Autor Tópico: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético  (Lida 4677 vezes)

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Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Online: 20 de Maio de 2010, 16:37:54 »
Cientistas americanos criam célula com genoma sintético

Esta é a primeira vez que uma célula sintética é criada

Cientistas americanos dizem ter desenvolvido a primeira célula controlada por um genoma sintético. Os especialistas do J. Craig Venter Institute, com sede nos Estados de Maryland e Califórnia, dizem esperar que a técnica possa criar bactérias programadas para resolver problemas ambientais e energéticos, entre outros fins.


As bactérias poderão ser programadas para resolver problemas ambientais e sintéticos

O estudo será publicado nesta quinta-feira na edição online da revista científica Science. Para alguns especialistas, ele representa o início de uma nova era na biologia sintética e, possivelmente, na biotecnologia.

A equipe de pesquisadores, liderada por Craig Venter, já havia conseguido sintetizar quimicamente o genoma de uma bactéria. Eles também haviam feito um transplante de genoma de uma bactéria para outra.

Agora, os especialistas juntaram as duas técnicas para criar o que chamaram de "célula sintética", embora apenas o genoma da célula seja sintético - ou seja, a célula que recebe o genoma é uma célula natural, não sintetizada pelo homem.

"Esta é a primeira célula sintética já criada. Nós dizemos que ela é sintética porque foi obtida a partir de um cromossomo sintético, feito com quatro substâncias químicas em um sintetizador químico, seguindo informações de um computador", disse Venter.

"Isto se torna um instrumento poderoso para que possamos tentar determinar o que queremos que a biologia faça. Temos uma ampla gama de aplicações (em mente)", disse.

Os pesquisadores planejam, por exemplo, criar algas que absorvam dióxido de carbono e criem novos hidrocarbonetos. Eles também estão procurando formas de acelerar a fabricação de vacinas.

Outros possíveis usos da técnica seriam a criação de novas substâncias químicas, ingredientes para alimentos e métodos para limpeza de água, segundo Venter.

Estudo
No experimento, os pesquisadores sintetizaram o genoma da bactéria M. mycoides, adicionando a ele sequências de DNA como "marcas d'água" para que a bactéria pudesse ser distinguida das naturais (não sintéticas).

Como as máquinas sintetizadoras atuais só são capazes de juntar sequências relativamente curtas de letras de DNA de cada vez, os pesquisadores inseriram as sequências mais curtas em células de fermento. As enzimas de correção de DNA presentes no fermento juntaram as sequências.

Depois, as sequências de tamanho médio foram inseridas em bactérias E. coli, antes de serem transferidas de volta para o fermento.

Após três rodadas deste processo, os pesquisadores conseguiram produzir um genoma com mais de um milhão de pares de bases de comprimento.

Concluída essa fase, os cientistas implantaram o genoma sintético da bactéria M. mycoides em outro tipo de bactéria, a Myoplasma capricolum.

O novo genoma assumiu o controle das células receptoras.

Embora 14 genes tenham sido apagados ou alterados na bactéria transplantada, as células apresentaram a aparência de bactérias M. Mycoides normais e produziram apenas proteínas M. mycoides, segundo os autores do estudo.

Repercussão
Em entrevista à BBC, o especialista em biologia sintética Paul Freeman, codiretor do EPSRC Centre for Synthetic Biology do Imperial College, em Londres, disse que o estudo de Venter e sua equipe pode marcar o início de uma nova era na biotecnologia.

"Eles demonstraram que o DNA sintético pode assumir o controle e operar as funções da nova célula receptora em termos de replicação e crescimento", disse Freeman.

Freeman lembra que a célula receptora é uma célula natural, não sintética, mas "o que Venter e sua equipe mostraram é que, após o transplante e várias divisões celulares, a célula receptora assumiu algumas das características ou fenótipo do novo genoma nela inserido".

"É um avanço extraordinário, oferecendo uma prova de que, em teoria, é possível que genomas inteiros sejam sintetizados quimicamente, montados e implantados em células receptoras".

