Então, as almas puras e ignorantes também serão expostas a sofrimentos, mas como provas, não como expiações.
O assunto se desdobra bastante, mas a maior parte pode ser deduzida com um pouco de lógica. Não é necessário existir qualquer tipo de injustiça em tempo algum.
Um abraço.
Além de castigo, existem provas, para comprovar o caráter das pessoas.
Se todas as almas são puras e ignorantes, no princípio não existia o mau, como você mesmo diz que:
Deus julga a intenção mais do que o ato em si, coisa que a justiça humana jamais poderá fazer.
O mal é uma decorrência do desenvolvimento do livre-arbítrio. O mal não existia no começo (se é que podemos falar em um começo), mas passou a existir a partir do momento em que alguém decidiu fazer o mal.
Como deus pode julgar um ato de maldade, feito por alguma alma que não tem consciência do que está fazendo?
Sem consciência do que se está fazendo não faz sentido nenhuma condenação. Mas a medida que a intelectualidade se desenvolve os espíritos vão gradativamente tomando consciência do bem e do mal. Quando sabem perfeitamente bem diferenciar um do outro, e ainda assim escolhem o mal, aí são punidos. Até esse momento não há punição propriamente dita.
Talvez você me diga, por exemplo, que um selvagem ignorante que pratica o canibalismo não mereça ser punido (sendo também comido, por exemplo) por não ter consciência do que faz e achar que esteja agradando a sua respectiva divindade. Está correto, ele não merece punição, mas pode acabar sendo comido da mesma forma, mas não por punição, mas por educação pois, afinal de contas, se considera justo quando faz com outros, não poderia considerar injusto quando fazem com ele mesmo. Usa-se com ele a mesma medida de justiça que ele usa com outros, até ele perceber que essa medida é inconveniente. E assim aprende-se.
Se o Deus da DE fosse justo em seus julgamentos, o mau não existiria hoje, tudo começou porque Deus, um dia, mandou uma expiação de presente para uma alma, iniciando assim esse ciclo de sofrimento, que parece nunca ter fim.
Em primeiro lugar, o sofrimento tem fim sim. O sofrimento é apenas uma fase do desenvolvimento e poderia ser curto se ninguém tentasse trapacear.
Para as almas se desenvolverem é preciso a luta. Sem elas, viveríamos numa condição de despreocupação que nos enfadaria e nos entravaria o progresso. No entanto, quanto mais inferiores os espíritos, mais materiais são as lutas, donde se têm as guerras propriamente ditas. Mas quanto mais se elevam, mais intelectuais as lutas se tornam. Nós dois mesmos, nesse momento, estamos em luta numa questão filosófica, aonde cada um de nós tenta fazer prevalecer o que acredita, e essa mesma luta faz com que nós dois aprendamos mais um pouco, e com elas as nossas inteligências se desenvolvem mais um pouco. E nós não estamos aqui nos digladiando, o que mostra que já evoluímos um pouco.
"As lutas, aliás, são necessárias para fortalecer a alma; o contacto com o mal faz que melhor se apreciem as vantagens do bem. Sem as lutas, que estimulam as faculdades, o Espírito se entregaria a uma despreocupação funesta ao seu adiantamento. As lutas contra os elementos desenvolvem as forças físicas e a inteligência; as lutas contra o mal desenvolvem as forças morais."Não é mais simples pensar que nos, como qualquer outro animal, não somos livres de nossos instintos primitivos, e lutamos por espaço, pelo sexo oposto, e até nos matamos, como qualquer outra criatura.
Sim, nós somos. E temos tantos instintos primitivos quanto qualquer estrupador ou serial killer que roda por aí. A carne exerce a sua influência, sem dúvidas. Eu, por exemplo, sinto raiva e desejos como qualquer um outro e não acho que eu o sinta menos. A diferença é que alguns já têm controle sobre seus instintos primitivos, e outros ainda não. É um aprendizado.
Um abraço.