Autor Tópico: Ensino religioso  (Lida 2961 vezes)

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Ensino religioso
« Online: 22 de Setembro de 2009, 10:50:55 »
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Ensino religioso ou consciência religiosa?

Por Eliezer Belo em 22/9/2009
 
 
Seria muita apatia de minha parte ignorar a discussão sobre o tema "ensino religioso", em virtude de estar envolvido no contexto educação e religião. Meu descontentamento é sobre o que tem sido veiculado nos noticiários, sobre a lei que regula o ensino religioso no Brasil, colocando o catolicismo como parceiro da aplicação do ensino religioso nas escolas públicas.

Sou plenamente de acordo com a resistência a um absolutismo religioso no Brasil, isso feriria a "democracia", resultado de muita luta. Porém, não foi informado pela mídia o que seria o ensino religioso nas escolas.

Há uma confusão entre religiosidade, proselitismo, apologia e consciência religiosa. O que foi mostrado, em especial pela Rede Record, foi basicamente entrevistas com alunos e um "teólogo" protestante, pessoas que não estão envolvidas diretamente com o planejamento e aplicação do ensino religioso. Em momento algum entrevistaram um cientista da religião, um membro do Coneres, do Cieres ou da comissão de elaboração dos temas aplicados no ensino religioso nas escolas. Não é uma postura socialmente responsável veicular algo sem conhecimento de causa, ou com superficialidade.

É interessante considerar que a proposta do ensino religioso nas escolas públicas não está ligada à pregação, apologia ou arrebanhamento, e sim, à consciência religiosa.

A consciência religiosa está fortemente ligada às tradições, cultura, ethos, responsabilidade, tolerância e respeito. O que se pôde notar foi que há ausência de conhecimentos sobre o papel do ensino religioso nas escolas, tanto por alunos, da imprensa, alguns profissionais da área educacional e juristas.

Por onde começar?

Não se pode ignorar que a ausência do ensino religioso nas escolas pode trazer seqüelas sociais gravíssimas à vida social. Quem irá discutir com os alunos problemas relacionados a distúrbios nas relações familiares, pedofilia, associação ao tráfico e uso de drogas, adolescência e gravidez, tolerância religiosa, considerações em relação ao outro e os reflexos das ações praticadas na sociedade? É necessário que haja um indivíduo que tenha formação e competência para administrar esses temas em sala de aula, independente de sua confissão religiosa. As aulas de história, geografia, filosofia e português não devem extrair conteúdos de seus programas para discutir as relações sociais de seus reflexos. É claro que esses temas podem ser transversais, mas em maior consideração são lineares à consciência religiosa.

Quantos índios mais terão que serem queimados nos bancos de pontos do ônibus? Quantos adolescentes mais matarão seus pais a fim de receberem suas heranças antecipadas? Quem discutirá isso no ambiente escolar? Observe a juventude e avalie sua condição comportamental, principalmente os de classes menos abastadas, de quem foi retirada a oportunidade de ter tempo necessário para amadurecimento no convívio com os pais e seus pais que sofreram da mesma condição. É na escola que eles terão a oportunidade de encontrar parâmetros para uma postura social mais responsável.

É por acreditar que esses fatos são por causa de, além de outras influências como a psicológica, falta de referencial e uma máxima que os façam repensarem suas atitudes, antes de sua execução. A iniciativa de se retirar disciplinas de orientação social (neste caso não conta-se a sociologia, pois não é esse o seu objetivo), aquelas que posicionam os indivíduos e os chamam à responsabilidade social, dando-lhes a missão de dar seguimento às posturas responsáveis. Quem paga o preço pela negligência social? Quem é responsável em nortear a sociedade? Quais são os padrões morais? Por onde começar?

