Eu também achei a parte de assumir o risco de voar soou um tanto estranho embora tenha entendido o ponto relacionado [de que há catástrofes que não podem ser evitadas, que tudo que o homem podia fazer para evitá-las ele fez (os acidentes aéreos geralmente estão neste grupo), já outras (como surtos de dengue e gente morrendo sem atendimento) podem ser evitadas e só não o são por falha coletiva nossa e que estas mereciam muito mais o nosso choque].
De resto não sei onde da falácia do início ao fim, Agnóstico? O que ela postula é muito simples, é o mesmo que eu postulei à minha profa: por que desta comiseração coletiva pela morte de 200, por que eu sou quase obrigado (ok! eu não sou obrigado, mas vou dizer que não estou chocado com o fato de o avião ter caído na rodinha do trabalho pra ver se não apanho) quando tantos ônibus descem da ribanceira nas estradas mal pavimentadas deste brasilzão de meu deus (e muitas vezes por falta de mesmo um adesivo que segure a direção, e que muitas vezes também invadem residências de pessoas e as matam antes que alguém me lembre) e não merecem de mim e de você e de ninguém que postou aqui até agora e do JN e das nossas rodinhas de conversa no trabalho mais do que um "que pena" (e na maioria das vezes nem isso, porque na maioria das vezes nem sequer tomamos conhecimento de que um ônibus lotado tombou na beira de uma estrada matando todos os seus "tripulantes" e os moradores de uma casa de beira de estrada)?
Deve haver uma boa razão para estes surtos de sensibilidade tão repentinos, não? E eu não sei o que existe de incomparável nesta catástrofe (ou na morte do João Hélio, lembrei o nome, ou na morte da menina que foi jogadada janela ou no assassinato da Liana Fenerbá) para que "a comparação com outras não diga nada", exceto evidente pela maior "importância humana" das vítimas.
Porque chamei de falacioso
Ninguém tem uma estatística demonstrando um índice de indignação por assuntos. Eu por exemplo vejo diariamente em jornais críticas quanto ao estado das estradas, à aberração do nosso sistema carcerário e judicial, desiquilibrio social, assassinatos, etc..
É evidente que, fôssemos juntar todas essas notícias em um prazo de um mês, haveria muito mais citações à todos esses temas do que ao air france.
Meu ponto de vista, na raiz desse post encontramos:
1- na verdade a autora é provavelmente preconceituosa e esquerdalóide. Não se conforma por haver essa comoção pelo que ela em sua entranhas chama de burguesia, e burguesia utilizando de um meio restrito à (cada vez menos) poucos.
2- O fato de não haver comoção em temas como corrupção e morte de pobres mostra algumas coisas muito graves: Essas ocorrências são demasiadamente frequentes para gerarem indignação; estamos amortecidos a elas; e pior, podemos estar dando um cheque em branco para essa corja nos roubar cada vez mais
3- Seres humanos prestam atenção em coisas que se distinguem do normal. Carajas teve muito impacto na mídia e essa pentelha provavelmente não estava lá enchendo o saco contra a cobertura da mídia pois provavelmente as vítimas se enquadravam no estereótipo de injustiçados que ela utiliza dentro do seu cérebro para poder raciocinar. Burgês morreu aproveitando de suas regalias? Faz parte. MST tomando bala em uma situação onde razoavelmente poderíamos dividir as culpas? Esquece a crítica à mídia, pau nos PMs.
Então, o que a dona fez foi o seguinte:
1- Pegou uma reação normal e humana à uma catástrofe com contornos raros
2- Jogou dentro de sua mente deturpada por ideologias e preconceitos
3- Martelou uma teoria onde esse comportamento normal era um sinal que dávamos mais valor ao sofrimento dos ricos do que dos pobres
4- Ignorou, ou sequer pensou, em qualquer contra-ponto contra esse raciocínio
5- Publicou essa merda de post