"Claro que precisamos ter cautela, já que não temos certeza de que essa abordagem funcionaria em genomas maiores e mais complexos".

"Ainda assim, este avanço representa um marco na nossa capacidade de criar células feitas pelo homem para fins estabelecidos pelo homem", concluiu Freeman.

O estudo de Venter e sua equipe foi financiado pela empresa Synthetic Genomics. Três dos autores e o J. Craig Venter Institute possuem ações da companhia.

O instituto fez pedidos de patente para algumas das técnicas descritas no estudo.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/bbc/cientistas+americanos+criam+celula+com+genoma+sintetico/n1237628683786.html

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Offline SnowRaptor

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #1 Online: 20 de Maio de 2010, 16:43:32 »
Que demais!

Agora algumas pessoas passarão a ter mais problemas com a definição de vida.
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
arte.”

-- François Jacob, 1997

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #2 Online: 21 de Maio de 2010, 13:00:42 »
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Entenda a criação da célula sintética

O anúncio da bactéria controlada por um genoma artificial é o primeiro passo para a criação de formas de vida artificiais


A bactéria M. mycoides vista por microscópio eletrônico: vida a partir da vida

“Viver, errar, triunfar, criar vida a partir da vida”. Esta frase de James Joyce está literalmente inserida no código genético de uma pequena célula chamada Mycoplasma mycoides JCVI-syn 1.0, o primeiro organismo que vive com um DNA completamente montado em laboratório. E não foi por acaso.

O feito, anunciado hoje, aconteceu graças a um trabalho de 15 anos, 40 milhões de dólares e uma equipe de 20 pessoas, capitaneada por Craig Venter, o responsável pelo seqüenciamento do genoma humano, há dez anos. Embora seja tentador rotulá-lo como a criação de vida artificial, ainda não é o caso: o DNA, embora montado em laboratório, é o de uma espécie, Mycoplasma mycoides, e foi inserido em outra espécie, a Mycoplasma capricolum. É como se, em vez de pegar um livro de instruções já existente, a equipe de Venter redigitou todos seus capítulos, colocando umas alterações aqui e ali (como o trecho de Joyce acima e um endereço de website) para diferenciá-lo do DNA natural da célula.

Daí veio a novidade: depois de algum tempo, as células de M. capricolum começaram a ler as novas instruções, e iniciaram a produção das proteínas da M. mycoides, se comportando e aparentando ser a própria. Para todos os efeitos, ela tinha se transformado em uma Mycoplasma mycoides.

A analogia com computadores, que Venter usou hoje à tarde em uma coletiva de imprensa, também é válida: o “sistema operacional” de fábrica da bactéria foi trocado por outro, criado em laboratório, e ela começou a se comportar como o novo software mandava. Ainda assim, é vida a partir da vida, e não vida a partir do zero.


Craig Venter, que coordenou o projeto, vê aplicações em vacinas e produção de combustível

Aplicações e implicações
Venter acredita que este avanço tenha aplicações práticas bem interessantes. “É um conjunto de ferramentas bastante poderoso: podemos produzir vacinas de forma bem mais rápida do que atualmente, e criar algas unicelulares que podem capturar dióxido de carbono e transformá-lo em combustível, como diesel e gasolina,” afirmou durante a coletiva. Contou já ter acordos com Novartis e Exxon Mobil para ambas as pesquisas.

As implicações éticas também estão ali. Embora Venter tenha submetido todo o trabalho a comissões de bioética, o estudo com certeza faz repensar na definição de vida. “Temos uma oportunidade inédita para pensar na origem da vida, e ver como um genoma realmente funciona,” escreveu em artigo na Nature Mark Bedau, professor de filosofia do Reed College, nos Estados Unidos. Steen Rasmussen, da Universidade do Sul da Dinamarca, escreveu na mesma revista: “... construir vida usando materiais e designs diferentes vai nos ensinar mais sobre sua natureza do que reproduzir formas de vida tais quais como as conhecemos”. O primeiro passo está dado.

http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/entenda+a+criacao+da+celula+sintetica/n1237629176220.html
E vejam quem já veio dar seu palpite:
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Perplexidade e preocupação de autoridades católicas

Para a igreja, a novidade pode ser devastadora nas mãos erradas

Autoridades católicas italianas expressaram perplexidade e preocupação com o anúncio da criação da primeira célula viva dotada de um genoma sintético, e destacaram um potencial "devastador salto ao desconhecido".

