Dbohr... acho que você está fundamentalmente errado.
Já estive errado antes, é uma experiência que recomendo

Maluf, Sarney, etc.. são representações didáticas de ... nós como povo.
Será? Talvez. Sarney, Collor e Maluf são atavismos da era dos caciques, que só se criam nos seus respectivos feudos. Eu acho que eles representam muito mais uma parcela da população que se lembra de todas as obras da "São Paulo Grande" no caso do Maluf e do feudo separado do resto do país que é o Maranhão. Na Bahia, por exemplo, longamente considerada propriedade particular da família de ACM ganhou o Jaques Wagner. Aqui no Rio enxotamos os Garotinhos de volta para Campos -- e mesmo lá eles estão sob fogo cerrado. Crivella tentou sair do Legislativo para o Executivo 3 vezes e não colou.
Vale lembrar, aliás, que Maluf teve 65% de rejeição em 2006, embora tenha se elegido com mais de 730 mil votos mesmo assim. E Sarney é Senador pelo Amapá, não pelo Maranhão.
Mas se é verdade que em algum nível essas múmias são representações didáticas do nosso povo, também representam seus respectivos povos gente como Dick Cheney e a patotinha da ENRON e os especuladores da Bolha Imobiliária; ou os ultra-ortodoxos de Israel; ou os caras da direita cada vez mais xenófoba da Suíça; ou os iluminados franceses que insistem em alienar os imigrantes africanos sem dizer textualmente que não os querem; ou os membros da Dieta japonesa que até hoje não querem reconhecer os crimes de guerra do país e preferem nem falar da questão dos Burakumin; só para ficar em alguns países desenvolvidos. E onde está a mobilização social nesses países contra tudo isso?
Donde se deduz que a humanidade está fadada a um fracasso abismal sem chance de retorno, ou há um exagero na conclusão acima.
Não quero justificar a inação com isso, óbvio. Só não acho que o Brasil seja especialmente ruim ou singularmente corrupto, tampouco nosso povo seja especialmente corrupto.
Pegue 500 pessoas na praça da Sé, a esmo, e coloque no nosso congresso, você acha que teríamos o que? Uma transformação qualitativa no modo de se fazer política?
A vantagem de fazer uma pergunta retórica como essa, meu caro, é que ela é completamente impossível de ser respondida

Mas só pelo gosto ao debate, vou modificar a questão: se ao invés do atual bundalelê que é a regra do coeficiente eleitoral para Legislativo (fora o Senado) tivéssemos algo mais lógico e mentalmente são como o voto distrital; se valesse a regra da divulgação da ficha dos candidatos; se não houvesse mais julgamento em foro provilegiado será que teríamos uma transformação qualitativa no modo de se fazer política?
Porque do jeito que as atuais regras são, você poderia mesmo pegar 513 pessoas a esmo na Praça da Sé, que te garanto que pior não ia ficar

Ou já pensou porque temos tantos espertalhões na política, nos departamentos de compra, no judiciário, nas empresas... enquanto o povo é tratado como vítima?
Nós temos espertalhões porque o sistema atual privilegia espertalhões e os deixa escapar incólumes quando são pegos em suas espertezas.
Eu sou um Físico. Como tal, compreendo que qualquer sistema físico na Natureza obedece ao
Princípio da Ação Mínima -- um sistema dinâmico evoluirá de forma a minimizar uma quantidade chamada Ação. É a razão pela qual rios correm para o mar, planetas giram em suas órbitas, etc. Eu
desconfio, embora não tenha como provar, que sistemas sociais não sejam diferentes: dadas as regras do jogo, os políticos vão jogá-lo da maneira que melhor lhes aprouver,
regras morais e culturais não obstantes. Nós já vimos isso acontecer em sistemas sociais pequenos e controlados, tais como os experimentos de
Stanford,
Milgram e em situações reais como Abu Ghraib.
Ou seja, na ausência de fatores externos de controle, o tipo de patifaria que vemos no Congresso é
natural, lógico e esperado. De fato, eu acredito fortemente ser inútil desperdiçar energia com manifestações e passeatas em Brasília hoje. Muito melhor é conduzir a posições de poder pessoas que estão dispostas (ao menos inicialmente) a reforçar tais mecanismos externos de controle.
Não meu caro... temos os políticos que merecemos e sem dúvida alguma são nossos representantes. E o fato de não nos movimentarmos para melhorar as coisas é tanto um sintoma quanto causa de nosso problema.
Creio ter explicado adequadamente porque discordo dessa avaliação.