Autor Tópico: MEC vai recomendar o fim da reprovação  (Lida 999 vezes)

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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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MEC vai recomendar o fim da reprovação
« Online: 22 de Maio de 2010, 22:59:19 »
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MEC vai recomendar o fim da reprovação
Publicada em 22/05/2010 às 18h57m
O Globo

RIO - Com os dados do censo escolar de 2008 em mãos, quando 74 mil crianças de 6 anos foram reprovadas, e depois de realizar três audiências públicas - em Salvador, São Paulo e no Distrito Federal - o Conselho Nacional de Educação (CNE) se prepara para recomendar "fortemente" que todas as escolas públicas e privadas não reprovem mais alunos matriculados nos três primeiros anos do ensino fundamental. É o que informa a reportagem de Carolina Benevides, publicada na edição do GLOBO deste domingo.

A resolução, que terá que ser homologada pelo ministro Fernando Haddad neste último ano do governo Lula, entrará em vigor em 2011, segundo Edna Martins Borges, coordenadora-geral do Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC).

- O Brasil tem uma cultura forte de reprovação. Como estamos atualizando as diretrizes para a educação, vamos recomendar fortemente o princípio da continuidade. Sabemos que não tem a força de uma lei, mas as recomendações do CNE direcionam o sistema educacional - explica Edna, dizendo ainda que o Conselho espera que o Brasil deixe, daqui a alguns anos, de reprovar em todas as séries do ensino fundamental. - O ideal é que a criança conclua mesmo em nove anos, pois ser reprovada faz com que interrompa o sucesso escolar que poderia ter. No Nordeste, onde temos altas taxas de evasão, a reprovação é uma das responsáveis pelo aluno abandonar o colégio.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), existem mais de 152 mil escolas, com 31 milhões matriculados no ensino fundamental. Pouco mais de dois milhões têm mais de cinco horas de aula por dia.

Desde 2009, as crianças matriculadas na rede municipal do Rio de Janeiro já convivem com o que o CNE vai recomendar para todo o país em 2011. No município, os alunos dos três primeiros anos são reprovados apenas ao final do terceiro ano. Não foi sempre assim. Em 2007, o então prefeito Cesar Maia assinou decreto instaurando a progressão automática em toda a rede. Ao assumir, em 2009, Eduardo Paes revogou o decreto em dois dos três ciclos do ensino fundamental.

- Reprovar não é solução para nada durante o processo de alfabetização. Nos outros anos, ter a possibilidade de reprovação introduz aos alunos a cultura do esforço e do mérito - diz Claudia Costin, secretária municipal de Educação.

Segundo Claudia, ao assumir, foram encontrados 12 mil alunos do 4° e 5° anos que precisavam ser realfabetizados, e outros 17 mil do 6° ano que também eram analfabetos funcionais.

Offline Zeichner

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Re: MEC vai recomendar o fim da reprovação
« Resposta #1 Online: 22 de Maio de 2010, 23:43:44 »
Como educador, vou analisar o questão.

segundo Piaget, as crianças tem fases de desenvolvimento cognitivo, quando se mostram mais ou menos aptas para a alfabetização. Quando o governo fez o ensino fundamental de 9 anos, na prática colocou como início das atividades escolares a pré-escola, institucionalizando-a por toda a rede. Só que a criança nesta séria entra com 6 anos, o que leva a discrepâncias, porque algumas já tem o amadurecimento do córtex para manipular os símbolos abstratos da linguagem escritas, enquanto outras ainda não.
Assim, as crianças nesta fase precisam muitas vezes de 1 ou dois anos para que aconteça. Assim sendo, concordo em não reprovação nos três anos iniciais, sendo os mesmo um processo só de alfabetização.

Reprovar no primeiro ano, como está colocado o atual sistema, é um absurdo traumatizante. Os pedagogos com um mínimo de conhecimento ( sei que são mínimos estes entre os pedagogos) jamais fariam um desplante desse.

Após o 4/ ano, sistema de méritocracia, porque já aconteceu um nivelamento na alfabetização, então todos partem do mesmo grau de conhecimento, mas não do mesmo grau de talento, esforço, disciplina e curiosidade.

Offline Geotecton

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Re: MEC vai recomendar o fim da reprovação
« Resposta #2 Online: 23 de Maio de 2010, 00:37:50 »
Como educador, vou analisar o questão.

segundo Piaget, as crianças tem fases de desenvolvimento cognitivo, quando se mostram mais ou menos aptas para a alfabetização. Quando o governo fez o ensino fundamental de 9 anos, na prática colocou como início das atividades escolares a pré-escola, institucionalizando-a por toda a rede. Só que a criança nesta séria entra com 6 anos, o que leva a discrepâncias, porque algumas já tem o amadurecimento do córtex para manipular os símbolos abstratos da linguagem escritas, enquanto outras ainda não.
Assim, as crianças nesta fase precisam muitas vezes de 1 ou dois anos para que aconteça. Assim sendo, concordo em não reprovação nos três anos iniciais, sendo os mesmo um processo só de alfabetização.

Reprovar no primeiro ano, como está colocado o atual sistema, é um absurdo traumatizante. Os pedagogos com um mínimo de conhecimento ( sei que são mínimos estes entre os pedagogos) jamais fariam um desplante desse.

Após o 4/ ano, sistema de méritocracia, porque já aconteceu um nivelamento na alfabetização, então todos partem do mesmo grau de conhecimento, mas não do mesmo grau de talento, esforço, disciplina e curiosidade.

Contexto e problema específico muito bem analisados Zeichner.
Foto USGS

Offline Buckaroo Banzai

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Re:MEC vai recomendar o fim da reprovação
« Resposta #3 Online: 18 de Novembro de 2011, 03:38:13 »
Acho que tudo que fosse possível deveria seguir um esquema meio como do método Kumon, que não conheço bem, mas essencialmente é como um ensino individualizado, sem "pacotões" de anos letivos. Vai se "passando" não de ano, mas de lição em lição, sem qualquer cronologia rígida (a não ser talvez como referência ou meta, não como "bloco").

Li uma vez algo como que seria possível se ter isso universalizado, mas não seria posto em prática por um certo corporativismo dos professores, que seriam exigidos em menor número. Mas não lembro se era bem isso, era um artigo de um site defendendo libertarianismo, talvez essa parte da exigência de menos professores fosse referente a algo como essencialmente não mais haver ensino público, estuda quem pode pagar e pronto, "que ferre-se quem não puder" ou "tudo vai correr às mil maravilhas se o estado não tentar fazer absolutamente nada".

Também li, independentemente disso, que reprovação realmente não é o ideal, mesmo mais tarde. A explicação essencialmente seria que o aluno repetente é mais próximo em conhecimento daquele que passou do que daquele que inicia pela primeira vez o ano letivo que ele terá que repetir. É um "pacotão" muito grande, que desestimula, não só por ver-se coisas repetidas, mas pela perda de um ano de vida e etc. Aumenta a evasão escolar. E em parte isso até causaria um efeito de confusão, associando a repetência a uma média de desempenho melhor do que aqueles sob "aprovação automática". Mas é simples entender o problema se percebermos que essa vantagem pode ser tremendamente "melhorada" se em vez de repetência tivermos expulsão no primeiro D ou por três Cs consecutivos. Só sobrará nesse regime a nata dos alunos, mas vê-se que está se descartando uma maioria por um rigor exagerado, não sendo o resultado final o melhor em termos do que é proveitoso para a sociedade.


Tópico maior sobre isso com alguns estudos:

../forum/topic=7993.0.html

 

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