"Nas mãos erradas, a novidade de hoje pode representar amanhã um devastador salto ao desconhecido", afirmou o bispo Domenico Mogavero, presidente da Comissão para Assuntos Jurídicos da Conferência Episcopal italiana, em entrevista ao jornal La Stampa.

"O homem vem de Deus, mas não é Deus: é humano e tem a possibilidade de dar a vida procriando e não construindo-a artificialmente", acrescentou.

A criação da primeira célula viva dotada de um genoma sintético foi anunciada na quinta-feira. A experiência abre caminho para a produção de organismos artificiais, segundo os coordenadores da pesquisa realizada nos Estados Unidos.

"É a natureza humana que dá sua dignidade ao genoma humano, não o contrário. O pesadelo contra o qual tempos que lutar é a manipulação da vida, a eugenia", disse Mogavero.

Para o teólogo Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, região central da Itália, "a preocupação pode ser resumida em uma pergunta: o cientificamente possível também é justo do ponto de vista ético?".

"A resposta está em um parâmetro que une todos nós, não apenas os cristãos: a dignidade da pessoa humana", declarou Forte ao jornal Corriere della Sera.

O arcebispo destacou, no entanto, a "admiração pelas capacidades da inteligência humana que se manifestam de forma regular e elevada".

O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, se mostrou prudente ao afirmar na quinta-feira à noite que era preciso esperar para ter mais informações sobre o novo feito.

A descoberta dos pesquisadores americanos é um avanço com múltiplas aplicações potenciais e que deve permitir compreender melhor os mecanismos da vida.

"Trata-se da criação da primeira célula viva sintética", explicou Craig Venter, criador do Instituto de mesmo nome e coautor da primeira sequenciação do genoma humano, revelada em 2000.

"Nós chamamos de sintético porque a célula se deriva totalmente de um cromossoma sintético, criado com quatro frascos químicos em um sintetizador químico, começando com a informação em um computador", explicou, classificando o êxito como uma "etapa importante científica e filosoficamente falando".

"Essa obtenção muda certamente minha visão da definição da vida e de seu funcionamento", acrescentou o pesquisador, cujos trabalhos são difundidos na revista Science.

"Isso se converte num instrumento muito poderoso para tentar desenhar o que esperamos da biologia e pensamos em uma gama muito ampla de aplicações", precisou.

Craig Venter havia anunciado em 2008 que conseguiu, com sua equipe, fabricar um genoma bacteriano 100% sintético pegando sequências de DNA sintetizadas para reconstituir o genoma completo da bactéria Mycoplasma genitalium.

http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/perplexidade+e+preocupacao+de+autoridades+catolicas/n1237631004516.html

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Offline Tex Willer

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #3 Online: 21 de Maio de 2010, 13:31:59 »
 :biglol:
Tão se cagando. Muita dessa choradeira é porque criar vida não exige nada de sobrenatural.
« Última modificação: 21 de Maio de 2010, 13:46:24 por Tex Willer »
"A velhacaria e a idiotice humanas são fenômenos tão correntes, que eu antes acreditaria que os acontecimentos mais extraordinários nascem do seu concurso, ao invés de admitir uma inverossímil violação das leis da natureza".  - Hume

Offline Bolsonaro neles

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #4 Online: 21 de Maio de 2010, 15:05:45 »
Muito legal, mas eu inicialmente pensei que os caras haviam ressuscitado uma bactéria. Agora entendi que é uma espécie de transformação de um organismo vivo em outro diferente. Imaginava que era algo inanimado ganhando ânimo, mas ainda não é. Não acredito mais que isso nunca vai acontecer. Acho que mais algum tempo o gênio inventivo humano estará criando vida do nada. A grande pergunta que continua é se seria possível o surgimento ao acaso.

