado de quem viaja de avião... Eu definitivamente não me encaixo nessa categoria de poder aquisitivo, mas em função do trabalho cheguei a viajar de avião até duas vezes por mes. Viajo de avião desde 94 em função do meu trabalho e conheço muita gente na minha situação.
"A idade não diminui a decepção que a gente sente quando o sorvete cai da casquinha"  - anonimo

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Offline Diegojaf

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E essa estória de poder aquisitivo elevado de quem viaja de avião... Eu definitivamente não me encaixo nessa categoria de poder aquisitivo, mas em função do trabalho cheguei a viajar de avião até duas vezes por mes. Viajo de avião desde 94 em função do meu trabalho e conheço muita gente na minha situação.

Lembre-se: Se morrer, você assumiu esse risco, digo mais, você ESCOLHEU esse risco!!

Não teremos piedade.

:lol:
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Offline Renato T

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Eu acho que o surto de sensibilidade coletiva é pelo número de mortos de uma vez só. Sim, de fato é estranho, mas é o que me parece.

Me lembrou um dialogo de Coringa com "Duas Caras" Dent, que ele fala:

"Sabe o que eu notei?  Ninguém entra em pânico quando "corre como planejado". Mesmo se o plano for horripilante. Se amanhã eu disser à imprensa que um bandido vai levar tiro ou que uns soldados vão se explodir, ninguém entra em pânico, porque tudo isso faz parte do plano."

Acredito que a comoção é exatamente pelo inesperado, guerras são planejadas e a grande maioria não se choca com os números (a não ser quando a guerra acaba e os números finais (ou não) aparecem), o transito no Brasil mata mais de 42k pessoas / ano e não vemos nenhum movimento da "grande massa" para reduzir isso ou uma comoção (inter)nacional pelas perdas.

Pra mim, essa sensibilidade é um conjunto do que o Di falou com a cobertura da mídia, vide casos também citados por Donatello, se a TV não tivesse dado tanta importância ao que aconteceu e não tivesse feito todo aquele sensacionalismo hipócrita essas mortes não seriam apenas estatística?



É bem por aí e o diálogo do Coringa expressa bem isso. O que é planejado não causa comoção; mas quando acontece algo fora desses planos, todos ficam paralisados.

Isso me lembra um post recente do Hugo sobre A Morte de Ivan Ilitch, na qual a personagem entra em crise por que sua morte não fazia parte do plano...

Offline Contini

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E essa estória de poder aquisitivo elevado de quem viaja de avião... Eu definitivamente não me encaixo nessa categoria de poder aquisitivo, mas em função do trabalho cheguei a viajar de avião até duas vezes por mes. Viajo de avião desde 94 em função do meu trabalho e conheço muita gente na minha situação.

Lembre-se: Se morrer, você assumiu esse risco, digo mais, você ESCOLHEU esse risco!!

Não teremos piedade.

:lol:
Pois é... Era "assumir o risco" para pagar minhas contas ou viver de favor na casa de minha mãe! Eu tinha escolha!!  :(
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Offline Donatello

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Eu acho que o surto de sensibilidade coletiva é pelo número de mortos de uma vez só. Sim, de fato é estranho, mas é o que me parece.
Não sei... no caso do João Hélio a morte era uma só, no caso da Liana também, no caso da menina jogada da janela idem... a comiseração nacional foi a mesma, os minutos de silêncio em partidas de futebol os mesmos, as comunidades de luto no orkut as mesmas.

Quanto ao "correr o risco" repito: o que ela parece ter querido dizer com isso me faz muito sentido. Agora a forma como ela disse realmente foi infeliz.

Citar
Que se você não se sente condoído com qualquer tragédia, é hipócrita em se chocar por um específico.
É exatamente isso, mas quanto à continuação do que você escreveu é exatamente o contrário. A autora não quer que se choque com todos, quer apenas mais coerência ao justificar seu choque. A hipocrisia não está em se emocionar com um e esquecer o outro, está em dizer que se emocionou com aquele por motivos mais "nobres" do que os que de fato levaram o sensibilizado a abrir o berreiro e escrever luto no avatar.

O sujeito pode ter bons motivos para se emocionar apenas com a morte de meninas negras funkeiras cariocas que usam shortinho rosa enfiado no c. Mas então não que faça discursos lamentando o estado de coisas no qual um ser humano tira a vida de outro ser humano por motivos banais. Deixe claro que o que lamenta é a morte da Kelly Key da periferia e apenas a morte dela.

