A racionalização prévia do ato não retira dele seu caráter de desequilíbrio.
Cometer ou tentar o suicídio é um ato de desequilíbrio na imensa maioria dos casos.
Em casos como o de um doente terminal, que sofre de dores incessantes e pede para morrer ou provoca a propria morte,pode não ser.
Em atos de suicídio heróico, como de um alpinista que corta a corda para preservar a vida de outros, com certeza não é.
Talvez não seja, em outras situações que possam existir.
Mas, como disse anteriormente, na maioria dos caso é um sintoma extremo de desequilíbrio.
Entre as forças pulsionais da psique, as pulsões de vida e de morte são o que possibilita a alto-preservação, o suicídio é a expressão maior da pulsão de morte se sobrepondo a de vida.
Supondo ser a carta realmente da suicidada, ela é cheia de indicativos de uma quadro depressivo, bem como, de tentativas de racionalização e justificação do ato. Ainda é possível observar indicios no discurso do fenômeno da negação, onde as palavras são usadas em contraposição aos sinais e fatos, os negando ou fazendo afirmações no sentido contrário do que realmente se quer dizer.
Não consigo vislumbrar no caso de Leila Lopes nenhum indicador do suicídio como um ato de autonomia tomado por uma pessoa em condições normais de animo e humor.
Pena.