Offline DDV

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #5 Online: 21 de Maio de 2010, 15:34:06 »
O que essa bactéria tem de diferente e incrível é o fato de seu DNA ter sido montado artificialmente em laboratório, utilizando sintetizadores químicos, ao invés de ser montado usando a maquinaria celular durante uma replicação.

Seria a primeira vez, em mais de 3,5 bilhões de anos, que um filamento de ácido nucléico é montado sem usar outro pré-existente como "forma" e sem usar a maquinaria enzimática celular.

Alguém segure os cientistas!  :biglol:

Imaginem se fizerem colônias de algas que sintetizem gasolina à partir do CO2 da atmosfera!

Além de termos gasolina para o resto de nossa existência, sem se preocupar com o fim do petróleo, ainda contrabalancearíamos o aumento do CO2 atmosférico. Mataria 2 coelhos com uma só paulada!
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Offline Dbohr

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #6 Online: 21 de Maio de 2010, 15:55:35 »
Mimimi, o Homem não é Deus, mimimi, estão mexendo com o que não deve, mimimi, nunca vão descobrir o que a vida realmente é... escutei todas essas três no rádio hoje, e muito mais. Incrível. A célula de Venter é apenas o começo, medrosos.

É um admirável mundo novo o que estamos entrando agora (e não estou falando do A. Huxley). Eu invejo quem acaba de nascer, e mais ainda quem nascer daqui trinta anos! :ok:

Offline André Luiz

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #7 Online: 21 de Maio de 2010, 18:44:30 »
É u homi brincano di deus

Ou melhor, estamos aperfeiçoando a criaçao

 :hihi:

Offline Geotecton

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #8 Online: 21 de Maio de 2010, 22:00:09 »
Em um aspecto o prelado católico tem razão, que é o de se manter a ética à vista. No mais, o representante da ICAR faz seu tradicional "jogo de cena" para seu público.
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Offline Pregador

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #9 Online: 21 de Maio de 2010, 22:14:37 »
A Igreja disse o que era esperado de acordo com sua doutrina. Foram até polidos na minha opinião.

Sobre o avanço, pode render o Nobel. É algo simplesmente fantástico.
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Offline Barata Tenno

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #10 Online: 21 de Maio de 2010, 22:42:10 »
A Igreja disse o que era esperado de acordo com sua doutrina. Foram até polidos na minha opinião.

Sobre o avanço, pode render o Nobel. É algo simplesmente fantástico.
Eu não sei o que as pessoas esperam que a ICAR diga. "Realmente Deus não existe, estivemos errados durante 2000 anos, desculpem and thanks for all the fish."
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Offline Bolsonaro neles

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #11 Online: 22 de Maio de 2010, 12:17:19 »
Esse fato não traz em si nada que se relacione negativamente ao conceito de Deus. Mesmo que o homem crie vida do nada, o que eu acho que em breve acontecerá, não muda em nada a possibilidade de Deus existir ou não. Os criacionistas crêem que Deus criou a vida... digo, a primeira vida (ou as primeiras, conforme cada espécie) e todas as demais advém deste(s) ancestral(is). Se o cientista cria (ou vier a criar) uma vida em laboratório, somente corrobora que para a vida surgir precisa de um criador.

O que precisa ser resolvido para por fim ao criacionismo é se é possível a vida surgir por acaso.
« Última modificação: 22 de Maio de 2010, 12:20:03 por famado »

Offline DDV

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #12 Online: 22 de Maio de 2010, 13:45:09 »
Esse fato não traz em si nada que se relacione negativamente ao conceito de Deus. Mesmo que o homem crie vida do nada, o que eu acho que em breve acontecerá, não muda em nada a possibilidade de Deus existir ou não. Os criacionistas crêem que Deus criou a vida... digo, a primeira vida (ou as primeiras, conforme cada espécie) e todas as demais advém deste(s) ancestral(is). Se o cientista cria (ou vier a criar) uma vida em laboratório, somente corrobora que para a vida surgir precisa de um criador.

