Autor Tópico: Profissionais da esmola  (Lida 3525 vezes)

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Temma

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #25 Online: 26 de Agosto de 2009, 11:35:18 »
No interior é bem comum esse tipo de coisa. Capinar lote, carregar entulho, arrumar garagem...

E a Nina mora no interior...

capinar é mais comum mesmo. Na minha casa mesmo ocorria muito isso. Mas quanto a roupa, tem a própria facilidade de uma peça ser surrupiada (e não um tufo de grama  :D), quanto o próprio cuidado exigido com as roupas.

Offline Nina

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #26 Online: 26 de Agosto de 2009, 12:41:11 »
Aqui não tem estranhos... todo mundo se conhece. Todo mundo mesmo.  :o
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Donatello

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #27 Online: 26 de Agosto de 2009, 18:10:14 »
O problema (na discussão lá atrás, sobre se há ou não quem ganhe uma fortuna pedindo esmolas) é considerar que mendigos formam um grupo homogêneo. Tanto o lado dos que diziam que tem gente que compra casaco da Redley e bebe BadenBaden com dinheiro da esmola quanto o que diz que não faz sentido acreditar que tem gente que se suja de carvão e de merda e colocar uma prótese cariada postiça para pedir "uns centavinhos pelo amor de deus" estão certos.

Há mendigos que são mendigos mesmo, gente que por abandono da família ou por loucura ou por desemprego ou por outra incapacidade não tem o mínimo de condições de se sustentar e que SÓ PODE pedir. E tem gente que usa disso para ganhar a vida fácil.

Eu já falei aqui mais de uma vez (há vários tópicos com o mesmo tema no CC) sobre os caras aqui no Rio que entram com uma receita de remédio na mão dizendo que estão desempregados, que têm 15 filhos e que estes são portadores de metade das doenças graves catalogadas ou gente dizendo que está perdida no Rio e que precisa comprar uma passagem pra voltar pra sua cidade natal. São sempre pessoas bem vestidas e muito bem falantes. E dificilmente saem com menos de 10 reais do ônibus. Sai nota de tudo que é cor dos bolsos dos compaixosos passageiros (eu nunca entendi como surge tanta gente piedosa junta de uma hora pra outra). Se considerarmos que um cara destes pegue apenas 20 ônibus por dia (tarefa fácil) estabelecendo como média cerca de 10 minutos para cada condução são umas 3 horas de mendicância. Se ele folgar sábado e domingo (ninguém é de ferro) dá pra calcular uns 4000 mensais isentos de impostos. Provavelmente há quem ganhe por aí.

Mas não dá pra, baseado nisso, afirmar que pedinte vive tudo bem de vida e que a renda per-capita média da classe é de 350 reais por dia. Porque tem o outro lado da estória: os mendigos de verdade (a imensa maioria) que são pobres demais para sequer conseguirem emprego, que são doentes demais para trabalhar, que passam dias sem comer, que por vezes usam drogas até para esquecerem da miséria em que se enfiaram (ou que muitas vezes foram enfiados) e que (ironicamente) têm muita dificuldade em conseguir um centavo ou que lhe paguem uma coxinha) que seja.

O problema de quem destaca o primeiro grupo em um debate como este é querer atribuir ao segundo grupo a vagabundice do primeiro.

Ainda tem o terceiro grupo: o da mendicância terceirizada, que é praticada por internos daquelas pseudo-clínicas de recuperação sempre relacionadas algum pastor ou igreja pentecostal que recolhem donativos e pregam a palavra de deus nos sinais, trens e ônibus. Estes também arrecadam um bocado de dinheiro mas a grana é colocada num cofrinho com lacre. A duvida que sempre me aflige é se os tais ex-viciados pedintes fazem parte do esquema, se são os próprios donos do esquema ou se simplesmente são escravos que entregam tudo na mão do pastor quando chegam na "clínica".

