Autor Tópico: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?  (Lida 3372 vezes)

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Offline Feynman

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #1 Online: 20 de Abril de 2010, 00:00:11 »
Instinto é um termo muito popular, que significa muitas coisas. Parece estar se referindo ao instinto animal, como um "faro" para coisas relacionadas às decisões animais.
Sendo assiml, é melhor, talvez, falarmos sobre memória genética e programas biológicos, o que só faz sentido aos olhos da evolução, naturalmente. Aí o assunto fica elementar: instinto é todo comportamento selecionado na filogenia da espécie, através das vicissitudes da deriva natural (Termo de Maturana e Varela que me parece mais adequado que evolução, uma vez que não conota um sentido de teleologia - se bem que "evolução" já está tão arraigada que provavelmente continuará a ser chamada assim). Podemos falar em exemplos e evidências depois que discorrerem mais sobre sua caracterização.
"Poetas dizem que a Ciência tira toda a beleza das estrelas - meros globos de átomos de gases. Eu também posso ver estrelas em uma noite limpa e sentí-las. Mas eu vejo mais ou menos que eles?" - Richard Feynman

Offline DDV

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #2 Online: 20 de Abril de 2010, 18:50:54 »
Buckaroo Banzai, você é biólogo?
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Offline Pedro Reis

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #4 Online: 20 de Abril de 2010, 23:46:31 »
Instinto é um termo muito popular, que significa muitas coisas. Parece estar se referindo ao instinto animal, como um "faro" para coisas relacionadas às decisões animais.
Sendo assiml, é melhor, talvez, falarmos sobre memória genética e programas biológicos, o que só faz sentido aos olhos da evolução, naturalmente. Aí o assunto fica elementar: instinto é todo comportamento selecionado na filogenia da espécie, através das vicissitudes da deriva natural (Termo de Maturana e Varela que me parece mais adequado que evolução, uma vez que não conota um sentido de teleologia - se bem que "evolução" já está tão arraigada que provavelmente continuará a ser chamada assim). Podemos falar em exemplos e evidências depois que discorrerem mais sobre sua caracterização.

Ou, se me permite pôr em termos mais simples, é aquilo que o animal sabe que deve fazer e sabe como fazer sem ter aprendido com a experiência, pelo exemplo ou pelo raciocínio. É o mecanismo biológico que faz a tartaruguinha, ao sair do ovo, caminhar em direção ao mar e não à terra.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #5 Online: 21 de Abril de 2010, 00:24:39 »
Citar
The descent of instinct.

By Beach, Frank A.

Psychological Review. Vol 62(6), Nov 1955, 401-410.

Abstract

The concept of instinct is given a brief historical discussion with the goal of determining why it has shown so much vitality without an objective test for at least two millennia. The last part of the paper is devoted to an evaluation of the concept as it relates to a science of behavior. Topics discussed are: origins in philosophy and theology, early scientific uses, the anti-instinct revolt, current thought in psychology, genes and behavior, the meaning of genetical determination, and the ontogeny of behavior. The author concludes that when the methods of analysis that he proposes are applied to the various types of behavior called instinctive, the concept will disappear, to be replaced by scientifically valid and useful explanations. 30 references.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #6 Online: 21 de Abril de 2010, 02:20:46 »
<a href="http://www.youtube.com/v/KRp6WLUEs_g" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/KRp6WLUEs_g</a>


Aqui tem alguns links relacionados a cursos sobre comportamento animal e psicologia, dentre outras coisas:

http://www.openculture.com/freeonlinecourses

Offline DDV

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #7 Online: 21 de Abril de 2010, 11:32:12 »
Não.

Desistiu do curso?


Perguntei isso porque eu achei que existia uma definição técnica de instinto na biologia, ou seja, a definição de instinto não seria algo tão em aberto e polêmico assim para se pôr à discussão e opinião de cada pessoa.


NO caso, a definição de instinto que eu conheço é a de um padrão comportamental INATO, com o qual o indivíduo já nasce e independe de aprendizado e experiência.

Como exemplo, teríamos a sucção do seio da mãe feita pelo bebê, o andar em direção ao mar das tartaruguinhas, a subida nos ramos de capim e mato feita pelos carrapatos recém-saídos dos ovos, etc.