O que precisa ser resolvido para por fim ao criacionismo é se é possível a vida surgir por acaso.

Dada a vastidão do universo*, um RNA auto-replicante (que atua como enzima em sua própria replicação) surgindo em alguma parte é até inevitável.


* Quando falamos em "vastidão do universo", algumas pessoas ainda podem esnobar o conceito, tendo uma noção subestimada do que isso quer dizer. Para ajudar na noção do tamanho do universo, imagine que a distância entre a Terra e a Lua (384 000 km) fosse de apenas 1 milímetro. Com essa escala, vejamos outras distâncias:

Terra - Sol: 30 cm

Terra - Marte: 20 cm

Terra - Alfa de Centauro: 103 km

Compararam?

Alfa de Centauro é a segunda estrela mais próxima da terra, estando a 4,3 anos-luz de distância.

A estrela Rigel (aquela da parte de baixo do Cinturão de Órion) está a mais de 500 anos-luz.

A estrela Deneb (a estrela visível a olho nu mais distante, que fica em Cisne) está a mais de 1000 anos-luz (se eu não me engano).

A Grande Nuvem de Magalhães está a  184 000 anos-luz de distância.

A Galáxia de Andrômeda (o objeto mais distante visível a olho nu) está a 2 000 000 de anos-luz.


Sentiram o drama?


Nesse universo tão absurdamente extenso, que falta até palavras e noções para apreendermos tão absurdo tamanho, o surgimento em algum lugar de um RNA que funciona como enzima para sua própria replicação (que nada mais é do que uma montagem de nucleotídeos usando o RNA original como forma) me parece inevitável.

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Offline calvino

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #13 Online: 22 de Maio de 2010, 18:20:35 »
Eu não sei o que as pessoas esperam que a ICAR diga. "Realmente Deus não existe, estivemos errados durante 2000 anos, desculpem and thanks for all the fish."

E acrescentar no fim: mas continuem dizimando!
"Se a moralidade representa o modo como gostaríamos que o mundo funcionasse, a economia representa o modo como ele realmente funciona" Freakonomics.

Offline _tiago

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #14 Online: 22 de Maio de 2010, 19:31:08 »
Esse fato não traz em si nada que se relacione negativamente ao conceito de Deus. Mesmo que o homem crie vida do nada, o que eu acho que em breve acontecerá, não muda em nada a possibilidade de Deus existir ou não. Os criacionistas crêem que Deus criou a vida... digo, a primeira vida (ou as primeiras, conforme cada espécie) e todas as demais advém deste(s) ancestral(is). Se o cientista cria (ou vier a criar) uma vida em laboratório, somente corrobora que para a vida surgir precisa de um criador.

O que precisa ser resolvido para por fim ao criacionismo é se é possível a vida surgir por acaso.

A despeito de provas e mais provas, cada um acredita no que quer. Uma evidência pode vir a mudar uma perspectiva, tão somente.

Offline Bolsonaro neles

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #15 Online: 22 de Maio de 2010, 21:17:04 »
A Igreja disse o que era esperado de acordo com sua doutrina. Foram até polidos na minha opinião.

Sobre o avanço, pode render o Nobel. É algo simplesmente fantástico.
Eu não sei o que as pessoas esperam que a ICAR diga. "Realmente Deus não existe, estivemos errados durante 2000 anos, desculpem and thanks for all the fish."

Até porque esta descoberta (ou seria invenção?) dos cientistas não é prova de que Deus não existe.

Offline DDV

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #16 Online: 22 de Maio de 2010, 21:46:53 »
A Igreja disse o que era esperado de acordo com sua doutrina. Foram até polidos na minha opinião.

Sobre o avanço, pode render o Nobel. É algo simplesmente fantástico.
Eu não sei o que as pessoas esperam que a ICAR diga. "Realmente Deus não existe, estivemos errados durante 2000 anos, desculpem and thanks for all the fish."

Até porque esta descoberta (ou seria invenção?) dos cientistas não é prova de que Deus não existe.