Eu acho mais imorais esses programas de tv caça-níqueis telefônicos do que essa mendicância.
Pois é...
« Última modificação: 26 de Agosto de 2009, 19:03:14 por Donatello van Dijck »

Offline Diegojaf

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #28 Online: 26 de Agosto de 2009, 18:12:13 »
Postou antes da hora... :lol:
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Diegojaf

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #29 Online: 26 de Agosto de 2009, 18:13:26 »
O ideal é não dar esmola mesmo. Ou dá alguma coisa de comer ou doa pra alguma instituição séria que faz esse tipo de coisa.
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Offline Donatello

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #30 Online: 26 de Agosto de 2009, 18:43:59 »
O ideal é não dar esmola mesmo. Ou dá alguma coisa de comer ou doa pra alguma instituição séria que faz esse tipo de coisa.
Eu geralmente dou coisa pra comer (no caso de mendigos de verdade).

Agora instituição filantrópica séria... eu olho pras intituições que conheço e quando não é alguma associação religiosa querendo ganhar fiéis (e dinheiro) em troco de uma falsa caridade (tipo a ABC da IURD ou os próprios asilos para drogados das igrejas pentecostais da Zona Oeste do Rio) é uma destas ONG que enchem as burras com dinheiro público ou uma campanha publicitária de alguma empresa querendo ganhar clientes com a miséria alheia (tipo McDia e Casa do Palhaço McGordo).

Posso ser muito exigente, mas instituição beneficente séria pra mim seria alguma em que todos os participantes fossem voluntários e que não produzisse lucro de forma alguma para ninguém além do público alvo. Se acharem alguma instituição beneficente que não sirva de emprego para seus proprietários e que não seja usada como veículo publicitário de nenhuma rede de fast-food ou emissora de TV ou religião eu contribuo.

Offline Maeve Brooks

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #31 Online: 26 de Agosto de 2009, 20:33:07 »
Concordo com o Donatello(você é tão estatístico), tem que se diferenciar as pessoas que pedem. Ainda mais quando existem tantos com doenças mentais graves, o problema é que não dá pra identificar os oportunistas.

Moro numa esquina movimentada do Rio e todo dia os mesmos meninos limpam os para-brisas dos carros no sinal, no começo eram 3, e pareciam ter 10 ou 11 anos, eles ficavam o dia inteiro ali e não pareciam estar bêbados ou drogados. Até que um dia a coisa mudou, chegaram uns caras bem mais velhos, nitidamente bêbados, deram uma surra nos pequenos e "tomaram" a esquina, tivemos umas semanas bem tensas. Aí a coisa ficou feia, antes alguns moradores do prédio davam roupas e comida pros menores, eles eram abusados, mas não ameaçavam ninguém. Agora os mais velhos fazem uma zona na portaria, jogam cartas a dinheiro e intimidam os moradores.

E aí? Como lidar com isso? Não acho certo dar dinheiro, nunca dei, mas não via problema quando as crianças ganhavam comida, só que a esquina valorizou, chegaram esses caras que me olham cheios de ameaça quando entro sozinha no meu prédio a noite. Não demonizo todos que vivem na rua, ou os que pedem, mas como não sentir medo?

O Estado deveria fazer um trabalho mais sério na identificação dessas pessoas, justamente para cuidar dos que precisam de apoio, mas óbviamente não vai resolver a situação porque a mendicância é uma fonte de renda.
"Não existem inocentes. Apenas diferentes graus de responsabilidade."  Stieg Larsson

Offline Nina

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #32 Online: 26 de Agosto de 2009, 21:02:57 »
Na cidade grande é mais difícil saber quem precisa mesmo. Mas quem tem ponto fixo sempre pode ser analisado. Em Sampa nós preferíamos aqueles que vendiam balas.

Mas dar esmola pra criança não resolve o problema... ela continua na rua, ao invés da escola. O problema é bem mais embaixo, e é preciso pensar bem se a esmola não está contribuindo para a manutenção dessa situação.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #33 Online: 26 de Agosto de 2009, 22:41:45 »
O ideal é não dar esmola mesmo. Ou dá alguma coisa de comer ou doa pra alguma instituição séria que faz esse tipo de coisa.
Eu geralmente dou coisa pra comer (no caso de mendigos de verdade).