Debate deve ser amadurecido

A esperança é de que a consciência religiosa estimulada em sala de aula, levando em consideração a multiplicidade religiosa e o aspecto democrático em que vive a sociedade, para assegurar uma estrutura educacional consistente na formação do indivíduo social consciente. A união das linhas de estudo sobre o ser humano, em toda sua dimensão, pode também somar respostas e possíveis orientações a respeito desse tema do comportamento humano. Estudar um meio de aplicação do ensino com caráter de formação de consciência religiosa, humanitário e ético deve ser uma preocupação da dirigência social.

O que o pensamento religioso fez, de bom ou de ruim, mostra que, de alguma forma, influencia socialmente. Fazer uso de seus métodos e selecionar seus conteúdos, independente de suas dogmáticas, a fim de modelar a sociedade, pode levar a uma nova realidade e conduzir a sociedade a uma vida mais humanizada e justa.

A mídia não deve fomentar a retirada do ensino religioso das escolas, com a desculpa de que o catolicismo está querendo se estabelecer. Contra a imposição dogmática e teológica todos devem engajar-se na luta, mas, não se deve ignorar a importância que tem a formação da consciência religiosa construída no ambiente educacional. A mídia deve, com certeza, envolver-se com a causa, mas, deve primeiro amadurecer o debate antes de sua veiculação.

Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=556MOS001

Meu comentário:

O autor escreve: "Não se pode ignorar que a ausência do ensino religioso nas escolas pode trazer seqüelas sociais gravíssimas à vida social. " A partir de que evidências ele afirma isso? Esta afirmação não passa de um absurdo ilógico, com pressuposições sem qualquer embasamento.

Continua: "Quem irá discutir com os alunos problemas relacionados a distúrbios nas relações familiares, pedofilia, associação ao tráfico e uso de drogas, adolescência e gravidez, tolerância religiosa, considerações em relação ao outro e os reflexos das ações praticadas na sociedade?" Aulas de filosofia e sociologia são suficientes. A disciplina de língua e literatura também pode tratar de assuntos cotidianos. Por que as questões sociais devem ser atribuídas ao responsável por ensino de religião?

Segue: "Quantos índios mais terão que serem queimados nos bancos de pontos do ônibus?" O que o autor está insinuando? Que tais transgressores são ateus? Que fizeram isso porque não receberam mensagens e bloqueios morais advindos de uma punição em suposta vida futura de modo suficiente?

Francamente, qualquer argumento como este é incompatível com o debate que se deseja fazer sobre o assunto.

O ensino religioso deve ser função das instituições religiosas.

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Re: Ensino religioso
« Resposta #1 Online: 04 de Março de 2011, 12:17:32 »
Religião na escola

"O que são as histórias da Bíblia? Fábulas, contos de fadas?", pergunta a professora do 3º ano do ensino fundamental. "Não", respondem os alunos. "São reais!"
A cena, que teve lugar numa escola pública de Samambaia, cidade-satélite de Brasília, abre a reportagem de Angela Pinho sobre o ensino religioso no Brasil, publicada no último domingo na Folha. É um retrato perfeito da encrenca em que essa disciplina, que vem crescendo e hoje abarca mais ou menos a metade das escolas do país, nos lança.

Se as historietas bíblicas são reais, como quer a professora, então nós temos vários problemas. Procedamos por ramos do saber, a começar da física. De acordo, com Josué 10:12, Deus parou o Sol para que os israelitas pudessem massacrar os amorreus. Mesmo que eu não duvidasse da onipotência do Senhor, pelo que sabemos hoje de mecânica, nada na Terra sobreviveria a uma súbita interrupção de seu movimento de rotação. Em quem o aluno deve acreditar, no professor de religião ou no de ciência?

A física não o comoveu? Que tal a geologia? Pela Bíblia, a Terra tem cerca de 6.000 anos --5.771, a confiar nas contas dos rabinos. Pela geologia, são 4,5 bilhões. É difícil, para não dizer impossível, conciliar a literalidade das Escrituras com a existência de fósseis com idades substancialmente maiores que os seis milênios. Do lado de qual professor o aluno deve perfilar-se?

