Interessante.
Então quais as implicações de ser ter um número tão reduzido de haplogrupos? Seria como que se fóssemos capazes de regredir cada vez mais no tempo chegaríamos a um ponto onde encontraríamos os, assim por dizer, "pais da humanidade", os primeiros homens dos quais toda a humanidade teria descendido, é isso? Ou todos esses haplogrupos são variações de outros haplogrupos, de forma que seria possível traçar o caminho reverso até o haplogrupo original que nesse caso seria único, e aí teríamos "o pai" e não "os pais" da humanidade? Qual dos dois cenários é mais condizente com os nossos conhecimentos atuais de genética? A ideia de um casal humano originário é geneticamente coerente? Se sim, como a ciência explica a atual diversidade genética humana? Resumindo, geneticamente como é explicada a origem da espécie humana?
Isso é um pouco confuso, mas o DNA mitocondrial e o cromossomo Y (e os haplogrupos) são meio "especiais", pelo padrão de como são passados adiante, são bons indicadores de linhagens matri e patrilineais respectivamente, mas isso não significa que essas linhagens tenham sido "fundadas" por Evas e Adões singulares, como se em um ponto na história toda a variação genética tivesse sido originada deles.
Na verdade, na maior parte do tempo, quase toda a população de uma espécie é ou pode ser "ancestral comum" da população total da espécie no futuro, não existindo um "casal fundador" da espécie. Tanto a Eva mitocondrial, quanto o Adão-Y foram contemporâneos a outros humanos (mas não um ao outro!), foram parte de uma população que continou, tiveram filhos com eles, e seus filhso tiveram filhos com os filhos de outros humanos da mesma população. E ambos tiveram ancestrais humanos, não foram os primeiros indivíduos da espécie.
Pode inclusive acontecer do portador original de uma variação no cromossomo Y (ou no DNA mitocondrial), acabar sendo, no decorrer do tempo, o indivíduo de sua geração que
menos contribuiu geneticamente com a população, sendo o cromossomo Y, ou a mitocôndria, praticamente a única coisa que deixou como herança "exclusiva", não compartilhada com outros indivíduos contemporâneos a ele ou ela.
O que acontece é que o cromossomo Y e o DNA mitocondrial (e os haplotipos) têm esse aspecto meio "binário", enquanto os genes de fora dos haplótipos "se espalham" pela população, e são menos precisos para se inferir linhagens, apesar delas também existirem. Cada gene tem sua própria genealogia individual.