Agora instituição filantrópica séria... eu olho pras intituições que conheço e quando não é alguma associação religiosa querendo ganhar fiéis (e dinheiro) em troco de uma falsa caridade (tipo a ABC da IURD ou os próprios asilos para drogados das igrejas pentecostais da Zona Oeste do Rio) é uma destas ONG que enchem as burras com dinheiro público ou uma campanha publicitária de alguma empresa querendo ganhar clientes com a miséria alheia (tipo McDia e Casa do Palhaço McGordo).

Posso ser muito exigente, mas instituição beneficente séria pra mim seria alguma em que todos os participantes fossem voluntários e que não produzisse lucro de forma alguma para ninguém além do público alvo. Se acharem alguma instituição beneficente que não sirva de emprego para seus proprietários e que não seja usada como veículo publicitário de nenhuma rede de fast-food ou emissora de TV ou religião eu contribuo.

Eu tenho sérias dúvidas sobre criança-esperança, teleton, mcdia feliz, etc., mas ao mesmo tempo não acho necessariamente ruim se uma instituição beneficente for também meio de vida de uns, em vez de só trabalho voluntário. Eu acho que talvez possa se fazer uma distinção entre três categorias de trabalho não-voluntário em instituições beneficientes: 1) aqueles que são praticamente puro marketing e o que é investido e o que vêm em retorno do evento/campanha para os promotores é superior ao que acaba sendo de fato arrecadado ou ao que acaba de fato chegando àqueles que seriam beneficiados (onde os megashows são mais suspeitos); 2) aqueles onde, independentemente de se poder supor um motivo primariamente publicitário, a divisão dos benefícios acaba sendo muito mais compensadora para o lado daqueles que se quer ajudar, ainda que aqueles que ajudem com a estrutura da campanha também tenham um razoável lucro; 3) coisas como, sei lá, uma porção de gente que talvez estivesse desempregada ou num emprego meio maçante e acabou bolando um tipo de instituição de caridade onde, perceberam que poderiam ganhar talvez um pouco mais se trabalhassem só lá, e também poderiam ainda assim se dedicar mais ao trabalho na instituição do que se continuassem trabalhando onde quer que trabalhassem antes, isso é, se tivessem um emprego. Esses últimos seriam ainda exatamente ideais, éticos, não estariam enriquecendo vergonhosamente em cima de mão de obra barata com uma fachada de caridade, nem nada do tipo.

Deve haver de qualquer forma gradação entre todos esses três. Eu acho os dois últimos e tudo entre eles bastante razoáveis. Quanto ao primeiro, eu me pergunto se, apesar da sacanagem que é uma campanha de caridade onde se direta ou indiretamente ganhe mais do que aqueles que se propagandeie ajudar, se ainda assim a ajuda que se proporciona não compensa. Se condenar ela não é uma espécie de "luxo", algo muito mais idealista do que pragmático. Isso se torna ainda mais importante quanto mais indiretos forem os benefícios a quem está por trás da campanha, se não for praticamente uma robalheira (ex.: a audiência e anunciantes da Globo aumentarem graças a imagem positiva do criança-esperança, versus cachês exorbitantes de astros participando no programa, mamatas relacionadas a isenções de impostos e etc).

Offline Madame Bovary

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #34 Online: 27 de Agosto de 2009, 17:29:13 »
O problema (na discussão lá atrás, sobre se há ou não quem ganhe uma fortuna pedindo esmolas) é considerar que mendigos formam um grupo homogêneo. Tanto o lado dos que diziam que tem gente que compra casaco da Redley e bebe BadenBaden com dinheiro da esmola quanto o que diz que não faz sentido acreditar que tem gente que se suja de carvão e de merda e colocar uma prótese cariada postiça para pedir "uns centavinhos pelo amor de deus" estão certos.