Talvez o problema esteja nas ciências "duras". Passemos às humanidades. A Bíblia, como todo mundo sabe ou deveria saber, é a fonte da moral, e os ensinamentos que ela traz nessa área são incontestáveis. Será? Em várias passagens, o "bom livro" autoriza ou mesmo manda fazer coisas que hoje consideraríamos horríveis, como vender nossas filhas como escravas (Êxodo 21:7) e assassinar parentes que abracem outras religiões (Deuteronômio 13:7). Se julgamos que a ética se aprende através de exemplos livrescos, sugiro trocar as Escrituras pelo mais benigno Marquês de Sade.

OK. Alguém pode argumentar que essa professora é uma exceção. Afinal, ela parece estar sustentando a inerrância da Bíblia, conceito que, no Brasil, é defendido por poucas religiões, notadamente adventistas e testemunhas de Jeová. Para as demais, as Escrituras não precisam e nem podem ser tomadas ao pé da letra.

Admito que essa mudança de discurso nos livra de algumas das dificuldades mais vexatórias --já não precisamos conciliar o criacionismo da Terra jovem com as aulas de ciência--, mas nem de longe acaba com elas.

Como já expliquei numa coluna antiga, embora seja em teoria possível juntar uma teologia um bocadinho mais sofisticada com a seleção natural neodarwinista, essa conciliação acaba resultando num Deus menos atuante, que cria as leis do universo e se retira. Ocorre que esse é o Deus de Newton e de Leibniz, mas não o das pessoas que vão a cultos. Para elas, um Deus que não ouve preces e não interfere nos destinos dos humanos é inútil. E esse Deus que elas querem --e que os sacerdotes pretendem colocar nas aulas de religião-- é, pelo menos no plano psicológico, incompatível com a ciência contemporânea que deveria ser ensinada nas escolas.

Não estou evidentemente sugerindo que as pessoas devam rifar Deus para ficar com a ciência. Essa é a minha opção, mas não acho que deva impô-la a ninguém. O simples fato de uns 90% da humanidade manifestar preferências religiosas é um bom indício de que essa é uma característica da espécie, como a tendência a gostar de música ou aquela quedinha por substâncias psicoativas. A verdade é que o ser humano tem algo de esquizofrênico. Só conseguimos conchavar crenças religiosas, que de algum modo acabam apelando ao impossível ou improvável, com o rigor lógico exigido pelo método científico, porque nosso cérebro está dividido em módulos. "Grosso modo", quando a parte responsável pelo pensamento lógico está ativa, inibe a área da religião, e vice-versa. Com esse mecanismo, as contradições, quando não passam despercebidas, tornam-se digeríveis.

Até para facilitar esse processo, não convém que religião e ciência sejam ensinadas no mesmo espaço. Para que a criançada aprenda desde cedo a distinguir o discurso do "lógos" (científico) do do "mythos" (religioso), é melhor que a escola trate apenas da ciência e que a religião fique a cargo dos templos.

Cuidado, não estou afirmando que não seja possível estudar a religião com ferramentas científicas. Em princípio, a sociologia, a antropologia, a psicologia e a neurociência estão aí para isso. Mas convém lembrar que estamos falando aqui de crianças de 6 a 15 anos, muitas das quais mal conseguem aprender português e as operações aritméticas básicas. Não me parece que a abordagem científica da religião deva ocupar um lugar muito alto na lista de prioridades. De resto, duvido que o lobby que advoga pelo ensino religioso esteja ansioso para ver a fé submetida a exame crítico.

Para além da cabeça da garotada, o ensino religioso na rede oficial também gera uma série de problemas institucionais. Como eu escrevi em texto que acompanhou a reportagem principal, a existência dessa disciplina em escolas públicas fere a separação entre Estado e igreja.