Já vi em algum lugar um gráfico que mostra uma variação decrescente na proporção dos comportamentos instintivos à medida que se avança das espécies "inferiores" para as "superiores".


Me veio agora uma idéia maluca sobre uma possível influência  da proporção entre instinto e aprendizado no comportamento das espécies, e o papel dos machos na mesma. Vou desenvolvê-la e abrir um tópic depois. :)
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #8 Online: 21 de Abril de 2010, 16:11:19 »
Não estou pedindo por opiniões pessoais, mas definições técnicas mesmo. Me parece que a definição foi sempre vaga, e é continuamente usada dessa forma vaga, quase como uma explicação mágica para quase qualquer comportamento repetitivo. A melhor coisa mais "definida" que me lembro de já ter lido era a de que "não são meramente reflexos", e num livro também já li breve menção de que "todo instinto é aprendido" (mas isso era no contexto de hominídeos, não sei se era algo para ser generalizado).

Me parece também que as "adaptações psicológicas" da psicologia evolutiva de Tooby e Cosmides tentam ser diferenciadas de "instintos", depois tenho que procurar mais sobre isso.


Offline Adriano

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #9 Online: 01 de Maio de 2010, 13:52:13 »
O instinto mais impactante é o da linguagem. Seguindo as concepções de Chomsk e Pinker.

É a linguagem que faz Popper diferenciar evolutivamente o homem. Para este o conhecimento objetivo é concebido como os objetos de conteúdo informacional que perfazem o meio ambiente humano.

Nesse sentido a teoria da deriva natural de Maturana se coaduna Popper, mostrando a congruência da interação entre o meio e os seres vivos, numa interação constante que ele denomina de deriva. A teoria dos três mundos em Popper mostra essa interação científica humana com o meio.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #10 Online: 01 de Maio de 2010, 18:56:07 »
Citação de: [url=http://][/url]
Language is not an instinct
M Tomasello - Cognitive development, 1995

[...] In his new book, The Language Instinct: How the Mind Creates Language, (1994) Steven Pinker attempts to remedy this situation. Pinker devotes much of his book to summarizing and explicating the recent extensions of Chomsky’s theory. More ambitiously, he also attempts to bring together all of these extensions into a single coherent argument for linguistic nativism that does not require a deep understanding of the technical apparatus of Generative Grammar. [...]

The problem with the book is that Generative Grammar and its concomitant nativism are presented to the reader as established scientific facts, without even the hint of a hint that there are fierce theoretical and empirical debates currently raging over almost every issue discussed. That many linguists, indeed the majority of linguists, do not believe in a Chomsky-like Universal Grammar is not acknowledged anywhere in the 430 pages of the book. Thus, Pinker simply states in the introductory chapter that he is going to introduce the reader to “the science of language,” which contrasts only with the confused and uninformed views of laypersons and humanists. He goes on to state that in the science of language it has been discovered that language is a “distinct piece of the biological makeup of our brains . . . a specialized skill . . . distinct from more general abilities to process information or behave intelligently” (p. 18). We are told that although some linguists prefer other terms, Pinker prefers to capture this discovery by saying quite simply that humans have an instinct for language in much the same way that spiders have an instinct for spinning webs. He then proceeds to report a dizzying melange of research that has led linguists to the “discovery” that language is an instinct.

But language is not an instinct. In the common understanding of both scientists and laypersons alike an instinct is a behavioral competency, or set of behavioral competencies, that: (a) is relatively stereotyped in its behavioral expression, and (b) would appear in ontogeny even if an individual were raised in isolation from its species-typical set of experiences (e.g., Birney & Teevan, 1961). But language does not even remotely fit with either of these two criteria. “Language” has several thousand distinct variants in the human species that are fundamentally different from one another, including in their syntactic conventions, and an individual human being can acquire any one particular language only in the context of several years of particular types of linguistic experiences with other human beings. Why, then, has Pinker chosen to apply the term instinct in such a clearly inappropriate manner? The answer is that what Pinker and his fellow Chomskyans mean by the term “language” is not what is normally meant by that term. They do not mean the communicative conventions of the speakers of particular languages such as English, Turkish, or Warlpiri. What they mean is something called Universal Grammar, which is the supposedly species-universal computational structure of language that is, in their view, wholly unlearnable (ironically, the centra1 thesis of Learnability Theory).