Há mendigos que são mendigos mesmo, gente que por abandono da família ou por loucura ou por desemprego ou por outra incapacidade não tem o mínimo de condições de se sustentar e que SÓ PODE pedir. E tem gente que usa disso para ganhar a vida fácil.

Eu já falei aqui mais de uma vez (há vários tópicos com o mesmo tema no CC) sobre os caras aqui no Rio que entram com uma receita de remédio na mão dizendo que estão desempregados, que têm 15 filhos e que estes são portadores de metade das doenças graves catalogadas ou gente dizendo que está perdida no Rio e que precisa comprar uma passagem pra voltar pra sua cidade natal. São sempre pessoas bem vestidas e muito bem falantes. E dificilmente saem com menos de 10 reais do ônibus. Sai nota de tudo que é cor dos bolsos dos compaixosos passageiros (eu nunca entendi como surge tanta gente piedosa junta de uma hora pra outra). Se considerarmos que um cara destes pegue apenas 20 ônibus por dia (tarefa fácil) estabelecendo como média cerca de 10 minutos para cada condução são umas 3 horas de mendicância. Se ele folgar sábado e domingo (ninguém é de ferro) dá pra calcular uns 4000 mensais isentos de impostos. Provavelmente há quem ganhe por aí.

Mas não dá pra, baseado nisso, afirmar que pedinte vive tudo bem de vida e que a renda per-capita média da classe é de 350 reais por dia. Porque tem o outro lado da estória: os mendigos de verdade (a imensa maioria) que são pobres demais para sequer conseguirem emprego, que são doentes demais para trabalhar, que passam dias sem comer, que por vezes usam drogas até para esquecerem da miséria em que se enfiaram (ou que muitas vezes foram enfiados) e que (ironicamente) têm muita dificuldade em conseguir um centavo ou que lhe paguem uma coxinha) que seja.

O problema de quem destaca o primeiro grupo em um debate como este é querer atribuir ao segundo grupo a vagabundice do primeiro.

Ainda tem o terceiro grupo: o da mendicância terceirizada, que é praticada por internos daquelas pseudo-clínicas de recuperação sempre relacionadas algum pastor ou igreja pentecostal que recolhem donativos e pregam a palavra de deus nos sinais, trens e ônibus. Estes também arrecadam um bocado de dinheiro mas a grana é colocada num cofrinho com lacre. A duvida que sempre me aflige é se os tais ex-viciados pedintes fazem parte do esquema, se são os próprios donos do esquema ou se simplesmente são escravos que entregam tudo na mão do pastor quando chegam na "clínica".

 :ok:

Não dá pra colocar todo mundo no mesmo saco.

Há algum tempo, passou em um jornal uma reportagem sobre isso. Segundo uma pesquisa, uma porcentagem x (não me lembro bem) de mendigos estão nas ruas por livre e espontânea vontade. A prefeitura já tentou colocá-los em abrigos e, mesmo assim, não quiseram ficar. Tudo pela liberdade que eles têm nas ruas. Mas isso não significa que são da turma da pilantragem.

E tem aquele grupo que está, com grandes chances, simplismente tentando tirar vantagem da situação. Aqui também há muitas pessoas que entram em ônibus com discursos prontos sobre um familiar doente em outra cidade (as histórias são, basicamente, as mesmas).
.
Olho, e as coisas existem.
Penso e existo só eu.

.

Skoob

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #35 Online: 14 de Março de 2010, 03:22:32 »
Ou, serem todos presos por vadiagem.

Não existe mais esse tipo penal.


Citar
DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941.

Lei das Contravenções Penais

CAPÍTULO VII

DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE COSTUMES

 Art. 59. Entregar-se alguem habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante ocupação ilícita:

        Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3688.htm#art60



O artigo que determinava que a mendicância era contravenção foi revogado em 2009, de qualquer forma.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #36 Online: 14 de Março de 2010, 08:19:29 »
Eu ando de trem todo dia em vários horários diferentes, e vivo topando com as mesmas pessoas pedindo esmola, fazendo pregação ou vendendo tranqueiras.