O chato é ver discursos de gente extremamente preocupada com o desamor e com a brutalidade entre seres humanos (mas só quando o João Hélio é o assassinado) ou extremamente preocupados com o desmazelo do poder público quanto à fiscalização do transporte de passageiros (mas só quando o veículo em questão é pelo menos um ônibus da Itapemirim porque ônibus de boia fria vira mesmo, e daí?)

Seria mais honroso admitir logo: "eu só estou preocupado com esta joça porque a vítima era parecida comigo, não é amor a humanidade p*íssima nenhuma, é zelo pela minha parte da humanidade e que se f* o resto". Eu reclamaria menos, acho que a Sally também.

Edição: tirei os "você" por serem impessoais (se você não faz tal coisa = se não se faz tal coisa) mas poderem ser interpretados como pessoais por conta do contexto.

« Última modificação: 09 de Junho de 2009, 18:44:49 por Donatello van Dijck »

Offline Diegojaf

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Creio que como já foi dito aqui, o que causa comoção é a exposição na mídia.
Como alguém se sente solidário/comovido com a morte de uma pessoa se esta nem mesmo vem a público?

A autora não pode presumir que os motivos que levam a comoção por um acidente são menos nobres como ela fez, baseada no poder aquisitivo das vítimas. Ainda mais dizer que é "escrota" a compaixão quando é baseada na empatia que sentimos pelos outros.

Além do que, achei bem tosquinha essa dela "escolher" pelo que o povo deve se sensibilizar ou não.

Ah sim. E essa afirmação dela de que "quando um favelado mata a esposa é um assassino que deve ser trancafiado e isolado do convívio social e quando um rico mata a namorada é um crime passional muito mais bem aceito e compreendido."

De onde raios ela tirou isso? Um Deputado de uma família de alto poder aquisitivo matou 2 outro dia e o país inteiro se escandalizou com a proteção que tentaram dar a ele. É por acaso hipocrisia se sentir ofendido com isso também?

"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Donatello

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Citação de: Diego
Um Deputado de uma família de alto poder aquisitivo matou 2 outro dia e o país inteiro se escandalizou com a proteção que tentaram dar a ele.


Convenhamos, se escandalizou mais ou menos, né? Sim, foi matéria de jornais, coisa e tal...mas a repercução PÚBLICA (do público) foi muito menor do que em outros assassinatos igualmente bárbaros  (o da Liana, só pra ser chato e bater na mesma tecla, por exemplo).

Por exemplo: A Band pescou um horário destacado de sua grade para fazer um "Especial Carli Filho"? Quantas pessoas acamparam na frente do Albert Eisteisn dia e noite esperando o deputado para linxá-lo? Na saída do assassino do hospital houve necessidade de um intrincado sistema logístico para fugir da multidão de populares dica 1 dica 2 dica 3? Pra onde ele foi após a saída do hospital? Se deslocou calmamente ou teve que manter o paradeiro sob sigilo para não ser linxado pela multidão sequiosa de justiça? Qual debate foi mais vigoroso, o em defesa da redução da maioridade penal em face do caso Liana ou o do fim da prisão especial para legisldores no caso Deputado Bêbado?

O crime do deputado foi mais ou menos odiendo que o do Champinha?

Citação de: Diego
Creio que como já foi dito aqui, o que causa comoção é a exposição na mídia.
Não nego de todo, mas acho que alguma coisa estimula a exposição na mídia... a lógica de qualquer redação de veículo jornalístico privado (pelo menos estes) é destacar a estória que (supõe-se) causará mais interesse no leitor (e será que Tostines é mais fresquinho porque vende mais?).

Citação de: Diego Jaf
Além do que, achei bem tosquinha essa dela "escolher" pelo que o povo deve se sensibilizar ou não.
Novamente: não lí ela dizendo isso. Ela me pareceu reclamar de quem dá uma razão para a sua emoção que é claramente diversa da verdadeira. Pode se sensibilizar pelo motivo que quiser, mas vai encher o saco se tentar me convencer de que o motivo do "seu" choro é X quando está claro que é Y.
« Última modificação: 09 de Junho de 2009, 19:58:24 por Donatello van Dijck »