Pelo menos em teoria, o Brasil é um Estado laico. Não há religião oficial e o artigo 19 da Constituição proíbe expressamente o poder público de estabelecer cultos religiosos, subvencioná-los ou manter com eles relações de dependência ou aliança. É claro que a teoria soçobra antes mesmo de chegarmos ao artigo 19. O próprio preâmbulo da Carta invoca a "proteção de Deus", e o artigo 210 prevê o ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental.

Vale aqui observar que a única Constituição verdadeiramente laica que tivemos foi a de 1891, que rompeu com a Igreja Católica e eliminou quase todos os seus privilégios. As que a sucederam reintroduziram o ensino religioso.

Embora doutrinadores gostem de dizer que não há contradição entre os artigos 19 e 210, é forçoso reconhecer que colocá-los lado a lado gera pelo menos um mal-estar. Não é o único. A diferença é que, ao contrário de outros estrépitos constitucionais, que conseguem passar relativamente despercebidos, esse está produzindo consequências.

Por considerar que o Estado não pode regular matéria religiosa sem romper sua neutralidade diante delas (que caracteriza o laicismo), o CNE (Conselho Nacional de Educação) optou por não fixar parâmetros curriculares nacionais para a disciplina. A decisão é institucionalmente correta (e constitui uma prova indireta do erro que foi colocar o ensino religioso na escola pública), mas gerou um deus nos acuda, onde cada Estado definiu ao sabor da conjuntura política local como a matéria seria ministrada.

As pesquisadoras Debora Diniz, Tatiana Lionço e Vanessa Carrião, em "Laicidade e Ensino Religioso no Brasil", traçam um panorama desse pequeno caos.

Pelo que elas puderam levantar, Acre, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro optaram por um sistema confessional, que não se distingue da educação religiosa oferecida em escolas ligadas a igrejas. Não é preciso PhD em Direito para constatar que esse tipo de ensino afronta o dispositivo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação que veda o proselitismo no ensino religioso.

Os demais Estados menos São Paulo escolheram o modo interconfessional, no qual as religiões hegemônicas se unem contra as mais fracas e contra ateus e agnósticos para definir um núcleo de valores a ser ensinado aos alunos. Tampouco é um exemplo de defesa dos direitos das minorias.

Apenas São Paulo fez uma leitura um pouco mais crítica dos mandamentos constitucionais e se definiu pelo ensino não confessional. Pelo menos no papel, aqui as crianças têm aulas de história das religiões, no que é provavelmente a única forma de juntar sem produzir muitas fagulhas o ensino religioso com o princípio da separação entre Estado e religião.

Resta apenas responder porque a laicidade é assim tão importante. O problema com as religiões reveladas é que elas trazem absolutos morais. Se a lei foi baixada pelo Altíssimo, apenas querer discuti-la já representaria uma segunda ofensa contra o Criador. E utilizar absolutos na política --religiosos ou ideológicos-- é ruim porque eles a descaracterizam como instância de mediação de conflitos. O remédio contra isso, como já intuíram no século 18 os "philosophes" do Iluminismo francês e os "founding fathers" dos EUA, é a separação Estado-igreja. Ela facilita o advento da política como arte da negociação e, mais importante, favorece a noção de que minorias têm direitos que devem ser protegidos mesmo contra a maioria. Aqui, paradoxalmente, o laicismo se torna a principal força a proteger as religiões umas das outras.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/883388-religiao-na-escola.shtml

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Offline Hold the Door

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Re: Ensino religioso
« Resposta #2 Online: 06 de Março de 2011, 01:08:38 »
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Não se pode ignorar que a ausência do ensino religioso nas escolas pode trazer seqüelas sociais gravíssimas à vida social. Quem irá discutir com os alunos problemas relacionados a distúrbios nas relações familiares, pedofilia, associação ao tráfico e uso de drogas, adolescência e gravidez, tolerância religiosa, considerações em relação ao outro e os reflexos das ações praticadas na sociedade?
Claro. Quem melhor para ensinar tolerância religiosa para nossas crianças do que aquele pessoal que vive dizendo que todas as religiões que não forem da seita particular deles é coisa do demônio e deve ser destruída?
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Offline Geotecton

