Eu considero a questão um pouco complexa e acho que podemos emboçar melhor a realidade existente.
Certa vez conversei com um amigo mexicano sobre os índios. Ele disse que no México os índios sao considerados
cidadaos mexicanos e fim de conversa. Ou seja: estao sujeitos as mesmas leis que os demais cidadaos.
O que eu acho: Relativismo Cultural no c% dos outros é refresco.
O Brasil não é como o México! Temos muito mais comunidades indígenas, além destas serem muito mais isoladas do que as da América Central. Índios da região do Pantanal e Amazônia não são tão inseridos na cultura urbana como os índios de países como o México, EUA, Canadá e outros. Portanto, a questão não é tão simples. E nem sei se a realidade no México é como seu amigo falou... A lei pode prever que todos sejam iguais, mas e na prática?
E sobre a "matança" nas comunidades indígenas...
Convenhamos, a verdadeira guerra que temos na sociedade urbana, aonde menores são desde muito cedo orientados para a criminalidade ou mesmo, no caso das classes um pouco mais ricas, nas drogas, dá de 10x0 nessas "picuinhas" das sociedades indígenas.
Concordo que é uma ignorância sem tamanho considerar obra do demônio pessoas gêmeas, por exemplo e outras crendisses absurdas. Mas crianças aleijadas, autistas, com problemas genéticos sérios... QUEM VAI CUIDAR? O ESTADO? Já mal cuidam dos deficientes "brancos" vão cuidar dos deficientes peles vermelhas no meio do mato? Eles só dão um "empurrãozinho" na seleção de quem vive e quem morre, ao invés de deixar o tempo (a natureza) decidir isso. E também, é muito fácil falar quando você não tem um filho deficiente, tipo um autista ou retardado... É um verdadeiro impacto na vida dos familiares ficar cuidando de alguém com poucas expectativas de vida, que não produz e só dá trabalho aos outros.
Países de primeiro mundo até possuem uma sociedade mais moderna, com melhor infraestrutura para as famílias de portadores de deficiências. Lá até seria justo considerar o infanticídio uma monstruosidade. Mas aqui no Brasil e em paizecos aonde as condições são precárias até pra quem é saudável, imagina para os familiares de deficientes. E o que dizer de índios??? A FUNAI vai lá dar assistência aos índios aleijados, autistas e mongolóides? Claro que não! Pra cultura deles é MUITO MELHOR dar fim aos indíviduos com problemas o quanto antes, antes que ocorra o apego, o que torna tudo mais difícil.
Tenho certeza que muitas famílias de aleijados ou portadores de deficiÊncia séria, que não possuem boas condições de vida, e que possuem suas vidas impactadas pelo deficiente, gostariam muito de fazer parte de uma cultura que incentiva cortar o mal pela raíz. Alguém aqui sabe o que é passar 10, 20, 30 anos de sua vida preso a dar assistência pra quem não tem expectativas de vida otimistas? E o pior, você dá assistência a quem você já se apegou e a frustração é diária!!! Você batalha, batalha, batalha e nada muda, tudo continua na mesma, dia após dia!
É muito bonito ver na TV toda a "solidariedade moral" que é dada às famílias... Mas ninguém tem noção de como é a rotina de muitos. O deficiente não tem culpa, é claro, mas e a família como fica? 2, 3 ou até 4 pessoas terem suas vidas marcadas por conta de 1 é um tanto difícil de entender, não é simples.
É só comparar... Pega uma família indígena que teve que matar seu filho recém-nascido por autismo e pega uma família urbana comum, que passa apertos diários para manter o autista vivo e com uma vida "digna"... Qual família é mais feliz? Nos 2-3 primeiros anos talvez a segunda seja mais feliz, mas nos próximos 5, 10, 20 anos, ninguém gostaria de fazer parte da segunda.