Offline Fabi

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Por exemplo: A Band pescou um horário destacado de sua grade para fazer um "Especial Carli Filho"? Quantas pessoas acamparam na frente do Albert Eisteisn dia e noite esperando o deputado para linxá-lo? Na saída do assassino do hospital houve necessidade de um intrincado sistema logístico para fugir da multidão de populares dica 1 dica 2 dica 3? Pra onde ele foi após a saída do hospital? Se deslocou calmamente ou teve que manter o paradeiro sob sigilo para não ser linxado pela multidão sequiosa de justiça? Qual debate foi mais vigoroso, o em defesa da redução da maioridade penal em face do caso Liana ou o do fim da prisão especial para legisldores no caso Deputado Bêbado?
Em Curitiba ele não aparece tão cedo... se ele vir pra cá vai ser linxado... Ele saiu calmamente do hospital porque divulgaram notas falsas sobre o estado de saúde (dizendo que tava em coma, quase morrendo e etc, mas na verdade era só uma luxação no rosto e um corte)... a nível nacional a pressão não foi tanta...mas por aqui...pressionaram tanto...mas tanto... que ele teve que renunciar...(já tava sobrando para os amiguinhos dele na assembléia)...

Por que ele foi pra São Paulo? Porque em sp nem ligam pro caso do deputado bêbado... mas por aqui ele tá tão queimado...mas tão queimado...que ele ficou hospedado um bom tempo no Albert Einstein e só deu o depoimento em sp... é tudo mentira a história de que ele tava mal, foi só pra tentar ganhar comoção e fugir daqui...aqui ele corre perigo de ser linxado...o pessoal ficou muito revoltado...principalmente porque viu os corpos dos dois que ele matou...e agora ele tá dizendo que não se lembra de nada...isso só piora a situação...

(Um mês no internado no hospital por causa de uma luxação... onde que existe isso? Ele tava é hospedado no hospital..é diferente... ::))
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Offline Fabi

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o transito no Brasil mata mais de 42k pessoas / ano e não vemos nenhum movimento da "grande massa" para reduzir isso ou uma comoção (inter)nacional pelas perdas.
As mortes no trânsito ficou banalizado porque as pessoas não querem dirigir com segurança... (vide argumento bombom de licor e bafometro)... É muito cultural...enraizado...as pessoas não se chocam com bebados... porque elas bebem e dirigem também...e para que a lei não seja mais rígida...inventam a história do bombom de licor...
(:demente: odeio o argumento bombom de licor, quem vai comer bombom de licor como se fosse coco e logo em seguida fazer teste de bafometro? Só na TV mesmo...)
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Offline Diego

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Não seria interessante dividir o tópico entre comoção nacional e o acidente do airbus??

Offline Diegojaf

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Citação de: Diego
Um Deputado de uma família de alto poder aquisitivo matou 2 outro dia e o país inteiro se escandalizou com a proteção que tentaram dar a ele.


Convenhamos, se escandalizou mais ou menos, né? Sim, foi matéria de jornais, coisa e tal...mas a repercução PÚBLICA (do público) foi muito menor do que em outros assassinatos igualmente bárbaros  (o da Liana, só pra ser chato e bater na mesma tecla, por exemplo).

O crime do deputado foi mais ou menos odiendo que o do Champinha?

Houve manifestação, debate na Assembléia, criação de novas normas para entrega de carteiras suspensas. Isso não é comoção?

Se você já vem com a cabeça de que "sempre vai ser pior quando for uma pessoa de menor poder aquisitivo", não há o que te dizer pra te fazer pensar o contrário, sorry.

Citação de: Diego
Creio que como já foi dito aqui, o que causa comoção é a exposição na mídia.
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Não nego de todo, mas acho que alguma coisa estimula a exposição na mídia... a lógica de qualquer redação de veículo jornalístico privado (pelo menos estes) é destacar a estória que (supõe-se) causará mais interesse no leitor (e será que Tostines é mais fresquinho porque vende mais?).

Normal. Da mesma forma. O povão quer sangue, ele tem sangue.

Citação de: Diego Jaf
Além do que, achei bem tosquinha essa dela "escolher" pelo que o povo deve se sensibilizar ou não.
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Novamente: não lí ela dizendo isso. Ela me pareceu reclamar de quem dá uma razão para a sua emoção que é claramente diversa da verdadeira. Pode se sensibilizar pelo motivo que quiser, mas vai encher o saco se tentar me convencer de que o motivo do "seu" choro é X quando está claro que é Y.

Se ela tá de saco cheio, que desligue a tv, se isole do mundo ou o que for, que não vá taxar de hipócrita só porque não pensa como ela.