Até porque existência de Deus é uma tese infalseável. Seus adeptos não são capazes de apontar alguma  acontecimento que os fariam considerar essa tese falsa.

Em nível lógico (em termos popperianos), não se pode falsear teses existenciais, apenas confirmar. Já teses universais (como as teorias científicas) não podem ser confirmadas, apenas falseadas.

É por isso que os cientistas trabalham para falsear teorias universais, e não para confirmá-las.  Um adepto de teses existenciais (Ex: existência de Deus) age racionalmente ao tentar confirmar as teses, e não em tentar falseá-las.


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Offline DDV

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #17 Online: 22 de Maio de 2010, 21:49:39 »
Não que eu queira entrar em debates religiosos, foi só para deixar essa observação.  :)
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Offline Mr. Mustard

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #18 Online: 22 de Maio de 2010, 22:49:25 »
A Igreja disse o que era esperado de acordo com sua doutrina. Foram até polidos na minha opinião.

Sobre o avanço, pode render o Nobel. É algo simplesmente fantástico.
Eu não sei o que as pessoas esperam que a ICAR diga. "Realmente Deus não existe, estivemos errados durante 2000 anos, desculpem and thanks for all the fish."

Até porque esta descoberta (ou seria invenção?) dos cientistas não é prova de que Deus não existe.

Não adianta não Famado. A criação desta célula com genoma sintético foi um chute no saco dos religiosos. Aceite isto. :hehe:

Offline Spitfire

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #19 Online: 22 de Maio de 2010, 22:51:29 »
Só Deus tem o poder de criar a vida... tem, tinha...

Offline Wolfischer

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #20 Online: 22 de Maio de 2010, 23:24:42 »
Se nós não brincarmos de Deus, quem o fará?

Offline calvino

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #21 Online: 23 de Maio de 2010, 02:45:09 »
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Ainda não somos Deus

21 de maio de 2010

Por Marco Túlio Pires


O desenvolvimento do primeiro genoma completo sintético em laboratório, anunciado ontem pelo biólogo J. Craig Venter e sua equipe, não é a criação da vida. O meio científico ainda terá que continuar perseguindo esta idéia, se quiser realmente assumir a função de "Deus". Contudo, o resultado das pesquisas do J. Craig Venter Institute (JCVI) coloca o homem bem perto desta posição, pois será possível programar organismos vivos com funções específicas, utilizando material hereditário sintético produzido em laboratório.

Se tudo der certo, explica David Deamer, professor de engenharia biomolecular da Universidade da Califórnia, será possível construir genomas que façam bactérias de fotossíntese utilizarem apenas a luz para produzir gás hidrogênio - um combustível que não polui. "Também será possível produzir hidrogênio em massivos biorreatores construídos em milhares de hectares de deserto", explicou Deamer.

A criação da vida, contudo, ainda é um mistério. Para o professor de engenharia biomédica da Universidade de Boston, Jim Collins, "temos as peças mas ainda falta o manual de instruções". Ele faz uma analogia para explicar o significado da descoberta de Venter: "Imagine uma situação em que os cientistas pudessem programar genes e células que se reproduzissem e formassem um coração 'sintético' perfeitamente saudável, salvando a vida de um paciente que precisasse de um transplante. O transplantado não seria considerado um organismo sintético ou uma forma de vida artificial. Ele seria visto como um indivíduo sortudo com um coração sintético".

Segundo ele, o organismo criado pela equipe de Venter é como o transplantado que se recuperou, só que, ao invés do coração, o genoma é que foi sintetizado. Na opinião de Collins, os cientistas não têm conhecimento suficiente sobre biologia para criar vida. Embora o Projeto Genoma tenha expandido a "lista de peças" das células, não teríamos o manual de instrução para saber como montá-las de modo a produzir uma célula viva. "É como se quiséssemos montar um avião olhando apenas para a lista de peças, ou seja, impossível", finalizou Collins.