In this brief essay I argue three things. First, I argue that although many people bandy about rather loosely the notion of an innate language module, the only theoretically coherent version of such a module that has ever been proposed is that of Generative Grammar-in which resides a priori the theoretically-specific linguistic structures of Universal Grammar. This and only this is Pinker’s “language instinct.” Second, I argue that this view of language and its development, though coherent, is wrong. Al1 of the most important lines of evidence that Pinker’s new book adduces for an innate Universal Grammar are also compatible with a less rigidly nativistic view of language acquisition in which there is a biological foundation for language, just not in the form of specific linguistic structures preformed in the human genome. Finally, I argue that there is an alternative linguistic theory, or group of theories, that should be especially attractive to cognitive developmentalists because they are much more compatible with what is known about development in other domains of human cognition. [...]

http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.122.2782&rep=rep1&type=pdf



Atheist

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #11 Online: 01 de Maio de 2010, 19:09:05 »
O instinto mais impactante é o da linguagem. Seguindo as concepções de Chomsk e Pinker.

É a linguagem que faz Popper diferenciar evolutivamente o homem. Para este o conhecimento objetivo é concebido como os objetos de conteúdo informacional que perfazem o meio ambiente humano.

Nesse sentido a teoria da deriva natural de Maturana se coaduna Popper, mostrando a congruência da interação entre o meio e os seres vivos, numa interação constante que ele denomina de deriva. A teoria dos três mundos em Popper mostra essa interação científica humana com o meio.

Popper está errado. Ou a linguagem não é nossa marca evolutiva, ou precisamos redefinir o que é linguagem.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #12 Online: 01 de Maio de 2010, 19:53:30 »
Não é muito científico se pegar uma característica que difere (ainda que por grau, ainda que baseado apenas no que sabemos sobre as espécies vivas) numa espécie, colocar num pedestal, e dizer que é a que "diferencia evolutivamente" aquela espécie. Isso é mais uma espécie de metáfora vaga para se expressar a importância dessa característica do que uma colocação objetiva. Meio como falar que tudo que não for a teoria celular, ou não for a seleção natural, ou não for a genética, são "notas de rodapé" na biologia (Carl Zimmer fez essa crítica à colocação de Dawkins quanto a tudo que não fosse seleção natural).

Offline Adriano

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #13 Online: 01 de Maio de 2010, 20:05:55 »
O instinto mais impactante é o da linguagem. Seguindo as concepções de Chomsk e Pinker.

É a linguagem que faz Popper diferenciar evolutivamente o homem. Para este o conhecimento objetivo é concebido como os objetos de conteúdo informacional que perfazem o meio ambiente humano.

Nesse sentido a teoria da deriva natural de Maturana se coaduna Popper, mostrando a congruência da interação entre o meio e os seres vivos, numa interação constante que ele denomina de deriva. A teoria dos três mundos em Popper mostra essa interação científica humana com o meio.

Popper está errado. Ou a linguagem não é nossa marca evolutiva, ou precisamos redefinir o que é linguagem.
A ciência e o seu uso da linguagem matemática é o exemplo marcante da manutenção e avanço do conhecimento humano. Tanto Popper quanto Lakatos iniciam suas carreiras/obras abordando a matemática e avançando posteriormente para a ciência que tem uma amplitude maior de relação com a realidade.

Já para tangenciar a biologia é Maturana quem define melhor o conhecimento e sua relação com os seres vivos. Sua teoria, com grande heurística, tem alta repercussão em diversas áreas de humanas por agregar o homem no contexto da evolução.
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Offline DDV

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #14 Online: 01 de Maio de 2010, 20:30:05 »
Adriano é o rei da embromação (em estilo pós-modernista.)   :biglol:

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #15 Online: 01 de Maio de 2010, 20:40:35 »
Não é muito científico se pegar uma característica que difere (ainda que por grau, ainda que baseado apenas no que sabemos sobre as espécies vivas) numa espécie, colocar num pedestal, e dizer que é a que "diferencia evolutivamente" aquela espécie. Isso é mais uma espécie de metáfora vaga para se expressar a importância dessa característica do que uma colocação objetiva. Meio como falar que tudo que não for a teoria celular, ou não for a seleção natural, ou não for a genética, são "notas de rodapé" na biologia (Carl Zimmer fez essa crítica à colocação de Dawkins quanto a tudo que não fosse seleção natural).