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Re: Ensino religioso
« Resposta #3 Online: 07 de Março de 2011, 09:23:00 »
Citação de: Helio Schwartsman
Religião na escola
[...]
A física não o comoveu? Que tal a geologia? Pela Bíblia, a Terra tem cerca de 6.000 anos --5.771, a confiar nas contas dos rabinos. Pela geologia, são 4,5 bilhões. É difícil, para não dizer impossível, conciliar a literalidade das Escrituras com a existência de fósseis com idades substancialmente maiores que os seis milênios. Do lado de qual professor o aluno deve perfilar-se?
[...]
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/883388-religiao-na-escola.shtml

O articulista deve tomar mais cuidado ao fazer acusações de incompatibilidades científicas presentes na Bíblia.

Que elas existem não há nenhuma dúvida, mas no caso supramencionado ele comete um erro, pois não existe nenhuma menção direta, explícita, sobre a idade do planeta. A idade de 5.771 anos é decorrente de uma interpretação rabínica que utilizou a soma de idades de personagens de uma árvore genealógica.

Qualquer teísta cristão ou judeu minimamente informado irá contra-argumentar e desmontar rapidamente a posição do articulista, neste ponto, em relação à falta de cientificidade bíblica.

Sob o ponto de vista geológico, o melhor é "desmontar" o texto bíblico usando os argumentos contra o dilúvio, pois este torna totalmente indefensável a literalicidade dos escritos judaicos e cristãos.
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Offline Gaúcho

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Re: Ensino religioso
« Resposta #4 Online: 07 de Março de 2011, 15:58:51 »
Eu entendi o que ele quis dizer. Ela não escreveu que "pela geologia bíblica", ele escreveu "pela conta dos rabinos". Ele simplesmente citou a geologia por ser uma (das muitas) ciência que possui um método de datação muito preciso.

Pelo menos foi como interpretei.
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Offline _tiago

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Re: Ensino religioso
« Resposta #5 Online: 08 de Março de 2011, 22:11:31 »
Mas Geo, ele só diferenciou as duas posições com a intenção de dizer que não existe rigor cientifico algum no ensino religioso...
Como vc é rigoroso! :P

Offline Luiz Carlos

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Re: Ensino religioso
« Resposta #6 Online: 09 de Março de 2011, 12:52:21 »
E segue o baile:

Entre a cruz e o tubo de ensaio
Divergências entre ciência e religião podem gerar polêmica em sala de aula e confundir os alunos. Para educadores, saída é não impor uma única verdade

Publicado em 08/03/2011 | Anna Simas

Em uma sala do 6.º ano (antiga 5.ª série), durante uma aula de biologia sobre a criação do universo, a professora termina de explicar a teoria do Big Bang, que diz que o universo foi criado a partir de uma grande explosão cósmica entre 10 e 20 bilhões de anos. Um aluno ergue a mão e pergunta: “Pro-fessora, mas quem fez as galáxias e tudo o que existe não foi Deus?”. A cena é frequente nas escolas, divide os professores de ciências e biologia e coloca os de religião em uma saia-justa.

A coordenadora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e professora aposentada do ensino médio e fundamental, Rita de Cássia Dallago, conta que ao longo dos seus 26 anos de carreira percebeu que a discussão sobre a origem do universo e do homem, principalmente entre criacionismo (teoria religiosa que presume que tudo foi criado por uma força superior) e evolucionismo (teoria científica proposta por Charles Darwin que diz que o homem surgiu a partir da evolução de outras espécies) ganhou novos rumos, mas que ainda perturba os educadores. “Em geral, os professores tendem a impor o que acreditam, mas o ideal seria deixar claro sempre que existem duas correntes e não uma única verdade. O aluno tem o direito de escolher em qual prefere crer.”