Os "mendigos" normalmente andam acompanhados de um ou dois "seguranças" que fingem não o conhecer mas sempre embarcam juntos, tem uma mulher que sempre aparece com uma criança diferente contando alguma desgraça.

Pelas minhas contas ela tem uns 20 filhos, sendo que uns dois que são aleijados e o restante tem doenças variadas que vão de câncer nos ossos a hiv em estado terminal.

E ela sempre sai de lá com uns 10 paus por cada vagão que entra, eles entram em um vagão, seguem até a próxima estação e mudam para outro.

Offline Mussain!

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #37 Online: 14 de Março de 2010, 08:57:04 »
Citar
tem uma mulher que sempre aparece com uma criança diferente contando alguma desgraça.
Isto sim deveria ser crime... E é óbvio que muitas dessas crianças são "alugadas"...

Também vi muitos com vários tipos de ladainhas diferentes a cada dia para comover... O povo que não conhece, pensa que é verdade...

Offline Diegojaf

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #38 Online: 14 de Março de 2010, 09:23:22 »
São todos gêmeos os filhos da dona?
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline FZapp

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #39 Online: 14 de Março de 2010, 09:42:16 »
:hein: O que eu posso fazer se vocês acham melhor crianças serem exploradas?

Dá pra ver porque esse negócio de esmolas é mais complicado do que parece. E porque o governo não consegue resolver esse problema, e não consegue tirar as crianças da rua. A sociedade acha certo, alguns não veem o absurdo que é uma situação assim, outros veem o problema mas só conseguem achar algo pior que o problema (pra tentar fazer o problema ser uma coisa certa)...

Fabi, ninguém disse que acha certo isso ou aquilo, alguns acharam exagero a estória do shopping, nada mais. Mas que crianças são exploradas para sustentar o vício dos próprios pais isso a gente vê o dia todo.

Agora, 'tirar as crianças da rua' não é tão simples quanto parece. Especialista em vadiagem conhece seus direitos... :)
--
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Offline FZapp

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #40 Online: 14 de Março de 2010, 09:47:14 »

 :ok:

Não dá pra colocar todo mundo no mesmo saco.

Há algum tempo, passou em um jornal uma reportagem sobre isso. Segundo uma pesquisa, uma porcentagem x (não me lembro bem) de mendigos estão nas ruas por livre e espontânea vontade. A prefeitura já tentou colocá-los em abrigos e, mesmo assim, não quiseram ficar. Tudo pela liberdade que eles têm nas ruas. Mas isso não significa que são da turma da pilantragem.

E tem aquele grupo que está, com grandes chances, simplismente tentando tirar vantagem da situação. Aqui também há muitas pessoas que entram em ônibus com discursos prontos sobre um familiar doente em outra cidade (as histórias são, basicamente, as mesmas).

Os albergues em SP estão sempre lotados. Tem gente que realmente passa por uma situação difícil (usualmente vem de outro lugar e tenta trabalho na cidade), só que para parar em albergue o cara tem que estar 'limpo', não beber, nem fumar crack. Então você já sabe quem sobrou... quem já não tinha muitas condições e perdeu o barraco pela bebida, está na rua e não pode sequer voltar. Na rua tem mendigo que fala inglês... tem gente que perde tudo na cachaça. E sempre tem os espertalhões, claro, que fazem esquemas e como conta Mr Arcanjo, tem quase que freguês fixo.
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Offline Mussain!

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #41 Online: 14 de Março de 2010, 09:50:03 »
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São todos gêmeos os filhos da dona?

Moro numa favela. Já vi isto de perto. Mulheres alugam os filhos às vezes por drogas.... Empenham os filhos por dívidas... Obrigam as filhas a se casarem com um cara que as sustentem e etc (com 11, 12, 13 anos). E quer saber o pior? É bem mais comum do que vc pensa.

No meio desses há os "gaitos" (espertos)... Os que se aproveitam para pegar essas crianças e pedir esmolas (quanto menor melhor), aposentados e mesmo assim pedem esmolas, inventam doenças graves, fazem caras de coitadinhos e etc. Boa parte desses são pessoas nojentas que não têm um pingo de amor próprio... Estão na lama e provavelmente nunca virão a se ajudar.