Acho que são coisas diferentes.

Uma coisa é fato: existem características peculiares que nos diferenciam de outros animais, assim como existe para qualquer organismo vivo. São chamadas de autapomorfias e se não existissem é que deveríamos estranhar, além do que teríamos dificuldades ainda maiores em definir uma determinada espécie.

Mas a questão é que não se quer abrir mão da existência de uma diferença bombástica entre nós e os demais. Mas na natureza não é assim que funciona... muitas espécies diferem de outras por uma cúspide a mais em um dente, um raio a mais na nadadeira anal, coisas assim. Em humanos querem coisas absurdas, mas na verdade, temos muitas diferenças que são pequenas e muitas vezes apenas de grau, como colacado pelo Buckaroo.

Em relação às "notas de rodapé" na biologia, concordo com Dawkins em quase tudo.

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #16 Online: 01 de Maio de 2010, 20:42:03 »
O instinto mais impactante é o da linguagem. Seguindo as concepções de Chomsk e Pinker.

É a linguagem que faz Popper diferenciar evolutivamente o homem. Para este o conhecimento objetivo é concebido como os objetos de conteúdo informacional que perfazem o meio ambiente humano.

Nesse sentido a teoria da deriva natural de Maturana se coaduna Popper, mostrando a congruência da interação entre o meio e os seres vivos, numa interação constante que ele denomina de deriva. A teoria dos três mundos em Popper mostra essa interação científica humana com o meio.

Popper está errado. Ou a linguagem não é nossa marca evolutiva, ou precisamos redefinir o que é linguagem.
A ciência e o seu uso da linguagem matemática é o exemplo marcante da manutenção e avanço do conhecimento humano. Tanto Popper quanto Lakatos iniciam suas carreiras/obras abordando a matemática e avançando posteriormente para a ciência que tem uma amplitude maior de relação com a realidade.

Já para tangenciar a biologia é Maturana quem define melhor o conhecimento e sua relação com os seres vivos. Sua teoria, com grande heurística, tem alta repercussão em diversas áreas de humanas por agregar o homem no contexto da evolução.

Isso em nada desmente o que eu escrevi. Popper está errado, ou precisamos redefinir o termo linguagem, como já foi feito com outros termos para tentar fazer parecer que eram coisas apenas de humanos.

Offline Adriano

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #17 Online: 02 de Maio de 2010, 00:43:27 »
Popper está errado. Ou a linguagem não é nossa marca evolutiva, ou precisamos redefinir o que é linguagem.
A ciência e o seu uso da linguagem matemática é o exemplo marcante da manutenção e avanço do conhecimento humano. Tanto Popper quanto Lakatos iniciam suas carreiras/obras abordando a matemática e avançando posteriormente para a ciência que tem uma amplitude maior de relação com a realidade.

Já para tangenciar a biologia é Maturana quem define melhor o conhecimento e sua relação com os seres vivos. Sua teoria, com grande heurística, tem alta repercussão em diversas áreas de humanas por agregar o homem no contexto da evolução.

Isso em nada desmente o que eu escrevi. Popper está errado, ou precisamos redefinir o termo linguagem, como já foi feito com outros termos para tentar fazer parecer que eram coisas apenas de humanos.
Claro que não são características só de humanos e estes autores apresentarem os exemplos de micro-organismos e as suas interações com o meio como uma forma de linguagem para exemplificar a comunicação do ser vivo com o ambiente. Em Popper não se tem o aprofundamento técnico para a utilização dos termos biológicos adequados mas o mote é o mesmo e esta adequação linguística e conceitual é melhor exposta na teoria da autopoiese. Esta mescla é muito boa, sem no entando descartar as ótimas pesquisas de afetividade e cognição que mostram esta interface instintiva humana de forma mais delineada.
« Última modificação: 02 de Maio de 2010, 02:41:56 por Adriano »
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Offline Adriano

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #18 Online: 02 de Maio de 2010, 10:10:50 »
Adriano é o rei da embromação (em estilo pós-modernista.)   :biglol:


Tem um paper muito bom sobre filosofia e biologia estruturado nas obras de Popper. Mostra melhor essa relação do autor com a evolução já que se baseia nela para esse approach.
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Atheist

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #19 Online: 02 de Maio de 2010, 18:40:22 »
Claro que não são características só de humanos e estes autores apresentarem os exemplos de micro-organismos e as suas interações com o meio como uma forma de linguagem para exemplificar a comunicação do ser vivo com o ambiente.