Religião está em 50% das escolas do país. Na maioria dos casos, os professores de ciências e biologia defendem o evolucionismo, porque faz parte da formação deles, e os de religião, o criacionismo. Mas Rita diz que na última década o perfil mudou um pouco e alguns que ensinam biologia também acreditam na segunda corrente. “Já vi muito professor que explica a origem da vida sob a ótica da ciência e depois, no final da aula, diz aos alunos para não esquecer que tudo isso foi obra de Deus.”

Com um tema controverso e professores divididos, a questão que se levanta é como não confundir a cabeça dos alunos e muito menos desrespeitar suas crenças religiosas. Para o coordenador de Teologia da Ponti­fícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Cesar Kuzma, o caminho ideal na hora de ensinar é não tratar as duas correntes como algo isolado e independente, mas sim como complementares. “A ciência explica a origem do universo e o surgimento da espécie humana, mas é a religião que dá sentido a isso. A meu ver esta é a melhor forma de ensinar os estudantes sem criar conflito.”

Já para o filósofo Carlos Ramalhete, o papel do professor de ciências não é ensinar religião, mas deixar claro que as ciências podem mudar. “A ciência é apenas a melhor explicação até agora para os elementos nos quais Deus não pode estar. A ciência moderna, ao contrário da religião, não é e nem pode ser dogmática.”

Mas algumas vezes o conflito é inevitável, principalmente porque a escola é um espaço de convivência entre alunos de crenças diferentes. Para os educadores, é importante que seja assim porque as crianças precisam crescer em um espaço democrático. “É claro que em algum momento houve confusão, tem aluno que às vezes não aceita o que é dado em sala e sai batendo porta, mas isso é a minoria”, conta Rita.

Mais liberdade

Segundo a professora de ensino religioso e história Célia Regina Guernieri, do Colégio Imaculada Conceição, os alunos menores, geralmente entre 10 e 12 anos, tendem a querer saber a opinião pessoal do professor e levam muito em conta o que ele pensa. Os mais velhos, a partir dos 13 anos, têm uma bagagem diferente e conseguem perceber por si só que existem duas teorias distintas e que podem escolher entre uma e outra. “Hoje os estudantes são muito mais livres e críticos do que há 30 anos. Eles conseguem perceber que não há uma verdade absoluta.”

Para que uma única verdade não reine em sala de aula, o professor de Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Reginaldo Rodrigues conta que nas palestras que dá aos colegas da educação básica costuma orientá-los a não impor nada nunca e nem negar a existência de Deus aos alunos, por mais que ele não acredite. “É papel dele defender a ciência, mas sabemos que cada aluno tem sua religiosidade e que é preciso que o professor saiba lidar com isso.”

Na Escola Adventista, o diretor Laureci Bueno do Canto diz que não há imposição dos conceitos, mas pais e professores sabem a posição da escola. “Nós acreditamos na Bíblia e para nós o que está lá é a verdade. O professor não precisa acreditar e defender isso como real. Mesmo que ele comente que é criacionista, vai deixar em aberto aos alunos.”

fonte:

http://www.gazetadopovo.com.br/ensino/conteudo.phtml?tl=1&id=1103681&tit=Entre-a-cruz-e-o-tubo-de-ensaio



Offline Karkará

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Re: Ensino religioso
« Resposta #7 Online: 14 de Março de 2011, 19:50:03 »
...SOU DEFINITIVAMENTE CONTRA !!!

