Século dos piores desastres? Tá, tá bom...
Século dos piores desastres ou século em que a humanidade começou a tomar consciência de que o que fazia antes era errado?
A humanidade sempre soube que o que fazia antes era errado. Mas é que tinham prazer no mal, coisa que não ocorre hoje, pelo menos na maioria das pessoas.
A história humana é encharcada de sangue. Sempre foi normal invadir, saquear e matar outros povos - até o século XX.
Concordo em parte. O que diferenciou o século XX foi a quantidade e a eficiência da carnificina, e não a qualidade.
Sempre foi normal ter escravos - até o século XX.
A escravidão foi erradicada do mundo em 1888 (o Brasil foi o último país a libertar os seus escravos). Mas houve um retrocesso momentaneo durante a II Guerra, quando 7 milhões e meio de civis foram novamente escravizados na Europa por Hitler.
Sempre foi normal tratar as mulheres como meras reprodutoras e submeter a ciência aos dogmas da crendice: começou a mudar no século 19.
Concordo.
E houve algo, a partir do século XX, que mudou a visão das coisas: a informação passou a ser mais rápida. Levou quase 6 dias para que a foto da bomba de Hiroshima chegasse aos jornais, por exemplo. Hoje, qualquer besteirinha corre mundo instantâneamente. Realmente, fica a impressão de que o mundo piorou quando, na verdade, as pessoas apenas ficam sabendo de mais coisas ruins que no passado.
Concordo em parte. Na época de Hiroshima, houve uma piora real, e não apenas aparente, pois afinal, estávamos numa guerra mundial. A piora de hoje é que é aparente, porque na realidade houve uma grande melhora. O século XX foi apenas um "sonho ruim", que felizmente já despertamos.
Mas claro que eu não estou sendo absoluto. Muitas coisas boas também aconteceram ao longo do século XX, embora muitas vezes as motivações que as levaram a acontecer não fossem as mais louváveis do mundo.
E hoje as pessoas se chocam com essas coisas em vez de acharem normal.
As predisposições morais da humanidade mudaram. Antes havia prazer no mal. Hoje há repulsa. Só como exemplo:
Na França do fim do século XVIII temos que:
"Os guilhotinamentos eram verdadeiros espetáculos populares. A multidão, desprovida de circos, de estádios, de qualquer outro lazer, transformou a freqüência à praça do cadafalso num programa patriota e familiar.
De certa forma o cenário inteiro, a prisão dos suspeitos, a denúncia sem provas, as vítimas expostas à execração pública, seguida da profanação dos corpos lembravam muito aos autos-de-fé dos tempos da Inquisição católica.
As crianças eram erguidas sobre os ombros para que vissem o estertor dos inimigos da revolução. Bem perto da máquina ficavam as tricoteuses, as tricoteiras, mulheres envoltas em linhas e agulhas que, próximo das vítimas, as injuriavam. Exultavam com o olhar de desespero dos adversários quando contemplavam aquela porta-sem-batente, aquela magnífica exatidão das paralelas, a impecável geometria, armada por um triângulo negro, carrancuda, gotejando sangue em seu gume, exigindo justiça social."
Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guilhotina2.htmE na mesma França, mas dessa vez no século XX, temos que:
Eugen Weidmann, nascido em 5 de fevereiro de 1908 em Frankfurt (Alemanha), morto em 17 de Junho de 1939 em Versalhes (França), foi um criminoso alemão, célebre por ter sido a última pessoa a ser guilhotinada em público na França.
Ele foi julgado culpado do assassinato de seis pessoas, todas mortas com um tiro na nuca...
Ele foi guilhotinado em Versalhes, na via pública, no exterior da prisão Saint-Pierre, como era comum até então. O comportamento dos espectadores durante a execução tendo sido julgado «histérico», o presidente da República Albert Lebrun convenceu o governo da época a proceder às execuções no interior da prisão onde se encontra o condenado à morte, longe das possíveis «emoções populares».
A utilização da guilhotina para execuções «privadas» continuou, mas cada vez mais raras, até o 10 de Setembro de 1977, quando foi executado Hamida Djandoubi. Finalmente, a pena de morte foi abolida na França em 30 de Setembro de 1981, através de decreto do presidente François Mitterrand.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Eugen_WeidmannHoje até mesmo para mostrarmos um filme de terror para os nossos filhos, onde a carnificina é apenas aparente, precisamos ter reservas... Que mudança!
Um abraço.