Aí já é viagem na maionese. Linguagem é uma coisa, comunicação é outra.

Offline Adriano

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #20 Online: 02 de Maio de 2010, 19:24:14 »
Claro que não são características só de humanos e estes autores apresentarem os exemplos de micro-organismos e as suas interações com o meio como uma forma de linguagem para exemplificar a comunicação do ser vivo com o ambiente.

Aí já é viagem na maionese. Linguagem é uma coisa, comunicação é outra.
São direfentes sim, porém é fundamental o entendimento da linguagem no contexto da comunicação.
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Offline Feynman

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #21 Online: 02 de Maio de 2010, 20:00:50 »
Em Popper não se tem o aprofundamento técnico para a utilização dos termos biológicos adequados mas o mote é o mesmo e esta adequação linguística e conceitual é melhor exposta na teoria da autopoiese. Esta mescla é muito boa, sem no entando descartar as ótimas pesquisas de afetividade e cognição que mostram esta interface instintiva humana de forma mais delineada.

Sempre considerei Maturana e Varela epistemólogos de baixo nível (calma, estou usando o jargão dos computadores), enquanto Popper, Lakatos, Feyerabend, Kuhn, e cia., epistemólogos de alto nível. Parace-me uma divisão adequada, em alguns sentidos: Maturana discorre sobre a máquina e sua interação com o meio, enquanto os últimos citados discorrem sobre a apreensão/produção de conhecimento em um nivel muito mais semântico, linguístico, de faculdades superiores de nossa racionalidade. Uma vez, em um trabalho acadêmico, sugeri que todo e qualquer breve curso de epistemologia deveria incluir Maturana e Varela. É que, por vezes, parece que esquecemos que somos bichos, animais em contínua adaptação ao meio, para pensar apenas em nossas faculdades "racionais"... como se o software em nossas cacholas fosse todo o nosso mundo.

A propósito, é interessante que foi só depois de "A Árvore do Conhecimento" e alguns artigos sobre Deriva Natural que vim a entender substancialmente a teoria da evolução. A idéia de deriva é muito poderosa e, não sei exatamente o porquê, não parece ser suficientemente propalada. Resumindo: a epistemologia biológica e a científica são (ou deveriam ser) indissociáveis para uma compreensão otimizada do que significa "conhecimento".
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Offline Adriano

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #22 Online: 06 de Maio de 2010, 12:22:01 »
Citação de: Maturana
A diferença entre instinto — ou comportamento instintivo — e conduta aprendida está na história. Não está no próprio comportamento. Não é possível distinguir, na conduta, uma conduta instintiva de uma aprendida, porque a distinção pertence à história. Ela faz referência às circunstâncias sob as quais se deram as condições que fazem possíveis esses comportamentos. Se essas condutas resultam de uma história particular, de modo que não teriam acontecido se essa história particular não houvesse acontecido, fala-se de condutas ou comportamentos aprendidos. Se essa conduta houvesse se produzido, ou as condições corporais que tornam possível esse comportamento houvessem surgido de qualquer modo, independentemente da história individual do organismo, fala-se de condutas instintivas.

Cognição, ciência e vida cotidiana
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Offline Derfel

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #23 Online: 06 de Maio de 2010, 19:08:00 »
Não.

de fato, mas não de direito! :biglol:

Devia fazer Biologia! E pular direto para o doutorado!

Offline Geotecton

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Re: Instintos - o que exatamente são, quais existiriam, como os comprovamos?
« Resposta #24 Online: 07 de Maio de 2010, 01:25:42 »
Não.

de fato, mas não de direito! :biglol:

Devia fazer Biologia! E pular direto para o doutorado!

Acho que já dá para chegar no pós-doc.  :D
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