Offline Sklogw

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Re: Ensino religioso
« Resposta #8 Online: 21 de Março de 2011, 22:13:22 »
O ensino no Brasil está tão precário que acaba sendo mais fácil pro aluno aceitar as teorias religiosas, que exigem pouco da cabeça das pessoas. O Darwinismo é muito sofisticado pra cabeça da galera.
"The most ordinary things are to philosophy a source of insoluble puzzles." [Ludwig Boltzmann]

"I venture to think that the people who talk most about it are the people who do least about it. Scientific method is what working scientists do, not what other people or even they themselves may say about it." [Percy W. Bridgman, "Reflections of a Physicist"]

"Ich habe einen Drachen in meiner Garage" [A. Einstein, psicografado por sklogw]

Atheist

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Re: Ensino religioso
« Resposta #9 Online: 09 de Abril de 2011, 18:19:26 »
O que tem que ficar claro é que em aulas de ciências espera-se que se ensine ciências. Querem falar de mitologia, que fale nas aulas de filosofia ou algo mais adequado.

Offline uiliníli

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Re: Ensino religioso
« Resposta #10 Online: 09 de Abril de 2011, 18:40:39 »
"Não reze na minha escola. Eu não pensarei na sua igreja."

Offline Chemistry

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Re: Ensino religioso
« Resposta #11 Online: 10 de Abril de 2011, 13:40:16 »
Infelizmente as pessoas que se dispõem a ser professores não estão dispostos a ensinar, e sim a impor, não é ensinado na escola a debater tal tema etc, e sim você aceita ou não aceita, é imposto para você que o homem derivou de uma evolução dos primatas, universitários não conseguem entender tal tema quem dirá uma criança de 12 anos.
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Offline uiliníli

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Re: Ensino religioso
« Resposta #12 Online: 10 de Abril de 2011, 13:44:59 »
Se serve de consolo, acho que mais ateus surgiram de aulas de religião confessionais e de escolas dominicais do que de qualquer livro do Richard Dawkins... A gente dá pouco crédito para as crianças, mas nessa idade algumas já têm senso crítico o suficiente para perceberem as inconsistências da religião.

Offline Geotecton

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Re: Ensino religioso
« Resposta #13 Online: 10 de Abril de 2011, 13:49:34 »
Se serve de consolo, acho que mais ateus surgiram de aulas de religião confessionais e de escolas dominicais do que de qualquer livro do Richard Dawkins... A gente dá pouco crédito para as crianças, mas nessa idade algumas já têm senso crítico o suficiente para perceberem as inconsistências da religião.

O problema não está na capacidade de observar as inconsistências da religião, mas no poder de coerção e no medo exercido pelas famílias e comunidades religiosas sobre elas (crianças).
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Offline Chemistry

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Re: Ensino religioso
« Resposta #14 Online: 10 de Abril de 2011, 13:50:16 »
e não tem senso crítico para responderem pelos própios atos, triste isto né?
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Offline uiliníli

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Re: Ensino religioso
« Resposta #15 Online: 10 de Abril de 2011, 14:34:41 »
O problema não está na capacidade de observar as inconsistências da religião, mas no poder de coerção e no medo exercido pelas famílias e comunidades religiosas sobre elas (crianças).

De fato isso é prejudicial, mas infelizmente esse tipo de coerção que por mais que você possa evitar que aconteça nas escolas, você não pode evitar que aconteça nas suas casas e nas igrejas que seus pais lhes fazem frequentar. Aí vem a discussão sobre a moralidade da doutrinação infantil, que parece ser um debate que a sociedade ainda não está preparada para aceitar.

e não tem senso crítico para responderem pelos própios atos, triste isto né?

Isso é outra história, mas sim, muito triste.

Offline Chemistry

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Re: Ensino religioso
« Resposta #16 Online: 10 de Abril de 2011, 14:48:09 »
Pois é meu amigo Uiliníli temos que quebrar esse tabu de que a "sociedade não está pronta" pois se analizarmos ela nunca o estará, se não colocarmos essas temas em debate, corremos risco de termos uma sociedade alienada, um exemplo disso é a total cegueira democrática que temos quando dizemos em educar crianças acerca de tolerância de comportamentos sendo que não sabemos tolerar o mero intelecto que nos mostra quem somos.  (Ex, a opnião do parlamentar acerca de homossexualismo ele foi taxado de nazista por conta de sua opnião.)
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Offline uiliníli