Os "mais que espertos" são aqueles que faturam alto... Que geralmente estão em maracutaias (têm acordos indiretos com políticos e etc. Ex. Matar fulano, dá cobertura para sicrano, essas coisas), tráfico de drogas ou algo relacionado a sexualidade (vendas de crianças à aliciadores e etc). Esses são os mais perigosos, mas os mais bem de vida... Se estiverem em ônibus, não estão atoa.

Acho que é por aí.  :hihi:


Mas com isto não digo que todos são farinha do mesmo saco, obviamente. Alguns saem por não ter condições de trabalhar ou se aposentar mesmo, mas acho que são a minoria...

Offline Fernando Silva

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #42 Online: 14 de Março de 2010, 10:28:47 »
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Olavo de Carvalho:
"perguntem onde mora, se o dinheiro que lhes deram basta para chegar lá, se precisa de um sanduíche, de um remédio, de uma amizade. Façam isso todos os dias e em três meses verão esse homem, essa mulher, erguer-se da condição miserável, endireitar a espinha, lutar por um emprego, vencer.
Não necessariamente. Já li sobre o sujeito que pedia esmola para  comprar um sanduíche. Uma senhora, em vez do dinheiro, deu o sanduíche. Assim que ela virou as costas, ele jogou o sanduíche fora.

Pessoalmente, já vi alguns casos assim. Outro dia, estava na fila do supermercado e um chato, com uma criança, repetia a ladainha do "me ajude a comprar comida para ela". Ele estava com vários produtos na mão, todos caros. Uma cliente perguntou por que tinha que ser um leite tão caro: "Ah, ela só pode tomar este..." (mas a criança estava com as mãos cheias de pacotes de biscoitos vagabundos...).

Depois de recolher algum dinheiro, largou as mercadorias num canto e se mandou.
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Olavo de Carvalho:
"Ainda há quem diga: "Mas se você dá dinheiro o sujeito vai beber na primeira esquina!" Pois que beba! Tão logo ele o embolsou, o dinheiro é dele. Vocês querem educar o pobre "para a cidadania" e começam por lhe negar o direito de gastar o próprio dinheiro como bem entenda?"
Ótimo, só que, se ele tem o direito de beber, eu tenho o direito de não querer contribuir para o vício dele.

Offline Fernando Silva

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #43 Online: 14 de Março de 2010, 10:36:58 »
O ideal é não dar esmola mesmo. Ou dá alguma coisa de comer ou doa pra alguma instituição séria que faz esse tipo de coisa.
Exato. Eu só doo para instituições que eu já vi que são de verdade. E prefiro dar cesta básica.

Os chatos pedindo na rua? Bom, talvez estejam realmente passando por um momento difícil, mas, se o chato está lá todos os dias, então é mendigo profissional. Prefiro não dar, com raras exceções quando eu vejo que são crianças sozinhas e, mesmo nestes caso, dou algo que elas possam comer na hora, em vez de dinheiro que elas vão ter que entregar em casa.

Já que não é possível acabar com a miséria, que já estava no mundo milhares de anos antes de eu nascer e continuará por aqui depois que eu me for, eu escolho uma coisa em que eu posso ajudar e não fico me culpando pelo resto.

Offline Fernando Silva

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #44 Online: 14 de Março de 2010, 10:43:11 »
Na rua tem mendigo que fala inglês... tem gente que perde tudo na cachaça. E sempre tem os espertalhões, claro, que fazem esquemas e como conta Mr Arcanjo, tem quase que freguês fixo.
Aqui no Rio, havia uma mendiga famosa que fazia ponto na Av.Rio Branco. Ela amarrava a perna para se fingir de aleijada e andava de muleta. No fim do dia, com a rua vazia, ela guardava a muleta, desamarrava a perna e ia embora.

Também tinha o ceguinho que pedia esmola nos ônibus. Um dia, foi visto de olho aberto contando o dinheiro e teve que mudar de ponto.