Enfim, pra mim o texto dela não passou de uma menina querendo dar uma de "tô nem aí, ó!"
« Última modificação: 09 de Junho de 2009, 21:05:17 por Diegojaf »
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Diegojaf

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Não seria interessante dividir o tópico entre comoção nacional e o acidente do airbus??

Dividirei-lo-ei.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Donatello

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Citação de: Diego
Normal. Da mesma forma. O povão quer sangue, ele tem sangue.
Pois é, taí: Tostines! Estes casos causam mais comoção porque a mídia destaca (o que você propôs primeiro) ou a mídia destaca porque causa mais comoção (o que você admite agora)? Não é um pouco dos dois?

Citação de: Diego Jaf
Se ela tá de saco cheio, que desligue a tv, se isole do mundo ou o que for, que não vá taxar de hipócrita só porque não pensa como ela.

Hmm, então quer dizer que não há outra opção além de desligar a tv após assistir algo que eu do qual não gostei (como desligar a TV e depois escrever um post comentando)?


Offline Diegojaf

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Hmm, então quer dizer que não há outra opção além de desligar a tv após assistir algo que eu do qual não gostei (como desligar a TV e depois escrever um post comentando)?

Pra uma adolescente revoltada com o sentimento de comoção dos outros? Creio que não...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Donatello

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Pra uma adolescente revoltada com o sentimento de comoção dos outros? Creio que não...
Se você não consegue admitir/compreender que não é o fato de você se emocionar que irrita então digite outro endereço na barra do navegador e não vá taxar de adolescente (que tipo de xingamento é esse? chamar alguém de adolescente?) só porque não pensa como você. ::)

Brincadeira, é só um tu quoque que eu não podia desperdiçar, pode escrever o que quiser... :|

Offline Diegojaf

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Pra uma adolescente revoltada com o sentimento de comoção dos outros? Creio que não...
Se você não consegue admitir/compreender que não é o fato de você se emocionar que irrita então digite outro endereço na barra do navegador e não vá taxar de adolescente (que tipo de xingamento é esse? chamar alguém de adolescente?) só porque não pensa como você. ::)

Brincadeira, é só um tu quoque que eu não podia desperdiçar, pode escrever o que quiser... :|

Quem tem problemas de compreensão é a autora do texto.

E adolescente não é xingamento (que eu saiba).
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Südenbauer

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Acho que é uma questão de identidade.

É hipócrita estar de luto por algum parente mas permanecer indiferente frente as milhares de mortes ocorridas a cada instante? A pessoa fica de luto porque se identificava de alguma forma com ela. Eu não conhecia pessoalmente o Beto Carreiro, só sabia que ele tinha um parque de diversões que alegrava muitas pessoas, e parecia uma pessoa carismática toda vez que aparecia na TV, aliás, a gente sempre identificava quando ele aparecia. Quando foi anunciada sua morte, eu nem sabia que ele era tão velho, ele nunca era cotado na lista de falecimentos famosos do ano pelos charlatões adivinhadores. Eu fiquei sensibilizado porque ele era uma representação de algo bom, que naquele momento nos deixava.

Morte nas favelas/hospitais/estradas são esperadas pela população e a classe-média não se sensibiliza com casos de tiroteio em favela porque não se identifica com isso, apesar de aquilo lhe afetar muito mais do que a queda do avião. Esta, inesperada. Morte instantânea de 200 pessoas que, assim como elas, viviam bem e tinham tudo para desfrutar o resto de suas vidas sem muitas complicações. Porém, essa sensibilização com acidentes aéreos está diminuindo aos poucos justamente porque está ficando frequente, esperado.

Da mesma forma, um terremoto que mata 500 pessoas não causa transtorno a um brasileiro porque ele não conhece a cultura do país, seu povo, nem mesmo onde localiza, ele não possui identificação com as pessoas envolvidas. Mas se o noticiário mencionar detalhes como as pessoas forem católicas, comerciantes, de ascendência lusitana e que falam o português a gente já fala: "Puxa, que pena...". Caso o noticiário diga que o terremoto arrasou com toda população local, as pessoas irão sensibilizar-se por saberem se tratar de uma grande perda cultural. E se os números forem exorbitantes, e as razões na qual as mortes ocorreram forem desumanas, como o Holocausto ucraniano, também há sensibilização.

Há também a questão de que tragédias com pessoas não resolvidas é vista como o fim do sofrimento, enquanto com pessoas ricas é justamente o fim para uma pessoa que tinha tudo para ser feliz. Mas isso já é mais complexo.

(a ideia não era escrever tanto, desculpem-me)


 

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