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Re: Ensino religioso
« Resposta #17 Online: 10 de Abril de 2011, 14:57:58 »
Pois é meu amigo Uiliníli temos que quebrar esse tabu de que a "sociedade não está pronta" pois se analizarmos ela nunca o estará, se não colocarmos essas temas em debate, corremos risco de termos uma sociedade alienada, um exemplo disso é a total cegueira democrática que temos quando dizemos em educar crianças acerca de tolerância de comportamentos sendo que não sabemos tolerar o mero intelecto que nos mostra quem somos.  (Ex, a opnião do parlamentar acerca de homossexualismo ele foi taxado de nazista por conta de sua opnião.)

Sim, claro, Chemistry. O que quero dizer é que pregar contra a doutrinação infantil hoje é como pregar pela igualdade entre brancos e negros no meio do século XVIII. É uma coisa que tem que começar a ser feito, mas é algo que não podemos ter esperanças de ver concretizado. A sociedade ainda não está pronta para considerar esse tema a sério.

Rhyan

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Re: Ensino religioso
« Resposta #18 Online: 10 de Abril de 2011, 15:09:01 »
Desde que não seja numa escola pública, sem problemas.

Offline uiliníli

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Re: Ensino religioso
« Resposta #19 Online: 10 de Abril de 2011, 15:26:50 »
Desde que não seja numa escola pública, sem problemas.

O problema é justamente esse.

Offline Afarensis

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Re: Ensino religioso
« Resposta #20 Online: 10 de Abril de 2011, 17:32:10 »



A própria constituição fala que o Brasil é um estado laico, mas essa mesma constituição no seu preâmbulo diz que teve e proteção de Deus. Na minha opinião deveria retirar o ensino religioso nas escolas, pois este só afirma o preconceito e atrapalha na formação do estudante. Na 5° série eu estudei ensino religioso, criacionismo, e ao mesmo tempo estudava biologia, como pode duas coisas antagônias coexistirem? De novo a igreja católica quer impôr a sua maneira religiosa, assim como outras denominações, que a meu ver, só servem para "dividir" a sociedade e colocar merdas na cabeça das pessoas. Cada um tem o direito de acreditar no que quiser, e de não acreditar, só que coisas não científicas nas escolas é ferir o direito de cada um de escolha.
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Offline Geotecton

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Re: Ensino religioso
« Resposta #21 Online: 10 de Abril de 2011, 17:35:16 »
Desde que não seja numa escola pública, sem problemas.

Este seria o começo.

Mas o problema é gravíssimo maior nas escolas confessionais, onda a "lavagem cerebral" é completa .
Foto USGS

Offline Geotecton

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Re: Ensino religioso
« Resposta #22 Online: 10 de Abril de 2011, 17:36:02 »

A própria constituição fala que o Brasil é um estado laico, mas essa mesma constituição no seu preâmbulo diz que teve e proteção de Deus.
[...]

Seja bem vindo Afarensis.
Foto USGS

Offline Afarensis

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Re: Ensino religioso
« Resposta #23 Online: 10 de Abril de 2011, 17:56:25 »

A própria constituição fala que o Brasil é um estado laico, mas essa mesma constituição no seu preâmbulo diz que teve e proteção de Deus.
[...]

Seja bem vindo Afarensis.



Obrigado. Estou vindo para esse fórum para participar e dar minha experiência no convívio com várias religiões e seitas e dizer como me tornei cético. O meu compromisso neste fórum será com a verdade, diferentemente das religiões que enganam e visam o lucro. Obrigado!
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Offline Chemistry

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Re: Ensino religioso
« Resposta #24 Online: 10 de Abril de 2011, 19:46:25 »
Bem vindo, ah para sua segurança e a dos demais foristas leia as regras..

tenho a impressão que já ouvi essa frase em algum lugar.

kkkkkk
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é o silêncio dos bons."

 

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