Offline Fernando Silva

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #45 Online: 14 de Março de 2010, 10:46:08 »
Agora, 'tirar as crianças da rua' não é tão simples quanto parece. Especialista em vadiagem conhece seus direitos... :)
Muitas crianças de rua estão lá porque querem. Não querem mais voltar para casa, onde o ambiente era ruim,  e preferem a liberdade de não ter que dar satisfações a ninguém, sem horários, sem obrigações.
E a lei permite que elas decidam ficar na rua, o que não ajuda muito quem quer fazer alguma coisa por elas.

Cada caso é um caso.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #46 Online: 14 de Março de 2010, 11:56:22 »
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Não necessariamente. Já li sobre o sujeito que pedia esmola para  comprar um sanduíche. Uma senhora, em vez do dinheiro, deu o sanduíche. Assim que ela virou as costas, ele jogou o sanduíche fora.

Na rua onde moro, certa vez passou um pessoal pedindo roupas usadas para "ajudar a entidade tal" que estava precisando. Uma vizinha contribuiu e mais tarde foi até o fim da rua onde encontrou as roupas que tinha doado todas jogadas na calçada, na verdade se ficou sabendo depois ao acaso que eram donos de um brechó (Sei lá se é assim que se escreve) que saiam pedindo coisas e jogavam fora o que não queriam.

Claro que tb existe quem vá pedir por necessidade mesmo.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #47 Online: 14 de Março de 2010, 12:01:16 »
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Na rua tem mendigo que fala inglês

Já vi caso igual tb, era um japones de uns 30 anos que foi pedir comida na casa de minha avó em um dia de Natal quando estavamos reunidos. Dava para ver que o cara tinha estudo e não era nenhum viciado, estava usando o que sobrou de um terno.

Na época ele comentou que perdeu o emprego, não pode mais pagar as contas e teve vergonha de contar à família que não tinha conhecimento de como ele estava vivendo.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #48 Online: 14 de Março de 2010, 23:41:29 »
Eu ando de trem todo dia em vários horários diferentes, e vivo topando com as mesmas pessoas pedindo esmola, fazendo pregação ou vendendo tranqueiras.

Os "mendigos" normalmente andam acompanhados de um ou dois "seguranças" que fingem não o conhecer mas sempre embarcam juntos, tem uma mulher que sempre aparece com uma criança diferente contando alguma desgraça.

Pelas minhas contas ela tem uns 20 filhos, sendo que uns dois que são aleijados e o restante tem doenças variadas que vão de câncer nos ossos a hiv em estado terminal.

E ela sempre sai de lá com uns 10 paus por cada vagão que entra, eles entram em um vagão, seguem até a próxima estação e mudam para outro.

Filma ela todos os dias, depois compila, evidenciando as dezenas de filhos, e publica no YT.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Profissionais da esmola
« Resposta #49 Online: 15 de Março de 2010, 05:25:17 »
Eu ando de trem todo dia em vários horários diferentes, e vivo topando com as mesmas pessoas pedindo esmola, fazendo pregação ou vendendo tranqueiras.

Os "mendigos" normalmente andam acompanhados de um ou dois "seguranças" que fingem não o conhecer mas sempre embarcam juntos, tem uma mulher que sempre aparece com uma criança diferente contando alguma desgraça.

Pelas minhas contas ela tem uns 20 filhos, sendo que uns dois que são aleijados e o restante tem doenças variadas que vão de câncer nos ossos a hiv em estado terminal.

E ela sempre sai de lá com uns 10 paus por cada vagão que entra, eles entram em um vagão, seguem até a próxima estação e mudam para outro.

Filma ela todos os dias, depois compila, evidenciando as dezenas de filhos, e publica no YT.

Já encontrei a mulher um monte de vezes, mas não tenho como filmar porque é sempre em horários diferentes do dia.
E a companhia de trens já está colocando seguranças a paisana dentro dos vagões para diminuir o problema com esse pessoal.

 

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