Eu acho esse bafafá todo uma baita caipirice. Parece que os brasileiros em geral não sabem lidar com crítica, vide o caso do desenho de Os Simpons passado por aqui ou o episódio ridículo da reação indignada de políticos sem mais o que fazer pelas piadas que os gringos fizeram sobre como o Rio conseguiu sediar as Olimpíadas. Não é como se os próprios cineastas brasileiros não adorassem fazer filmes mostrando o maior destino turístico brasileiro como o que ele é: uma cidade violenta acuada por traficantes, milicianos e polícia e política corrupta, vide Cidade de Deus (um sucesso no exterior, diga-se de passagem), Carandiru e os dois Tropa de Elite.
Mas se um gringo ousa criticar o mínimo que seja, pobre dele. Ninguém sabe nem qual é o roteiro do filme da Bigelow ainda. Só existe especulação de que se trata de terrorismo e/ou tráfico de drogas. Mas, ora bolas, a tríplice fronteira é suspeita de abrigar movimentações terroristas e é comprovadamente um ponto por onde há massivo tráfico de drogas (principalmente maconha vinda do Paraguai) e armas, contrabando, jogo (usado para lavagem de dinheiro, o jogo é legal na Argentina e há um cassino coladinho na fronteira...), etc. Foz do Iguaçu, apesar de linda, é uma das cidades mais violentas do Brasil. Até recentemente era tricampeã nacional em índice de homicídios entre jovens, foi ultrapassada esse ano por Itabuna - BA e Marabá - PA.
Enfim, qualquer retrato de violência, terrorismo, crime organizado e o diabo que se faça, por mais ficcional que seja, tem fundamento na realidade. Não que fosse preciso ter, pois até onde estou sabendo, Bigelow não pretende rodar um documentário aqui, mas um filme de ficção, ela pode colocar até ET na história se quiser. Contanto que o filme seja bom, não caia em preconceitos e simplificações estúpidas, não vejo porque tanta reclamação. Se for o caso de esse filme se mostrar tão ruim assim, teremos todo o direito de criticá-lo depois que ele estiver feito.