O geneticista da escola de medicina da Harvard, George Church, concorda. "Imprimir uma cópia de um texto escrito em uma língua desconhecida não significa compreendê-la". O especialista disse que a ciência já domina a técnica de produzir DNA sintético e de como fazê-lo funcionar nas células. Outro grande desafio agora é entender quais partes das células ajudam o DNA a funcionar.

Riscos – Enquanto tenta desvendar os mistérios da criação da vida, o meio científico agora terá que se preocupar também com as implicações éticas e teológicas do feito de Venter. Mark Bedau, professor de filosofia da Reed College, nos Estados Unidos, destaca que o genoma possui informações hereditárias que controlam todas as funções e estruturas da célula.

Para ele, a habilidade de sintetizar materiais genéticos completos trazem grandes responsabilidades. "Ninguém sabe quais são as consequencias de fabricar novos organismos vivos". Ele alerta que a análise de risco e as precauções tomadas pelos cientistas terão que ser cada vez maiores.

Martin Fussenegger, professor de biotecnologia e bioengenharia da universidade ETH em Zurique, na Suiça, explica que o esforço tecnológico de Venter faz avançar a engenharia genética a organismos que até então eram impossíveis de serem modificados. Porém, o cientista lembra que os limites da natureza ainda se aplicam. "Venter disse que passamos da era de ler o código genético para a era de escrevê-lo. Mas, ninguém sabe se o que será escrito fará algum sentido".


Fonte: http://migre.me/HxDi
"Se a moralidade representa o modo como gostaríamos que o mundo funcionasse, a economia representa o modo como ele realmente funciona" Freakonomics.

Offline Bolsonaro neles

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #22 Online: 23 de Maio de 2010, 14:50:55 »
Pergunto-me que impacto ecológico poderia causar a criação de um organismo que ainda não existe. Imagine que todos os seres vivos têm presa e predador. Quem seria o predador deste organismo?

Offline Bolsonaro neles

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #23 Online: 23 de Maio de 2010, 15:01:33 »

Não adianta não Famado. A criação desta célula com genoma sintético foi um chute no saco dos religiosos. Aceite isto. :hehe:

Vc não acha que a criação de vida em laboratório, digo, uma vida sintética completa, são seria muito mais "pró criacionismo" do que "pró acaso"? Digamos que um cientista entenda perfeitamente como a coisa funciona e reproduza uma célula completa em laboratório. Ela está lá inerte e de repente... voila... o bichinho começa a viver. Isso não seria algo a favor da tese de que é necessário que haja um criador para a vida? O que acha?

Offline SnowRaptor

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Re: Cientistas americanos criam célula com genoma sintético
« Resposta #24 Online: 23 de Maio de 2010, 15:10:14 »
Na verdade, não é nem pró-criacionismo nem anticriacionismo.

O que os cientistas foi preparar uma sequência de DNA (ou RNA, ainda não li direito)  e injetar na estrutura de um organismo unicelular. E observaram que esse organismo passou a "funcionar" com aquele genoma.

O fato dos cientistas terem conseguido, a partir de substâncias químicas simples, "montar" uma cadeia de ácido nucleico com instruções funcionais para multiplicação só mostra que é possível que substâncias químicas se juntem e formem esse tipo de estrutura. Se você quiser, dá pra extrapolar e dizer que isso mostra que o RNA (ou DNA)  não precisa ter aparecido "pronto" da primeira vez para ser, a partir de então, copiado dentro de células.

Não é uma prova de que a vida surgiu assim. Só mostra que é possível que isso aconteça. Também não é uma prova de que é preciso alguém "fazendo" as coisas, porque quando a gente faz uma reação química, a gente simplesmente coloca as substâncias necessárias no ambiente propício. O fato de isso ter sido feito em laboratório não mostra que é preciso um ser ciente para que isso aconteça, nem que é impossível acontecer fora de condições controladas.

Ou seja: se olharmos para a hipótese "A vida surgiu a partir de reações químicas que geraram os primeiros seres vivos", podemos considerar que o experimento de "vida artificial" é uma forma de falsear essa hipótese. O sucesso da experiência mostra que essa hipótese não foi falseada.
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
arte.”

-- François Jacob, 1997

 

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